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2.2 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

2.2.2 COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Após a geração dos resíduos nas residências, há a fase do acondicionamento pré- coleta. Nesta fase, o resíduo pode ser acondicionado de forma conjunta ou de forma segregada como, por exemplo, separando os resíduos orgânicos de rápida degradação (restos de alimentos) dos demais. A segregação dos resíduos sólidos na fonte geradora é um fator importante para o sucesso de políticas de reciclagem, no entanto, há a necessidade de sistema logístico bem implementado de coleta seletiva.

GUERRERO et al. (2012) realizaram estudos sobre os principais desafios da gestão de resíduos sólidos nos países em desenvolvimento, pesquisando mais de 30 áreas urbanas de 22 países distribuídos por três continentes e, quanto à segregação na fonte, foram verificadas como as principais causas de insucesso o conhecimento limitado das tecnologias e boas práticas na gestão dos resíduos, a falta de equipamentos para separação adequada, a baixa preocupação dos gestores quanto a questão, além da pouca quantidade e efetividade das campanhas educativas sobre o assunto.

As principais formas de coleta de RSU são as seguintes:

(i) Coleta regular: sistema mais comum e também conhecido como porta a porta, junto aos domicílios.

(ii) Coleta extraordinária ou esporádica: ocorrendo por solicitação nos casos de móveis inservíveis e eletrodomésticos.

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(iv) Coleta Seletiva: sistema de coleta dos resíduos com potencial de reciclagem como papel/papelão, plástico, vidros e metais.

(v) Local específico para entrega: moradores levam os resíduos até pontos determinados como Ponto de Entrega Voluntária (PEV), esse método é comum em áreas de baixa densidade demográfica, mas em países da Europa e EUA é muito empregado.

Há ainda a experiência de emprego de formas diferenciadas de coleta como a extração a vácuo ou método pneumático, na qual os moradores colocam os resíduos em dutos e estes são conduzidos por redes subterrâneas à vácuo até as centrais de coleta. Esse método é empregado em países da Europa, EUA e Japão e segundo MAHLER (2015), a cidade de Barcelona na Espanha desenvolveu esse método para emprego por ocasião dos jogos olímpicos de 1992.

No caso do estado do Rio de Janeiro, principalmente na região metropolitana, a modalidade mais empregada é a coleta porta a porta e para o transporte são uados caminhões compactadores com diferentes capacidades (12m3, 15m3 ou 17 m3). Outros tipos de veículos coletores são apresentados no Quadro 7.

Quadro 7 – Tipos de veículos usados na coleta de resíduos

Tipo de Veículo Coletor Vantagens Desvantagens

Veículo Tipo carrinho ou “lutocar” – capacidade de 100L

- Fácil trafegabilidade em ruas estreitas

- Facilidade de limpeza e manutenção

- Coleta imediata de resíduos de varrição

- Pouca capacidade volumétrica

- Necessidade de ponto de apoio próximo para descarregamento

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Carroça de Tração Animal – capacidade de 1,5 a 2,0 m3

- Possibilidade de emprego em área rural

- Não consome combustível

- Pouca capacidade volumétrica - Alimentação e Tratamento do animal

Caminhão Compactador – capacidade de 6,0 a 17,0 m3

- Capacidade de coletar grandes volumes

- Economia gerada pela

compactação (34% em Ton/Km) - Maior velocidade

- Condições de ergonomia ideal para o serviço do gari, maior produtividade e rápido descarregamento - Elevado custo de aquisição e manutenção - Não trafega em trechos de difícil acesso - Relação custo/benefício desfavorável em cidades de baixa densidade populacional

Carreta rebocada por trator – capacidade de 3,0 a 5,0m3

- Baixo custo

- Facilidade de transportar diversos tipos de resíduos - Mais adequado para áreas rurais e municípios de baixa densidade de ocupação - Derramamento de resíduos - Baixa produtividade - Transporta pequenos volumes

Triciclo para coleta – capacidade 2,0m3 - Emprego em áreas de difícil

acesso e relevo acidentado - Baixo consumo de combustível

- Baixa capacidade - Necessidade de manutenção

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Caminhão do tipo Carreta para trasnporte de resíduos – capacidade de até 50,0 m3

- Alta capacidade volumétrica - Indicado para transporte de longas distâncias (acima de 30Km) - Elevado custo de aquisição e manutenção - Consumo elevado de combustível

Fonte: IPT/CEMPRE (2010), IBAM (2012), COMLURB (2016) e SANEPAR (2016)

O caminhão compactador pode seguir direto para a área destinada ao tratamento ou disposição final dos resíduos, porém, quando a distância a ser percorrida é muito grande, em geral maior que 30 km, é comum o uso de Estações de Transferência ou Transbordo como opção logística. Esta opção é usualmente empregada em municípios onde a destinação final é distante dos centros urbanos ou até em outros municípios. Segundo o IBGE (2010), 19% dos municípios brasileiros não destinam seus RSU no próprio município.

Os estudos de otimização de rotas são fundamentais para a eficiência dos serviços de coleta e transporte de RSU. por vezes, o gasto financeiro e o dano ambiental causado pelo mau planejamento do transporte dos resíduos superam possíveis ganhos obtidos nas políticas públicas de coleta seletiva e reciclagem.

Segundo dados do SNIS (2014), o índice de cobertura de coleta no Brasil é de 98%, e quase 24% dos municípios registraram alguma iniciativa de coleta seletiva, porém a realidade pode ser mais preocupante. Deve-se ter cautela ao analisar o diagnóstico publicado anualmente pelo SNIS/Min. das Cidades, uma vez que apesar de ser uma das fontes de dados mais completas e atualizadas é respondida de forma autodeclaratória pelos municípios participantes, não tendo uma confirmação in loco das informações nem outros métodos de verificação dos dados.

Percebemos ainda diversos problemas relacionados à fase de coleta e transporte. Um deles é a periodicidade da coleta, que pode ser diária, semanal ou por demanda e em muitos casos são priorizadas as áreas de maior poder aquisitivo. Outros problemas relacionam-se com o uso de transportes sem a devida segurança ambiental, a falta de

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coleta adequada em áreas de difícil acesso e as deficiências relacionadas à coleta de resíduos especiais.

Segundo GUERRERO et al. (2012) quando os gestores municipais estão interessados em investir adequadamente na melhoraria da infraestrutura das estradas e na qualidade dos serviços, as partes interessadas na gestão de resíduos sentem-se também motivadas em participar das decisões e até a pagar mais pelo serviço de melhor qualidade. Ocorre que, muitas vezes, o prestador de serviço não atenta para a necessidade dos usuários.

As atividades de coleta e transporte, segundo GUERRERO et al. (2012) constituem cerca de 80% a 95% do orçamento total das cidades dos países em desenvolvimento nos quais a pesquisa foi desenvolvida, sendo assim, ressalta-se a importância de medidas de otimização dos gastos nas ações de coleta e transporte, as quais devem ser adaptadas a realidade local.