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O comércio atacadista no Brasil

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (páginas 108-112)

4 O COMÉRCIO ATACADISTA

4. Broker: também chamado de operador de vendas, o broker responsabiliza-se por todo o atendimento ao cliente da indústria, o que rende melhores vendas, maior eficiência

4.4 O comércio atacadista no Brasil

O comércio atacadista tem se tornado um setor bastante expressivo no Brasil. Segundo dados do IBGE, dos 5.507 municípios brasileiros, em torno de 83% têm até 30.000 habitantes e, em sua maioria, não são atingidos pela distribuição da indústria, que entrega diretamente seus produtos a cerca de 50 mil pontos de venda, enquanto o atacado abastece 900 mil pontos de venda em todo o Brasil (ABAD, 2004b). É através das empresas atacadistas e distribuidoras que a população de pequenos municípios tem acesso aos bens de consumo. Isso ocorre graças a uma evolução constante do setor, como demonstra a tabela 4.01. Os dados expostos retratam claramente as fases do desenvolvimento dos atacadistas e distribuidores no cenário brasileiro, analisados no tópico 4.2.

Tabela 4.01 - Brasil: evolução do número de estabelecimentos e pessoal ocupado no comércio atacadista, 1940 - 2002

Ano estabelecimentosNúmero de Crescimento % OcupadoPessoal Crescimento %

1940 3.824 .. 26.479 .. 1950 8.096 112% 43.913 66% 1960 10.389 28% 58.299 33% 1970 17.265 66% 107.046 84% 1980 45.969 166% 442.385 313% 1990 54.726 19% 652.054 47% 2000 76.118 39% 741.565 14% 2002 91.471 20% 804.859 9%

Fontes: IBGE, Pesquisa Anual do Comércio - 2000/2002; CLEPS (1997, p. 69) [Adaptada]

Verifica-se um expressivo crescimento entre as décadas de 70 e 80: 166% (ou seja, 28.704 novos estabelecimentos). Com o aumento da população urbana, começaram a surgir os atacadistas de balcão nesse período (tópico 4.02). Esse crescimento diminui entre as décadas de 80 e 90, mas intensifica-se novamente na última década, com a abertura de 21.392 novos estabelecimentos. Os dados revelam ainda o significativo crescimento entre os anos 2000 e 2002 no número de empresas atuantes no ramo; foram 15.353 novos estabelecimentos em apenas dois anos, 20% de evolução. Todavia, houve uma mudança substancial entre os anos 2001 e 2002 que vale a pena ser analisada, conforme apresenta a tabela 4.02.

Tabela 4.02 - Dados gerais da atividade comercial e do comércio atacadista brasileiro entre 2001 e 2002 - valores em milhões (R$) 2001 2002 Var. % 2001 2002 Var. % Nº de estabelecimentos 1.352.129 1.279.843 -5% 98.907 91.471 -8% Pessoal ocupado 5.754.002 5.943.100 3% 808.964 804.859 -1% Receita total 519.094 582.036 12% 212.070 250.627 18% Salários 29.429 32.868 12% 7.075 7.651 8%

Categoria Atividade comercial Comércio atacadista

Fonte: IBGE, Pesquisa Anual do Comércio 2002. [Adaptada]

O número de estabelecimentos da atividade comercial caiu 5% entre 2001 e 2002, enquanto no comércio atacadista a queda chegou a 8%. A redução no número de estabelecimentos pode ser confirmada também no número de pessoal ocupado. No comércio atacadista, houve baixa de 1%; já na atividade comercial total, a quantidade de pessoas

empregadas cresceu 3% . No valor dos salários pagos, houve um aumento de apenas 8% nos salários do comércio atacadista, contra 12% da atividade comercial total.

Um fato interessante é que, apesar da redução nas variáveis descritas acima, a receita total do comércio atacadista cresceu 18%, enquanto a atividade comercial total cresceu apenas 12%. Uma das possíveis causas para este paradoxo pode ser o desempenho do setor de combustíveis que, com apenas 2,3% do total das empresas atacadistas, auferiu um faturamento de R$ 83,2 bilhões, representando 35,7% do total da receita líquida dessa divisão do comércio. Em 2002, esse setor ocupou cerca de 40 mil pessoas, pagando 9,1 salários mínimos mensais em média, contra uma média de 3,8 do comércio atacadista. O ramo de produtos alimentícios, bebidas e fumo, com participação de 31,5% do total das empresas, faturou, aproximadamente, R$ 38,5 bilhões, representando 16,5% das vendas líquidas do atacado. Esse setor foi o que ofereceu mais postos de trabalho (cerca de 260 mil), pagando, em média, 2,6 salários mínimos.

Na tabela 4.03, são apresentadas as participações percentuais do setor atacadista dentro da categoria comércio no ano 2002.

Tabela 4.03 - Brasil: participação percentual no número de empresas, estabelecimentos com receita de revenda, pessoal ocupado, salários, retiradas e outras remunerações e receita líquida de revenda,

segundo as categorias do comércio - 2002 Categorias do comércio Número de empresas

Número de estabeleci- mentos Pessoal ocupado em 31.12 Salários Receita líquida de revenda

Comércio por atacado 6,9 7,1 13,5 23,3 42,5

Comércio varejista 85,3 85,2 77,8 66,0 45,5

Comércio de veículos e peças 7,8 7,7 8,7 10,7 12,0

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual do Comércio 2002. [Adaptada]

De acordo com os dados da Pesquisa Anual do Comércio, existiam 91.471 estabelecimentos no ano de 2002, com uma receita de 250.627 milhões de reais, cerca de 43,1% da receita total do comércio (que era de 582.036 milhões de reais) e 42,5% da receita líquida (tabela 4.03). Foram empregadas 804.859 pessoas, em torno de 13,5% do comércio

em geral (que era de 5.943.100 pessoas), pagando 7.651 milhões de reais em salários, ou seja, 23,3% do total de salários pagos pelo comércio em geral (32.868 milhões de reais).

Na tabela 4.04 são apresentadas as participações de cada estado brasileiro na composição total do número de estabelecimentos atacadistas e na receita líquida total do comércio atacadista no ano 2002.

Tabela 4.04 - Empresas atacadistas segundo as unidades da federação - Número de estabelecimentos e receita líquida - 2002

São Paulo 31 190 34,1% 80.271 34,4%

Minas Gerais 9 379 10,3% 23.311 10,0%

Paraná 6 218 6,8% 22.489 9,6%

Rio Grande do Sul 11 374 12,4% 19.379 8,3%

Rio de Janeiro 8 077 8,8% 17.615 7,5% Santa Catarina 5 489 6,0% 8.402 3,6% Bahia 3 265 3,6% 8.150 3,5% Goiás 3 012 3,3% 7.397 3,2% Espírito Santo 1 615 1,8% 7.111 3,0% Pernambuco 2 188 2,4% 6.122 2,6% Mato Grosso 1 383 1,5% 5.127 2,2% Ceará 1 123 1,2% 4.817 2,1% Amazonas 471 0,5% 4.085 1,8% Distrito Federal 386 0,4% 3.563 1,5%

Mato Grosso do Sul 920 1,0% 3.297 1,4%

Maranhão 1 073 1,2% 2.599 1,1%

Pará 773 0,8% 2.555 1,1%

Rio Grande do Norte 846 0,9% 1.670 0,7%

Paraíba 554 0,6% 1.144 0,5% Rondônia 255 0,3% 1.004 0,4% Alagoas 472 0,5% 1.003 0,4% Piauí 625 0,7% 1.000 0,4% Sergipe 407 0,4% 593 0,3% Amapá 84 0,1% 211 0,1% Tocantins 101 0,1% 205 0,1% Acre 96 0,1% 177 0,1% Roraima 95 0,1% 100 0,0% Brasil 91 471 100,0% 233.397 100,0% % Atuação das empresas Número de estabeleci- mentos Receita líquida (em milhões R$) %

São Paulo aparece disparado com mais de um terço do número total de estabelecimentos atacadistas no país (31.190 unidades) e 34,4% da receita líquida total gerada (80.271 milhões de reais). Embora Minas Gerais seja o terceiro em número de estabelecimentos (9.379 unidades), correspondendo a 10,3% do total de estabelecimentos atacadistas do Brasil, aparece em segundo lugar no valor da receita líquida (23.311 milhões de reais). Isso ocorre devido à presença dos grandes atacadistas na região do Triângulo Mineiro; entre eles podem ser destacados: Martins Comércio e Serviços de Distribuição S/A, Arcom S/A, União Comércio Importação e Exportação Ltda. e Peixoto Comércio Importação e Exportação Ltda. O terceiro estado em receita líquida é o Paraná, com 22.489 milhões de reais. Em número de estabelecimentos, o Paraná ficou em quarto lugar, com 6.218 unidades. Já o Rio Grande do Sul apresentou um quadro bastante pulverizado, uma vez que surgiu em segundo lugar em número de estabelecimentos, 11.374 unidades (12,4% do total no país), mas em quarto lugar em termos de receita líquida, 19.379 milhões (8,3% do total do país).

Os dados apontam também que os estados: São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro juntos detêm 72,4% do número de estabelecimentos atacadistas brasileiros, e estas empresas são responsáveis por 69,8% da receita total do comércio atacadista no Brasil.

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (páginas 108-112)