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5 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1. ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO COLETIVA DO PDI DO PERÍODO DE 2014-

5.1.2. Comissões: Central, Locais e Temáticas

No IFSP, a condução da elaboração do PDI é de responsabilidade da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional – PRDI, que se encarrega da articulação, coordenação, acompanhamento e monitoramento do seu processo de construção. Para isso, a metodologia

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indicada pelo Fórum de Pró-Reitores de Desenvolvimento Institucional (FDI) foi a estruturação de comissões, iniciando por uma comissão local, para proceder os debates em todos os Campus. Neste contexto, em junho de 2013, foi dado o início à elaboração do PDI do período de 2014 a 2018, por meio da Portaria n. 2.552 de 29 de maio de 2013 do IFSP, que instituiu a Comissão responsável pelos trabalhos de organização e sistematização das propostas procedentes da comunidade sobre o assunto. Essa comissão foi formada de acordo com as definições do FDI, onde propõe que:

A composição da referida comissão tenha representação de pró reitorias, além de responsável pela coordenação, representação de diretorias de Campus, representantes do CONSUP e representantes dos três segmentos (docentes, discentes e técnico administrativos). Devendo cuidar para não ultrapassar 10 membros, evitando a concentração de pessoas de um mesmo campus (FDI, 2013. p. 12).

O Gestor do IFSP, identificado como RR011 relembra as principais questões que envolveram a constituição das comissões responsáveis pela elaboração do PDI, quando assegura que “a ideia inicial era eleger essas comissões locais e as comissões locais construiriam a comissão central. Não havia tempo para isso, então antes quem tomava conta do PDI era a Pró- reitoria de Ensino. Eu chamei a responsabilidade para mim e fui o presidente da comissão e chamei a responsabilidade também no sentido de que nós não temos tempo, nós vamos construir do jeito que a gente quiser a nossa comissão. Então coloquei representantes de todas as Pró-Reitorias e tal e construímos essa comissão central. A comissão central foi responsável pela condução do processo de escolha das comissões locais, aí a gente deu autonomia para os diretores2”. Desta maneira, a comissão Central do IFSP foi composta por dez membros, sendo eles representantes da Pró- reitoria de Desenvolvimento Institucional, Pró-reitoria de Ensino, Pró-reitoria de Extensão e da Pró-reitoria de Pesquisa, além dos representantes discente, docente, técnico-administrativo, do conselho superior e 02 representantes do colégio de dirigentes. Assim, em 16/06/2013 ocorreu a primeira reunião desta comissão, onde foi definido o plano de ação para a elaboração do referido documento.

1 Os dois gestores participantes desta pesquisa, representantes da reitoria do IFSP, tiveram uma participação

importante no processo de elaboração do PDI 2014-2018 e, nesta análise são apresentados como Representante da Reitoria 01 (RR1) e Representante da Reitoria 02 (RR02). Esta medida visa manter o sigilo quanto a identidade dos entrevistados.

2 No contexto de análise deste trabalho as falas dos sujeitos participantes (representantes da reitoria e professores

representantes das comissões de elaboração do PDI/IFSP/2014-2018) estão destacadas com fonte Tempus Sans ITC. Com tal procedimento, adotado deste ponto em diante, busca-se facilitar a compreensão do leitor e oportunizar o desvelamento das diferentes opiniões emanadas a partir das entrevistas/questionários e analisadas a fim de alcançar o objetivo do presente estudo.

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O passo seguinte foi a formação das Comissões Locais, presentes em todos os 29 Campus. Segundo o Resultado das reflexões do FDI (2013), essas comissões são

responsáveis por divulgar e viabilizar atividades e eventos, publicitar informações e documentos, além de promover a realização de eventos e construção de propostas demandas das Comissões Específicas ou da Comissão Central. Devem ser constituídas por representantes do corpo docente, discente e técnico-administrativo, além de representante(s) da gestão do Campus (FDI, 2013. p. 12).

Neste quesito o IFSP definiu que as comissões locais seriam formadas por um representante docente, um representante discente, um representante técnico-administrativo e duas pessoas indicadas pela direção, um na área pedagógica e outro na área administrativa de cada Campus, à exceção dos Campus de São Paulo e Catanduva que, pelo seu tamanho, possuíam mais de um representante de cada área. Os representantes locais seriam responsáveis pela mediação do processo de discussão em seus espaços, recebendo as demandas de seu Campus, organizando as ideias e repassando as temáticas para a comissão central e para a comissão temática.

Por esse motivo, a perspectiva inicial era que estes representantes seriam escolhidos por seus pares, com uma eleição em cada Campus, mas, segundo o gestor RR 01, “a comissão central foi responsável pela condução do processo de escolha das comissões locais, aí a gente deu autonomia para os diretores. Os diretores faziam os processos nos Campus. A grande maioria das comissões locais não foram eleitas porque não teve candidato. Então o processo da eleição existiu, não houve interessados, os diretores tiveram que indicar, depois, o restante da comissão”. Desta maneira formaram-se 29 comissões locais com o intuito de organizar os processos nos Campus.

Outro componente muito importante eram as comissões específicas ou temáticas, que, segundo das reflexões propostas pelo FDI (2013), são

responsáveis por fomentar, respaldar, articular e promover eventos que possibilitem a reflexão e discussão do tema, bem como a proposição de conteúdos para a elaboração das minutas parciais. Essas comissões podem demandar das comissões locais: informações, propostas e realização de eventos, visando analisar, debater e coletar dados e proposições para elaboração dos documentos específicos de cada item/tema. Devem ser constituídas preferencialmente por docentes e/ou técnicos especialistas na área, além de gestores ou representantes das unidades de trabalho relacionadas ao tema (FDI, 2013. p. 12).

No IFSP, os membros das comissões temáticas foram escolhidos pela comissão central, sendo o critério de escolha a competência técnica. Pode-se confirmar isso na fala do gestor RR01 ao afirmar que “enquanto as comissões locais discutiam quais cursos seriam criados em cima

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os laboratórios que seriam priorizados em termos de orçamento, se haveria a ampliação predial, se seria sala de aula, se seria laboratório. Tudo isso era discutido nessas audiências que as comissões locais levavam. As comissões temáticas, escolhidas pela comissão central, já discutiam uma coisa mais estratégica, então havia, por exemplo, comissão predial. Pegava alguém da Diretoria de Infraestrutura ou convidava um membro externo e ele ia discutir coisas mais amplas. ”

Isso permite a reflexão sobre a questão de como unir a eleição, como um processo democrático e a competência técnica para discutir determinado assunto. Questão essa abordada tanto nas entrevistas como no questionário. Nas entrevistas ambos os representantes da reitoria defenderam o modelo aplicado, com eleição para comissão local e indicação para as comissões temáticas. Para o gestor RR02, “O IFSP adota a eleição na escolha dos membros das comissões locais, entendendo que não há prejuízos nessa forma de organização, uma vez que ela está em conformidade com os princípios de gestão democrática. Essas comissões são acompanhadas pela equipe gestores do PDI, composta por representantes da Reitoria e do Colégio de Dirigentes”.

Complementando, o gestor RR02 diz que a tarefa da comissão local era administrativa, era

organizar como seria feita a audiência, enviar convites, pagar diárias, procurar divulgação na comunidade, site e conduzir o processo de discussão. Talvez aí fosse a parte mais estratégica deles. Como eles não direcionaram a discussão, era muito tranquilo. A tarefa deles não exigia um nível de conhecimento técnico além desse de conduzir a discussão, então foi bem tranquila”.

Para a maioria dos professores este modelo também funciona, pois preferem uma comissão que garanta a representatividade deles do seu Campus, visto que a gestão indica duas pessoas com conhecimentos específicos na área pedagógica e administrativa para compor o grupo. Nos questionários o quesito de competência técnica não foi visto como um problema, mas sim a questão do engajamento dos membros da comissão, pois foi citado, por mais de um docente, a falta de interesse em participar destas comissões, fazendo com que alguns Campus escolhessem estes membros. Essa realidade indica a falta de envolvimento dos servidores com a gestão.

Indo ao encontro da fala do gestor RR01, o docente P033 destaca que, “em geral, poucas

pessoas querem participar dessa comissão. A eleição é uma mera formalidade, porque o que ocorre, na verdade, é que somente alguns poucos interessados que conhecem a importância do PDI acabam se candidatando. Portanto, em geral, não há necessidade de eleição porque a quantidade de inscritos

3 Os professores participantes desta pesquisa, representantes dos Campus do IFSP nas comissões locais

responsáveis pela elaboração do PDI 2014-2018, são apresentados, nesta análise, como P01, P02, P03 e assim sucessivamente, tendo em vista a preservação de suas identidades.

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mal dá para compor uma única comissão local”. Ao que o docente P04 complementa “a

participação de servidores/docentes foi muito pequena, às vezes com número inferior ao mínimo necessário, não restando alternativa senão a Direção Geral nomear pessoas para compor o Comitê/Comissão”.

Neste contexto, a combinação da eleição dos membros da comissão local com as indicações dos membros das comissões temáticas (de acordo com a especificidade de cada tema), faz com que a democracia, na sua forma representativa, complemente a questão tecnicista de temas específicos.

O Quadro 5 sintetiza os responsáveis pela elaboração de cada item do PDI, assim como os participantes deste processo e cada instância de apreciação, expondo a complexidade do processo, suas articulações e mapeando todos os envolvidos na construção deste diploma normativo.

Quadro 5: Demonstrativo do PDI em relação aos responsáveis, participantes e instâncias de apreciação Responsável pela Elaboração Participantes do processo Instancia de apreciação 1. PERFIL INSTITUCIONAL Comissão Específica/Temática

Comunidade Interna Comissão Central

2. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Comissão Específica/Temática e PRODIN/PRDI Comunidade Interna e Externa Comissão Central 3. PPI Comissão Específica/Temática e PROEN

Comunidade Interna Órgão colegiado competente

4. ORGANIZAÇAO DIDATICOPEDAGOGICA

Pró-reitora de Ensino Comunidade Interna Órgão colegiado competente 5. PLANO DE OFERTA DE CURSOS E VAGAS Comissão Específica/Temática e/ou Pró reitorias específicas Comunidade Interna / Comissões Locais Órgão colegiado competente 6. PLANO DIRETOR DE INFRAESTRUTURA FISICA Comissão Específica/Temática e Coordenação Geral de obras Gestores e Comissões Locais Colégio de Dirigentes 7. ORGANIZAÇÂO E GESTAO DE PESSOAL Comissão Específica/Temática Representantes das Pró reitorias/ diretorias competentes, CIS e CPPD Órgão colegiado competente

98 8. POLÍTICAS DE ATENDIMENTO AOS DISCENTES Comissão Específica/Temática

Comunidade Interna Comissão Central

9. ORGANIZAÇÂO ADMINISTRATIVA

Pró Reitorias competentes

não se aplica Comissão Central

10. POLITICA DE EaD Comissão

Específica/Temática

Comunidade Interna Órgão colegiado competente 11. CAPACIDADE E SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA Pró Reitorias competentes

não se aplica Órgão colegiado competente 12. AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL Comissão Específica/Temática e/ou PRODIN Representantes das Pró Reitorias/ Diretorias competentes, gestores de campus e da CPA Órgão colegiado competente Fonte: FDI, 2013.

Assim, é possível notar que cada tema específico tinha uma comissão temática apta para discutir os problemas, soluções e avaliar as sugestões vindas dos servidores. No IFSP foram necessárias nove comissões específicas para abranger todos os temas, que foram denominadas: a) Perfil Institucional, b) Planejamento Estratégico, c) Oferta de Vagas e Cursos, d) Atendimento Estudantil, e) Ensino a Distância, f) Infraestrutura, g) Plano de Desenvolvimento de Tecnologia da Informação e Comunicação (PDTIC), h) Gestão de Pessoas e Organização Administrativa e i) Sustentabilidade Financeira. Nesse sentido, as comissões temáticas articulam os debates de assuntos específicos, promovendo eventos, sistematizando sugestões da comunidade vindas através de audiências, consultas públicas, fóruns e comissões locais, tornando possível propor conteúdos para elaboração das minutas parciais do PDI. Para isso, essas comissões deveriam ser compostas preferencialmente por docentes e/ou técnicos administrativos especialistas nas respectivas áreas.

Vale ressaltar que tão importante como a elaboração do PDI, é o seu acompanhamento e controle no decorrer do percurso. Segundo Maximiano (2006, p. 105), o processo de controle ou monitoramento “consiste em acompanhar a execução de alguma ação e compará-la com a intenção ou ação planejada”, assegurando, assim, a realização dos objetivos e verificando se o que foi planejado está, de fato, sendo realizado. Outro ponto importante é avaliar a eventual necessidade de modificar a ação no percorrer do caminho.

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Para isso, o IFSP, com a Portaria 5.540 de 16 de outubro de 2014, criou a Comissão Permanente do PDI – CPPDI, responsável por acompanhar o processo de implantação do PDI 2014-2018 nos Campus e Reitoria, bem como orientar e monitorar as ações, eventos e etapas gerais do plano. A CPPDI foi composta por três discentes, nove docentes, quatro pedagogos da equipe do sócio pedagógico e quatro técnicos-administrativos, divididos em atuação nos Campus e nas Pró Reitorias.