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CAPÍTULO 2: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Para a coleta dados pensamos em instrumentos que nos possibilitassem essa recolha, garantindo a fidedignidade da pesquisa. Consideramos que seria adequada a utilização de mais de uma fonte de dados. Nessa perspectiva, aplicamos questionários antes e após o desenvolvimento da sequência didática investigativa, analisamos as produções escritas dos alunos resultantes desse processo, gravamos e transcrevemos as

aulas e as acompanhamos através de observação participante, realizando registros das mesmas.

De acordo com Bogdan e Biklen (1994), a observação participante é uma das estratégias mais representativas da pesquisa qualitativa, visto que privilegia essencialmente a compreensão dos comportamentos dos sujeitos da investigação e permite o recolhimento de dados em função de um contato aprofundado com os indivíduos em seus contextos naturais.

Diante dessa perspectiva, a utilização dos instrumentos supracitados nos proporcionou um maior universo de dados contribuindo para que obtivéssemos uma profunda compreensão e análise, considerando os aspectos relevantes da fala e da escrita dos alunos.

Partindo para a análise dos dados utilizamos elementos da metodologia de análise de conteúdo proposta por Bardin (1977), que consiste em uma técnica para descrever e interpretar conteúdos de documentos e textos auxiliando o pesquisador na reinterpretação das mensagens e na compreensão dos seus significados em um nível que vai além de uma leitura comum (MORAES, 1999).

A análise do conteúdo dispõe das seguintes etapas: organização dos dados, escolha dos documentos, formulação das hipóteses e dos objetivos e indicadores que fundamentem a interpretação final; exploração do material para a codificação, desconto ou enumeração do corpus de acordo com as regras pré-estabelecidas; categorização dos dados, tratamento dos resultados, inferência e interpretação que atribuam significado e validade às informações fornecidas pela análise (BARDIN, 1977).

Baseados nesse conjunto de fundamentos, percorremos os seguintes passos na nossa análise (Figura 07):

Figura 07: Tratamento dos dados coletados para análise

Fonte: Adaptado de Bardin (1977, p.69).

Organização dos dados Codificação do corpus

Categorização dos dados Descrição e interpretação dos dados

Primeiramente, como ilustrado na figura acima, fizemos a organização dos dados através da realização de leituras que nos permitiram verificar relações e inferências nos materiais analisados. Dando continuidade, codificamos o corpus identificando os sujeitos da pesquisa através das iniciais “A” de aluno para as atividades individuais; “D” para as atividades feitas em duplas e “G” para aquelas que foram realizadas em grupo, seguidas das numerações 1, 2, 3, 4, 5 e assim por diante, que foram estipuladas de forma aleatória entre o número total de participantes. Nesse entendimento os sujeitos de pesquisa receberam os códigos: A1, A2 A3... (para alunos) D1, D2, D3... (para duplas) e G1, G2, G3... (para grupos), assim sucessivamente.

Os passos seguintes foram a categorização, descrição e interpretação dos dados que foram analisados em detrimento do objetivo de verificação das contribuições do uso de metodologia do ensino por investigação com ênfase em questões sociocientíficas como uma estratégia propulsora da alfabetização científica dos estudantes.

Segundo Bardin (1977), em uma análise qualitativa é a presença ou a ausência de uma determinada característica de conteúdo ou mensagem que deve ser levada em consideração. Partindo desse entendimento e tendo em vista os nossos objetivos, analisamos os dados de acordo com cada fase do modelo de BSCS 5E, realizando o agrupamento de respostas similares a uma mesma questão, às explorando e procurando identificar as características e/ou palavras-chave que eram atribuídas pelos alunos e que surgiam nas produções escritas com maior frequência, bem como verificando o aparecimento de competências e habilidades relacionadas à alfabetização científica.

Nesse entendimento trabalhamos com critérios de análise a partir da realização de uma adaptação dos indicadores de alfabetização científica propostos por Sasseron (2015), que apontam o desenvolvimento de competências e habilidades que podem ser analisadas nos estudantes durante o processo de alfabetização científica, e trabalhamos também com subcritérios que emergiram da nossa investigação que podem ser observadas na tabela analítica dos dados apresentada a seguir (Tabela 06):

Tabela 06: Critérios de análise dos dados. FASES DO BSCS 5E ATIVIDADES ANALISADAS CRITÉRIOS DE ANÁLISE SUBCRITÉRIOS (HABILIDADES EXPRESSADAS) ENGAGEMENT (ENGAJAMENTO)  Questionário sobre a questão da água na cidade de Macau/RN;  Conhecimento de uma questão sociocientífica;  Conhecimento sobre as problemáticas locais;  Concepções sobre a problemática da água;  Contribuições da ciência e da tecnologia para a resolução do problema. - - - - EXPLORATION (EXPLORAÇÃO)  Atividade Levantando hipóteses;  Produções textuais sobre a importância da água na cidade de Macau/RN.  Entendimento e opinião sobre a implantação de uma usina de dessalinização da água do mar;  Demonstração dos conhecimentos sobre a importância da água;

 Leitura, utilização de termos e conceitos científicos durante o processo de escrita;

 Exposição das ideias;  Capacidade de expressar

uma opinião a respeito de uma questão sociocientífica local. EXPLANATION (EXPLICAÇÃO) Redações sobre a qualidade da água na cidade de Macau/RN.  Sistematização dos conhecimentos sobre a qualidade da água;

 Posicionamento das ideias;  Utilização de termos e

conceitos científicos durante o processo de escrita;  Explicação dos fenômenos

estudados a partir de justificativas mais robustas. ELABORATION (ELABORAÇÃO)  Audiência pública – tomada de decisão.  Avaliando a tomada de decisão  Capacidade de tomada de decisão referente a uma questão sociocientífica local;

 Justificativas que apresentam;

 Comunicação das ideias. EVALUATION (AVALIAÇÃO)  Ficha avaliativa da sequência didática.  Avaliando a sequência didática de ensino investigativo;

 Uma autorreflexão sobre a sequência didática de ensino investigativo.

 Atitudes exibidas durante as atividades.