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CAPÍTULO 3. METODOLOGIA DE PESQUISA 3.1 Classificação da pesquisa

3.3. Coleta dos dados

Como forma de atingir os objetivos da pesquisa, este estudo se utilizou de várias fontes de dados como está descrito no Quadro 3.1. Os vários métodos de coleta de dados foram utilizados seguindo os seguintes critérios:

 Todo e qualquer documento que a pesquisa tiver acesso será fonte de informações tais como os registros de vendas, atas de reunião, publicações da revista interna, etc.;  A observação participante deve ser atenta, ajudar no direcionamento da coleta de

dados e evitar os vieses que podem mascarar os verdadeiros resultados do estudo;

 As entrevistas serão estruturadas de acordo com o roteiro que consta no APÊNDICE

A – PROTOCOLO DE PESQUISA.

 As entrevistas contarão com a participação de trabalhadores que atuaram no

desenvolvimento do produto e/ou processo do acionamento “Yaw” para os clientes “A”, “B” ou “C”.

A análise de documentos e de registro de arquivos contou com revistas internas, atas de reunião, consultas no ERP e arquivos diversos alocados nos servidores da empresa como previa os critérios recém-apresentados. O estudo levou em conta que os fatores organizacionais são constructos subjetivos e dependem mais das percepções das pessoas do que de fatos concretos e mensuráveis. Porém, estes dados têm como objetivo trazer o máximo de informações possíveis que possam ajudar a esclarecer, no que for possível, o ambiente organizacional do PDP ETO.

Já a observação participante se baseia na participação do pesquisador como o Engenheiro de Produto responsável pelo projeto mecânico do motor elétrico do cliente “A”. A observação participante também atuou no início do projeto mecânico do motor elétrico do cliente “C”, mas em um dado momento essa responsabilidade passou para outro Engenheiro de Produto da Engenharia de Desenvolvimento de Motores Elétricos. Tal participação no desenvolvimento dos acionamentos “Yaw” compreende um período que vai desde o início do ano de 2014 até meados do ano de 2017.

Além disso, serviu como experiência para a elaboração desta pesquisa a participação do autor em inúmeros outros projetos desenvolvidos sob encomenda pela empresa objeto de estudo. Desde 2008 o autor do presente estudo participa do desenvolvimento de produtos para os mais variados segmentos da indústria.

A redação de um artigo (DONHA; GUIMARÃES, 2017) que resultou em 49 fatores internos classificados como catalisadores à inovação de produtos no PDP ETO, inibidores à inovação de produtos no PDP ETO, neutros à inovação de produtos ou inexistentes no PDP ETO, também contribuiu para o amadurecimento desta pesquisa. Visando diminuir as limitações do trabalho anterior, aqui o foco está somente nos produtos desenvolvidos para o mercado de energia eólica e buscou-se um maior aprofundamento no estudo da influência dos fatores de origem interna à organização na inovação tecnológica ao lidar com um número menor de fatores.

Por fim, foram realizadas entrevistas entre os meses de junho e novembro de 2017 com seis trabalhadores que atuaram diretamente no desenvolvimento do produto e/ou processo do acionamento “Yaw” dos clientes “A”, “B” e/ou “C”. A duração média de cada entrevista foi de 80 minutos e todas elas foram gravadas, transcritas e revisadas por cada um dos entrevistados. Outro cuidado foi quanto à escolha do local das entrevistas. Todas as entrevistas foram feitas em um local externo à organização com o objetivo de evitar que as respostas viessem carregadas de alguma emoção causada pelo ambiente organizacional.

Preferiu-se utilizar a citação direta dos discursos coletados nas entrevistas como forma de garantir que a pesquisa não contém o viés do pesquisador. Porém, com exceção dos trechos referentes às apresentações dos entrevistados, não será indicado se o trecho da entrevista corresponde ao entrevistado um, dois, três, etc.; como é comum em pesquisas qualitativas com entrevistas. O objetivo desta ação é proteger o anonimato dos entrevistados ao evitar que qualquer pessoa que tenha feito parte do projeto possa supor quem respondeu o quê.

O primeiro entrevistado é um Analista de Processos da Engenharia de Motores Elétricos de 28 anos que trabalha na empresa há quase nove anos. O próprio entrevistado define no trecho seguinte o seu papel no desenvolvimento do acionamento “Yaw”:

Análise do documento fornecido pelo cliente (onde continham as especificações técnicas do motor), cálculos para o dimensionamento elétrico e de desempenho do motor elétrico e o desenvolvimento do processo de produção com a aplicação de ferramentas, matéria-prima, e a forma de fabricação do produto. Posteriormente, atuei nos ensaios do motor elétrico no nosso laboratório e determinei as mudanças que eram necessárias com base nos resultados dos ensaios.

Segundo o entrevistado ele atuou desta forma no projeto do cliente “A” e “B”. No motor do cliente “C”, por ainda estar em fase preliminar, sua atuação foi em suas próprias palavras: “dimensionamento inicial do motor elétrico com fins de especificação técnica e custos”.

Já o segundo é um Analista de Planejamento de 31 anos que trabalha no departamento de Planejamento e Controle da Produção (PCP) e tem sete anos na empresa. Ele também atuou nas encomendas dos clientes “A” e “B” e, no caso do cliente “C”, aguarda a colocação de uma ordem de compras formal por parte do cliente. Apesar de atuar no departamento de PCP, seu papel foi o de uma espécie de gerente do projeto. Segundo o entrevistado a denominação dada ao papel dele foi à de “facilitador”; já que a empresa não possui um departamento de gerenciamento de projetos. Segundo o próprio trabalhador:

A denominação que foi dada para o meu papel foi o de facilitador, já que a empresa não possui um departamento de gerenciamento de projetos. Porém os clientes entendem que o meu papel era o de gerente de projetos. Eu nunca havia trabalhado com isso e o que eu conheço sobre gerenciamento de projetos, eu aprendi na faculdade. Mas eu também entendo que o meu papel era o de gerente de projetos. Basicamente eu atuava como um link entre os clientes e a empresa. Era meu papel entender as expectativas e requisitos técnicos do cliente e fazer isso acontecer dentro da empresa.

O terceiro é um Analista de Produtos de 28 anos de idade e com cinco anos de experiência na Engenharia de Desenvolvimento de Redutores da empresa. Ele atuou nos

projetos dos clientes “A” e “B”. De forma similar ao primeiro entrevistado, ele atuou tanto no desenvolvimento do produto quanto no do processo. Na parte do produto sua atuação foi descrita da seguinte maneira:

Na parte de projeto do produto eu analisei o modelo 3D e propus alterações para facilitar o processo de montagem do equipamento. Antes do projeto ser liberado para a produção, eu verificava se haveria problemas na sua montagem. Também atuei no desenvolvimento da bancada de testes e fui o responsável da engenharia por acompanhar o teste.

O entrevistado ressalta que desenvolveu somente a parte mecânica da bancada de testes: “... eu desenvolvi toda a parte mecânica. A parte eletro/eletrônica foi feita pela equipe de automação que atende aos nossos clientes”. Já quando questionado sobre o desenvolvimento do processo, o entrevistado completa:

Elaborei as etapas de montagem, transcrevi isso em instruções de montagem, acompanhei a montagem e validação das primeiras peças. Fui o responsável pelo MPP e o PFMEA da montagem e participei do desenvolvimento da nova linha de montagem. Também atuei no desenvolvimento do novo sistema de pintura elaborando as instruções de trabalho, desenvolvendo novas tintas, e acompanhando os try-outs e os ensaios em laboratórios externos para a validação do sistema de pintura exigido pelos clientes.

O quarto entrevistado é um Engenheiro de Processos de 32 anos de idade e que trabalha na empresa há dezessete anos. Durante este período ele dedicou cerca de oito anos na produção como operador de máquinas e, os últimos nove anos, na Engenharia de Processos de Redutores Industriais da empresa. O entrevistado ressalta que participou do projeto dos três clientes e define seu papel da seguinte maneira:

O meu papel em todos os projetos foi bem similar. Eu sou o responsável pelo processo de produção da maioria das peças do redutor planetário sendo: a carcaça lanterna, o eixo de saída, os anéis dentados e o adaptador que liga o motor elétrico no redutor planetário do cliente A.

Ser responsável pelo processo de produção significa, segundo o próprio entrevistado: “ser responsável pelos investimentos, pela escolha do melhor ferramental e pela determinação da melhor maneira de produção”.

O próximo entrevistado é um Analista da Qualidade com 30 anos de idade e dezesseis anos de experiência na área de qualidade da empresa. Atualmente ele atua há cerca de quatro anos no departamento de Engenharia da Qualidade e também atuou no projeto dos três

fabricantes de aerogeradores. O próprio entrevistado explica a sua participação no projeto do acionamento “Yaw”:

No início do projeto o meu envolvimento foi o de analisar o projeto do produto que ainda estava em desenvolvimento. O intuito era verificar se tínhamos condições de fazer todo o controle dimensional das peças e, em caso negativo, prever eventuais investimentos. Com as engenharias de produto e processo eu participei das reuniões de FMEA. A partir daí eu trabalhei na elaboração dos planos de inspeção, no desenvolvimento dos meios de medição, no acompanhamento dos investimentos em instrumentos de medição e no acompanhamento das inspeções do lote piloto. Por fim, ajudei na elaboração do livro que continha toda a documentação que o cliente exigiu (relatórios do teste do acionamento, relatórios dimensionais, etc.).

O último entrevistado é um Analista de Processos de 41 anos de idade e dez anos de experiência na empresa sendo três anos como Operador de Produção e sete anos como Analista de Processos. Ele mesmo define seu papel como: “responsável pelo desenvolvimento do processo de fabricação das engrenagens, trens planetários dentados e eixos dentados”. Isso para os três redutores planetário (cliente “A”, cliente “B” e cliente “C”).

A escolha de tais pessoas para participar das entrevistas se baseia na experiência da observação participante e na opinião dos próprios entrevistados (a última questão pede justamente que o entrevistado indique alguém que, na visão dele, possa contribuir com a pesquisa).