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5 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.4 AVANÇOS E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DO PDI DO PERÍODO DE 2014-

5.4.3 Desafios

Os desafios foram selecionados com o progresso da elaboração deste estudo, a maioria deles já foram debatidos nas categorias anteriores, aqui intenciona-se explicar o motivo do assunto ser um desafio para, no Capítulo seguinte, discutir possíveis contribuições para superá- los.

Na questão dos cursos, é possível citar como os principais desafios: o PROEJA, a integração das disciplinas do EMI e a evasão. O PROEJA é o grande desafio do IFSP, logo, efetivá-lo em todos os Campus e cumprir o Decreto n. 5840/13, por motivos já citados aqui, é onde incide a maior resistência, tanto por parte dos Campus e docentes, como também da comunidade, que devido à diversos fatores sociais, dificilmente voltam para a sala de aula e conseguem concluir o curso.

Como já vimos, o EMI foi uma decisão muito assertiva da instituição, todos os Campus já possuem dois ou mais EMI. Neste momento, com os cursos em pleno funcionamento, começam a acontecer as discussões sobre os desafios pedagógicos encontrados para integrar suas disciplinas

Essa dúvida de como seria esse ensino integrado e como implementá-lo é muito comum. Araújo (2009) destaca que isso acontece devido à dicotomia entre a profissionalização e a escolarização:

No atual debate acerca da educação profissional e, especificamente, acerca de uma didática da educação profissional, tem sido muito presente a visão dicotômica que

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pode ser entendida, por exemplo, na separação e distinção entre profissionalização e escolarização (visão dissociativa) ou como a “soma” da profissionalização com a escolarização. Esta visão dicotômica também se revela na separação entre as disciplinas teóricas e as disciplinas práticas, entre os saberes que desenvolveriam o pensar e outros que desenvolveriam as capacidades de fazer. Outra perspectiva, fundada na ideia de unidade, pressupõe a indissolubilidade entre teoria e prática (ARAÚJO. 2009, p. 11).

Esta dicotomia está presente no ensino de muitos Institutos Federais, pois a unificação do currículo, visando integrar o Ensino Técnico ao Ensino Médio, não é tarefa fácil, pois a maioria dos professores não tiveram essa formação integral, muitos docentes de disciplinas técnicas acreditam que isso não é necessário e os professores da área comum, por falta de conhecimento, não conseguem visualizar quais de seus conteúdos seriam estudados nas disciplinas técnicas.

A evasão é um problema da grande maioria das escolas públicas e acredita-se que o IFSP não fuja a regra. O problema não está apenas na questão pedagógica, mas na construção da identidade do aluno. Quando nos referimos à identidade do aluno, estamos falando da relação entre o individual e o coletivo. Castells (2001, p. 22), define a identidade como um “processo de construção de significado com base em um atributo cultural ou, ainda, um conjunto de atributos culturais inter-relacionados, o (s) qual (ais) prevelece (m) sobre outras fontes de significado”. Para Woodward (2007), a identidade é relacional, constituída culturalmente, na relação com o outro e com o ambiente, passando por contradições e reconstruções.

Importante ressaltar como o indivíduo se identifica perante o outro. O primeiro grupo social que a pessoa faz parte é a família, o primeiro nome o diferencia, e o sobrenome o iguala. Assim, a diferença e a igualdade representam a primeira noção de identidade (CIAMPA, 2007). Portanto, uma vez dentro da escola o aluno se depara com diferenças e, assim, com a necessidade de se adaptar aos processos didático-pedagógicos e às relações pessoais, vê sua própria identidade ser reconstruída.

Para que a identidade do aluno esteja próxima a identidade da instituição é necessário que o ensino seja crítico, significativo, orientado à realidade do aluno e às suas necessidades sociais. Demanda a atualização constante do projeto político pedagógico - PPI e o acompanhamento individualizado do aluno, pois a evasão tem causas heterogêneas. Estabelece também o comprometimento dos docentes com a inclusão destes estudantes ao novo ambiente acadêmico, agindo como facilitadores do conhecimento.

Desta maneira o PPI é outro desafio do IFSP, no PDI/2014-2018 ele é entendido, como já foi citado, como abertura e fechamento de cursos, a discussão de quais são os pressupostos teóricos, da formação do aluno da instituição, passa a ser um tema que tangencia o PPI. O que

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é realmente discutido é a abertura e fechamento de cursos, a sua carga horária, o currículo mínimo, a necessidade do currículo unificado para todos os Campus. Não que isso não importe, mas para fundamentar essa discussão, a questão pedagógica é fundamental.

Destaca-se ainda, como conciliar a demanda local com os balizadores, visto que, como já apresentamos anteriormente, o IFSP está muito próximo dos balizadores, mas agora o desafio é manter esses balizadores e atender a demanda das cidades. Algumas cidades comportam mais cursos superiores, outras necessitam mais de curso técnico. E isso já começou a acontecer. O primeiro problema aconteceu no Campus de São Paulo, que na audiência pública foi votado a abertura de um curso de Engenharia Mecânica, o Campus tinha como abrir (docentes, equipamentos e estrutura) mas não pode por conta dos balizadores. Para esse problema o gestor RR01 comenta “a gente já estava com todos os números nas mãos, algumas cidades não poderiam

mais abrir curso superior. Por quê? Porque não tinha demanda, a cidade. Então eram cidades tipicamente com vocação de Ensino Médio Integrado. Alguém teria que chegar para essas cidades e esses diretores e falar ‘olha, você não tem mais condição de abrir curso superior, porque a sua cidade tem a Universidade X, a Universidade Y, a Universidade Z, a Universidade W e já está atendida. Já tem Engenharia que dá’. Aí a gente tinha todos os números e ‘Engenharia x da Instituição tal, olha aqui. Não tem mais demanda, não tem procura. Por outro lado, não tem SENAI, não tem ETEC, não tem um Paula Souza, a rede de escolas estaduais não está dando conta, então você precisa focar

no Médio Integrado’. São Paulo não. São Paulo precisa”.

No PDI/IFSP/2014-2018 existe uma ressalva apontando que será fundamental que esse debate seja retomado no próximo PDI. Essa de fato se constitui em uma grande discussão, e para isso funcionar é essencial a participação da comunidade, constituindo-se em mais um desafio, como motivar a comunidade a participar de forma ativa nas discussões para atender a demanda da cidade? Já vimos que a participação, tanto interna como externa, é baixíssima, prejudicando a construção de programas dirigidos aos seus arranjos produtivos locais e regionais.

Em virtude da expansão do IFSP e de todos os desafios aqui mencionados, foi constituída a Comissão Permanente do PDI – CPPDI, com objetivo de acompanhar e avaliar anualmente as atividades relacionadas ao PDI, bem como a prospecção do próximo Plano de Desenvolvimento Institucional. Apesar da previsão do PDI ser anual, ela aconteceu após dois anos com a Resolução n. 162/2017 de 28 de novembro de 2017 que aprova a revisão do Plano de Desenvolvimento Institucional 2014-2018 do Instituto Federal de São Paulo com o objetivo

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de acompanhar a evolução oferta de vagas dos cursos do IFSP e verificar se a oferta de proporção de suas vagas estariam de acordo com a lei de criação dos Institutos Federais.

A CPPDI foi criada com a Portaria n. 5.540, de 16 de outubro de 2014 com a responsabilidade de acompanhar o processo de implantação do PDI 2018-2018 nos Campus e Reitoria, bem como orientar e monitorar as ações, eventos e etapas gerais do plano. Essa comissão teve grande importância para se fazer cumprir o que estava planejado, pois alguns Campus pediram para abrir cursos diferentes do que estava previsto no PDI e a posição da Reitoria sempre foi de abrir somente os cursos que estavam no documento. Isso fez os Campus se planejarem adequadamente para atualizarem suas propostas para revisão de 2016.

Essa comissão foi formada inicialmente por 3 discentes, 9 docentes, 4 profissionais sociopedagógicos e 5 técnicos-administrativos. Entre esses componentes estavam representantes das pró-reitorias de Ensino, Extensão, Administração, Desenvolvimento Institucional e Pesquisa, Inovação e Pós-graduação. Para efetivar esse acompanhamento foi criada, em cada Campus a Comissão Permanente Local, com um representante discente, docente, técnico administrativo e sociopedagógico. Durante o período de vigência as equipes se reuniram dez vezes por vídeo conferência para acompanhar o que estava sendo feito e propor a adequação necessária para a revisão. Em 2017, com a Resolução n. 162, a comissão publicou a Revisão do Plano, com dados atualizados de demanda e a planilha de previsão de cursos revisada.

Esse acompanhamento foi essencial para a comunidade compreender que o PDI não era apenas uma formalidade legal, mas um documento de planejamento estratégico da instituição e que a sua participação na elaboração do mesmo seria de suma importância, pois, a partir do momento que faço parte de sua construção tenho um compromisso com a instituição e com a sociedade de buscar alternativas para a formação profissional do cidadão e do desenvolvimento dos arranjos produtivos locais.

5.5 ALCANCE DAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PROJETADAS NO PDI/IFSP/2014-