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Para avaliar o grau de variação geoquímica entre litologias, entre unidades e entre os dois domínios estruturais foram realizados diagramas de normalização à média ponderada da Unidade Cu, individualizando em cada diagrama as médias aritméticas por litologia dentro de cada uma das unidades.

A média ponderada da Unidade de Cu foi considerada como padrão de normalização porque esta unidade é a mais homogénea do ponto de vista litológico, e a mais evoluida do ponto de vista de maturidade químico-mineralógica. Contudo apresenta alguma variação geoquímica mais condicionada à distribuição geográfica do que à variação da composição litológica. Assim para avaliar o grau de variação geoquímica dentro da unidade realizámos diagramas de normalização individualizando as litologias e dois sectores geográficos (fig. 4.3).

São normalizadas à média ponderada da Unidade Cu as médias aritméticas das litologias do sector geográfico restrito ao limite SW da RVPA, cujas litologias são filitos-Cu(T) e gresofilitos-Cu(T)), e as médias aritméticas de idênticas litologias dos restantes sectores da Unidade Cu, legendadas no diagrama como filitos-Cu(NE) e gresofilitos-Cu(NE). Nos elementos maiores as variações mais acentuadas dentro da Unidade Cu são marcadas pelo MnO pelo CaO (fig. 4.3). Para o MnO verifica-se que apenas os filitos-Cu(NE) apresentam enriquecimento relativamente à média ponderada da unidade, sendo este enriquecimento resultante da composição granatífera de alguns filitos, nomeadamente as amostras MA 160, MA 163 e MA 219 que definem um alinhamento marcado na proximidade do contacto com a Unidade FN.

O enriquecimento em MnO no contacto das duas unidades poderá ser consequência da migração do Mn da Unidade FN (com condições redutoras) para a interface com a sequência de condições oxidantes (a Unidade Cu) (Bonatti et ai., 1971, Colley et ai,

Cay. 4 - Litoeeoquímica

1984). São estas amostras as responsáveis pelo elevado valor do teor em MnO da média ponderada da Unidade Cu, muito acima do valor da média das outras unidades (Tabela 4 3).

Fig. 4.3 - Normalização da composição média aritmética (ma) das litologias da Unidade Cu, à média ponderada da unidade, discriminando dois sectores geográficos: o sector SSW da RVPA, cuja amostragem é designada por Cu (T), e os restantes afloramentos da unidade, mais a NE, cujas litologias vêm legendadas como Cu(NE). NOTA: O diagrama superior está representado em escala logarítmica e o diagrama inferior em escala aritmética.

Para o CaO e em menor escala para o Na20 apenas os filitos-Cu(T) apresentam

Cap. 4 - Litogeoquímica

As variações no conteúdo em elementos menores, embora se verifiquem numa ordem de grandeza muito inferior (fig. 4.3), poderão ser bastante mais significativas, e serão consideradas detalhadamente no ponto 4.2.5.

Sendo as duas unidades do DETM litologicamente muito diferentes, serão de esperar diferenças geoquímicas acentuadas entre elas (fig. 4.4). A Unidade FN, relativamente à Unidade Cu, tem teores bastante mais baixos de todos os elementos maiores, com excepção do SÍO2. Os teores são acentuadamente mais baixos nos liditos do que nos quartzofilitos. Os espectros de normalização dos elementos menores da Unidade FN à Unidade Cu são bastante semelhantes para as duas litologias, embora os quartzofilitos apresentem em geral teores também mais elevados. Ambas as litologias são relativamente à Unidade Cu, mais ricas em U e em V. Os quartzofilitos apresentam enriquecimento em Co e Cu. Os liditos são comparativamente muito pobres em Th, Zr e Nb.

Fig. 4.4 - Normalização da composição média aritmética por litologia, da unidade FN à média ponderada da Unidade Cu.

Nos diagramas de normalização à Unidade Cu das diferentes litologias das unidades do DEC (fig. 4.5) constata-se que:

=> Quer as litologias filitosas, quer as quartzofeldspáticas das unidades SE, Ra e AC, do DEC são relativamente mais ricas em Na20 e sobretudo em CaO, e têm mais

Cap. 4 - Litoseoquímica

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Fig. 4.5 - Normalização da composição média aritmética por litologia, das Unidades do DEC, à média ponderada da Unidade Cu. Os diagramas de normalização dos elementos maiores estão em escala logarítmica e os diagramas de normalização dos elementos menores em escala aritmética.

baixos teores em MnO. A excepção é a Unidade Cb que não evidencia nenhuma riqueza relativa nos elementos maiores, com excepção da sílica, e onde o défice comparativo em MnO se regista apenas nas litologias quartzofilitosas e não nas filitosas (é importante realçar que dispomos somente de uma amostra de filitos

Cap. 4 - Litoeeoquimica

nesta unidade, pelo que poderá haver um problema de representatividade da amostragem),

=>Na Unidade Ra, a mais variada litologicamente, os liditos são a litologia cujo espectro de normalização à unidade Cu é mais empobrecido, quer em elementos maiores quer em elementos menores, embora nestes se registem alguns picos de anomalias positivas, nomeadamente o V, o Cu e o Au. Os xistos negros têm um espectro de normalização muito semelhante ao das rochas QF

=> As litologias pelíticas mostram-se, em geral, enriquecidas em elementos menores

relativamente às litologias mais siliciosas, porque a maioria dos elementos menores são adsorvidos e incorporados nos minerais argilosos, e verifica-se um efeito de diluição pela sílica nas litologias mais gresosas São excepção a esta diluição o Sr (só nas rochas QF) e o Zr.

=> As Unidade SE e AC têm perfis de normalização muito idênticos, no que se refere às litologias quartzo-feldspáticas, mas apresentam maiores diferenças no que respeita às litologias filitosas. Os filitos da Unidade AC têm uma composição em elementos maiores muito próxima da Unidade Cu, com excepção do défice em Mn, mas têm défice comparativo na maioria dos elementos menores, com excepção de Ba, Y, Nb e V.

=> Os filitos das Unidades SE e Cb, relativamente à Unidade de Cu, são enriquecidos em TR, e os filitos da Unidade Ra são enriquecidos apenas em TRP, havendo empobrecimento relativo em todas as outras unidades e litologias. Em todas elas se verifica que o patamar de normalização das TRP é ligeiramente mais elevado que o patamar das TRL. Esta relação pode resultar do conteúdo em zircão, já que este mineral pode induzir um enriquecimento preferencial das TRP (Taylor et ai., 1986), mas todas as litologias apresentam empobrecimento relativo em Zr, com excepção das rochas QF das Unidades SE, Ra e AC.

Cap. 4 - Litoseoquímica

=> Serão feitas considerações mais detalhadas sobre o conteúdo nos elementos metálicos mais móveis, Zn, Cu, Sb e Au, para o capítulo 5, onde será discutido o significado da distribuição destes elementos, cujo conteúdo é fortemente afectado pela presença de minerais metálicos secundários, sobretudo sulfuretos. Contudo, desde já importa realçar as relações de enriquecimento e empobrecimento em geral opostas entre o As, o Sb e o Au. Verifica-se também que na maioria das unidades, há teores em Au mais elevados nas litologias pelíticas do que nas litologias mais quartzosas.

=>Os elementos de fonte máfica, Sc, V, Cr, Co e Ni estão empobrecidos, relativamente à unidade Cu, em todas as unidades do DEC, sendo o V e o Cr aqueles que regitam um menor empobrecimento. São excepção os filitos da Unidade SE, enriquecidos em todos os elementos referidos e também em AI2O3, Fe203 e K20, o que significa que o conteúdo naqueles elementos está relacionado

com os minerais de argila, sobretudo com a ilite.

4.2.4 - SIGNIFICADO DA COMPOSIÇÃO EM ELEMENTOS