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6.2 Estimativa do Percentual de Cristalinidade

6.2.4 Compara¸c˜ ao dos M´ etodos

Pode-se notar que os resultados obtidos para os diferentes m´etodos apresentam varia¸c˜oes de percentual de cristalinidade, como mostra a Tabela 6.2.

Tabela 6.2 - Compara¸c˜ao dos resultados do percentual de cristalinidade utilizando os m´etodos propostos

M´etodos Amostras D.P S.S.A bkg S.S.A sem bkg P.I PANI 52% 63% 20% 67% POMA 59% 61% 13% 62% POEA 58% 60% 25% 54%

Visto que todos os m´etodos utilizam-se de c´alculos de ´area dos padr˜oes de DRX (cristalino e n˜ao cristalino) das amostras para a estimativa dos percentuais de cristalini- dade. Tais resultados podem estar relacionados a alguns fatores:

• No padr˜ao de difra¸c˜ao da PANI observa-se que os m´ınimos dos picos s˜ao mais in- tensos que os mesmos m´ınimos apresentados na POMA e na POEA nas regi˜oes compreendidas entre aproximadamente 15◦ `a 45◦ em 2θ. Dessa forma, a PANI pos- sui maior quantidade de ´area a se tentar ”preencher”(com uma curva n˜ao cristalina

48 6.3 Refinamento Estrutural

determinada por uma fun¸c˜ao, seja ela Gaussiana, Lorentziana ou outra) do que os padr˜oes de DRX da POMA e POEA, quando comparados com a metodologia da deconvolu¸c˜ao de picos.

• Tal fato n˜ao ocorre com a utiliza¸c˜ao do m´etodo de separa¸c˜ao simples de ´area, pois a curva utilizada ´e totalmente manipul´avel, ficando a crit´erio do operador a forma que a curva pode adquirir, estando esta medida, portando, sujeita a erros.

• Em rela¸c˜ao ao m´etodo do padr˜ao interno, n˜ao h´a qualquer manipula¸c˜ao da forma do padr˜ao de difra¸c˜ao da amostra n˜ao cristalino, sendo talvez o m´etodo de melhor confiabilidade. Por´em, existe uma grande quest˜ao a ser discutida aqui: um pol´ı- mero amorfo n˜ao tem o mesmo significado de um pol´ımero degradado. Por isso, a temperatura utilizada ´e um parˆametro muito importante para o processo de amorfi- za¸c˜ao da amostra. Se essa temperatura for ultrapassada, o difratograma resultante ser´a de um pol´ımero degradado e, muitas vezes, essa degrada¸c˜ao pode resultar ape- nas no elemento carbono. Neste caso, o difratograma obtido n˜ao seria do pol´ımero amorfizado.

6.3

Refinamento Estrutural

Para a realiza¸c˜ao do ajuste Le Bail das amostras de PANI, POMA e POEA, foram utilizados como dados de entrada os parˆametros de cela referentes ao tetrˆamero da anilina propostos por Evain et al. (2002).

A tabela 6.3 mostra os parˆametros refinados das amostras sintetizadas. Os valores encontrados foram comparados com aqueles obtidos por Evain et al. (2002) e entre as pr´oprias amostras.

Atrav´es dos difratogramas das amostras mostrados na Figura 6.1 ´e poss´ıvel visua- lizar que a PANI pode ser sintetizada em duas diferentes estruturas. A primeira estrutura est´a relacionada `a adi¸c˜ao r´apida dos reagentes e `a m´a dopagem do material realizada pelos contra´ıons provenientes do ´acido utilizado na s´ıntese. Por outro lado, quando a adi¸c˜ao lenta dos reagentes ´e utilizada, aliada `a dopagem eficiente dos contra´ıons [64], um novo pico localizado em 2θ = 6.3◦ ´e observado. Como dito anteriormente, este pico ´e obtido devido a novos planos de reflex˜ao que s˜ao criados na estrutura do material que foi modifi- cada pela incorpora¸c˜ao dos ´ıons dopantes na cadeia polim´erica. Devido `a essa necessidade de incorpora¸c˜ao, uma nova cela unit´aria, de volume maior, precisa ser prevista no refina- mento. Dessa forma, durante o refinamento estrutural, foi preciso modificar o parˆametro b da cela unit´aria [3, 4, 64] pois os valores te´oricos previstos por Evain 2002 [42] s˜ao do monocristal do tetrˆamero da anilina, ou seja, n˜ao considera a presen¸ca de ´ıons dopantes

6.3 Refinamento Estrutural 49

Tabela 6.3 - Compara¸c˜ao dos parˆametros de rede das amostras de PANI, POMA e POEA

Parˆametros Refin´aveis Evain (2002) PANI Sanches (2013) PANI ADI ¸C ˜AO R ´APIDA POMA POEA a (˚A) 5.7328 5.7121 5.7122 5.6865 5.9367 7.5851 b (˚A) 8.8866 18.0923 17.8393 9.0086 10.9583 12.4305 c (˚A) 22.6889 22.6382 22.8027 22.1457 22.3178 22.3682 α (◦) 82.7481 82.6141 83.1575 83.6211 82.9816 82.8657 β (◦) 84.5281 84.5873 84.6971 84.6110 85.1968 84.6418 γ (◦) 88.4739 88.6641 88.4419 88.6432 88.6478 89.4867 V(˚A)3 1155.8 2339.5 2296.95 1134.4 1451.9 2109.0 Tamanho M´edio do Cristalito (˚A) - 39 39 46 41 31 Cristalito na dire¸c˜ao [100] (˚A) - 49 49 86 58 40 Cristalito na dire¸c˜ao [010] (˚A) - 26 45 39 64 25 Cristalito na dire¸c˜ao [001] (˚A) - 34 27 28 23 31 Rp(%) 1.57 1.52 2.41 3.14 2.67 Rwp(%) 2.55 1.97 4.13 7.00 4.57 χ2 3.51 2.27 8.95 9.32 6.34

na estrutura polim´erica. Esse fato resultou no aumento do parˆametro b de 8.8866 ˚A para 18.0923 ˚A, sendo poss´ıvel observar tamb´em nos resultados obtidos por Sanches 2013 [64]. Por´em, esse pico adicional verificado no difratograma da PANI n˜ao ´e comumente relatado em literatura. Os difratogramas da PANI geralmente reportados s˜ao aqueles resultantes da polimeriza¸c˜ao por adi¸c˜ao r´apida de reagentes.

A melhor compara¸c˜ao entre as diferen¸cas estruturais da PANI, POMA e POEA s˜ao feitas quando os padr˜oes de DRX dos derivados da PANI s˜ao comparados com o padr˜ao de DRX da PANI obtida por adi¸c˜ao r´apida. Nesta compara¸c˜ao, fica claro o deslocamento dos picos localizados abaixo de 2θ = 30◦ para valores menores de 2θ. Este deslocamento ´e resultado de celas unit´arias com parˆametros maiores no caso da POMA e POEA, estando de acordo com o fato do grupo lateral localizado na posi¸c˜ao orto desses materiais necessitar de mais espa¸co para a acomoda¸c˜ao de suas mol´eculas em suas respectivas celas unit´arias. Esse aumento no volume das celas unit´arias da POMA e POEA ´e consequˆencia de valores maiores necess´arios para os parˆametros a e b, uma vez que o comprimento das cadeias (dispostas ao longo do eixo c) n˜ao interfere na acomoda¸c˜ao dos grupos laterais.

50 6.3 Refinamento Estrutural

dire¸c˜oes [100], [010] e [001], plotados atrav´es do programa GFourier Program [67],como mostra a figura 6.20.

(a) Polianilina de Adi¸c˜ao Lenta

(b) Polianilina de Adi¸c˜ao R´apida

(c) Poli(o-metoxianilina)

(d) Poli(o-etoxianilina)

6.4 Microscopia Eletrˆonica de Varredura (MEV) 51

Podemos comparar os cristalitos da PANI de adi¸c˜ao lenta com a de adi¸c˜ao r´apida, como mostra a Figura 6.20. A forma dos cristalitos de ambas s˜ao semelhantes com exce¸c˜ao da dire¸c˜ao a, que pode ser atribu´ıda `a adi¸c˜ao r´apida dos reagentes e `a m´a dopagem do material realizada pelos contra´ıons provenientes do ´acido utilizado na s´ıntese, como discutido anteriormente, o que n˜ao ocorre com a PANI de adi¸c˜ao lenta.

Observa-se atrav´es das formas dos cristalitos que a POMA e a POEA possuem maior simetria esf´erica do que a PANI de adi¸c˜ao lenta e a PANI de adi¸c˜ao r´apida. Tais formas devem-se ao fato de que a POMA e a POEA possuem grupos funcionalizados em sua estrutura e como visto, os parˆametros de cela das mesmas aumentaram nas dire¸c˜oes a e b, fazendo com que obtivessem cristalitos com maior simetria.

A qualidade do refinamento pode ser observada atrav´es dos parˆametros de ajuste indicados na Tabela 6.3, mostrando que o refinamento final apresentou convergˆencia sa- tisfat´oria.

Os fatores de qualidade de ajuste mostram que os difratogramas calculados e observados est˜ao em boa concordˆancia, ressaltando que a estrutura foi bem refinada. O perfil residual (Rp) e o perfil residual ponderado (Rwp) confirmam um bom acordo entre

os difratogramas calculados e experimentais. Como Rp = 100

Pn

i=1|yi−yc,i|

Pn

i=1yi e Rwp = 100

hPn

i=1wi|yi−yc,i|2

Pn i=1wiyi2

i1/2

, o bom acordo entre os difratogramas calculados e os experimentais ´e devido ao fato de que n˜ao foram obser- vadas grandes discrepˆancias entre os valores observados e calculados de intensidades y em cada ponto i.

6.4

Microscopia Eletrˆonica de Varredura (MEV)

Atrav´es das imagens de MEV foi poss´ıvel analisar as morfologias das amostras, sendo poss´ıvel identificar as altera¸c˜oes na morfologia da PANI quando sua estrutura ´e modificada para a obten¸c˜ao de seus derivados orto-substitu´ıdos pelos grupos funcionais H3CO e H5C2O, os quais d˜ao origem aos pol´ımeros POMA e POEA.

Foi poss´ıvel observar que a morfologia da PANI ´e constitu´ıda por aglomerados de nanofibras definidas, e que as mesmas formam-se em dire¸c˜oes aleat´orias. O elevado grau de aglomera¸c˜ao impediu que os comprimentos e as espessuras das nanofibras fossem determinadas. As imagens de MEV da PANI s˜ao representadas na Figura 6.21.

52 6.4 Microscopia Eletrˆonica de Varredura (MEV)

(a) 1 µm (b) 300 nm

(c) 300 nm (d) 200 nm

Figura 6.21 - Microscopias da polianilina

A figura 6.22 mostra a morfologia da POMA em diferentes escalas. A POMA tamb´em possui morfologia definida, mas n˜ao ´e a de nanofibras. A morfologia da POMA pode ser descrita como ves´ıculas, ou seja, s˜ao esferas ocas de tamanhos variados. Nas imagens da Figura 6.22 notam-se aglomerados de nanoesferas completas e incompletas (a qual ´e resultado de m´a cristaliza¸c˜ao).

6.4 Microscopia Eletrˆonica de Varredura (MEV) 53

(c) 2 µm (d) 1 µm

(e) 200 nm (f) 300 nm

Figura 6.22 - Microscopia da poli(o-metoxianilina)

A morfologia da POEA, mostrada em diferentes escalas na Figura 6.23, revelou- se semelhante `a da POMA, tamb´em formada por ves´ıculas de tamanhos variados. Neste ponto, o interessante ´e observar que a inser¸c˜ao de grupos laterais na posi¸c˜ao orto do monˆomero de anilina causa diferen¸cas significativas tamb´em na morfologia dos pol´ımeros resultantes, as quais s˜ao reflexos das modifica¸c˜oes estruturais do pol´ımero.

54 6.5 Condutividade El´etrica

(c) 1 µm (d) 2 µm

Figura 6.23 - Microscopias da poli(o-etoxianilina)

6.5

Condutividade El´etrica

A rela¸c˜ao entre tens˜ao cont´ınua aplicada e corrente para um condutor ohmico ´e dada por:

V = RI (6.1)

onde R, o fator de proporcionalidade, ´e a resistˆencia el´etrica dada em Ω, no Sistema Internacional de Unidades. Levando em considera¸c˜ao as dimens˜oes do material, podemos ainda, representar R por:

R = ρl

A (6.2)

sendo l a espessura, A a ´area da se¸c˜ao reta e ρ ´e a resistividade el´etrica (geralmente dada por Ω.cm).

Figura 6.24 - Representa¸c˜ao dimensional das amostras pastilhadas

Para um gr´afico I x V, o coeficiente angular nos d´a o inverso da resistividade, ou seja, a condutividade (rec´ıproco da resistividade):

6.5 Condutividade El´etrica 55

σ = 1 ρ =

l

RA (6.3)

cuja unidade ´e geralmente dada por Ω−1.cm−1 ou S.cm−1 (onde S ´e de ”Siemens”). A figura 6.25 mostra o gr´afico de I vs V para os trˆes pol´ımeros e os valores de condutividade el´etrica σ est˜ao descritas na tabela 6.4:

0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 Tens ˜ao (V) -0.01 0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 Corrente (mA) Poea Poma Pani

Figura 6.25 - Condutividade das amostras de PANI, POMA e POEA.

Tabela 6.4 - Medidas de Condutividade das amostras de PANI, POMA e POEA

Amostra σDC(S.cm−1)

PANI 2,1.10−3

POMA 1,2.10−3

POEA 9,4.10−4

Os resultados de condutividade mostram que a PANI ´e mais condutora que seus derivados, resultado este que pode ser atribu´ıdo ao melhor empacotamento das cadeias, uma vez que a PANI n˜ao possui grupos laterais. A PANI apresentou condutividade el´etrica 43% superior `a POMA e 55% maior que a POEA.

Em rela¸c˜ao aos derivados, pode-se observar que POMA ´e 20% mais condutora que a POEA. Seguindo o mesmo racioc´ınio relacionado `a estrutura molecular de cada po- l´ımero, pode-se atribuir a melhor condutividade da POMA em rela¸c˜ao `a POEA ao melhor

56 6.5 Condutividade El´etrica

empacotamento de suas cadeias, devido ao menor tamanho dos grupos laterais. Estes resultados corroboram com os valores de cristalinidade estimadas pelo m´etodo do padr˜ao interno. Uma vez que as cadeias polim´ericas est˜ao alinhadas em um empacotamento re- gular, melhor ser´a a mobilidade dos portadores de carga pelos mecanismos intracadeia, intercadeia e percola¸c˜ao. Esses mecanismos de transporte s˜ao prejudicados quando o ar- ranjo n˜ao possui regularidade, ou seja, quanto maior a fase n˜ao cristalina do pol´ımero, menor deve ser sua condutividade.

Por isso, os valores da condutividade el´etrica tamb´em nortearam a escolha do melhor m´etodo para a estimativa do percentual de cristalinidade, uma vez que a rela¸c˜ao de cristalinidade entre PANI, POMA e POEA s´o tiveram concordˆancia com a teoria (grupos laterais cada vez maiores prejudicam o empacotamento molecular) nos resultados obtidos pelo m´etodo do padr˜ao interno.

Cap´ıtulo 7

Considera¸c˜oes Finais

Esta pesquisa apresentou duas etapas: (i) a s´ıntese dos pol´ımeros e sua caracte- riza¸c˜ao estrutural e morfol´ogica, e (ii) a avalia¸c˜ao de m´etodos de estimativa de percentual de cristalinidade utilizando padr˜oes de DRX correlacionada aos valores de condutividade el´etrica.

Atrav´es dos padr˜oes de DRX da PANI, POMA e POEA no estado semicristalino, foi poss´ıvel verificar ind´ıcios a respeito de modifica¸c˜oes na estrutura molecular dos pol´ıme- ros ao comparar o padr˜ao da PANI com o de seus derivados. O refinamento estrutural pelo M´etodo de Le Bail e a estimativa dos percentuais de cristalinidade dos materiais atrav´es da aplica¸c˜ao dos m´etodos propostos tamb´em evidenciaram esse fato. Ou seja, a presen¸ca dos grupos −OCH3 e −OC2H5 na posi¸c˜ao orto da POMA e POEA, respectivamente,

causaram modifica¸c˜ao a n´ıvel molecular que puderam ser analisadas sob o ponto de vista estrutural e morfol´ogico, influenciando na cristalinidade e na condutividade el´etrica dos pol´ımeros. Em rela¸c˜ao `as modifica¸c˜oes estruturais a n´ıvel molecular, observou-se que os padr˜oes de DRX da POMA e POEA s˜ao deslocados para menores valores de 2θ quando comparados com os respectivos picos presentes no padr˜ao de DRX da PANI, indicando diferen¸cas nas dimens˜oes das celas unit´arias dos derivados (celas maiores) devido `a pre- sen¸ca dos grupos laterais presentes na posi¸c˜ao orto dos an´eis de carbono. O refinamento estrutural mostrou a necessidade de aumento dos parˆametros a e b das celas unit´arias da POMA e POEA, por´em, o parˆametro c n˜ao foi alterado devido ao fato do acomodamento dos grupos laterais n˜ao influenciarem no comprimento das cadeias dispostas ao longo do eixo c.

Analisando os resultados estimados dos percentuais de cristalinidade da PANI, POMA e POEA atrav´es dos trˆes m´etodos propostos, observou-se que em todas as amostras foram obtidos resultados relativamente pr´oximos para os m´etodos de separa¸c˜ao simples de ´area e m´etodo do padr˜ao interno. Os resultados mais discrepantes foram obtidos pelo m´etodo de deconvolu¸c˜ao de picos para a amostra PANI. Como discutido na se¸c˜ao 6.2.5, tais resultados podem estar relacionados com as manipula¸c˜oes das fun¸c˜oes matem´aticas que representam o perfil n˜ao cristalino das amostras. Tal manipula¸c˜ao n˜ao pode ser reali- zada no m´etodo do Padr˜ao Interno, pois como discutido anteriormente, a aplica¸c˜ao desse m´etodo requer a obten¸c˜ao do padr˜ao de difra¸c˜ao das amostras no estado n˜ao cristalino.

58

Antes da aplica¸c˜ao do m´etodo do padr˜ao interno foi preciso analisar a estabilidade t´ermica das amostras, submetendo-as `as an´alises de TG/DSC. Tais an´alises foram feitas para a obten¸c˜ao da faixa de temperatura na qual o tratamento t´ermico pudesse ser realizado.

Atrav´es das imagens de MEV foi poss´ıvel analisar as morfologias das amostras. Observou-se que a PANI possui morfologia nanofibrilar. Por outro lado, a POMA e POEA apresentaram morfologias diferentes da PANI, tendendo para o formato esf´erico vesicular. A an´alise morfol´ogica dos pol´ımeros permitiu comprovar que a introdu¸c˜ao de grupos laterais no monˆomero da anilina para a obten¸c˜ao de derivados causa modifica¸c˜oes significativas na estrutura dos pol´ımeros, e essas modifica¸c˜oes estruturais refletiram na morfologia dos derivados da PANI.

Atrav´es das medidas de condutividade, verificou-se que a PANI ´e mais condutora que seus derivados, resultado este que corrobora com os resultados de cristalinidade ob- tidos pelos m´etodos de separa¸c˜ao simples de ´area e de deconvolu¸c˜ao. Da mesma forma, POMA se mostrou mais condutora em rela¸c˜ao `a POEA, tamb´em favorecendo os resulta- dos obtidos atrav´es da estimativa do percentual de cristalinidade. Esses resultados eram esperados, uma vez que grupos laterais cada vez maiores prejudicam o empacotamento regular das cadeias polim´ericas e diminuem a mobilidade dos portadores de carga atrav´es dos mecanismos de transporte intr´ınsecos desses materiais.

Dessa forma, esta pesquisa teve como objetivo avaliar uma das controv´ersias mais verificadas quando se trata de pol´ımeros condutores: a efic´acia de m´etodos de estimativa de percentual de cristalinidade utilizando os padr˜oes de DRX. Neste caso, o m´etodo menos eficiente foi o de deconvolu¸c˜ao de picos devido as fun¸c˜oes matem´aticas que representaram o perfil n˜ao cristalino, bem como a pr´opria manipula¸c˜ao das fun¸c˜oes em rela¸c˜ao a at´e que ponto do difratograma original pode-se inserir o perfil n˜ao cristalino, (em rela¸c˜ao aos m´ınimos? em rela¸c˜ao a meia altura do pico mais intenso?) obtendo-se resultados mais distantes dos outros m´etodos. No entanto, os m´etodos de separa¸c˜ao simples de ´area e o m´etodo do padr˜ao interno apresentaram resultados mais pr´oximos. Por´em, ainda acreditamos que o m´etodo do padr˜ao interno seja o mais apropriado para a estimativa dos percentuais de cristalinidade, uma vez que a manipula¸c˜ao da curva n˜ao cristalina ocasionada pelo m´etodo de separa¸c˜ao simples de ´area fica sujeita a uma s´erie de erros (melhor escolha da fun¸c˜ao, erro do operador, tipo de programa utilizado etc). Dessa forma, o m´etodo do padr˜ao interno conserva as caracter´ısticas da amostra na determina¸c˜ao do padr˜ao n˜ao cristalino e est´a livre de manipula¸c˜oes. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para a melhor estimativa dos percentuais de cristalinidade desses materiais.

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