• Nenhum resultado encontrado

3.1.1.1 - ZONA DA CLORITE

Os filitos, os gresofilitos e os quartzofilitos têm mineralogias semelhantes, diferindo principalmente nas percentagens modais do quartzo. Os quartzofilitos têm uma percentagem modal de quartzo muito superior aos gresofilitos, e não têm leitos sedimentares diferenciados. A textura é granoblástica a granolepidoblástica nos quartzofilitos e granolepidoblástica a lepidoblástica nos gresofilitos e nos filitos. A blastese resultante do metamorfismo térmico e do retrometamorfismo impõe localmente algum carácter porfiroblástico. Contudo a textura característica das litologias referidas é granolepidoblástica e lepidoblástica.

Cap. 3 - Petroerafía e evolução metamórfica

Os gresofilitos apresentam zonas essencialmente quartzosas, alternando com zonas de textura lepidoblástica essencialmente micáceas. Estas alternâncias quartzosas e micáceas não resultam de diferenciação metamórfica, sendo herdadas do processo sedimentar e representam alternâncias de leitos greso-siltosos e argilosos. A estratificação - S0 está em

geral bem preservado, mesmo à escala microscópica, verificando-se que a composição e textura dos leitos sedimentares condicionam a recristalização e blastese metamórfica.

Os filitos, gresofilitos e quartzofilitos apresentam idêntica associação mineralógica, embora com variação das percentagens modais, sobretudo as do quartzo e as das micas:

- quartzo + mica branca + clorite +/- biotite +/- granada +/- opacos (óxidos de ferros, ilmenite e matéria orgânica) +/- turmalina +/- zircão +/- esfena e leucoxena.

Esta associação mineralógica observa-se na maioria da extensão do afloramento das unidades do DETM, com excepção do sector SW da RVPA na proximidade do granito sintectónico da Gralheira, que apresenta uma associação mineralógica correspondente à zona da biotite e à da andaluzite, e do sector abrangido pela auréola de contacto do granito pós-tectónico de Vila Pouca de Aguiar.

O quartzo, sobretudo nas zonas mais quartzosas, tem tendência automórfica, com a ocorrência de muitos pontos triplos ou forma alongada segundo a foliação principal Sn.

Nos leitos mais gresosos e siltosos desenvolvem-se abundantes filonetes de quartzo concordantes com S„, e em geral com S0 (Est. Vl-foto 1). Como estes filonetes são

anteriores a Dn+i, vão condicionar o desenvolvimento da clivagem de crenulação Sn+i,

que nas suas proximidades desenvolve planos com movimentação relativa importante. Nos quartzofilitos ocorrem clastos de quartzo cujo posterior crescimento por recristalização metamórfica, engloba inclusões de sericite paralelas a S„ e S0. Alguns

Cap. 3 - Petrografia e evolução metamórfica

A mica branca apresenta-se normalmente em finas palhetas e em pequenos cristais tabulares - sericite, marcando a foliação S„ e a clivagem de crenulação Sn+i (Est. VII-

fotol). Os pequenos cristais têm cor esverdeada e apresentam um ligeiro pleocroismo entre o amarelo e o amarelo esverdeado. Em algumas amostras observa-se a existência de intercrescimentos lamelares de mica branca em cristais de clorite, formando lentículas cujo alongamento é paralelo à xistosidade Sn, com os intercrescimentos lamelares do dois

minerais orientados perpendicularmente ao alongamento das lentículas. O mesmo aspecto petrográfico também foi referido por Brink (1969) e por Priem (1962). Observa- se também, por vezes, uma mica branca tardi a pós-Sn+i - moscovite, de cristais incolores

e em geral de dimensão superior aos anteriores, sem orientação muito definida embora marcando preferencialmente S„+i, mas bastante menos abundante do que a mica serítica. Assim, identificam-se duas gerações de mica branca: uma sericite sin-S„ a sin-Sn+i (mica

branca sin-cinemática), e uma moscovite tardi a pós- S„+i (mica branca tardi a pós- cinemática).

A clorite é sin-cinemática e apresenta-se em finas palhetas segundo S„, crenuladas e reorientadas segundo Sn+i, tal como a mica branca. Como já referimos no parágrafo

anterior existem lentículas de clorite com intercrescimentos de mica branca, orientadas segundo a foliação Sn. Esta clorite tem um pleocroismo suave entre o verde e o incolor.

Localmente ocorre uma biotite incipiente, por vezes com uma cor alaranjada e sem clivagem. Esta biotite aparece condicionada por S„+i, em zonas onde houve circulação de fluidos ricos em óxidos de ferro ou nos eixos da crenulação de Dn+1 (Est. VII-foto 2).

Nas amostras com biotite incipiente existe uma clorite retrometamórfica, com pleocroismo mais forte que o das clorites sin-cinemáticas, sem orientação preferencial e por vezes em aglomerados.

Em dois dos locais em que se verificou a existência de biotite, esta ocorre em associação com granada, em filitos da Unidade Cu, respectivamente no contacto com a Unidade FN num alinhamento entre o Vale de Carvalho (M=250,025*P=506,075) (Est. IX-fotos 1 e 2) e o Rib° do Bracedo (M=255,400*P=503,800) (Est!), e no contacto com a unidade VE, na Ribft do Malho (M=257,300*P=505,700). Esses locais correspondem a limites

Cap. 3 - Petrografia e evolução metamórfica

entre litologias com diferentes competências, verificando-se em ambos os locais a sobreposição estrutural de liditos e xistos negros sobre os xistos granatíferos.

Os minerais acessórios mais comuns são os opacos e a turmalina, secundados pelo zircão, pela esfena e pela apatite, ausentes em algumas das amostras. Os opacos são essencialmente matéria orgânica que se concentra sobretudo nas zonas mais micáceas ou nos seus bordos. Existe também ilmenite, frequentemente esquelética e que se identifica pela sua alteração para esfena e leucoxena. A turmalina tem um carácter pós-cinemático e apresenta-se em pequenos cristais automórficos, com pleocroísmo entre o amarelo esverdeado e o castanho. O zircão ocorre em pequenos grãos, em geral arredondados. A esfena e a leucoxena surgem normalmente associadas em cristais irregulares e são sobretudo resultantes da alteração da ilmenite.

3.1.1.2 - ZONA DA BIOTITE

A esta zona corresponde a seguinte associação mineralógica:

- quartzo + mica branca + biotite +/- granada +/- clorite +/- albite +/- opacos (óxidos de ferros, ilmenite, e matéria orgânica) + turmalina +/- zircão +/- esfena e leucoxena +/- apatite.

Os minerais têm aspectos petrográficos idênticos aos descritos para a zona da clorite, sendo apenas de referir que a biotite é uma mineral comum, cujos blastos são visíveis a olho nu, rodeados por uma matriz quartzo-moscovítica com cristais de menor dimensão. A blastese de biotite, na maioria dos casos, aparece preferencialmente associada a zonas mais quartzosas onde os cristais de quartzo também têm maior dimensão (Est. VIII- fotol), ou marcando os planos de Sn+i. A blastese de biotite verifica-se num período

Cap. 3 - Petrografia e evolução metamórfica

3.1.1.3 - ZONA DA ANDALUZITE

A esta zona, restrita às proximidades do Granito da Serra da Gralheira, corresponde a seguinte associação mineralógica:

- quartzo + mica branca + biotite + andaluzite +/- clorite +/- opacos (óxidos de ferros, ilmenite, e matéria orgânica) + turmalina +/- zircão +/- esfena e leucoxena +/- apatite.

A andaluzite apresenta-se em porfíroblastos, em geral moscovitizados, visíveis a olho nu. Quando não alterada apresenta uma textura poicilítica com inclusões de quartzo e matéria orgânica, que definem uma foliação interna paralela à foliação externa. Esta foliação contorna os profiroblastos e é afectada por eles (Est. VIII-foto2). Nas proximidades do Granito da Gralheira verifica-se paralelismo de So com Sn e com S„+i,

pelo que é difícil estabelecer uma cronologia segura da andaluzite relativamente às foliações, mas é seguramente anterior à última reactivação da foliação, ou seja à folição S„+i. Tendo em consideração que a andaluzite que foi observada no Alto das Fragas (DEC) é ante Dn+i e pós D„, podemos atribuir-lhe a mesma cronologia nos dois domínios.