2.5 ASPECTOS REGULATÓRIOS RELACIONADOS A VEGETAÇÃO URBANA
2.5.2 Stuttgart
A lei alemã que diz sobre a conservação do meio ambiente e da paisagem é a
chamada “Bundesnaturschutzgesetz (BNatSchG)”. Esta lei abrange os objetivos da
e poderes, diretrizes para o planejamento e proteção da natureza, além da previsão
de multas, isenções e autorizações. Segundo a lei, a conservação da paisagem e
natureza deve ser feita para proteção das gerações futuras, dando a elas a
oportunidade de usufruir dos recursos naturais através do uso sustentável e do valor
recreativo destas áreas e de ter acesso a sua biodiversidade. É citado também como
objetivo a conservação dos espaços abertos em áreas povoadas como parques e
áreas verdes, florestas e estruturas arborizadas. Para a obtenção dos resultados
esperados, a BNatSchG distribui a todos, de acordo com seus graus de
comprometimento, a responsabilidade de contribuir para a manutenção da paisagem
e de agir de forma não prejudicial a ela. O monitoramento, por sua vez, fica a encargo
do governo federal e doa estados federais para que possa ser avaliado continuamente
os estados da natureza e da paisagem e acompanhar suas mudanças (ALEMANHA,
2009).
Outro ponto interessante ainda sobre a lei federal é a definição de que o
planejamento deve ser feito de forma preventiva com estrutura local e regional. Seus
requisitos e medidas devem ser apresentados e justificados com o objetivo final de
atingir os objetivos da Conservação da natureza e gestão da paisagem. Tais planos
devem conter o estado existente e esperado da natureza, os objetivos específicos da
conservação, a avaliação paisagística e a situação esperada desta incluindo os
conflitos encontrados. Fica claro que o planejamento deve ser feito também área as
áreas verdes em locais urbanizados. A responsabilidade de realização de tais planos
fica a encargo da legislação estadual (ALEMANHA, 2009).
Por ser extensa e completa, essa lei abrange também os tipos de intervenções
que as árvores podem sofrer e as punições cabíveis. Qualquer mudança na forma ou
no uso das áreas de base ou as alterações relacionadas à camada viva do solo, o
nível das águas subterrâneas, o desempenho e funcionalidade do equilíbrio natural
que possam afetar significativamente a paisagem é considerada intervenção. Tendo
isso em mente, fica a encargo do causador da intervenção evitar danos irreversíveis
e procurar alternativas para fazê-lo. A partir da intervenção feita, o responsável deve
tomar ações compensatórias ou substituição do indivíduo. A situação só retorna ao
equilíbrio quando as funções comprometidas são restauradas ou redesenhadas. Nos
casos em que o equilíbrio não possa ser retomado em um prazo razoável as
intervenções não devem ser permitidas a não ser sob o pagamento de indenização
pelos danos cometidos (ALEMANHA, 2009).
Especificamente sobre a cidade de Stuttgart, há o Estatuto sobre proteção de
componentes da paisagem (“Baumschutzsatzung”). Este estatuto traz sobre a
importância da preservação das árvores com o intuito de estruturar a cidade, melhorar
a qualidade de vida e o microclima e garantir o equilíbrio natural. Fica proibido então
remover ou causar danos às árvores com diâmetro maior do que 80 cm a altura de
100 cm, árvores descritas no artigo 28 da legislação Federal BNatSchG, árvores em
viveiros e florestas contidas no artigo 2 da Lei estadual de florestas do estado de
Baden-Württemberg. Por outro lado, a lei libera a poda de formação das árvores, a
remoção da madeira morta e de galhos danificados ou doentes, regar o sistema
radicular da planta e tomar medidas quanto a algum risco iminente à população ou às
estruturas (STUTTGART, 2013).
Caso a remoção seja necessária, a substituição da planta deve ser feita e o
número de árvores a serem plantas varia de acordo com o diâmetro do indivíduo
suprimido. No caso de árvores com diâmetro de até 100 cm medidos a altura de 1
metro, apenas uma árvore deve ser plantada, a partir daí, a cada incremento de 50
cm no diâmetro uma nova árvore é incluída na obrigação do agente causador. O
plantio deve ser realizado na área onde a planta foi suprimida e o sucesso do replantio
só é confirmado após 5 anos de desenvolvimento saudável da planta. Caso não
ocorra, um novo replantio deve ser feito. Nas situações em que não haja sucesso ou
que não possa ocorrer o plantio uma multa deve ser paga. O valor varia entre 9700 e
8200 euros dependendo da zona urbana em que a árvore foi suprimida (STUTTGART,
2013).
Quanto aos resíduos gerados, a principal lei alemã, nomeada
Kreislaufwirtschaftgesetz (KrWG), foi publicada em 2012. Esta trouxe a definição de
resíduos orgânicos como os materiais vegetais e animais provenientes de jardins e
parques, de cuidados com a paisagem, de restos alimentares e também os que
tenham outras origens mas contenham os resíduos já citados (VORSCHRIFTEN et
al., 2017).
Os resíduos vegetais são então definidos pela Bioabfallverordnung (BioAbfV)
como restos de matéria orgânica (identificados na classe 20 02 01) e sua destinação
deve ser a utilização como adubo por meio da compostagem ou o uso como cobertura
morta para campos abertos (GERMAN BIOWASTE ORDINANCE, 1998). Desde 2005,
foi proibida a disposição de resíduos orgânicos não tratados em aterros sanitários,
com intuito de tornar o resíduo inerte, reduzindo a emissão de gases e a geração de
chorume estes devem passar por um pré-tratamento mecânico, biológico ou térmico
(FEDERAL MINISTRY FOR THE ENVIORNMENT, NATURE, 2018).
A região de Baden Württemberg tem, por sua vez, seu sub plano de gestão de
resíduos conhecido como Abfallwirtschaftsplans (AWP). Nele são estabelecidos os
princípios, objetivos e obrigações da gestão de resíduos além do panorama geral
quanto ao sistema de gerenciamento de resíduos urbanos em todo o estado. O
enfoque é dado aos resíduos orgânicos de cozinha, resíduo verde, equipamentos
elétricos e eletrônicos, resíduos da construção civil e lodo de estações de tratamento
de esgoto entre outros. O plano traz também a definição de resíduo verde como o
proveniente de terras usadas em horticultura, gerado em parques públicos, cemitérios
e pela vegetação à margem das estradas, não deixando de lado o gerado pela
manutenção paisagística (SIEDLUNGSABF, 2017).
No documento
ANÁLISE DA GESTÃO DE RESÍDUOS DE VEGETAÇÃO ARBÓREA URBANA EM VIAS PÚBLICAS: UMA COMPARAÇÃO ENTRE AS CIDADES DE
(páginas 47-50)