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4.1 IDENTIFICAÇÃO DA ORIGEM DO RESÍDUO EM CURITIBA E STUTTGART . 75

4.1.1.4 Companhia de Distribuição de Energia Elétrica do Paraná (COPEL)

A poda próxima a cabos de distribuição de energia elétrica é feita, por sua vez,

pela empresa de distribuição de energia elétrica do estado (COPEL). Seu intuito é,

principalmente, que a vegetação não volte a tocar nos cabos de transmissão pelo

período de 1 ano. Há, basicamente, três situações em que a poda pode ser realizada:

por solicitação da população, da prefeitura ou como prevenção por parte da empresa.

Esses requerimentos são feitos tanto por telefone ou site, quanto pessoalmente. A

necessidade de poda de prevenção é determinada pelo encarregado ou engenheiro

responsável, enquanto a de supressão da vegetação deve passar por aprovação do

órgão ambiental. Quanto a supressão da Araucária, por exemplo, a Lei municipal

9.806/2000 e a Portaria IAP 46/2015 devem ser atendidas. As leis restringem o abate

na época de queda de sementes que ocorre entre abril e junho exceto se houver

autorização por motivo de risco de danos, interesse social e para pinheiros de

reflorestamento (IAP, 2015).

O processo de poda é, então, realizado por empresas terceirizadas. O resíduo

retirado não é triturado, sendo entregue “in natura” para as empresas de destinação

final de resíduo. Apesar da poda e remoção autorizada poderem ser feitas pela

COPEL de acordo com o artigo 151 do Código das Águas, o resíduo ainda é de

responsabilidade do município já que as árvores são bens públicos segundo o Código

Florestal (BRASIL, 1934, 2012a). O cumprimento do descrito no Código das Águas foi

celebrado pelo contrato de cooperação 46/99 da Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL) (ANEEL, 1998).

4.1.2 Stuttgart

Na cidade de Stuttgart, os cerca de 5400 km de linhas de distribuição da energia

elétrica são majoritariamente subterrâneos, tornando o principal gerador do resíduo

verde, a própria prefeitura (STUTTGART NETZE BETRIEB GMBH, 2018).

A necessidade de poda e supressão é determinada pelo “Garten-Friedhofs und

Forstamt der Stadt Stuttgart (Gartenamt)”, departamento responsável pelos jardins,

cemitérios e florestas de Stuttgart. Este processo ocorre periodicamente 2 vezes ao

ano e as solicitações pela população só podem ser feitas em casos emergenciais. As

equipes de poda são contratadas pelo próprio município e o resíduo gerado é de

responsabilidade, também, municipal.

Enquanto em Curitiba a poda da vegetação arbórea urbana se sobressai à

coleta deste resíduo por varrição e limpeza pública, na cidade de Stuttgart este

balanço não pode ser feito já que a fração coletada na varrição e a coletada nas

residências se somam e não são contabilizadas separadamente. A necessidade e

importância da limpeza pública na geração dos resíduos verdes na cidade alemã fica

evidenciada nos meses de outono a novembro, situação retratada pela FIGURA 13.

Devido à grande quantidade de folhas que se desprendem das árvores durante o

outono, a limpeza pública se intensifica. Coerentemente, na estação seguinte, de

janeiro a março, a produção vegetal tende a reduzir já que as árvores praticamente

não têm mais folhas. A varrição então é feita periodicamente e depende da quantidade

de folhas no chão. Esta limpeza é feita pelo “Abfallwirtschaft Stuttgart (AVL)” o

departamento de manejo de resíduos (FISCHER, 2019).

FIGURA 10 - FOLHAGEM PERDIDA PELA VEGETAÇÃO DURANTE O OUTONO. FONTE: A autora, 2018.

Na limpeza e varrição dos resíduos, alguns equipamentos podem ser utilizados,

como mostrados na FIGURA 14 e 15. Na primeira, é possível ver o equipamento

utilizado para soprar e agrupar as folhas, enquanto na segunda, o caminhão que

recolhe e transporta o resíduo. Em alguns outros casos, a coleta é feita manual e o

resíduo armazenado em containers, como mostrado na FIGURA 16.

FIGURA 11 - EQUIPAMENTO UTILIZADO PARA SOPRAR E AGRUPAR AS FOLHAS. FONTE: Autora, 2018.

FIGURA 12 - EQUIPAMENTO UTILIZADO PARA RECOLHER E TRANSPORTAR RESÍDUO VEGETAL.

FONTE: Autora, 2018.

FIGURA 13 - CONTÂINERS UTILIZADOS PARA ARMAZENAMENTO DO RESÍDUO VEGETAL. FONTE: Autora, 2018.

Quanto à geração particular, na cidade de Stuttgart, além da porcentagem

compostada nas próprias residências, o habitante possui duas outras possibilidades,

aguardar a coleta à domicílio, 2 vezes ao ano, na primavera e no outono, ou depositar

em uma das mais de mil centrais de reciclagem (FISCHER, 2019). A coleta deste

resíduo é feita separadamente do resíduo orgânico de cozinha e o resíduo da

vegetação pode ser entregue em pontos de coleta que totalizam 1223 no país todo.

Dentre eles, estão locais somente para recolhimento do resíduo verde e os centros de

reciclagem, que possuem containers para exclusivo recolhimento deste resíduo.

Neste local, o resíduo é depositado em caçambas sendo separado entre folhas e

resíduo mais volumoso, como mostrado nas FIGURAS 17 e 18. Em Stuttgart, há de 8

a 10 unidades de recolhimento deste tipo de resíduo. No verão, a coleta de material

lenhoso também ocorre em algumas áreas (BADEN- WÜRTTEMBERG, 2017).

FIGURA 14 - CONTÂINERS DE SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS VEGETAIS NA CENTRAL DE COLETA DE RESÍDUOS DE STUTTGART.

FIGURA 15 - RESÍDUOS DE PODA COLETADOS NA CENTRAL DE RESÍDUOS DE STUTTGART. FONTE: Autora, 2018.

Há ainda na região uma porcentagem de materiais como plástico que são

destinados erroneamente pela população. Em 2017, o nível médio encontrado foi de

2,3% em peso, o que pode vir a reduzir a qualidade do composto gerado. Atualmente,

a preocupação do estado é em obter melhor qualidade do resíduo destinado e, para

isso, se faz necessária boa separação já na fonte geradora (BADEN-

WÜRTTEMBERG, 2017).

Comparando as duas cidades é possível notar já de início que a geração do

resíduo vegetal se configura de forma diferente mesmo que em ambas cidades o

município contribua majoritariamente para a geração desse tipo de resíduo, Curitiba

conta com a participação ativa da companhia de distribuição elétrica. Outra diferença

é que a poda na cidade alemã é feita preventivamente e só pode ser solicitada em

casos emergenciais, enquanto em Curitiba a situação, por parte da Prefeitura, é

oposta. Por ter dois agentes diferentes, Curitiba possui duas visões quanto a poda e

supressão. A prefeitura visa a fitossanidade da planta e o bem-estar da população

assim como ocorre em Stuttgart, enquanto a COPEL visa apenas o afastamento das

redes elétricas para evitar o custo de manutenção das mesmas. Em ambas as

cidades, o resíduo e sua destinação são de responsabilidade do próprio município.

4.2 CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO RESÍDUO