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COMO AVALIAR? METODOLOGIAS DE PESQUISA PARA AVALIAÇÕES DE IMPACTO DA INTEGRAÇÃO

COMPUTADORES À EDUCAÇÃO

1.4 – PESQUISADORES: INPUTS À EDUCAÇÃO

2. COMO AVALIAR? METODOLOGIAS DE PESQUISA PARA AVALIAÇÕES DE IMPACTO DA INTEGRAÇÃO

TECNOLÓGICA

A revisão bibliográfica proposta para esta dissertação, incluiu, além das categorias de análise apresentadas no Capítulo 1, um olhar especial para as metodologias de pesquisa empregadas nas avaliações de impacto. Enquanto, no capítulo 1, discutiu-se “o que” avaliar, levando-se em consideração a dimensão humana da integração tecnológica, no presente capítulo, o objetivo é sistematizar o “como” avaliar, fazendo uso de uma categorização construída ao longo da pesquisa, chamada de “modelo dos octantes”. Além disso, uma segunda seleção de artigos foi realizada, levando a um subconjunto dos artigos citados no capítulo 1.

Para a seleção dos documentos revisados, algumas considerações foram feitas. Primeiramente, cabe observar que nem todos os artigos citados, no capítulo 1, têm espaço neste momento. Isso se deve ao fato de, um grande número de pesquisas, consideradas na sistematização das categorias de análise, não serem propriamente ditas “avaliações”, mas, estudos teóricos, ensaios e artigos de opinião, porém, sempre redigidas por especialistas do campo de pesquisa. Em segundo lugar, não foram acrescidos novos documentos, além daqueles que já haviam sido selecionados anteriormente, consistindo a nova seleção da obtenção de um subconjunto do universo inicialmente revisado no capítulo 1. Por último, além das pesquisas estarem relacionadas com a avaliação de impacto, a seleção objetivou contemplar as principais características metodológicas observadas, durante a leitura inicial dos trabalhos, o que permitiu construir o modelo de exposição, a ser descrito mais adiante.

Dessa forma, um total de 45 trabalhos foram selecionados, podendo ser consultados, segundo a ordem alfabética, no Quadro 10 (pág. 134). Da análise desses trabalhos, três dimensões da metodologia apresentavam-se como bastante relevantes para a definição do formato da pesquisa. A primeira, refere-se à natureza dos dados analisados, podendo ser descrita em uma escala que tem, em um extremo, dados predominantemente qualitativos, e, no outro, quantitativos. Para classificar as pesquisas, segundo essa dimensão, buscou-se respeitar a declaração dos autores e, quando esta era ausente, a classificação foi obtida a partir da análise dos

dados apresentados na pesquisa. Além disso, a aparente dicotomia entre os termos quali/quanti, deixa de existir em pesquisas de método mista, onde os autores declaram utilizar os dois modelos.

A segunda dimensão tem relação direta com os objetivos das pesquisas, referindo-se às conclusões obtidas em função da forma como os dados foram coletados e analisados. Assim, nessa dimensão, os trabalhos revisados foram classificados pelo fato dos resultados serem generalizáveis ou restritos ao contexto da pesquisa. Essa classificação levou em consideração, dentre outras coisas, o tratamento dos dados e o tamanho da amostra investigada em relação ao universo pesquisado, além de critérios de seleção, dos sujeitos pesquisados, e do controle de variáveis que possam ter influência nos resultados.

Quadro 10: Pesquisas selecionadas para revisão das metodologias de pesquisa.

Autores Autores Autores

Afshari et al. (2008) Flemming et al. (2007) Krumsvik (2006)

Álvarez (2007) Franklin (2007) Krumsvik (2008)

Atkinson (2004) Garrison e Bromley (2004) Levin e Wadmany (2008)

Barak (2006) Gülbahar (2007) Liaw et al. (2006)

Bayraktar (2002) Gülbahar e Guven (2008) Lowther (2008)

Becker e Riel (2000) Haas et al. (2002) Mehta (2007)

Blok et al. (2002) Hartley (2007) Mueller et al. (2008)

Cady e Terrell (2008) Haughey (2006) Nævdal (2007)

Castro e Alves (2007) Hew e Bruch (2006) Redecker (2009)

Chang et al. (2008) Hrastinski e Keller (2007) Saadé e Kira (2006)

Cuban (2001) Hubbard (2009) Sánchez e Salinas (2008)

Dalgarno e Colgan (2007) Jo (1995) Tondeur et al. (2008)

Eng (2005) Juang et al. (2008) Tondeur et al. (2007)

Estep et al. (2000) Judge (2004) van Braak et al. (2004)

Eteokleous (2006) Kay (2006) Wong et al. (2008)

Já a terceira dimensão, está relacionada à forma como o pesquisador obteve suas informações. Há basicamente duas classificações para essa dimensão: a coleta direta com as fontes e a coleta indireta. Dois exemplos ilustram com clareza essa classificação. No primeiro,

temos o caso das revisões bibliográficas e meta-análises. Elas se utilizam de informações indiretas em suas avaliações, enquanto que os autores revisados, tiveram acesso direto às fontes de dados. Há, também, pesquisadores que optam por usar bancos de dados já existentes, geralmente, estatísticas coletadas por governos ou órgãos supranacionais (OECD, UNESCO etc).

Existem alguns pontos a serem esclarecidos em relação ao modelo e às três dimensões consideradas em sua construção. Primeiramente, a classificação não deve ser vista como definidora de conjuntos disjuntos. Há pesquisas que, mesmo classificadas como qualitativas, apresentam dados quantitativos, porém, não o suficiente para que fosse classificada como de modelo misto. O mesmo pode ocorrer para as outras dimensões.

Quadro 11: Octantes gerados pela classificação das metodologias segundo as dimensões de análise

Octante Características Predominantes nas Pesquisas Octante Características Predominantes nas Pesquisas

Qualitativo

Qualitativo

Informação Direta Informação Direta

Resultado Generalizável Resultado Restrito

Qualitativo

Qualitativo

Informação Indireta Informação Indireta

Resultado Generalizável Resultado Restrito

Quantitativo

Quantitativo

Informação Indireta Informação Indireta

Resultado Generalizável Resultado Restrito

Quantitativo

Quantitativo

Informação Direta Informação Direta

Resultado Generalizável Resultado Restrito

Em segundo lugar, das dimensões, construiu-se uma representação espacial do que seriam octantes, definidos pelas pesquisas revisadas. No lugar dos eixos cartesianos (X, Y e Z), foram alocadas as dimensões, há pouco descritas, sendo: o eixo X, equivalente à dimensão “Informação direta/indireta”; o eixo Y, à classificação qualitativa/quantitativa; e, o eixo Z, à classificação dentre generalizável ou não-generalizável. Os octantes podem ser vistos como regiões do espaço delimitadas pelas dimensões anteriormente explicitadas. Esse modelo facilita a visualização e

comparação das pesquisas, podendo ser descrito, de acordo com seus octantes, conforme expõe o Quadro 11.

Figura 5: Representação espacial do modelo de octantes para classificação das metodologias de pesquisa.

Enquanto o Quadro 11 sistematiza verbalmente o modelo, a Figura 5 (pág. 136) expõe as mesmas informações, só que graficamente. Nota-se que, a partir da divisão do espaço cartesiano, segundo os critérios enunciados, surgem oito regiões que, como em um mapa tridimensional, compreendem, cada uma delas, um conjunto específico de características das metodologias de pesquisa. É preciso chamar a atenção para o fato das regiões possuírem fronteiras imaginárias, não-estanques, pelas quais as pesquisas podem facilmente caminhar. Determinados trabalhos, podem ser classificados inclusive em mais de um octante e, devem ser imaginados não como pontos (objetos de dimensão zero), mas como sólidos disformes, que, na sua tridimensionalidade, podem ter seus pedaços contidos em mais de um octante. No entanto, para fins práticos, no decorrer do capítulo, as pesquisas foram classificadas de acordo com suas características predominantes, que, em uma analogia com a pesquisa física, é como se descrevêssemos o comportamento de um objeto, em função do seu centro de massa.

A partir desse modelo de classificação, foi construído o quadro 12, no qual as pesquisas Figura 5: Representação espacial do modelo de octantes para classificação das metodologias de pesquisa.

Generalizável Restrito Qualitativo Quantitativo Direta Indireta 1 2 3 4 5 6 7 8

são classificadas segundo suas principais características. A análise desses documentos permitiu, também, observar que, a partir dos oito octantes, quatro grupos de pesquisas poderiam ser obtidos, por apresentarem características semelhantes quanto à metodologia. Para isso, os quatro grupos podem ser descritos como:

Grupo 1: inclui pesquisas cuja metodologia privilegia métodos quantitativos, onde na

maioria dos casos os resultados possuem generalidade, sendo facilmente comparáveis com o de outras pesquisas. O acesso às informações é direto, inclusive com os autores decidindo livremente quanto aos critérios de escolha das fontes. Tal grupo inclui pesquisas descritivas, correlacionais e, em poucos casos, experimentais e quase- experimentais. Do universo pesquisado, representa o maior grupo;

Grupo 2: neste grupo estão as pesquisas predominantemente qualitativas com acesso

direto às fontes. São quase sempre pesquisas descritivas que buscam categorizar suas observações e construir modelos para análise;

Grupo 3: inclui pesquisas de método misto, geralmente mesclando dados quantitativos e

qualitativos na tentativa de superar os limites das metodologias de pesquisas tradicionais; • Grupo 4: representa as pesquisas, cujo método estabelece-se como revisão bibliográfica e

meta-análise. Inclui, dessa forma, avaliações sem acesso direto às fontes (professores, alunos, gestores).

Além desses grupos, as pesquisas listadas no quadro 12 foram ordenadas segundo os octantes nos quais os trabalhos foram classificados, agrupando aquelas que pertenciam a mesma região do espaço.

Todas essas considerações precedem a revisão, a seguir, para que fiquem claras as classificações realizadas pela pesquisa. O caminho percorrido até se chegar aos quatro grupos (dimensões → octantes → 4 grupos de pesquisas), evidencia a existência de diferentes metodologias, que, no entanto, apresentam características em comum. As páginas, a seguir, descrevem mais detalhes das metodologias de pesquisa usadas pelos trabalhos de cada um dos quatro grupos acima listados.

Quadro 12: Classificação das pesquisas de acordo com os octantes e segundo grupos de pesquisas

Autores

Octantes do Espaço

Cartesiano Grupos de pesquisas

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º

Afshari et al. (2008) X X

GRUPO 1

pesquisas quantitativas, com acesso direto às fontes de dados e que, em

alguns casos, buscam aumentar a generalidade de seus resultados através de métodos estatísticos.

Cady e Terrell (2008) X X Estep et al. (2000) X X Gulbahar e Guven (2008) X X Liaw et al. (2006) X X Mehta (2008) X X Saadé e Kira (2006) X X Flemming et al. (2007) X Franklin (2007) X Hubbard (2009) X Jo (1995) X Lowther (2008) X Mueller et al. (2008) X Nævdal (2007) X Tondeur et al. (2008) X

van Braak et al. (2004) X

Álvarez (2007) X X

Judge (2004) X X

Autores 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º Grupos de pesquisas

Atkinson (2004) X X

GRUPO 2

pesquisas qualitativas descritivas, que buscam aprofundar a

investigação Barak (2006) X X Juang et al. (2008) X X Dalgarno e Colgan (2007) X Garrison e Bromley (2004) X Haas et al. (2002) X Haughey (2006) X Levin e Wadmany (2008) X Wong et al. (2008) X Krumsvik (2006) X Krumsvik (2008) X

Autores

Octantes do Espaço

Cartesiano Grupos de pesquisas

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º

Becker e Riel (2000) X X

GRUPO 3

Pesquisas de métodos mistos

Castro e Alves (2007) X X

Chang et al. (2008) X X

Eteokleous (2006) X X

Tondeur et al. (2007) X X

Gülbahar (2007) X X

Autores 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º Grupos de pesquisas

Cuban (2001) X X GRUPO 4 Revisões da Literatura e Meta-análises Hrastinski e Keller (2007) X X Eng (2005) X Hew e Bruch (2006) X Kay (2006) X Redecker (2009) X Hartley (2007) X X Sánchez e Salinas (2008) X X Bayraktar (2002) X Blok et al. (2002) X

Quadro 12: Classificação das pesquisas de acordo com os octantes e segundo grupos de pesquisas 2.1 - Pesquisas Quantitativas, Descritivas e que buscam resultados Generalistas

Das pesquisas obtidas, a partir da bibliografia de LeBaron e McDonough (2009), além de Smith et al. (2007), obteve-se um maior número de trabalhos classificados, segundo o Quadro 13, aquelas cujos dados são predominantemente quantitativos. Isso significa falar das pesquisas do Grupo 1, cujas características, que justificam diferenciá-las das outras, podem ser encontrada na seguinte citação:

quantitative research methodology 'typically uses numerical analysis to illustrate the relationship among factors in the phenomenon studied', while qualitative methodology 'emphasizes the description and understanding of the situation

behind the factors168' (CHEN; HIRSCHHEIM, 2004, p. 204, apud Hrastinski e

Keller, 2007)

As análises numéricas, citadas pelos autores, incluem desde o uso de estatísticas descritivas (porcentagens simples, médias, desvios-padrão etc), passando por inferência estatística (análise de variância, testes de hipótese etc), até chegar a análise de correlação (especialmente usando coeficiente de correlação de Pearson). Tais análises costumam ser empregadas, com o intuito de descrever situações e de comprovar ou questionar modelos teóricos existentes.

Já Eng (2005), diferencia as pesquisas de acordo com a dimensão quali/quanti, como: “in-

depth case studies of small groups of learners are usually the norm in qualitative methods of research169”, enquanto que “quantitative approach often involves an experimental (or treatment)

and a control group170” (ENG, 2005, p. 636). Apesar disso, como será apresentado mais adiante,

pesquisas que usam critérios de seleção de amostra, que permitem classificá-las como experimentais, são uma minoria no universo pesquisado.

Nessa direção, foram, então, selecionados dezoito artigos, cuja principal característica é a utilização predominante de métodos quantitativos. Os artigos são relacionados no Quadro 13, e analisados individualmente, logo em seguida.

Quadro 13: Pesquisas classificadas como pertencentes ao Grupo 1

Afshari et al. (2008) Gülbahar e Guven (2008) Mehta (2008)

Álvarez (2007) Hubbard (2009) Mueller (2008)

Cady e Terrell (2008) Jo (1995) Nævdal (2007)

Estep et al. (2000) Judge (2004) Saadé e Kira (2006)

Flemming et al. (2007) Liaw et al. (2006) Tondeur et al. (2008)

Franklin (2007) Lowther (2008) van Braak et al. (2004)

Quadro 13: Pesquisas classificadas como pertencentes ao Grupo 1

168 (…) metodologias de pesquisa quantitativa "geralmente usam a análise numérica para ilustrar as relações entre os fatores ligados aos fenômenos estudados”, enquanto que metodologias qualitativas “enfatizam a descrição e compreensão da situação por trás dos fatores”.

169 (…) estudos de caso aprofundados de pequenos grupos de alunos são normalmente o padrão em pesquisas de métodos qualitativos.

170 (…) abordagem quantitativa envolve frequentemente um grupo experimental (ou de tratamento) e um grupo controle.

Para exposição desses trabalhos, foi utilizada uma classificação sugerida por Ross & Morrison (1995) para pesquisas de diferentes tipos de avaliação, segundo a método empregado. O autor distingue as pesquisas dentre descritivas, estudos correlacionais, onde os avaliadores examinam como as variáveis se relacionam, e, por fim, estudos quase-experimentais e experimentais, onde a diferença, entre eles, reside nos critérios de obtenção dos sujeitos para a pesquisa (ROSS; MORRISON, 1995, apud HEW E BRUSH, 2006, p. 246).

Cabe destacar que, a classificação desses autores, quanto aos estudos correlacionais, é diferente da classificação estatística que o termo sugere. Para os autores, estudos correlacionais, não são, exclusivamente, aqueles que usam modelos estatísticos, mas toda pesquisa que propõe a existência de relação entre dois eventos distintos. Dessa forma, a tipologia criada pelos autores mostrou-se adequada aos trabalhos revisados e explicativa, sendo adotada para detalhar os trabalhos do Grupo 1. No entanto, para mais detalhes sobre os métodos estatísticos usados, verificar Apêndice E. Para o presente momento, a classificação restringe-se ao Quadro 14, apresentado a seguir.

Assim, desse grupo de trabalhos, merecem destaque, inicialmente, as pesquisas de Cady e Terrell (2008), Mueller (2008) e Jo (1995), pelo fato de serem os únicos que utilizaram critérios de aleatoriedade na obtenção da amostra para as pesquisas. No entanto, há uma diferença bastante grande entre os estudos. Enquanto o trabalho do coreano Jo (1995) utilizou mais de 300 escolas, obtidas, randomicamente, dentre aquelas localizadas nas cidades pesquisadas, e a pesquisa da canadense Mueller (2008) selecionou 389 professores espalhados por todo o país, o trabalho das pesquisadoras norte-americanas Cady e Terrell (2008) contou com apenas 27 alunos do sexo feminino de uma única escola. Essa enorme diferença de amostra fez com que os artigos do coreano e da canadense fossem classificados em octantes diferentes, conforme o Quadro 12.

No entanto, há outras diferenças entre essas pesquisas. As americanas realizam análise multivariada de variância (MANOVA), para relacionar as características das alunas e os respectivos rendimentos acadêmicos. Porém, a limitação da amostra faz com que seus resultados sejam pouco generalizáveis, exigindo mais estudos que comprovem seus achados. O mesmo teste é realizado por Mueller (ANOVA e MANOVA) e apresenta resultados, razoavelmente, abrangentes em relação às características pessoais dos docentes e o uso educacional de computadores. Já o asiático Jo, limitou-se ao uso de estatísticas descritivas para detalhar em que

situação estava seu país em relação à integração de computadores às escolas.

Quadro 14: Pesquisas do Grupo 1, classificados segundo tipologia de Ross e Morrison

Autores Descritivo Correlacional Quase-Experimental Experimental

Álvarez (2007) X X Gulbahar e Guven (2008) X X Hubbard (2009) X X Judge (2004) X X Liaw et al. (2006) X X Saadé e Kira (2006) X X Tondeur (2008) X X

van Braak et al. (2004) X X

Afshari et al. (2006) X Flemming et al. (2007) X Franklin (2007) X Jo (1995) X Nævdal (2007) X Cady e Terrell (2008) X X Mueller (2008) X X Estep et al.(2000) X X Lowther (2008) X X Mehta (2008) X X

Quadro 14: Pesquisas do Grupo 1, classificados segundo tipologia de Ross e Morrison

Em seguida, de acordo com o Quadro 14, pode-se destacar a predominância de pesquisas descritivas, sendo que, elas optam pelo uso de surveys como método para coleta de dados. Em alguns casos, as pesquisas, além de descritivas, buscam efetuar correlações entre as variáveis selecionadas. Vale ressaltar que, sua classificação seguiu o entendimento de cada autor ao definir seu trabalho. Apenas nos casos onde não foi definida a opção metodológica, buscou-se inferi-la, a partir da leitura detalhada dos trabalhos.

A começar, tem-se, dentre os estudos que são classificados como correlacionais, aqueles que utilizam-se do coeficiente de correlação de Pearson. É o caso de Gulbahar e Guven (2008).

Os autores investigaram variáveis que afetam o sucesso da implementação de políticas para integração de computadores em escolas turcas. Com foco restrito em professores do 4º e 5º ano do ensino fundamental, o autor aplicou seu instrumento (chamado de “Information and

Communication Technology Usage Survey”) a 326 docentes. Os autores utilizam, além do

coeficiente de correlação de Pearson, o coeficiente de correlação de postos de Spearman para certifiquem-se de seus resultados.

Já Hubbard (2009), apresenta uma vasta descrição de características pessoais de diretores norte-americanos, e suas concepções quanto à presença de TICs nas escolas. Este trabalho, por se tratar de uma dissertação de doutorado, apresentou de forma bastante extensa, e de maneira rigorosa , diversos métodos estatísticos. Pode-se destacar o uso de análises de variância (ANOVA) e de testes para correlação (Pearson). O próprio autor justifica sua opção pela estatística:

correlational research design was most appropriate for this study because this study sought to find the relationships between the administrators’ perceptions toward technology effectiveness and adequacy in curriculum and instruction and the administrators’ demographic variables171 (HUBBARD, 2009, p. 26).

Outros dois importantes autores, que comumente trabalham juntos, são van Braak (et al, 2004) e Tondeur (et al., 2008). Ambos focam, principalmente, o impacto da integração de computadores na gestão escolar, percorrendo, porém, caminhos diferentes. Enquanto van Braak envia questionários exclusivamente para docentes (468), Tondeur utiliza-se de instrumentos variados, incluindo entrevistas e questionários diferenciados para diretores (53) e professores (574). Porém, o principal objetivo de ambos é descrever fatores e situações em que, a integração de computadores às escolas torna-se mais efetiva, e cujos resultados são positivos. Por esse motivo, ambos fazem uso de métodos estatísticos correlacionais.

É interessante a relação entre a metodologia de pesquisa e a exposição dos resultados no trabalho de Tondeur. O autor realiza extensas análises estatísticas, porém opta por apresentar 171 (…) projeto de pesquisa correlacional foi mais adequada para este estudo porque esta pesquisa buscou

conhecer a percepção dos administradores da eficácia das tecnologias aos currículos e à instrução, de acordo com variáveis demográficas ligadas aos diretores.

apenas porcentagens e frequências para descrever os resultados. O autor justifica afirmando:

Considering the exploratory nature of the first research objective, descriptive statistics were initially applied to analyse the interview data. When reporting descriptive statistics, only the most important percentages have been reported172

(TONDEUR et al., 2008, p. 215).

Também faz uso de correlação de Pearson, o chinês Liaw (et al, 2007). O método é utilizado para correlacionar informações demográficas e a experiência com uso de computadores e Internet, com a postura de alunos universitários em relação ao uso de e-learning como forma de apoio ao ensino.

Por último, dois autores que trabalham com dados indiretos, ou seja, coletados por outros pesquisadores, são Judge (2004) e Álvarez (2007). Ambos mesclam, estatísticas descritivas, para apresentarem características da população, e métodos estatísticos correlacionais, para ligar rendimento acadêmico ao uso de computadores. A diferença é que o trabalho de Judge tem total ligação com o uso de computadores, enquanto que o trabalho do mexicano Álvarez apenas utiliza a tecnologia como uma das variáveis em seu estudo. Enquanto a americana correlaciona a presença de recursos computacionais e características sociais dos alunos ao rendimento acadêmico, o mexicano utiliza-se de duas variáveis ao criar constructos, que descrevam o aproveitamento escolar dos alunos de seu país: uso de computadores em casa e número de computadores por aluno nas escolas. Outra diferença, refere-se ao fato de Judge apresentar tabelas com dados compilados do survey governamental e a descrição das análises estatísticas utilizadas (correlação de Pearson), enquanto que Álvarez apresenta apenas os resultados na forma de achados de pesquisa, sem mencionar o tratamento de dados.

Dentre os trabalhos que se limitam a descrever as situações avaliadas, Saadé e Kira (2006) relacionam o autoconceito dos professores (em relação a sua preparação para o uso de computadores) e o surgimento de ansiedade frente a tecnologia. No entanto, não há uso de estatísticas correlacionais, limitando a exposição dos dados às estatísticas descritivas. Houve, no 172 (…) considerando a natureza exploratória do primeiro objetivo da pesquisa, as estatísticas descritivas foram

inicialmente aplicadas para analisar os dados da entrevista. Ao relatar estatísticas descritivas, apenas as percentagens mais importantes têm sido apresentadas.

entanto, preocupação em demonstrar consistência interna da amostra, sendo para isso apresentado o coeficiente Alfa de Cronbach (acima de 0,88).

Numa mesma linha, Flemming et al. (2007) e Franklin (2007), descrevem, respectivamente, como os professores percebem suas habilidades, com computadores, durante os cursos de formação docente, e como eles utilizam tais recursos, quando vão para a sala de aula. No entanto há uma diferença sumária entre o trabalho dos dois autores. Enquanto o primeiro aplicou seus questionários à 79 licenciandos em uma universidade, o segundo enviou por correspondência, a uma população de 121 pessoas, seu instrumento de coleta de dados. Ambos justificam a construção de seus surveys a partir da revisão da literatura (FLEMMING et al, 2007, p. 211; FRANKLIN, 2007, p. 271).

O norueguês Nævdal (2007), apenas descreve o rendimento acadêmico de alunos em função do uso de computadores em casa. O objetivo é investigar o impacto da prática no aprendizado da língua inglesa, apresentando para isso uma série de estatísticas descritivas.

Por fim, o que diferencia os três últimos estudos, dentre as pesquisas classificadas como descritivas, é o fato do desenho metodológico incluir a utilização de grupos de comparação,

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