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CONTROLE AMBIENTAL NA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Nas diversas atividades relacionadas ao gerenciamento dos resíduos sólidos é possível verificar a necessidade de controle para evitar ou mitigar potenciais impactos adversos no meio ambiente. Um dos principais instrumentos de controle ambiental das atividades ligadas aos resíduos é o licenciamento ambiental, definido na Resolução CONAMA 237/97 da seguinte forma:

“Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso”. (Artigo 1º, inciso I da Resolução CONAMA 237/1997)

Como regra geral, tanto as atividades de transporte como de tratamento e disposição final de resíduos são passíveis de licenciamento ambiental, cujo rigor técnico deve ser proporcional ao risco ambiental da atividade exercida. Das atividades ligadas à cadeia de gestão dos resíduos sólidos, a disposição final em aterros pode ser considerada aquela com maior potencial poluidor.

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Outro instrumento de controle ambiental trazido pela Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6938/81) foi a Avaliação de Impacto Ambiental, cuja ferramenta é o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto do Meio Ambiente – EIA/RIMA. A Resolução CONAMA 01/86 estabelece que os aterros sanitários e as atividades de processamento e destinação final de resíduos tóxicos ou perigosos devem ser precedidos de Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo Relatório de Impacto – EIA/RIMA.

As diretrizes gerais para a elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental são previstas no 5º artigo da Resolução CONAMA 01/86:

(i) Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

(ii) Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade;

(iii) Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;

(iv) Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.

Infelizmente, no Brasil, apesar do extenso arcabouço normativo relacionado ao controle ambiental, as exigências legais não são suficientes para coibir à degradação ambiental, principalmente na disposição final de resíduos sólidos, cenário criado geralmente pela interferência maléfica de interesses econômicos, particulares e políticos envolvidos da tomada de decisão nos processos de licenciamento ambiental, prejudicando a coletividade.

Segundo MAGRINI (1990) apud CARDOSO JÚNIOR (2014), o parágrafo 1º do artigo 5º da Resolução CONAMA 01/86 tem se mostrado polêmico, uma vez que estabelece a necessidade de se contemplarem alternativas tecnológicas e locacionais, a serem confrontadas com a hipótese de não execução do projeto. O que se observa na prática é que, normalmente, os EIAs e RIMAs são elaborados para projetos já definidos em termos locacionais e tecnológicos e, portanto, as alternativas não são, via de regra, contempladas.

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Além da falta de critério na aplicação das premissas do EIA/RIMA, outra questão polêmica e extremamente prejudicial à independência na realização do EIA/RIMA ocorre no país. Segundo CARDOSO JÚNIOR (2014), diferente da forma como ocorre no Brasil, onde o Estudo de Impacto Ambiental é realizado pelo empreendedor (instituído pelo 8º artigo da Resolução CONAMA 01/86), o Environmental Impact Statement (EIS) nos Estados Unidos é realizado pelas próprias Agências Federais dos diversos setores da economia em função da tipologia do empreendimento.

Apesar das diversas normas vigentes que regulam as atividades ligadas aos resíduos sólidos, constantes no Quadro 1 a seguir, há ainda a necessidade de melhor integração, estruturação, independência técnica e funcional dos órgãos de controle ambiental para que as diversas exigências legais e normativas tenham efeito prático na redução dos impactos ambientais.

Quadro 1 – Principais normas ambientais ligadas ao controle ambiental dos resíduos sólidos

Órgão responsável Número Assunto

ABNT NBR 7500/01 Símbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e

Armazenamento de Material – Simbologia

ABNT NBR 7501/02 Símbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e

Armazenamento de Material – Simbologia

ABNT NBR 10.004/04 Resíduos Sólidos – Classificação

ABNT NBR 13.221/02 Transporte de Resíduos

ABNT NBR 14.064/15 Atendimento à Emergência no Transporte Rodoviário de

Produtos Perigosos

ABNT NBR 14.619/03 Transporte de Produtos Perigosos – Incompatibilidade Química

ABNT NBR 15480/07 Plano de ação de emergência (PAE) no atendimento a

acidentes

CONAMA Resolução 404/08 Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos.

CONAMA Resolução 358/05 Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências

CONAMA Resolução 348/04 Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos

CONAMA Resolução 316/02 Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos

CONAMA Resolução 313/02 Dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais

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CONAMA Resolução 307/02 Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.

CONAMA Resolução 275/01 Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva

CONAMA Resolução 264/99 Licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades de co-processamento de resíduos

CONAMA Resolução 23/96 Dispõe sobre as definições e o tratamento a ser dado aos resíduos perigosos, conforme as normas adotadas pela Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito CONAMA Resolução 05/93 Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados

nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários CONAMA Resolução 06/91 Dispõe sobre o tratamento dos resíduos sólidos provenientes

de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos

ANVISA RDC 306/04 Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento

de resíduos de serviços de saúde Fonte: Elaboração Própria