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etor

Políticas

Escolares

Desenvolvimento

Teórico

O primeiro resultado dessa investigação foi a identificação da diversidade metodológica presente na literatura. Isso, antes de ser um empecilho para o desenvolvimento do campo científico, apresenta-se como uma vantagem, que permite aos pesquisadores aferir as mudanças em diferentes contextos, para diferentes categorias de análise. Mais ainda, observa-se uma tendência crescente quanto à integração de diferentes metodologias, de modo que os limites de uma, sejam equilibrados pelas possibilidades da outra. Assim, pesquisas de grande escala são seguidas por estudo de casos aprofundados. Surveys, com dados tipicamente quantitativos, são complementados por entrevistas abertas ou semiestruturadas. Estudos longitudinais de longo prazo contribuem ao explicar correlações entre variáveis.

Dessa forma, como mostrou a revisão, cada vez mais se triangulariza as pesquisas, de modo a aumentar a confiabilidade dos resultados, cruzando-se diferentes métodos de pesquisa, eliminando-se assim, possíveis falsas interpretações. No entanto, mesmo com tal avanço metodológico, são frequentes as críticas quanto à validade de diversas pesquisas em função do não rigor metodológico.Nocaso das pesquisas quantitativas, tais críticas, geralmente, surgem em função da não apresentação de todos os dados coletados, ou da aplicação inadequada de modelos estatísticos. Por outro lado, nas pesquisas qualitativas, a preocupação refere-se à cientificidade das avaliações, devido à subjetividade da interpretação pessoal do pesquisador e do que, na literatura internacional, chama-se de anecdotal descriptions ou anecdotal evidences, o que poderia ser interpretado como o uso do senso comum como critério de verdade.

Para eliminar esse risco, pesquisadores têm utilizado, em uma mesma pesquisa, mais de um método de investigação, o que permite confrontar os resultados e aumentar a confiabilidade das conclusões.

Esse alerta é primordial, seguindo como sugestão, desta dissertação, uma maior atenção durante as avaliações de impacto, dadas as constatações, tomadas de alguns autores citados, de que as investigações não estão sendo feitas de maneira adequada. Para que uma pesquisa seja satisfatória, não basta chegar a resultados interessantes, mas é preciso garantir que a metodologia valide as conclusões.

Dentre as formas de se validar as metodologias de pesquisa e seus resultados, a literatura aponta: a utilização de mais de um instrumento para coleta de dados (entrevistas, observações, questionários, grupos focais etc); registro adequado e rigoroso das informações necessárias à

pesquisa; aplicação de métodos de análise que formalizem os achados e, simultaneamente, baseiem-se em procedimentos já validados pela literatura (análise de discurso, triangularização, métodos estatísticos adequados à amostra etc). Somado a isso, os instrumentos e dados coletados devem ser validados enquanto informações que contribuem com a explicação dos constructos realizados pelas pesquisas.

Chama a atenção, ainda, dentre os achados do segundo capítulo, a pequena quantidade de pesquisas, cujo design segue modelos experimentais ou quase-experimentais. Ou seja, a maioria dos relatos apresentados pelos artigos não menciona o uso de grupo-controle junto a grupos- experimentais. Esse procedimento, quando aplicado pelos autores, tem como função limitar, o máximo possível, a influência de variáveis exógenas à pesquisa, de modo a decidir, claramente, se, de fato, os resultados da pesquisa derivam do uso de computadores nas escolas.

Se, de um lado, os métodos qualitativos, heterogêneos entre si, não foram discutidos epistemologicamente, de outro, os métodos de análise quantitativa, especialmente os estatísticos, também não foram aprofundados. Assim, diferentes tipos de correlação, de análises de variância e testes de hipótese foram citados, sem a preocupação em esclarecer os leitores, quanto aos fundamentos matemáticos de cada um. Espera-se, assim, que a dissertação sirva de ponto de partida para a busca de informação e, conhecidos os principais métodos estatísticos, os pesquisadores possam encontrar mais detalhes, ou nos próprios artigos citados, ou em manuais específicos para estatística social.

Já as meta-análises e revisões da literatura, apesar de pouco comuns na produção nacional, são modelos de pesquisa consagrados na tradição norte-americana e que, pela predominância da língua inglesa como principal codificação para a divulgação científica no mundo atual, acaba por estarem presentes como tradição para pesquisadores de outras regiões do mundo.

Quanto à uma possível revisão das conclusões apresentadas pelas pesquisas revisadas, optou-se por não avançar nesse sentido. Para que se pudesse ter realizado uma revisão sistêmica das conclusões, assim como foi feito das categorias e metodologias, precisar-se-ia, primeiro, examinar e validar os procedimentos metodológicos, sob os quais os pesquisadores fundamentaram seus trabalhos, o que não foi realizado. No entanto, quando o raciocínio empreendido pelos pesquisadores, seja em relação à metodologia ou em relação à categoria de análise, exigiu a apresentação dos resultados para que ficasse claro, algumas conclusões foram

apresentadas. Para futuras pesquisas, recomenda-se, a partir do desmembramento das categorias tratadas nessa dissertação (formação, currículos, gestão, práticas de sala de aula etc), um aprofundamento no sentido da, também, sistematização das conclusões, sempre tendo em vista um olhar cuidadoso para o “como” esses resultados foram obtidos.

Uma outra questão que, por opção de pesquisa, não foi abordada na dissertação refere-se à pesquisa nacional. Cabe perguntar, por exemplo, se ela usaria as mesmas metodologias e categorias de análise identificadas na literatura internacional. A resposta a essa indagação não é dada neste trabalho. Porém, esse tema, deixado em aberto, pode servir de semente para futuras pesquisas, orientando-se, por exemplo, pelos resultados deste estudo.

Nesse sentido, um caminho possível é, a partir dos dados fornecidos nessa dissertação, desmembrar as categorias listadas, no Capítulo 1, tornando-as frentes de pesquisa. Cada uma delas, poderia dar origem a novos trabalhos, difundindo o campo de pesquisa. Além disso, deve- se levar em conta que, avaliações de impacto representam uma tradição, apenas recentemente, explorada em nosso país, necessitando ainda de um longo desenvolvimento teórico.

Dessa forma, conclui-se dessa dissertação, que um Sistema Educacional que ignora, como devem ser formados professores e alunos; que não conhece o que pensam e desejam os beneficiários de suas políticas; ou que, tampouco, compreende como se dão as relações de ensino- aprendizagem; dependerá da sorte para obter sucesso com uma integração inadequada de computadores às escolas. Por esse motivo, é papel das avaliações de impacto, enquanto procedimento científico, contribuir para que se conheça mais e melhor como se dá a integração de inovações tecnológicas aos Sistemas Educacionais, tornando mais sólidas e confiáveis as decisões tomadas na elaboração e aplicação de políticas educacionais para o uso de computadores. Assim, julga-se importante aos Sistemas Educacionais, não integrar de maneira indiscriminada computadores às suas instituições de ensino, mas, antes, compreender melhor como, quando e porque as tecnologias digitais podem contribuir no aprendizado e no desenvolvimento humano dos alunos.

Por fim, avalia-se que a presente dissertação cumpriu com sua proposta de sistematizar parte do que a literatura internacional aponta como conhecimento científico sobre a avaliação de impactos do uso educacional de computadores. Este trabalho, longe de esgotar o assunto, tem como princípio gerar mais questionamentos sobre os diversos temas que foram abordados. O

desejo é que novos estudos surjam, motivados pelos pontos de interrogação, propositalmente, deixados como indicações de novos caminhos a serem percorridos por futuras pesquisas.

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