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3.2 COMÉRCIO ELETRÔNICO

3.2.3 Comércio Eletrônico no Brasil

De acordo com o Livro Verde (TAKAHASHI (Org.), 2000), fatores essenciais para a difusão do CE no Brasil dizem respeito à regulamentação da atividade. Algumas questões polêmicas são a validação das transações eletrônicas, particularmente quanto à certificação de assinaturas e documentos; a proteção da privacidade de pessoas e instituições; adoção de padrões para os serviços de CE; taxação de transações eletrônicas e de bens e serviços e ainda a regulamentação do modelo de arrecadação das transações eletrônicas. No entanto, apesar das matérias divergentes, o comércio eletrônico vem crescendo no país.

Pesquisas realizadas pela E-bit (www.ebit.com.br) - uma empresa nacional de marketing on-line -, revelaram que o faturamento do setor de comércio eletrônico brasileiro2 em 2004 foi de R$ 1,75 bilhões. Isto representa um crescimento de 47% no faturamento em relação a 2003. Ainda em 2004, o período do Natal apresentou crescimento significativo do faturamento, cerca de 39%, a mais, em relação ao mesmo período de 2003, com o montante de R$ 284 milhões, contra R$ 204 milhões no ano anterior. Estes valores são relativos à venda de bens de consumo em itens B2C11, com exceção de automóveis e passagens aéreas. Um dos motivos apontado pelas pesquisas para o crescimento do faturamento do setor é o aumento no número de pessoas que realizam compras pela Internet.

Em 2005, o comércio eletrônico brasileiro faturou R$ 2,5 bilhões, o que representa 43% de crescimento em relação ao ano anterior. No período do Natal de 2005, as lojas virtuais do país tiveram um faturamento recorde de R$ 458 milhões, o que significou um crescimento de 61% em relação ao mesmo período (15 de novembro a 23 de dezembro) de 2004. De acordo com a empresa de consultoria E-bit, contribuíram para esta alta o aumento do uso da banda larga e a queda do dólar. Observa-se a seguir, na Figura 2, o crescimento anual do CE brasileiro. 2001 2002 2003 2004 2005 R$ 549 mi R$ 850 mi R$ 1,2 bi R$ 1,75 bi R$ 2,5 bi Figura 2 – Crescimento anual do CE no Brasil em Reais Fonte de dados: Consultoria E-bit

Quanto aos consumidores virtuais, ou e-consumidores, de acordo com a E-Bit, em junho de 2005, havia no Brasil 4 milhões de pessoas com ao menos uma experiência de compra on-line. Quanto ao perfil, trata-se predominantemente de um grupo na faixa dos 25 a 49 anos, entre os quais 58% são do sexo masculino.

Segundo estudo realizado pela consultoria Frost & Sullivan, no final desta década a base de assinantes do setor brasileiro de banda larga será de 7,4 milhões, contra 2,4 milhões de usuários em 2004. Os prognósticos são de que o mercado deverá chegar a US$ 2,7 bilhões em 2010. Em 2004, foi registrado um crescimento de 80% em relação a 2003 e o ano foi fechado com um faturamento de US$ 884 milhões. Estima-se que o crescimento anual do setor deva ficar na casa dos 17,4% até 2010.

Esta breve exposição dos crescentes resultados econômicos do CE no Brasil e de alguns prognósticos visa demonstrar a sua importância. Além disso, uma vez que as metas de inclusão digital estabelecidas pelo governo federal e pelos governos estaduais sejam cumpridas no país, ou mesmo parcialmente alcançadas, infere-se que o comércio eletrônico no país venha a ser exponencialmente maior. O crescimento do setor, não só no Brasil, é impulsionado por diversas vantagens, tanto para clientes, como para as empresas.

Um dos principais motivos que levam os consumidores a efetuarem suas compras no mercado virtual é a comodidade. Os clientes podem fazer pesquisas de produtos e de preços de maneira rápida e eficiente, no conforto de suas casas, podendo realizar suas compras a qualquer hora do dia ou da noite. Além do mais, poupam tempo, evitando deslocamentos físicos. Os transtornos passíveis de ocorrer envolvendo as chamadas compras tradicionais, a exemplo de deslocamento, engarrafamentos, filas, vendedores insistentes, mal-informados ou mal-humorados, não ocorrem quando se está comprando on-line. Para as empresas, as chances de expandir mercados são ampliadas e os custos de suas operações comerciais e

financeiras também são reduzidos. (TAKAHASHI (Org.), 2000; REYNOLDS; STAIR, 2002).

No entanto, é necessário que se aumente a confiança na rede. No Brasil, a falta de privacidade e de segurança das informações que trafegam na Internet são um freio para o comércio eletrônico (MATTE, 2001). Também nos Estados Unidos, a privacidade foi identificada como sendo o maior, se não o mais crítico impedimento ao e-commerce:

Em nossa visão, a única barreira preocupante ao rápido crescimento do e- commerce é a falta de confiança do consumidor de que as leis de proteção e privacidade do consumidor serão aplicadas no ciberespaço. Com toda razão os consumidores se preocupam com o fato de que empresas supostamente legítimas se aproveitem deles invadindo sua privacidade, através da captura de informações sobre os mesmos com o propósito de marketing ou outra intenção secundária sem que haja consentimento expresso por parte do consumidor. (U.S. Public Interest Research Group 2000). (HANN et al, 2003, p. 2, tradução nossa).

A consideração, neste trabalho, é de que quanto mais pessoas tiverem a possibilidade de acessar a rede, maiores as chances do comércio eletrônico se desenvolver ainda mais. Além disso, aqueles que hoje já fazem compras on-line deverão ou poderão intensificar este hábito e passar a comprar com maior freqüência. Todavia, vale observar que, por si só, a inclusão digital não deverá alavancar as vendas no CE, uma vez que para se comprar on-line não basta apenas ter acesso à tecnologia, é preciso também poder aquisitivo.

Considera-se ainda a esta pesquisa o fato de que um número maior de internautas significa também uma quantidade maior de informações circulando na rede, o que requer, ao menos em teoria, medidas de privacidade e segurança.

Traçadas as devidas considerações a respeito do contexto da pesquisa empírica, CE na Internet, apresenta-se a seguir alguns aspectos da intrínseca relação entre informação e marketing.