• Nenhum resultado encontrado

5 O OBJETO EMPÍRICO: a cidade e seus atores

5.3 Coletivos espaciais: recortes para tradução

Após a apresentação da cidade de João Pessoa e dos marcos que justificam os recortes espaço-temporais estabelecidos, passamos, a partir de agora, à apresentação dos espaços públicos construídos selecionados para fins de análise. Foram escolhidos quatro espaços referenciais na cidade que passam a ser designados como coletivos uma vez que se constituem como redes onde evidenciamos o papel desempenhado pelos dispositivos construídos e as disposições sociais.

Elegemos também critérios para a escolha dos mesmos como: características morfológicas, inserção e localização, raio de influência, tipologia dos espaços públicos construídos, número de usuários e população atendida, número de dispositivos construídos, período em que passou por intervenção urbanística, como descrito abaixo para cada espaço.

Na figura 16, localizamos no mapa da cidade os espaços públicos trabalhados:

⁷⁹ Sobre o assunto, ver os relatórios elaborados pelo BID. Disponível em: http://www.joaopessoa. pb.gov.br/plano-de-acao-sustentavel/

o Parque Solón de Lucena (Parque da Lagoa), a Praça Ellen Lucy Mendes (Praça do Coqueiral), a Praça da Paz e a avenida Ministro José Américo de Almeida (Avenida Beira Rio).

– Coletivo Parque Solón de Lucena (Parque da Lagoa)⁸⁰

O coletivo Parque Solón de Lucena, mais conhecido como Lagoa, constitui- Figura 16: Mapa situando os espaços públicos trabalhados nesta tese.

Fonte: Mapa base da PMJP

⁸⁰ Ao longo do texto, designamos os espaços públicos analisados com seus nomes mais popularizados. Assim o Parque Solón de Lucena foi referenciado como Lagoa, bem como os outros espaços como Praça do Coqueiral e Avenida Beira Rio.

se como uma paisagem marca⁸¹ da cidade de João Pessoa. Como mencionado anteriormente, essa lagoa natural, já assinalada nos mapas holandeses do século XVII (figura 17), e seu entorno, passaram por um processo de urbanização no início do século XX com projeto de Saturnino de Brito, o que permitiu o processo de expansão urbana para além desse sítio (figura 18).

Durante muitos anos, a espacialidade do parque foi marcada por anéis viários, interno e externo que a circundava, para onde convergia todo o sistema de transporte público, de ônibus, da cidade. O projeto de requalificação implantado em 2016, gestão do prefeito Luciano Cartaxo, retirou o anel viário mais interno liberando espaço para a implantação de mais dispositivos de lazer, esporte, contemplação, quiosques e vegetação (figuras 19, 20 e 21).

⁸¹ Ver o conceito de paisagem marca em Berque (1998). Para o autor: “a paisagem é uma marca, pois expressa uma civilização, mas é também uma matriz porque participa dos esquemas de percepção, de concepção e de ação – ou seja, da cultura – que canalizam, em um certo sentido, a relação de uma sociedade com o espaço e com a natureza e, portanto, a paisagem do seu ecúmeno (1998, p. 85).

Fonte: REIS (2000)

Lagoa

Fonte: SOUZA e VIDAL (2010)

Figura 18: Projeto de Saturnino de Brito para a Lagoa ou Parque Solón de Lucena Figura 17: Detalhe do mapa holandês

Figura 20: Vista aérea do Parque Lagoa após a intervenção Figura 19: Vista aérea do Parque Lagoa antes

da recente intervenção urbanística

Fonte: http://minhajoaopessoa.blogspot.com.br/2015/04/

parque-solon-de-lucena-lagoa.html Fonte: Google Earth Pro

Figura 21: Localização do Parque Solón de Lucena (Parque da Lagoa)

Fonte: http://geo.joaopessoa.pb.gov.br/digeoc/htmls/jampaemmapas.html Parque da

Lagoa

Os critérios para a escolha desse espaço público, o Parque da Lagoa, levou em consideração: a sua importância como marco morfológico para a cidade, além de estar inserido em seu centro histórico (no perímetro de tombamento estadual – Iphaep) e comercial, local de afluxo intenso de pessoas, tipologia de parque urbano que atrai

Figura 22: Localização e vista da Praça Ellen Lucy Mendes (Praça do Coqueiral)

Fonte: http://geo.joaopessoa.pb.gov.br/digeoc/htmls/jampaemmapas.html

um número grande de usuários e atende a população da região metropolitana de João Pessoa como verificado in loco, a quantidade de dispositivos construídos e por ter passado por um processo de intervenção urbanística recentemente.

Coletivo Praça Ellen Lucy Mendes (Praça do Coqueiral)

O segundo espaço público construído eleito para análise foi a praça Ellen Lucy Mendes, mais conhecida como praça do Coqueiral, situada no bairro de Mangabeira (figura 22), o mais populoso da cidade, com cerca de 75.988 habitantes (Censo IBGE 2010), e também considerado uma nova centralidade urbana por congregar comércio, serviços, além de ser um vetor de expansão da cidade. Apesar de ser o bairro com a maior população de João Pessoa, Mangabeira possui poucos espaços públicos construídos e qualificados como áreas de lazer e fruição para a sua população.

Como critérios para a escolha do local investigado, levamos em consideração a sua importância para o bairro, a tipologia de praça com um dos maiores números de dispositivos construídos dentre as praças da cidade, atendimento à população do bairro e adjacentes. Além disso, foi um dos espaços públicos de João Pessoa que passou por uma intervenção de requalificação em 2007 dentro do programa de

Fig. 23: Localização e vista da Praça da Paz

Fonte: http://geo.joaopessoa.pb.gov.br/digeoc/htmls/jampaemmapas.html 104

Recuperação de praças, parques, jardins, e passeios da gestão municipal de Ricardo

Coutinho no recorte temporal estudado.

Coletivo Praça da Paz

O terceiro espaço público analisado nesta tese foi o coletivo Praça da Paz, situada no bairro dos Bancários. Também localizada no setor sudeste da cidade, assim como a Praça do Coqueiral, essa praça possui particularidades importantes para o que esta investigação se propõe. A construção da referida praça teve sua conclusão no ano de 2006, por uma demanda da população que se ressentia da falta de espaços públicos no bairro. Atualmente, a partir da investigação in loco, observou-se que esse espaço construído possui um raio de influência mais abrangente para a população usuária como analisamos no capítulo 5. Além do número de usuários como critério de escolha, outros fatores foram levados em consideração, o fato de localizar-se em frente a um shopping e sua relação com o entorno. A Praça da Paz também fez parte do programa de Recuperação de praças, parques, jardins, e passeios, anteriormente

Figura 24: Avenida Beira Rio

Fonte: Google Earth

Avenida Beira Rio

citado. O referido espaço público, destaca-se frente a outros espaços da cidade pelo grau de urbanidade verificado.

Coletivo avenida Ministro José Américo de Almeida - Beira Rio

Por fim, o último espaço público construído eleito para análise foi o coletivo Avenida Ministro José Américo de Almeida e entorno. Mais conhecida como Beira Rio por margear um dos principais rios da cidade, o Jaguaribe. Esta avenida faz a ligação do centro da cidade com a praia, percorrendo os bairros da Torre, Expedicionários, Tambauzinho, Miramar e Cabo Branco. Como critérios para escolha da referida avenida, estão o fato de cortar vários bairros, além de margear comunidades carentes e o vale do rio Jaguaribe. Ao longo de seu percurso, a via assume diferentes perfis de uso e ocupação do solo. Também se apresenta como a avenida mais arborizada da cidade ao longo de seu canteiro central. Atualmente encontra-se em um processo de requalificação de seu canteiro central com a construção de uma ciclovia e a recuperação de suas calçadas.

Resumidamente, podemos sintetizar os critérios observados para seleção dos

Quadro 1: Resumo dos critérios de escolha dos coletivos analisados. Quadro 1: Resumo dos critérios de escolha dos coletivos analisados.

Apresentado o objeto empírico, os recortes temporal e espacial, passamos ao capítulo 5 com a aplicação da metodologia em campo e às análises decorrentes.

Critérios LAGOA COQUEIRALPRAÇA DO PRAÇA DA PAZ BEIRA RIOAVENIDA

Morfologia urbana Inserção e localização Tipologia dos espaços públicos construídos Raio de influência Número de usuários População atendida Número de dispositivos construídos Circular com entorno comercial e institucional Centro histórico Parque urbano Região metropolitana Grande Moradores e trabalhadores da região metropolitana Bem atendido Retangular com entorno predominante residencial Nova centralidade urbana Praça Bairro onde está inserida Moderado Moradores do bairro Bem atendido Praça Bem atendido Moradores dos bairros vizinhos Retangular com entorno comercial Nova centralidade urbana Bairro onde está inserida e bairros vizinhos Grande Moderado Linear Ligação centro – praia/ corta vários bairros Bairros que percorre Rua Moradores e trabalhadores dos bairros que atravessa

Sem diversidade

metropolitana adjacentes

Apresentado o objeto empírico, os recortes temporal e espacial, passamos ao capítulo 5 com a aplicação da metodologia em campo e às análises decorrentes.