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O metamorfismo regional foi um metamorfismo monocíclico com um único pico térmico (Hibbard, 1995), embora com episódios de intensificação e relaxamento da componente dinâmica do metamorfismo. Esta componente está marcada sobretudo na textura metamórfica, enquanto a evolução térmica é evidenciada pela mineralogia.

As relações de blastese e deformação, sintetizadas no Quadro 3.1, indicam que o pico térmico do metamorfismo foi atingido ante a sin D„+i. A associação paragenética que marca este pico térmico não difere da que foi definida nos sectores mais a oeste, correspondentes a um nível estrutural mais profundo (Noronha, 1983), e onde as condições máximas estimadas para o metamorfismo regional são P=3,5 a 4 Kb e T=500°C. O metamorfismo de contacto tem nessa região condições máximas correspondentes a T= 550° C e P= 2 Kb.

Na RVPA a zona da andaluzite no metamorfismo regional é relativamente restrita em área, o mesmo se verificando na ocorrência de granada. O facto de este mineral ter uma ocorrência restrita e o facto de a biotite a ele associada estar cloritizada impossibilita a utilização de geotermómetro granada-biotite (Ferry & Spear, 1978). Na aplicação do geotermómetro de Cathelineau & Nieva (1985) às clorites associadas à granada e à biotite foram determinadas temperaturas mais baixas que as das clorites hidrotermais, significando que se trata da temperatura do retrometamorfismo. A utilização de outros geotermómetros e geobarómetros é sempre dificultada pela ausência de alguma das fases paragenéticas nas associações mineralógicas. Face a esta situação é necessário ter em conta as associações minerais e aos minerais índice para inferir as condições do pico metamórfico.

A presença de estaurolite, anterior à andaluzite e em equilíbrio com ela, associadas à biotite e esporadicamente a granadas de composição almandina com importante componente espessartítica, funcionam como indicadores de que em pequenos "domos" do DEC, o pico térmico se verificou-se a temperaturas superiores a 400°C e precedido por um pico barométrico com pressões superiores de 4Kb. Na zona da andaluzite

Cap. 3 - Petrografia e evolução metamórfica

definida em torno do granito da Gralheira no DETM não foi identificada nem estauroíite, nem granada.

A estimativa das condições barométricas no metamorfismo de baixo grau é difícil, mas os minerais com alumínio em coordenação octaédrica tendem a ser estáveis em condições de mais alta pressão do que os minerais com alumínio em coordenação tetraédrica, razão pela qual a percentagem de celadonite tende a ser mais importante nas moscovites de mais alta pressão (fig. 3.17) (Powell & Evans (1983). A utilização do geobarómetro de Massonne & Schreyer (1987), aplicado a fengites em associação com feldspato K + flogopite + quartzo, embora em grande parte das associações mineralógicas o feldspato potássico esteja ausente, em paralelo com o geotermómetro de Velde (1965 e 1967) baseado no conteúdo em Si das fengites, permitiu estabelecer dois grupos composicionais de fengites correspondentes a dois grupos distintos de condições P-T (fig. 3.17). Deve realçar-se aqui que Velde (1965 e 1967) apontou o conteúdo em Si das fengites como um parâmetro composicional dependente da temperatura e independente das outras fases mineralógicas em associação, enquanto Massonne &

Schreyer (1987) consideram que o conteúdo em Si das fengites é mais controlado pela pressão do que pela temperatura. Contudo a aplicação conjunta dos dois métodos termobarométricos permitiu definir dois grupos composicionais correspondendo a diferentes condições P-T:

- Grupo formado pelas amostras MA 22, MA 121, MA 100, MA 95, com importante conteúdo em molécula celadonítica e com um teor médio de Si de 3,2. As condições correpondentes a esta composição serão T = 350a450°CeP = 3,5a4 Kb;

- Grupo formado pelas amostras MA 183, MA 169 (ambas da Unidade Cu-T), MA 52 e amostras da Unidade Go, com elevado conteúdo em paragonite e com um teor médio de Si de 3.1, a que corresponderão condições de T = 500 a 550° C e P - 3 a 3,5 Kb.

Cap.3 - Petrografia e evolução metamórfica

Si O 5 10 15 20 25 % Celadonite

o MA110-SE O MA 22-SE + MA 100-Cb OMA 121-AC

- MA 52-Cu X MA 95-Cu AMA 163-Cu(T) XMA169-Cu(T)

« M A 3-Go • MA 9-Go 4 MA 11-Go

Fig. 3.17 - Representação gráfica da relação do conteúdo em sílica das fengites em associação com feldspato potássico + flogopite + quartzo, com a pressão e a temperartura ( Massonne & Schreyer, 1987), e representação do conteúdo em Si e da % em celadonite das micas brancas analizadas.

As amostras cujas micas brancas definem o primeiro grupo pertencem sobretudo ao DEC, apenas com a excepção da amostra MA 95 (Unidade Cu) enquanto as amostras cujas micas brancas definem o segundo grupo pertencem às unidades Cu, Cu-T e Go (esta no sector a oeste da falha Régua-Verin, no encosto do granito de Cabeceiras). Este aspecto parece ser significativo de que o gradiente barométrico foi mais elevado no DEC do que DETM, ou de que os reajustamentos térmicos posteriores ao pico barométrico que se verificaram no DETM se desenvolveram de forma mais intensa do que no DEC. As temperaturas indicadas pela clorites (Cathelineau & Nieva, 1985) são do metamorfismo retrógrado e variam entre 280 e 340CC.

Cap. 3 - Petrosrafia e evolução metamórfica

Em síntese o metamorfismo regional que afectou as unidades da RVPA está directamente relacionado com a intrusão dos maciços graníticos num processo que Oen (1970) designou por plutonometamorsimo. O pico térmico do metamorfismo foi atingido ante a sin- Dn+i na dependência da subida dos magmas que geraram os granitos

sintectónicos em condições de T = 500 a 550° C e P = 3 a 3,5 Kb, sendo o pico barométrico anterior ao pico térmico e atingido na sequência da sobreposição dos mantos alóctonos e das escamas parautóctonas associadas, em condições de T = 500 a 550° C e P = 3 a 3,5 Kb (fig. 3.18). No período pós Dn+i, por diminuição das condições

P-T verificou-se um metamorfismo retrógado, cujas temperaturas, indicadas pela clorite (Cathelineau & Nieva, 1985) variam entre 280 e 340°C.

Na fig. 3.18 está esquematizada a trajectória P-T do metamorfismo da RVPA e estão indicadas as linhas de conteúdo em Si das fengites que dilimitam o campo das condições P-T, assim como as linhas que limitam os campos de estabilidade dos polimorfos AI2SÍO5 definidos por diferentes autores.

Campos de estabilidade dos polimorfos AI2Si05 :

A Robie & Hemingway, 1964 8 Ríchaidsonetal, 1989 C Althaus, 1967

g Isolinhas Si'v, nas fengites ( Massone & Schreyer,1987)

PH2oKb 6 - Sl=3. Si=3.2- Si=3.1 T°C 250 450 650

CAPÍTULO 4 - LITOGEOQUÍMICA

Composição e grau de maturidade geoquímica das unidades.