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Primeiramente realizou-se um levantamento dos equipamentos tanto de saúde quanto de assistência social, cultura e educação que apresentavam na descrição de sua população-alvo crianças, adolescentes e/ou usuários de drogas existentes na região Centro da cidade de São Paulo por meio dos sites da Prefeitura Municipal de São Paulo e suas Secretarias (Assistência Social; Cultura; Direitos Humanos e Cidadania; Educação; Esportes; Saúde). Por meio de pesquisa realizada na Internet foram levantadas também algumas Organizações Não-Governamentais (Ongs),

associações, programas e projetos desta mesma região da cidade de São Paulo, relacionadas direta ou indiretamente com o tema das drogas e dependência química, ou que atendiam crianças e adolescentes e, por vezes, abarcavam estas temáticas, mesmo não sendo seu objetivo principal. Ao todo foram encontrados 12 equipamentos (governamentais e não governamentais) que se aproximavam com a questão do uso de SPA e/ou com a infância e adolescência:

Em um segundo momento, foi realizado contato telefônico e por email com os equipamentos levantados na pesquisa com o objetivo de obter informações referentes à população atendida, aos objetivos do serviço e composição da equipe, já buscando identificar quais destes possuíam terapeuta ocupacional em seu corpo de profissionais. Buscou-se também identificar características da porta de entrada destes serviços (demanda espontânea, demanda judicial, encaminhamentos de outros equipamentos etc.) e identificar a rede acessada pelos mesmos quando se tratava de casos de crianças e adolescentes usuários de SPA. Dos 12 equipamentos identificados na pesquisa pela Internet 1 foi fechado, 4 não retornaram o contato e 7 responderam ao contato por email ou forneceram informações pelo telefone. Todos os equipamentos com os quais foi realizado contato citaram o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPSi) como central para ações quando se trata desta população. Em alguns casos referiram também o Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CAPSad). Diante desta constatação, foi decidido mapear a rede de atenção e cuidado à crianças e adolescentes usuários de substâncias psicoativas a partir dos CAPS, ou seja, o estudo se iniciaria pelo CAPSi e CAPSad da região Centro de São Paulo e estes indicariam outros equipamentos da rede que compartilham o cuidado quando se trata dessa população.

Para tal, foi realizado contato via email com os gestores dos CAPS i e ad da região em questão a fim de verificar o desejo e a disponibilidade em participar deste estudo. Com a resposta positiva dos gestores, foi realizado contato com a Coordenadoria Regional de Saúde a fim de solicitar a autorização para a realização da pesquisa. No período em que foi realizada a solicitação, as Coordenadorias Regionais de Saúde passavam por mudanças em sua configuração. A antes chamada Coordenadoria Regional Centro-Oeste foi dividida em Coordenadoria Regional Centro e Coordenadoria Regional Oeste. Essas mudanças resultaram em atrasos e obstáculos na obtenção da autorização, já que houve mudança na sede,

dificultando o contato telefônico por um período, e nomeação de novo coordenador, que logo no início foi afastado por motivo de doença. Diante disso, quem forneceu a autorização inicial para ser enviada ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) foi a Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Drogas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Paulo. Com o parecer favorável à realização da pesquisa pelo CEP da UFSCar um novo contato foi realizado com os gestores para informar sobre o parecer e agendar as entrevistas. Neste momento informaram da necessidade de entrar em contato com a Supervisão Técnica de Saúde Sé, pois era necessária uma autorização formal emitida pela Supervisão e direcionada diretamente aos gestores para iniciar a pesquisa. Foi solicitada a autorização junto à Supervisão Técnica de Saúde Sé que informou sobre a necessidade de um parecer favorável à realização da pesquisa emitido pelo CEP da SMS. A solicitação foi preenchida e foram sugeridas alterações no TCLE. Acatadas as sugestões e reenviadas ao CEP da SMS o parecer foi favorável e então foi possível agendar as entrevistas.

A coleta teve início somente após o parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UFSCar (Parecer nº 1.119.464 - Anexo A) e da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (Parecer nº 1.142.702 - Anexo B). Após autorização, os profissionais e gestores foram convidados a participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). Foram agendadas entrevistas com os gestores e profissionais de acordo com a disponibilidade de cada um, com o cuidado de não interferir na dinâmica de trabalho. As entrevistas foram realizadas no local de trabalho. A partir das entrevistas realizadas nos CAPS foram identificados diferentes equipamentos da região que constituem a rede de atenção e cuidado à crianças e adolescentes usuários de SPA. A partir das indicações fornecidas foi realizado contato telefônico com os equipamentos indicados a fim de coletar informações sobre a equipe, participação ou não de terapeutas ocupacionais. A partir deste contato, nos equipamentos que contavam com terapeutas ocupacionais compondo a equipe verificou-se o interesse em participar deste estudo. Ao aceitar o convite foram agendadas visitas para apresentação da pesquisa e solicitação de autorização para a realização da mesma junto ao serviço no caso dos equipamentos que tinham terapeutas ocupacionais.

Os equipamentos indicados que não possuíam terapeutas ocupacionais no seu corpo profissional serão citados nos resultados deste estudo quando abordada a questão da rede, porém foi realizada entrevista somente com aqueles que tinham terapeutas ocupacionais em seu quadro de funcionários. Dois equipamentos foram incluídos na pesquisa por indicação, sendo um deles o Projeto de uma Organização da Sociedade Civil para Interesse Público (OSCIP) e outro pertencente à Prefeitura Municipal de São Paulo. Para a realização da entrevista no Projeto uma autorização foi emitida pelo responsável da instituição. Para a realização da pesquisa no outro equipamento foi necessário solicitar um "Aditivo de Campo", documento emitido pela Supervisão Técnica de Saúde Sé. Autorizada a pesquisa nos dois equipamentos foram agendadas as entrevistas da mesma forma: no local de trabalho e de acordo com a disponibilidade de horário dos profissionais e gestores.

Para a coleta de dados foram elaboradas pelas pesquisadoras duas Fichas de Identificação de Participante, sendo uma para os gestores e outra para os terapeutas ocupacionais. Na "Ficha de Identificação de Participante (Gestor)" (Apêndice B) além dos dados pessoais e referentes à formação, foram coletados dados referentes aos equipamentos, como fluxo, funcionamento, equipe, etc. Na "Ficha de Identificação de Participante (Profissional)" (Apêndice C), além dos dados pessoais, foram coletadas informações a respeito da formação, quantidade e tipo de atendimentos realizados. Foram elaborados pelas pesquisadoras dois roteiros de entrevista semiestruturada para a coleta de dados, um para entrevista com os gestores e outro para entrevista com os terapeutas ocupacionais. No "Roteiro de Entrevista (Gestor)" (Apêndice D) foram abordadas questões relacionadas ao fluxo, objetivos, critérios de inclusão e não inclusão do serviço, além de características do território e da rede. Foram abordadas ainda questões sobre o trabalho em equipe, articulação de rede, desafios e facilidades da gestão e atuação do terapeuta ocupacional. O "Roteiro de Entrevista (Terapeuta Ocupacional)" (Apêndice E) aborda questões relacionadas ao cotidiano deste profissional no serviço, tipos de atendimentos realizados, critérios de inclusão e não inclusão para atendimento com terapeuta ocupacional, características do trabalho em rede e da população atendida, dificuldades e potencialidades encontradas no atendimento à população de crianças e adolescentes usuários de SPA.