• Nenhum resultado encontrado

9 Exemplo de Utilização do FRED

3.4 Como fazer EcoDesign?

Quando se pensa em fazer EcoDesign, deve ter-se consciência do quadro complexo como é o actual: economia das grandes marcas de produtos, desenvolvimento de novas economias na Ásia, populações envelhecidas nas velhas economias, etc. (KARLSSON et al, 2006). Fazer EcoDesign passa também por factores económicos e sociais como a aceitação de produtos ambientalmente melhorados no mercado e a forma como as PMEs percepcionam as perspectivas de mercado dos produtos ecológicos (HEMEL et al, 2002). É pouco provável que uma empresa tome uma decisão que não seja primeiramente motivada pela economia (BYGGETH et al, 2006).

Além disso, a produção e consumo sustentáveis só podem ser atingidos com a responsabilização de todos os actores do mercado (BAAYEN et al, 2000). A nível industrial, um número cada vez mais crescente de empresas reconhece a sua responsabilidade na criação de produtos mais ecológicos (HEMEL et al, 2002) e esses produtos estão cada vez mais associados a um estilo de vida. O design e EcoDesign devem, por isso, relacionar-se com mais coisas do que simplesmente a função racional de um produto ou serviço (KARLSSON et

al, 2006).

Embora o ponto de vista actual foque principalmente a redução dos impactos ambientais, a ecoeficiência não é suficiente: há que apontar para produtos ecoefectivos (KARLSSON et al, 2006). Qualquer solução deve ser barata, cooperativa, baseada localmente, flexível, única e acessível (HEMEL et al, 2002).

3.4.1 Estímulos

As grandes empresas estão sujeitas a mais e maiores estímulos do que as PMEs porque recebem mais atenção dos órgãos de comunicação social sendo, por isso, mais vulneráveis a críticas externas. Do ponto de vista ambiental, seria desejável um maior envolvimento das PMEs, embora, individualmente, estas não dêem tanto valor aos impactos ambientais como as grandes empresas. São as PMEs no entanto que têm mais vantagens em abraçar o EcoDesign comparativamente com as grandes empresas devido à menor burocracia, à resposta mais célere à mudança e aos canais de comunicação internos mais eficientes. Para estimular a produção de produtos verdes nessas empresas, segundo Hemel9

9

Segundo um estudo empírico conduzido por Hemel (2002) em 77 PMEs alemãs com implementação até três anos.

(2002), existem quatro principais soluções: a reciclagem de materiais, a alta confiança e durabilidade dos produtos, o uso de materiais reciclados e o baixo consumo energético. Outras soluções também apontadas foram: a refabricação, os menores desperdícios na produção, as técnicas limpas de produção, a redução do peso dos produtos, o uso de materiais limpos, as embalagens menores, mais limpas e reutilizáveis.

Hemel (2002) enuncia, como estímulos externos mais influentes nas empresas, as exigências dos consumidores, a legislação governamental e as iniciativas do sector industrial. Relativamente aos estímulos internos mais influentes, estes são: as oportunidades de inovação, o aumento da qualidade dos produtos e novas oportunidades de mercado. Contrariamente ao que prevalece na literatura, Hemel (2002) advoga também que os estímulos internos são mais fortes do que os externos.

3.4.2 Dificuldades

Hemel (2002) identificou três barreiras consideradas inultrapassáveis para a implementação do EcoDesign num determinado produto: benefício ambiental pouco claro, impacto ambiental não percepcionado como responsabilidade da empresa e não existir solução alternativa.

Quando se decidem os requisitos ambientais de um produto, podem surgir diversas situações de compromisso, nomeadamente, ao nível dos requisitos ambientais mais importantes (conteúdo reciclado, eficiência energética, consumo de água ou controlo da poluição atmosférica) e da escolha de materiais (como trocar um material tóxico por outro menos tóxico mas com mais peso). É difícil saber à partida quando e quais as situações de compromisso que irão surgir no desenvolvimento do produto. Uma coisa é certa: é difícil optimizar tudo ao mesmo tempo.

Os requisitos funcionais e os custos têm geralmente a maior influência e condicionam os limites de outros atributos como a forma, materiais e métodos de produção. A equipa de

design pode decidir entre fabricar um componente optimizado para um uso particular ou

adquirir no mercado um componente já existente, convenientemente testado e documentado, mas não necessariamente optimizado para o fim em vista.

A escolha de materiais é considerada uma decisão difícil. Um produto pode ser composto por vários materiais e cada um deles pode ser difícil de analisar como acontece, por exemplo, com os materiais compósitos e as ligas (BYGGETH et al, 2006).

Existe também outro tipo de dificuldades, apenas presente na fase inicial do processo de implementação do EcoDesign: a maior parte dos gestores admite ter bastante preocupação ambiental mas tem poucos conhecimentos sobre o desenvolvimento no campo da gestão ambiental e não introduz ainda práticas formais para gerir o desempenho ambiental dos seus negócios.

Na maior parte das empresas, o desenvolvimento do produto é realizado em projectos com actores que desempenham diferentes funções como o marketing, o design, a produção e a aquisição. Estas equipas multifuncionais são formadas para preencherem as necessidades funcionais, mas estão limitadas relativamente a custos e tempo. É também um dado adquirido que a funcionalidade e a economia têm normalmente a prioridade mais elevada. A pesquisa de

design ecológico e métodos de design do produto não ganharão aceitação das equipas de

desenvolvimento a não ser que os métodos promovam a integração das prioridades ambientais com outros elementos de design (LUTTROPP et al, 2006).

O EcoDesign implica assim uma mudança de atitude das empresas e indústrias (ANTUNES, 2004).

3.4.3 Ponto de partida

1. Produção: aumentar a eficiência;

2. Aquisição de bens e serviços: reduzir a variedade de materiais auxiliares e evitar materiais perigosos;

3. Marketing: o que está de acordo com o ambiente vende melhor; 4. Investigação e desenvolvimento: criar produtos inovadores;

5. Ambiente, segurança e saúde: melhorar a produção e melhorar as condições de trabalho;

6. Gestão da qualidade: escolher produtos fiáveis e duráveis em detrimento dos descartáveis.

Schischke (2005), citando o Guia da UNEP para Gestão de Ciclo-de-Vida, apresenta uma metodologia para começar a fazer EcoDesign: a filosofia dos 6 R’s:

1. Repensar (Re-think) o produto e as suas funções, e.g. utilizar o produto de uma forma

Documentos relacionados