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4.2 CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO RESÍDUO

4.2.2 Quantidades Geradas nas Duas Cidades

Dados fornecidos pelo Departamento de Produção Vegetal da Secretaria

Municipal do Meio Ambiente de Curitiba trazem que a quantidade de resíduo vegetal

gerada pelo citado departamento é de 62 toneladas ao mês, equivalendo à 2600

árvores podadas, de acordo com a demanda e reclamação dos cidadãos. Com relação

a esses dados, estima-se que cada poda resulte em 24 quilos de resíduo. Não há uma

variação expressiva na quantidade de resíduo gerado ao longo do ano, porém, uma

pequena variação ocorre nos meses de abril e setembro pela sazonalidade de outono

e primavera (RIOS, 2019).

O volume de resíduo de varrição é contabilizado em conjunto com o domiciliar

e, quanto a esta tipologia de resíduo, são gerados na cidade de Curitiba

aproximadamente 40 mil toneladas mensais. Além deste valor, a varrição e limpeza

de feiras livres gera aproximadamente 250 toneladas ao mês, a varrição mecanizada

120 toneladas mensais e a coleta vegetal 3 mil toneladas. Por serem recolhidos, além

do resíduo verde, entulhos, por exemplo, é de difícil estimativa a quantidade de

resíduo gerado por esta fonte. O peso específico do resíduo vegetal é muito menor do

que o das outras tipologias contabilizadas em conjunto e é por este motivo que a

quantidade de proveniente da varrição de vias públicas será desconsiderado neste

estudo (SILVA, 2019).

Com relação aos resíduos gerados nos parques, tem-se aproximadamente 350

árvores podadas ao mês totalizando entre 1500 e 2300 mil m³ mensais. Considerando

aproximadamente 24 kg em média para cada árvore podada como estimado

anteriormente, tem-se 8,5 toneladas de resíduo gerado em parques da capital a cada

mês. O resíduo proveniente das praças não é contabilizado (LIMA, 2019).

Quanto à geração particular de resíduo, segundo o departamento da SMMA

responsável, 134 toneladas ao mês são geradas (SILVA, 2019). Somando esse valor

ao relatado pela Produção Vegetal e o de Parques e Praças, encontrando-se o total

de 205 toneladas coletadas ao mês pelos departamentos da prefeitura.

Segundo dados fornecidos pela COPEL, anualmente são podadas no Paraná

inteiro cerca de 500 mil árvores, resultando numa poda mensal de 40 mil exemplares.

O peso considerado aqui pela COPEL para a estimativa foi de 15 kg por poda, o que

resulta em 7500 toneladas ao ano e consequentemente 625 toneladas ao mês.

Curitiba é responsável por aproximadamente 20% deste total sendo geradas

aproximadamente 1400 toneladas ao ano resultando em 118 toneladas de resíduo

gerados ao mês. São podadas mensalmente pela COPEL aproximadamente 7800

árvores na capital. A variação durante o ano, relativa à poda realizada pela companhia

de distribuição de energia elétrica, se dá por situações econômicas e não sazonais,

como no caso da variação anual na poda feita pela Prefeitura. Neste caso, a redução

no volume podado se dá devido à problemas nos processos de contratação e devido

ao recurso financeiro disponível para contratações (MICHELS, 2019a). Deste modo,

se nenhuma destas situações ocorrer, a quantidade de resíduo gerada é constante ao

longo do ano.

Um dos maiores problemas em relação a poda realizada pela empresa de

distribuição de energia elétrica é a falta de preocupação em relação as características

próprias de cada espécie de árvore. O intuito é meramente evitar o contato entre

vegetação e cabos de distribuição, o que muitas vezes acarreta em poda inadequada

e possibilidade de adoecimento da planta ou de queda por falta de estabilidade,

aumentando ainda mais o volume de resíduo gerado.

Comparando os dados de ambos os agentes atuantes na poda e supressão

vegetal na cidade de Curitiba, tem-se que aproximadamente 40% dos resíduos

gerados vem da companhia de distribuição de energia elétrica, enquanto 60% são

gerados pela prefeitura. Este número vai na mesma direção ao que mostra Meira

(2010) cujo levantamento resultou numa porcentagem de 70% de responsabilidade

do município contra 30% da concessionária de energia.

4.2.2.2 Stuttgart

A cidade de Stuttgart está inserida na região de Baden-Württemberg que é,

depois das regiões de Nordrhein-Westfalen e Bayern, uma das maiores geradoras de

resíduos orgânicos da Alemanha, representando 28% do total de resíduos orgânicos

gerados nacionalmente (BADEN- WÜRTTEMBERG, 2017).

Neste Estado, a produção de resíduo verde per capita é de 74 kg ao ano, 20 kg

maior do que a média nacional, e a proporção entre resíduos alimentares e resíduos

verdes gerado mostra que a maior porção é de resíduo vegetal, sendo esta cerca de

60%. Estatísticas do ano de 2017 mostram que Baden-Württemberg gerou 91 kg de

resíduo vegetal por habitante e apenas 60 kg de resíduo alimentar. A tendência de

maior geração de resíduo vegetal se comparado ao alimentar pode estar relacionada

à densidade populacional das regiões, já que quanto maior a densidade populacional

das regiões, maior quantidade de resíduo gerado foi encontrada (BADEN-

WÜRTTEMBERG, 2017; KERN et al., 2010).

Quanto à cidade de Stuttgart, a quantidade total de resíduo orgânico gerada no

ano de 2017 foi de 58 mil toneladas, contabilizando não só resíduos de poda, como

também restos alimentares. Quanto ao resíduo de vegetação, os habitantes da cidade

de Stuttgart geram 57 quilos de resíduo per capita também no ano de 2017, totalizando

aproximadamente 36 mil toneladas (SIEDLUNGSABF, 2017; STATICHES AMT,

2017).

A TABELA 2 compara as quantidades de resíduo gerado nas duas cidades.

Nota-se que enquanto Curitiba gera mensalmente aproximadamente 320 toneladas

de resíduo ao mês classificados de acordo com sua fonte geradora, a cidade de

Stuttgart gera 3000 toneladas, um valor 10 vezes maior.

TABELA 3 – TABELA COMPARATIVA DOS VALORES DE RESÍDUO VEGETAL GERADOS PELA CIDADE DE CURITIBA E STUTTGART

Gerador Curitiba Stuttgart

Quantidade (ton/mês) Quantidade (ton/mês)

Produção Vegetal 62

Parques e Praças 8,5

Coleta Domiciliar 134

COPEL 118

Total 322,5 3000

FONTE: Autora, 2020.

Analisando as características de ambas as cidades e a quantidade de resíduo

vegetal gerada por elas é possível obter alguns índices como a produção de resíduo

vegetal por habitante, por área verde urbana, por área da cidade e por árvore plantada.

A TABELA 3 abaixo apresenta estes valores.

TABELA 4 - ÍNDICES COMPARATIVOS QUANTO A PRODUÇÃO DE RESÍDUO VEGETAL PARA AS CIDADES DE CURITIBA E STUTTGART.

índices Curitiba Stuttgart

Tonelada de resíduo verde por habitante (kg/hab) 1,7 4,7

Tonelada de resíduo verde por árvore plantada (kg/árvore) 1,1 16,7

Tonelada de resíduo verde por área urbana (ton/km²) 3,2 60

Tonelada de resíduo verde por área verde urbana (ton/km²) 0,74 14,49

FONTE: Autora, 2020

Analisando a TABELA 3 acima é possível concluir que, devido à grande

quantidade de resíduo gerada na cidade alemã, todos os índices comparativos têm

maiores valores para a cidade de Stuttgart. A presença majoritária de árvores

caducifólias na cidade aumenta a produção de resíduo vegetal por árvore e

consequentemente a produção por área urbana e área verde urbana. Apesar das

podas em Curitiba serem constantes e em grande volume devida a manutenção da

rede elétrica, o volume de resíduo gerado pela queda das folhas das árvores em

Stuttgart pode ser o motivo para o aumento dos índices.

4.3 DESTINAÇÃO DO RESÍDUO NAS DUAS CIDADES