• Nenhum resultado encontrado

RTQ-R Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais

ILUMINAMENTO GERAL PARA OS NÍVEIS DE DESEMPENHO LU

2.5.2 RTQ-R Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais

O Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R), lançado em 2010 e regido pela Portaria Inmetro nº 18, de 16 de janeiro de 2012 (BRASIL, 2012), tem o intuito de contribuir para a eficientização energética de edificações residenciais do país. Elaborado a partir da cooperação entre a Eletrobras, através do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e a Universidade Federal de Santa Catarina, na figura do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE/ UFSC). A partir disso, foi criado o Centro Brasileiro de Eficiência

Energética em Edificações (CB3E), o qual visa dar suporte técnico e científico à etiquetagem, assim como o controle da qualidade e aferição ao certificar as edificações energeticamente, através da obtenção de uma Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) concedida pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) (PORTAL LabEEE, 2018).

Para a etiquetagem da eficiência energética de Unidades Habitacionais Autônomas, avaliam-se os requisitos relativos ao desempenho térmico da envoltória, à eficiência do(s) sistema(s) de aquecimento de água e a eventuais bonificações (BRASIL, 2012). A Equação 2 que expressa esse nível de eficiência é a seguinte:

(2)

Onde:

PT uh: pontuação total do nível de eficiência da UH;

a: coeficiente adotado de acordo com a região na qual a edificação está localizada; EqNumEnv: equivalente numérico do desempenho térmico da envoltória da UH quando ventilada naturalmente e após a verificação dos pré-requisitos da envoltória;

EqNumAA: equivalente numérico do sistema de aquecimento de água;

Bonificações: pontuação atribuída a iniciativas que aumentem a eficiência da edificação.

Os pré-requisitos da envoltória são avaliados em cada ambiente separadamente. A iluminação natural é um dos pré-requisitos da envoltória e também é considerada como bonificação. As bonificações são as pontuações atribuídas a iniciativas que aumentem a eficiência da edificação. O valor da bonificação referente à iluminação natural varia de zero a 0,30 pontos.

Para o atendimento ao percentual de abertura para iluminação natural com relação à área do piso o RTQ-R orienta que “o acesso à iluminação natural em ambientes de permanência prolongada deve ser garantido por uma ou mais aberturas para o exterior. A soma das áreas de aberturas para iluminação natural de cada ambiente deve corresponder a no mínimo 12,5% da área útil do ambiente.” (BRASIL, 2012, p. 28). “Varandas fechadas com vidro, cozinhas ou outros ambientes que não possuam separação através de parede ou divisória até o forro com ambientes de permanência prolongada são considerados extensão dos ambientes contíguos a eles” (BRASIL, 2012, p. 5).

De acordo com essa metodologia de etiquetagem, no caso dos dormitórios com área superior a 15 m², a área de abertura para iluminação natural deve estar relacionada até o limite de 15m², não sendo necessário contabilizar a área restante. É importante destacar que o tipo de esquadria existente na edificação pode influenciar na determinação na área de abertura para iluminação natural, pois é necessário se considerar a área efetiva, passível de desobstrução total, desconsiderando os caixilhos. O próprio regulamento aponta em seu Anexo II uma tabela com valores percentuais de área efetiva que podem ser adotados dependendo do tipo de esquadria em análise.

Abaixo (Quadro 1) seguem exemplos de verificação do atendimento das áreas mínimas de iluminação previstos no RTQ-R:

Quadro 1 – Exemplo de avaliação do dimensionamento de esquadrias.

AMBIENTE DIMENSÕES DO AMBIENTE DADOS DA ESQUADRIA ÁREA EFETIVA DE ILUMINAÇÃO PERCENTUAL DO VÃO EXISTENTE RESULTADO Dormitório 10 m² Janela de correr com duas folhas e persiana integrada

1,20 x 1,20 = 1,44 m²

75% = 1,08 m² 10,8% da área

do ambiente Não atende

Jantar 16 m²

Janela de correr com duas folhas

140 x 120 = 1,68 m²

80% = 1,34 m² 8,4% da área

do ambiente Não atende

Fonte: Desenvolvido pela autora.

“Outro aspecto importante é a refletância do teto do ambiente, que representa o quociente da taxa de radiação luminosa refletida pela taxa de radiação luminosa que incide sobre ele” (ELETROBRAS PROCEL, 2013, p. 45). Para garantir adequada iluminação natural, o RTQ-R recomenda ainda que cada ambiente de permanência prolongada, cozinha e área de serviço/lavanderia deve ter refletância do teto acima de 60%. No que diz respeito à relação entre a profundidade desses mesmos ambientes e a fonte de LN proveniente de aberturas laterais, o RTQ-R orienta que a maioria (50% mais 1) deve apresentar a profundidade menor ou igual a 2,4 vezes a altura máxima da abertura para iluminação (m). No

caso de existir mais de uma abertura em um mesmo ambiente, considera-se a relação com menor profundidade.

Admite-se, ainda, a constatação do uso eficiente da LN em residências através de softwares de simulação computacional específicos, empregando arquivo climático com 8.760 horas em formato apropriado. Nesse tipo de método, durante a simulação de determinado espaço, deve ser feita uma malha de no mínimo 25 pontos na altura do plano de trabalho, devendo ser modelado também o entorno do ambiente simulado (BRASIL, 2012).

Nesse caso, fazendo uso apenas da LN, a maioria dos ambientes de permanência prolongada, cozinha e área de serviço/lavanderia (50% mais 1), onde as esquadrias para o exterior não possuam proteção solar, deve-se obter no mínimo 60 lux de iluminância em 70% do ambiente, durante 70% das horas do ano. Considerando apenas os ambientes de permanência prolongada que possuem proteção solar, deve-se obter, no mínimo, 60 lux de iluminância em 50% do ambiente durante 70% das horas do ano(ELETROBRAS PROCEL, 2013; BRASIL, 2012).

Apesar de todas essas recomendações, percebe-se, todavia, que a etiquetagem pelo RTQ-R valoriza mais outros fatores como o desempenho térmico da envoltória e a eficiência dos sistemas de aquecimento de água, do que a iluminação. O aproveitamento da LN deveria ser tratado com maior relevância, visto que se trata de um recurso disponível, e quando captado de forma correta, gera economia, conforto e melhor qualidade de vida aos usuários.