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MAC EtOH-H 2 O 284 ± 5 b 142,4 ± 0,4 a

E. coli L innocua

Semente ESC/150 bar/40 °C PLGA 50:50 585 421

PLGA 65:35 - 373

Torta/MAC/EtOH-H2O

PLGA 50:50 226 226

PLGA 65:35 261 188

Extrato coprecipitado Polímero

CMB

(µgextrato coprecipitado/mL)

E. coli L. innocua

Semente ESC/150 bar/40 °C PLGA 65:35 - 537

A concentração do extrato de torta de semente de maracujá - resultante da extração por maceração com a mistura EtOH-H2O -, necessária para inibir o crescimento de ambas as bactérias testadas, foi reduzida 18 vezes no caso das partículas formadas com PLGA 50:50 - de 4000 µg/mL quando puro para 226 µg/mL depois de coprecipitado. Quanto a amostra elaborada com PLGA 65:35, a CMI equivalente de extrato foi 261 e 188 µg/mL contra E. coli e L. innocua, respectivamente, o que corresponde a uma redução de 15 e 21 vezes, respectivamente, em relação a CMI do extrato livre.

Silva et al. (2014b) estudaram a precipitação por ESE com PLGA 50:50 (de maior peso molecular que o aplicado no presente estudo) e PLGA 65:35 de extrato de semente de Passiflora edulis Sims obtido também por maceração em mistura de etanol e água (1:1, v/v) (por 24 h e com razão semente/solvente 1:10, m:v) e avaliaram sua ação contra E.

coli K12 e L. monocytogenes. Esses autores reportaram valores de CMI

em equivalente de extrato de 500 µg/mL contra E. coli K12, com ambos os polímeros, e 1000 e 350 µg/mL contra L. monocytogenes, com partículas de PLGA 50:50 e de PLGA 65:35, respectivamente.

Ambos os extratos puros apresentam baixa solubilidade em água, uma vez que mesmo com adição de 10 % de DMSO houve dificuldade para solubilizá-los, o que dificulta a interação dos compostos ativos com os microorganismo (RAVICHANDRAN et al., 2011). Da mesma forma, as partículas obtidas por SAS são insolúveis em solução aquosa, o que provavelmente está relacionado com o fato de não terem exibido nenhum efeito inibidor contra as bactérias testadas mesmo em maior concentração equivalente de extrato que as amostras de ESE. Estas últimas, por sua vez, solubilizaram facilmente em água, o que possivelmente proporciona maior a interação dos compostos ativos com os microorganismo, resultando na ampliação da atividade antimicrobiana dos extratos após sua coprecipitação com os polímeros. A literatura relata que o processo ESE pode favorecer a solubilidade de compostos hidrofóbicos em meios hidrofílicos devido a matrix formada pela interconexão entre as cadeias de PLGA e PVA, através dos segmentos hidrofóbicos deste (ZIGONEANU; ASTETE; SABLIOV, 2008). Com isso, os segmentos hidrofílicos alternados da cadeia do PVA ficam expostos, o que contribui para a solubilização das partículas em meio aquoso.

Ainda, o bom desempenho das partículas sintetizadas por ESE poderia estar relacionado a um efeito sinérgico entre os materias utilizados nesse processo e que não fizeram parte dos ensaios com SAS (trealose e PVA), apesar de essa hipótese ser menos provável, uma vez que partículas controle - compostas por todos os materiais com exceção dos extratos - também foram testadas nas mesmas concentrações das partículas e não apresentaram atividade contra E. coli e L. innocua.

A maior atividade dessas partículas pode também estar relacionada com um efeito protetor sobre os compostos antimicrobianos, uma vez que, no caso dos extratos puros, 24 h em condições aeróbias a 35 °C pode provocar degradação de compostos ativos presentes; enquanto que, conforme apresentado no estudo de perfil de liberação, seu desprendimento gradativo das partículas garantiu a manutenção de sua atividade por um maior período prevenindo o crescimento das bactérias testadas. Esses resultados indicam que a coprecipitação com PLGA é vantajosa por reduzir a concentração dos extratos necessária para inibir o crescimento desses microorganismos.

6. CONCLUSÕES

Os ensaios com CO2 supercrítico puro como solvente apresentaram alguns dos melhores resultados obtidos de rendimento de extração de semente de maracujá. Considerando também outros estudos encontrados na literatura que indicam que o óleo obtido por SC-CO2 apresenta padrão alimentício, esse processo pode ser considerado como boa opção para a produção de óleo de semente de maracujá de alta qualidade e livre de resíduos de solventes tanto para uso cosmético quanto alimentício, a partir desse subproduto das indústrias de suco de maracujá. Pela combinação dos resultados de rendimento e das atividades biológicas testadas, o extrato supercrítico de semente obtido a 150 bar e 40 °C foi selecionado para a continuidade do estudo com formação de partículas.

Da mesma forma, o uso do resíduo de semente de maracujá (a torta) como matéria-prima para a obtenção de extratos bioativos é promissor, devido à presença de antioxidantes e antimicrobianos nos extratos obtidos. Os extratos obtidos com a mistura de etanol e água (1:1, v/v) como solvente apresentaram considerável teor de compostos fenólicos total, capacidade antioxidante pelos três métodos avaliados e atividade antimicrobiana, com resultados superiores aos demais extratos e até mesmo ao BHT, em alguns casos. Assim, é possível indicar a mistura de etanol e água como melhor solvente entre os testados no presente trabalho para a realização de extrações nesse resíduo da produção industrial de óleo de semente de maracujá.

O comportamento de fases dos sistemas estudados apresentaram transições de fases do tipo líquido-vapor, líquido-líquido e líquido- líquido-vapor, refletindo, assim, a complexidade do sistema estudado, principalmente relacionada à composição química multicomponente do extrato. A determinação desses equilíbrios foi de fundamental importância para a determinação das condições de temperatura e pressão para a precipitação/encapsulamento pelo processo do antissolvente supercrítico (SAS).

As análises realizadas nas partículas obtidas tanto por ESE quanto por SAS indicaram a ocorrência efetiva de encapsulamento, liberação controlada e formato esférico na maior parte das amostras. Os tamanhos de partículas variaram entre 355 e 1498 nm, e a eficiência de encapsulamento entre 23,8 e 91 % para todos os ensaios. Por uma combinação entre os resultados de tamanho e morfologia de partículas e eficiência de encapsulamento, a temperatura de 35 °C parece ser mais indicada que 45 °C para a precipitação de extrato supercrítico de

semente de maracujá com PLGA 50:50 por SAS. Enquanto os resultados da técnica ESE parecem indicar o PLGA 65:35 como mais adequado para a formação de partículas de extrato de semente de maracujá. Para o extrato de torta obtido por MAC/EtOH-H2O a eficiência de encapsulamento foi bastante inferior ao do extrato supercrítico de semente, provavelmente por ser menos hidrofóbico e interagir menos com o PLGA.

O perfil de liberação de todas as amostras foi caracterizado por uma elevada quantidade inicial de extrato sendo dispersada no meio, seguido por uma liberação controlada ao longo do tempo. Entre 48 e 96 % do extrato efetivamente co-precipitado foi liberado em 72 h, dependendo da amostra, sendo maior o percentual de extrato liberado pelas partículas sintetizadas por ESE que pelas precipitadas por SAS.

A inibição do crescimento dos microorganismos testados foi notadamente ampliada para ambos os extratos pelo encapsulamento por ESE comos dois tipos de PLGA (50:50 e 65:35), enquanto as amostras precipitadas por SAS não apresentaram atividade antimicrobiana nas concentrações testadas, provavelmente devido à baixa solubilidade em meio aquoso.

Por uma combinação de todos os resultados, pode-se sugerir a condição a 92,5 % CO2, 35 ºC e 90 bar (SAS 1) para a precipitação de extrato de semente de maracujá pelo processo com antissolvente supercrítico. Quanto aos dois tipos de PLGA empregados, 50:50 e 65:35, este último seria mais adequado para a formação de partículas de extrato de semente de maracujá pela sua eficiência de encapsulamento, uma vez que os resultados das demais avaliações foram semelhantes para esses dois polímeros. No caso do método de emulsificação e evaporação do solvente, ainda que a eficiência de encapsulamento do extrato de maceração de torta testado tenha sido baixa, o processo mostrou-se vantajoso pelo forte efeito antimicrobiano das partículas.

Considerando o grande volume de suco de maracujá amarelo produzido no Brasil e o pequeno número de estudos envolvendo o uso de seus resíduos encontrados na literatura, os resultados obtidos no presente trabalho indicam que o reaproveitamento desses subprodutos apresenta potencial para a geração de outros produtos com valor agregado através da continuidade e direcionamento das pesquisas para o seu desenvolvimento e aplicação prática.