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A síntese comparativa do monitoramento de ficção televisiva entre os 11 países Obitel5 é baseada em indicadores de produção estabelecidos no Protocolo Metodológico Obitel. Discutido e atua- lizado anualmente, é seguido por todas as equipas nacionais. Os dados principais que apresentaremos dizem respeito ao total anual de horas de ficção, total de títulos, formato, faixa horária, número de capítulos/episódios, além de dados de circulação (importação/ exportação) e de coproduções. Faremos, também, quando couber, algumas análises do triênio 2015-2017, buscando dimensionar os dados temporalmente e, em especial, identificar e analisar as ten- dências mais importantes da ficção televisiva ibero-americana.

Tabela 2. Oferta de horas de ficção nacional e ibero-americana em 2017 Oferta global de horas 2015 2016 2017 TO- TAL Nacio- nal Ibero- americana Na- cional Ibero- americana Nacio- nal Ibero- americana 8.833 16.178 9.299 17.090 10.507 15.172 TOTAL 25.011 26.389 25.679 77.079

A oferta global de horas dedicadas à ficção nacional e ibero- americana em 2017 registrou uma diminuição de 2,8% em relação a 2016, tendo contribuído para tal a diminuição da oferta de con- teúdos ibero-americanos, nomeadamente por Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos – depois de terem subido a oferta em 2016 face a 2015 –, Colômbia, Portugal e Uruguai – numa curva des- cendente desde 2015.

No que respeita aos conteúdos nacionais em estreia, 2017 re- gistrou a maior oferta do triênio 2015-2017, com um aumento de

5 Fruto da ausência do Equador na análise de 2017, e por forma a garantir a comparabili-

dade dos dados nacionais nos últimos três anos, os valores totais apresentados referentes a 2016 e a 2015 não contemplam os valores do Equador.

11,5% em relação ao ano anterior e de quase 16% na comparação com 2015. Para tal desempenho, contribuíram a maioria dos países Obitel (Argentina, Colômbia, Espanha, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela). A diminuição da oferta por parte do Brasil e dos Estados Unidos foi residual, enquanto a diminuição da oferta do Chile foi mais acentuada, situação semelhante ao que aconteceu com a oferta de ficção ibero-americana.

Tabela 3. Oferta de horas de ficção nacional e ibero-americana por país (2015-2017) 3.1. Oferta de horas de ficção nacional (2015-2017)

Como referido, a oferta de ficção nacional tem registrado um aumento em relação aos dois anos transatos. Independentemente do volume real de produção, os países que têm mostrado um crescimen- to gradual e consistente nos últimos três anos e contribuído positiva- mente para o desempenho dos produtos domésticos são Argentina, Colômbia, Espanha e Peru. O Obitel considera que a produção nacional medida em horas seja o melhor indicador quantitativo da capacidade produtiva em ficção televisiva. Seguindo a classificação

feita para o triênio 2013-20156 e atendendo às alterações no volume de oferta empreendidas em 2016 e em 2017, apresentamos a seguin- te classificação:

Capacidade produtiva alta (4.000h-) Brasil, Espanha Capacidade produtiva média-alta

(3.000h-3.999h) Portugal, México, Estados Unidos Capacidade produtiva média (2.000h-

-2.999h) Colômbia, Chile

Capacidade produtiva média-baixa

(1.000h-1.999h) Argentina, Peru, Venezuela Capacidade produtiva baixa (0h-999h) Uruguai

3.2. Oferta de horas de ficção ibero-americana (2015-2017)

Na oferta de horas de ficção importada dos países Obitel, regis- tra-se uma diminuição por parte da maioria dos países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Portugal e Uruguai), com Brasil e Portugal a oferecerem o menor volume de horas de conteúdos de origem ibero-americana (377 e 396, respectivamente). Nos restantes quatro países – Espanha, México, Peru e Venezuela – observa-se um incremento da oferta de produtos importados, com o país europeu a registrar um aumento de cerca de 23% face a 2016,

6 Ver Anuário Obitel 2016, disponível em http://obitel.net/wp-content/uploads/2016/09/

devido ao incremento da programação de telenovelas nos canais te- máticos da TDT.

Ao compararmos o total de horas de ficção nacional e importa- da por país, verificamos que, em 2017, e mantendo a tendência veri- ficada nos últimos sete anos, apenas Brasil, Colômbia, Espanha e Portugal oferecem mais horas de conteúdos domésticos.

Tabela 4. Oferta de títulos de ficção nacional e ibero-americana por país (2015-2017) 4.1. Oferta de títulos de ficção nacional

No que concerne à oferta de títulos de ficção nacional em 2017, verificamos que Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, México, Peru e Uruguai aumentaram a produção, enquan- to Chile, Portugal e Venezuela diminuíram. Não obstante esta rea- lidade, Portugal e Venezuela aumentaram o número de horas, fruto da oferta de formatos de longa serialidade. Numa análise por triênio, o top five dos países com mais títulos de ficção doméstica é com- posto por Brasil (125), Espanha (100), México (75), Chile (68) e Portugal (63).

A mesma análise feita à importação de títulos apresenta um top

five encabeçado pelos Estados Unidos (129), seguido por Chile

(109), Uruguai (101), Peru (98) e, por fim, Venezuela (82), embo- ra apenas este último país tenha registrado um aumento da oferta de produtos estrangeiros de 2016 para 2017. A tendência de diminuição é transversal, com Colômbia e Portugal a apresentarem os números mais baixos (quatro e cinco títulos, respectivamente).

Tabela 5. Formatos de ficção nacional e número de títulos em 2017

Em 2017, a telenovela foi, mais uma vez, o formato eleito para a apresentação das narrativas ficcionais televisivas no âmbito Obi- tel (98). Em primeiro lugar encontra-se o México (17), seguido por

Brasil, Estados Unidos (15), Chile (12) e Portugal (10). Os países com o menor número de telenovelas foram a Espanha (5), tradicio- nalmente afastada deste formato, a Venezuela (2), em consequência da crise política, econômica e social em que o país vive, e, por fim, o Uruguai (0), cujos títulos, diminutos, são essencialmente impor- tados, mostrando uma fraca capacidade produtiva.

O segundo formato mais usado foi a série, com a Espanha a ser o seu principal produtor (29). Todos os restantes países ofere- ceram títulos dentro desta categoria, não obstante a diferença acen- tuada do número de títulos face à oferta espanhola (entre 18 e 2). O terceiro formato mais utilizado, e de forma congruente com os anos anteriores, foi a minissérie. Com um total de 26 títulos, teve maior expressão na Argentina, em virtude das políticas da televisão pública para a programação de estreias e das coproduções nacionais oferecidas por Telefe e El Trece.

O telefilme, o docudrama e o unitário foram formatos usados de forma residual, registrando-se, ainda, o uso esporádico da sitcom e da soap opera, em especial pelo Brasil e pela Espanha.

Tabela 6. Oferta de capítulos/episódios de ficção nacional e ibero-americana (2015-2017)

A dimensão serial da oferta total dos países Obitel tem vindo a aumentar nos últimos três anos (de 12.050 em 2015 para 14.160 em 2017). O país com o maior número de entregas foi Portugal, com 6.270 capítulos/episódios no triênio, fruto essencialmente da aposta dos canais em sinal aberto na programação continuada de duas a três telenovelas diárias em horário nobre, com uma duração de perto de 400 capítulos cada uma (um ano de exibição). Em segundo e tercei- ro lugar podemos encontrar Brasil (6.090) e México (5.380), países com alta e média-alta capacidade produtiva.

Tabela 6.2. Oferta de capítulos/episódios de ficção ibero-americana

Numa análise por triênio, verifica-se que o ano de 2016 regis- trou o maior número de capítulos/episódios no conjunto de países Obitel, seguido por 2015, sendo que em 2017 observou-se uma di- minuição de cerca de 21% face ao ano anterior. Estas oscilações devem-se ao decréscimo de títulos e de horas de ficção ibero-ameri- cana operada pela maioria dos países. Destacamos dois países pela sua singularidade inversa: Portugal, dado o sucesso da ficção na- cional em horário nobre, diminuiu o número de títulos de origem brasileira e arrastou-os para o horário da noite, especulando-se um potencial desaparecimento das grades de programação, como acon-

teceu aos conteúdos de outras origens latino-americanas; e Espan- ha, por apresentar, ao longo dos anos, uma oferta incongruente de produtos de origem ibero-americana – do zero em 2014 a 1.468 em 2017, perfazendo um aumento de capítulos/episódios em relação a 2016 de quase 70%.

Tabela 7. Coproduções em 2017

Realizaram-se, no total, 38 coproduções entre os países do âm- bito Obitel, com Estados Unidos e Peru a desenvolverem um total de 20 títulos. Alguns destes títulos figuraram no top ten dos títulos mais vistos, destacando-se La Piloto (uma coprodução de Colôm- bia, Estados Unidos e México), que narra a história dos desafios enfrentados pela personagem feminina Yolanda Cadena para seguir uma carreira como piloto de aviões; e El Regreso de Lucas (uma co- produção de Argentina e Peru), thriller dramático, integralmente filmada em cenários naturais no Peru, que tem como conflito matriz a perda e a busca de uma criança desaparecida numa praia. Os dois títulos figuraram entre os produtos mais vistos de 2017 nos vários países de emissão, mostrando a vitalidade e a importância da partil- ha de esforços financeiros e meios técnicos e artísticos.

Tabela 8. Época da ficção nacional em 2017

À semelhança dos outros anos analisados, o presente foi a época dominante dos conteúdos apresentados, arrecadando 75% do total de títulos. As histórias ambientadas no presente permitem ex- plorar os quotidianos da contemporaneidade, adaptadas aos forma- tos de grande serialidade. Em segundo lugar, situam-se os produtos de época, com a Espanha a concentrar a maior oferta (10 dos 28 títulos), na sequência de uma tradição já enraizada. Não obstante, verifica-se uma diversificação da diegese das tramas apresentadas.

O prime time continuou a ser a faixa horária de eleição para a transmissão dos produtos de ficção nacional (72%), seguido do ho- rário da tarde, normalmente após os serviços noticiosos e dirigidos a um público iminentemente feminino. Em terceiro lugar, figura o horário da noite, destinado a produtos de conteúdo menos consen- sual, em especial do formato série. A faixa horária da manhã foi a menos expressiva, albergando produtos para um público infanto- juvenil ou, em alternativa, e muitas vezes juntamente à faixa noite, albergando reprises.

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