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ESTIMATIVA DO PERCENTUAL DE CRISTALINIDADE DE POLÍMEROS SEMICRISTALINOS DERIVADOS DA RAIOS X

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PR ´O-REITORIA DE PESQUISA

PROGRAMA DE P ´OS-GRADUA ¸C ˜AO EM F´ISICA

ADRIANO DE SOUZA CAROLINO

ESTIMATIVA DO PERCENTUAL DE CRISTALINIDADE

DE POL´

IMEROS SEMICRISTALINOS DERIVADOS DA

ANILINA ATRAV´

ES DOS PADR ˜

OES DE DIFRA ¸

C ˜

AO DE

RAIOS X

Manaus - AM 2017

(2)

ADRIANO DE SOUZA CAROLINO

ESTIMATIVA DO PERCENTUAL DE CRISTALINIDADE

DE POL´

IMEROS SEMICRISTALINOS DERIVADOS DA

ANILINA ATRAV´

ES DOS PADR ˜

OES DE DIFRA ¸

C ˜

AO DE

RAIOS X

Disserta¸c˜ao apresentada ao Programa de P´ os-Gradua¸c˜ao em F´ısica da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) como quesito necess´ario para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em F´ısica.

Orientador: Edgar Aparecido Sanches

Manaus - AM Fevereiro, 2017

c

(3)

Ficha Catalográfica

C292e Estimativa do Percentual de Cristalinidade de Polímeros Semicristalinos derivados da Anilina através dos Padrões de Difração de Raios X / Adriano de Souza Carolino. 2017 88 f.: il. color; 31 cm.

Orientador: Edgar Aparecido Sanches

Dissertação (Mestrado em Física) - Universidade Federal do Amazonas.

1. DRX. 2. Cristalinidade. 3. Padrão Interno. 4. Condutividade. I. Sanches, Edgar Aparecido II. Universidade Federal do Amazonas III. Título

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

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iii

(6)

Agradecimento

Primeiramente agrade¸co aos meus pais por estarem sempre ao meu lado me inten-sivivando, apoiando e cuidando, seja em momentos bons ou ruins, em momentos na qual penso em desistir ou quando concluo um objetivo. Por me proporcionarem a cada dia auxilio em tudo que precisei at´e agora.

Ao meu grande irm˜ao mais novo por sempre sentir minha falta e procurar pra jogar video game, por “fazer o meu filme”por ser f´ısico paras as pessoas e “levantar a minha bola”. Somos irm˜aos e somos grandes amigos (apesar de as vezes eu ser chato!!).

Durante todos os dias, pude estar na companhia de v´arias pessoas que fazem parte da minha vida e me proporcionam ´otimos momentos. Agrade¸co aos meus amigos da Universidade Adriane Reis, Adriano Silva, Douglas Gon¸calves, C´assio Maciel, Joelma Maria, Henrique Percinatto e ´Italo, por todas as gargalhadas e besteiras que conversamos seja na Ufam ou em qualquer lugar. Espero levar essas amizades at´e o fim.

Agrade¸co aos Professores na qual pude ter a oportunidade de conhecer como meus professores de disciplina, Prof. Mircea Galiceano, Walter Castro, Daniela Menegon, Hi-dembergue Frota, Angsula Ghosh. Atrav´es de vocˆes pude aprender muito e adquirir um “tantinho”mais de conhecimento.

Ao meu querido orientador Prof Edgar Sanches, agrade¸co por toda a paciˆencia e dedica¸c˜ao em rela¸c˜ao a esta pesquisa, pelos momentos de confraterniza¸c˜ao fora da insti-tui¸c˜ao, pelas brincadeiras e gargalhadas e pelo relacionamento n˜ao s´o de orientador/aluno, mas de amizade e respeito. Espero sempre manter contato e quem sabe um dia sermos colegas de trabalho e colaboradores em v´arias pesquisas, rsrs.

Aos meus amigos de fora da institui¸c˜ao Feliphe Silva, Silv´erio Jr, Allan Mattos, Thalita Mattos, agrade¸co por me aturarem durante todo o tempo de amizade, dividindo alegrias e tristeza.

A minha amigona Yara Santos, apesar de as vezes perdermos contato sei que sempre estaremos em prontid˜ao um para o outro. Vocˆe foi e ainda ´e uma das minhas melhores amigas e esteve ao meu lado em um momento que precisava realmente de uma amiga. Agrade¸co imensamente.

Em especial gostaria de agradecer a Adriane Reis, vocˆe Adriane ´e uma das melhores pessoas que j´a conheci, alegre e engra¸cada (quando n˜ao est´a de cara amarrada) vocˆe contagia todas as pessoas que est˜ao ao seu redor. Nossa amizade ´e algo muito importante pra mim e o respeito que tenho por vocˆe n˜ao consigo medir, obrigado por todo apoio, por me suportar quando sou insuport´avel e por existir em minha vida.

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v

Agrade¸co ao Cnpq pelo auxilio financeiro e a Institui¸c˜ao pela infra estrutura na qual foi de grande importˆancia no desenvolver dessa pesquisa.

(8)

Resumo

A separa¸c˜ao das contribui¸c˜oes cristalinas e n˜ao cristalinas de padr˜oes de difra¸c˜ao ´e um passo necess´ario para o estudo dessas regi˜oes e para a estimativa do percentual de cristalinidade de um pol´ımero semicristalino. V´arios m´etodos vˆem sendo propostos para este fim e, devido a isso, observa-se em literaturas que os resultados de cristalinidade para um mesmo material s˜ao diferentes quando submetidos aos mesmos, dando espa¸co para o questionamento a respeito da veracidade e/ou eficiˆencia desses m´etodos. Nesta pesquisa os pol´ımeros condutores intr´ınsecos Polianilina, Poli(o-metoxianilina) e Poli(o-etoxianilina) foram obtidos atrav´es da s´ıntese qu´ımica convencional, caracterizado estrutural e morfolo-gicamente, bem como submetidos `as an´alise de estimativa do percentual de cristalinidade pelos m´etodos de deconvolu¸c˜ao de picos, separa¸c˜ao simples de ´area e padr˜ao interno. Atra-v´es da t´ecnica de DRX, foram encontradas indica¸c˜oes de aumento de cela unit´aria nas amostras de POMA e POEA em rela¸c˜ao `a Polianilina, devido `a incorpora¸c˜ao dos grupos funcionais (−OCH3) e (−OC2H5) na posi¸c˜ao orto dos an´eis de carbono. O refinamento

estrutural corrobora com os resultados de DRX, evidenciando tamb´em o aumento da cela unit´aria das amostras de POMA e POEA nas dire¸c˜oes a e b. Os padr˜oes de DRX foram utilizados para a aplica¸c˜ao dos m´etodos de deconvolu¸c˜ao de picos, com percentuais de cris-talinidade estimados em 52%, 59% e 58% para a PANI, POMA e POEA, respectivamente. Atrav´es do m´etodo de separa¸c˜ao simples de ´area foram encontrados percentuais de 63%, 61% e 60% de cristalinidade para a PANI, POMA e POEA, respectivamente e percentuais de 67%, 62% e 54% de cristalinidade para as mesmas amostras utilizando o m´etodo do padr˜ao interno. As imagens de MEV permitiram a an´alise da morfologia das amostras, observando-se que a morfologia inicial da PANI (nanofibras de comprimentos e espessuras variadas) sobre significativas modifica¸c˜oes com a introdu¸c˜ao dos grupos laterais, uma vez que as morfologias da POMA e POEA apresentou aglomerados nanoesferas vesiculares incompletas de tamanhos variados As medidas de condutividade el´etrica corroboraram com os resultados de estimativa de percentual de cristalinidade obtidos pelo m´etodo do padr˜ao interno, mostrando que a PANI apresentou o maior valor, 2,1.10−3, seguido pelos valores, respectivamente, da POMA e POEA, 1,2.10−3 e 9,4.10−4.

Palavras-chave: DRX. Cristalinidade. Condutividade. M´etodos de Estimativa de Percentual de Cristalinidade. M´etodo do Padr˜ao Interno.

(9)

Abstract

The separation of the crystalline and non-crystalline contributions of diffraction patterns is a necessary step for the study of these regions and for the estimation of the crystallinity percentage of a semicrystalline polymer. Several methods have been proposed for this purpose and, due to this, it is observed in literature that the results of crystallinity for the same material are different when submitted to them, giving room for the questio-ning as to the veracity and/or efficiency of these methods . In this research the intrinsic conductive polymers Polyaniline, Poly(o-methoxyaniline), Poly(o-ethoxyaniline) were ob-tained through conventional chemical synthesis, characterized both morphologically and structurally, as well as submitted to the analysis of percentage crystallinity estimation by peak deconvolution, simple area separation and internal standard. Through the XRD technique, there were indications of unit cell increase in the POMA and POEA samples in relation to Polyaniline, due to the incorporation of the functional groups (−OCH3) and

(−OC2H5) in the ortho position of the carbon rings. The structural refinement

corrobo-rates with the results of XRD, evidencing also the increase of the unit cell of the samples of Poma and Poea in directions a and b. The XRD patterns were used for the application of peak deconvolution methods, with percentages of crystallinity estimated at 52%, 59% and 58% for PANI, POMA and POEA, respectively. Using the simple area separation method, percentages of 63%, 61% and 60% of crystallinity for PANI, POMA and POEA, respectively, and percentages of 67%, 62% and 54% of crystallinity were obtained for the same samples using Internal standard method. SEM images allowed analysis of the morphology of the samples, observing that the initial morphology of PANI (nanofibers of varying lengths and thicknesses) on significant modifications with the introduction of lateral groups, since the morphologies of POMA and POEA presented agglomerates In-complete vesicular nanospheres of varying sizes The electrical conductivity measurements corroborated with the results of the crystallinity percentage estimation obtained by the internal standard method, showing that the PANI presented the highest value, 2.1.10−3, followed by the values, respectively, of the POMA and POEA, 1.2.10−3 and 9.4.10−4. Keywords: DRX. Crystallinity. Conductivity. Methods of Estimating Percen-tage of Crystallinity. Internal Standard Method.

(10)

Lista de Figuras

2.1 Cadeia Linear . . . 4

2.2 Cadeia Ramificada Aleat´oria . . . 4

2.3 Vulcaniza¸c˜ao - Cadeia Reticulada . . . 5

2.4 Rota¸c˜ao Livre das liga¸c˜oes Simples de Carbono . . . 6

2.5 Arranjo estrutural dentro da cela ortorrˆombica de polietileno. . . 7

2.6 Conforma¸c˜ao zig-zag planar de poliamida devido a liga¸c˜oes de hidrog´enio: Poliamida - 6,6. . . 7

2.7 Tor¸c˜ao das liga¸c˜oes dos ´atomos de carbono ao longo da cadeia. . . 8

2.8 Conforma¸c˜oes em cadeia helicoidal de pol´ımeros vin´ılicos com 3, 3,5 e 4 monˆomeros por volta. . . 8

2.9 Modelo de Micela Franjada . . . 10

2.10 Modelo das Cadeias Dobradas . . . 10

2.11 Forma¸c˜ao do esferulito em 2 e 3 dimen¸c˜oes . . . 11

2.12 Microscopia ´optica mostrando a cruz de malta adquirida na sobreposi¸c˜ao dos esferulitos. . . 12

2.13 Esquema - Escala atˆomica `a microsc´opica. . . 12

3.1 Principais Pol´ımeros Conjugados . . . 14

3.2 Hibridiza¸c˜ao sp2 do carbono . . . . 15

3.3 Orbitais ligante e antiligante da mol´ecula de eteno . . . 16

3.4 Esquema de cria¸c˜ao de s´oliton positivo, negativo e estado neutro. . . 16

3.5 Esquema de cria¸c˜ao de estados polarˆonicos. . . 17

3.6 Transporte de Cargas . . . 18

3.7 F´ormula Geral da PANI . . . 19

(11)

Lista de Figuras ix

3.9 Tetrˆamero da POMA nas formas B´asica e Salina . . . 21

3.10 Tetrˆamero da POEA nas formas B´asica e Salina . . . 21

4.1 Deconvolu¸c˜ao de Picos . . . 25

4.2 Separa¸c˜ao das ´areas cristalina e n˜ao cristalina . . . 26

4.3 Perfis de Difra¸c˜ao da amostra original e no estado n˜ao cristalino. . . 27

5.1 S´ıntese da PANI-ES . . . 29

5.2 S´ıntese da POEA-ES ou POMA-ES . . . 30

6.1 Difratograma da PANI, POMA e POEA. . . 32

6.2 Deconvolu¸c˜ao de picos da Polianilina (adi¸c˜ao lenta). . . 35

6.3 Deconvolu¸c˜ao de picos da Polianilina (adi¸c˜ao r´apida). . . 35

6.4 Deconvolu¸c˜ao de picos da Poli(o-metoxianilina). . . 36

6.5 Deconvolu¸c˜ao de picos da Poli(o-etoxianilina). . . 36

6.6 Padr˜ao experimental da PANI explicitando o backgraund contido. . . 37

6.7 Separa¸c˜ao Simples das ´areas cristalina e n˜ao cristalina da Polianilina. . . . 38

6.8 Separa¸c˜ao Simples das ´areas cristalina e n˜ao cristalina da Poli(o-metoxianilina). 39 6.9 Separa¸c˜ao Simples das ´areas cristalina e n˜ao cristalina da Poli(o-etoxianilina). 39 6.10 Separa¸c˜ao Simples das ´areas cristalina e n˜ao cristalina da amostra de Po-lianilina sem a subtra¸c˜ao do background. . . 40

6.11 Separa¸c˜ao Simples das ´areas cristalina e n˜ao cristalina da amostra de Poli(o-metoxianilina) sem a subtra¸c˜ao do background. . . 40

6.12 Separa¸c˜ao Simples das ´areas cristalina e n˜ao cristalina da amostra de Poli(o-etoxianilina) sem a subtra¸c˜ao do background. . . 41

6.13 Modelo ilustrativo da contribui¸c˜ao do background no perfil n˜ao cristalino de uma amostra. . . 42

6.14 Curvas de TG e DSC da Polianilina . . . 43

6.15 Padr˜ao de Difra¸c˜ao da Polianilina no estado n˜ao cristalino . . . 44

6.16 Compara¸c˜ao dos Padr˜ao de Difra¸c˜ao da PANI, POMA e POEA no estado n˜ao cristalino . . . 45

6.17 Padr˜ao interno da polianilina . . . 46

6.18 Padr˜ao interno da poli(o-metoxianilina) . . . 46

(12)

x Lista de Figuras

6.20 Mapa de Visualiza¸c˜ao dos Cristalitos da PANI, POMA e POEA. . . 50

6.21 Microscopias da polianilina . . . 52

6.22 Microscopia da poli(o-metoxianilina) . . . 53

6.23 Microscopias da poli(o-etoxianilina) . . . 54

6.24 Representa¸c˜ao dimensional das amostras pastilhadas . . . 54

6.25 Condutividade das amostras de PANI, POMA e POEA. . . 55

A-1 Tela Inicial do Programa Origin Lab . . . 65

A-2 Passo 1 do Processo de Deconvolu¸c˜ao . . . 66

A-3 Passo 2 do Processo de Deconvolu¸c˜ao . . . 66

A-4 Passo 3 do Processo de Deconvolu¸c˜ao . . . 67

A-5 Passo 4 do Processo de Deconvolu¸c˜ao . . . 67

A-6 Passo 5 do Processo de Deconvolu¸c˜ao . . . 68

A-7 Passo 6 do Processo de Deconvolu¸c˜ao . . . 69

A-8 Passo 7 do Processo de Deconvolu¸c˜ao . . . 70

A-9 Passo 8 do Processo de Deconvolu¸c˜ao . . . 70

A-10 Passo 9 do Processo de Deconvolu¸c˜ao . . . 71

(13)

Lista de Tabelas

6.1 Posi¸c˜oes dos picos da PANI, POMA e POEA . . . 33 6.2 Compara¸c˜ao dos resultados do percentual de cristalinidade utilizando os

m´etodos propostos . . . 47 6.3 Compara¸c˜ao dos parˆametros de rede das amostras de PANI, POMA e POEA 49 6.4 Medidas de Condutividade das amostras de PANI, POMA e POEA . . . . 55

(14)

Lista de Abreveaturas:

PANI - Polianilina

POMA - Poli(o-metoxianilina) POEA - Poli(o-etoxianilina) DRX - Difra¸c˜ao de Raios X

MEV - Microscopia Eletrˆonica de Varredura TG - Termogravimetria

DSC - Calorimetria Diferencial de Varredura RMN - Ressonˆancia Magn´etica Nuclear HOMO - Highest Occupied Molecular Orbital LUMO - Lowest Unoccupied Molecular Orbital LEB - Leucoesmeraldina B´asica

PNB - Pernigranilina B´asica P.I - Padr˜ao Interno

S.S.P - Separa¸c˜ao Simples de ´Area D.P - Deconvolu¸c˜ao de Picos

(15)

Sum´

ario

1 Introdu¸c˜ao 1

2 Cristalinidade em Pol´ımeros Semicristalinos 3

2.1 Estrutura Molecular de Pol´ımeros . . . 3

2.1.1 Tipos de Cadeias . . . 3

2.2 Conforma¸c˜ao de Cadeias Polim´ericas . . . 5

2.2.1 Conforma¸c˜ao Zig-Zag Planar . . . 6

2.2.2 Conforma¸c˜ao Helicoidal . . . 8

2.3 Morfologia de Pol´ımeros Semicristalinos . . . 9

2.3.1 Modelo de Micela Franjada . . . 9

2.3.2 Modelo das Cadeias Dobradas . . . 10

2.3.3 Modelo Esferul´ıtico . . . 11

2.4 Fatores que alteram a Cristalinidade . . . 12

3 Pol´ımeros Condutores Intr´ınsecos 14 3.1 Transporte em Pol´ımeros Conjugados . . . 15

3.1.1 Estrutura Eletrˆonica de Pol´ımeros Conjugados . . . 15

3.1.2 Condutividade x Cristalinidade . . . 17

3.2 Polianilina . . . 18

3.2.1 Poli(o-metoxianilina)(POMA) e Poli(o-etoxianilina)(POEA) . . . . 20

4 M´etodos Te´oricos de Estimativa do Percentual de Cristalinidade a partir de Dados de DRX 22 4.1 Deconvolu¸c˜ao de Picos . . . 22

(16)

xiv Sum´ario

4.3 Padr˜ao Interno . . . 26

5 M´etodos Experimentais 29 5.1 S´ıntese e Prepara¸c˜ao das Amostras . . . 29

5.1.1 S´ıntese da PANI . . . 29

5.1.2 S´ıntese da POEA e POMA . . . 29

5.2 Difra¸c˜ao de Raios X (DRX) . . . 30

5.3 Microscopia Eletrˆonica de Varredura (MEV) . . . 30

5.4 TG e DSC . . . 30

5.5 Refinamento Estrutural . . . 31

5.6 Tratamento T´ermico . . . 31

5.7 Condutividade El´etrica . . . 31

6 Resultados e Discuss˜oes 32 6.1 Difra¸c˜ao de Raios X . . . 32

6.2 Estimativa do Percentual de Cristalinidade . . . 34

6.2.1 M´etodo de Deconvolu¸c˜ao de Picos . . . 34

6.2.2 M´etodo de Separa¸c˜ao simples de ´Areas . . . 37

6.2.3 M´etodo do Padr˜ao Interno . . . 42

6.2.4 Compara¸c˜ao dos M´etodos . . . 47

6.3 Refinamento Estrutural . . . 48

6.4 Microscopia Eletrˆonica de Varredura (MEV) . . . 51

6.5 Condutividade El´etrica . . . 54

7 Considera¸c˜oes Finais 57 REFERˆENCIAS 58 A Apˆendice A 65 Peak Fitting Module - Passo `a Passo . . . 65

(17)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

O estudo dos materiais vem proporcionando grandes avan¸cos na tecnologia. Tais avan¸cos s˜ao decorrentes do grande empenho dos pesquisadores em entender as proprieda-des f´ısicas, qu´ımicas e biol´ogicas dos materiais, atrav´es da an´alise de seu comportamento em n´ıvel atˆomico ou molecular e, dessa forma, gerando inova¸c˜ao tecnol´ogica em grandes ´

areas da ciˆencia [1, 2].

A aplica¸c˜ao tecnol´ogica de pol´ımeros condutores ou pol´ımeros conjugados vem crescendo a cada dia devido `as suas propriedades condutoras semelhantes aos semicon-dutores inorgˆanicos, aumentando ainda mais o interesse por esses materiais. A ampla condutividade dos pol´ımeros conjugados ´e uma das propriedades mais visadas em apli-ca¸c˜oes tecnol´ogicas e, portanto, o fenˆomeno de transporte nesses materiais nos leva a tentar conhecˆe-los de maneira mais aprofundada. Tratando-se de materiais polim´ericos, a compreens˜ao do arranjo estrutural, da estrutura molecular e da morfologia ´e extrema-mente necess´aria para a correla¸c˜ao com suas propriedades f´ısico-qu´ımicas. Sabe-se que os pol´ımeros s˜ao materiais semicristalinos, ou seja, possuem regi˜oes ordenadas e desorde-nadas que coexistem em sua estrutura, influenciando diretamente em suas propriedades mecˆanicas (elasticidade, dureza, resistˆencia `a tens˜ao), solubilidade, propriedades ´oticas, condutividade el´etrica etc.

A polianilina (PANI) ´e um pol´ımero condutor relatado primeiramente em 1862 e a partir da´ı v´arios estudos foram iniciados para caracteriza-la. A PANI recebeu grande aten¸c˜ao quando descobertas suas propriedades condutoras, bem como o baixo custo do monˆomero, facilidade de s´ıntese, dopagem e boa estabilidade qu´ımica em condi¸c˜oes ambi-entais, possibilitando vasta aplicabilidade. Uma das caracter´ısticas negativas em rela¸c˜ao a PANI, refere-se `a processabilidade da mesma, pois a PANI ´e insol´uvel na maioria dos solventes orgˆanicos e dessa forma, algumas alternativas est˜ao sendo aplicadas para sanar essa deficiˆencia. A inser¸c˜ao de grupos funcionais polares e grupos alcoxi ligados a cadeia principal facilita na solubilidade dos pol´ımeros devido a distor¸c˜ao que ocorre na cadeia. A poli(o-metoxianilina) (POMA) e a poli(o-etoxianilina) (POEA) s˜ao dois derivados da PANI e sua diferen¸ca estrutural est´a na presen¸ca dos grupos e na posi¸c˜ao orto dos an´eis de carbono. A inser¸c˜ao desses grupos melhoram a solubilidade da PANI e consequentemente aumenta sua aplicabilidade [3, 4].

(18)

2

O estudo direcionado a essas regi˜oes ordenadas e desordenadas que coexistem nos pol´ımeros semicristalinos ´e uma ´area de interesse em diversas pesquisas. Diversas t´ ecni-cas podem ser utilizadas para a quantifica¸c˜ao, gerando resultados diferenciados e algumas controv´ersias. A difra¸c˜ao de raios x ´e uma t´ecnica de caracteriza¸c˜ao de materiais que nos permite visualizar e extrair informa¸c˜oes a respeito da estrutura do material atrav´es do padr˜ao gerado pela difra¸c˜ao dos raios na estrutura. Por possu´ırem regi˜oes ordenadas e desordenadas, tenta-se estimar a cristalinidade dos materiais polim´ericos, separando as contribui¸c˜oes cristalinas (regi˜oes ordenadas) das regi˜oes n˜ao cristalinas (regi˜oes desorde-nadas), utilizando o padr˜ao de raios x.

A separa¸c˜ao das contribui¸c˜oes cristalinas e n˜ao cristalinas a partir de padr˜oes de difra¸c˜ao de Raios X ´e um passo necess´ario para o entendimento da estrutura que comp˜oe as regi˜oes mais ordenadas do pol´ımero, as quais s˜ao compostas por cristalitos nanom´etricos. Al´em da estimativa do percentual de cristalinidade atrav´es de padr˜oes de DRX, o estudo estrutural dessas regi˜oes pode gerar a proposi¸c˜ao de uma cela unit´aria representativa para essa estrutura, bem como a estimativa do tamanho dos cristalitos que comp˜oes as regi˜oes ordenadas do pol´ımero. [3, 5–7]. Uma das deficiˆencias da quantifica¸c˜ao de tais ´areas est´a relacionada `a maneira como essa separa¸c˜ao ´e realizada. V´arios m´etodos est˜ao sendo utilizados para a separa¸c˜ao e estimativa das regi˜oes cristalina e n˜ao cristalina de pol´ımeros, como densidade, infravermelho, t´ermicos, RMN e as perfis de Raios X [8]. Com essa variedade de m´etodos, observa-se que os resultados de cristalinidade obtidos para um mesmo material s˜ao vari´aveis, dando espa¸co para o questionamento a respeito da veracidade e/ou eficiˆencia desses m´etodos.

Dessa forma, o presente trabalho tem o prop´osito de investigar trˆes m´etodos de estimativa de percentual a partir de dados de DRX: o M´etodo da Deconvolu¸c˜ao, o M´etodo de Separa¸c˜ao Simples de ´Areas e o M´etodo do Padr˜ao Interno, relacionando os valores de cristalinidade obtidos por cada m´etodo.

(19)

Cap´ıtulo 2

Cristalinidade em Pol´ımeros

Semicristalinos

Desde o s´eculo passado tem-se estudado o efeito da cristalinidade em materiais semicristalinos e a influˆencia das propriedades f´ısico-qu´ımicas com o arranjo estrutural que comp˜oe regi˜oes cristalinas, bem como com as regi˜oes n˜ao cristalinas. Dessa forma, compreender as propriedades adquiridas pelo pol´ımero desde sua forma¸c˜ao, configura¸c˜ao e conforma¸c˜ao refletidas atrav´es da cristalinidade dos mesmos, permite que tais materiais se-jam melhor desenvolvidos e amplamente aplicados. Neste cap´ıtulo ser´a abordado o estudo da estrutura molecular que comp˜oe as regi˜oes cristalinas de Pol´ımeros Semicristalinos.

2.1

Estrutura Molecular de Pol´ımeros

O estudo da estrutura de materiais polim´ericos ´e um passo necess´ario para o entendimento da cristalinidade. O arranjo tridimensional decorrido de rea¸c˜oes onde fatores qu´ımicos e f´ısicos s˜ao extremamente importantes nos levam ao estudo da configura¸c˜ao e da conforma¸c˜ao das cadeias polim´ericas, que est˜ao sujeitas a restri¸c˜oes das liga¸c˜oes dos ´

atomos de carbono, como a rota¸c˜ao de liga¸c˜oes simples e ˆangulo de liga¸c˜ao, bem como a rela¸c˜ao com o tipo de cadeia que se desenvolve.

2.1.1 Tipos de Cadeias

Os pol´ımeros s˜ao mol´eculas de cadeia longa de alto peso molecular, geralmente chamadas de ”macromol´eculas”, cujo esqueleto ´e composto da sucess˜ao de um grande n´umero de liga¸c˜oes covalentes entre os ´atomos de carbono, sejam estas simples ou duplas. As cadeias polim´ericas podem se apresentar de v´arias formas ou arquiteturas [9–11], nas quais podem ser citadas:

(20)

4 2.1 Estrutura Molecular de Pol´ımeros

a) Lineares - Este tipo de cadeia polim´erica ´e constitu´ıda somente pela cadeia princi-pal, formada por monˆomeros bifuncionais. [10–12].

(a) Polietileno de alta densidade (2D) (b) Polietileno de alta densidade (3D)

Figura 2.1 - Cadeia Linear

b) Ramificadas - As cadeias ramificadas s˜ao aquelas nas quais prolongamentos s˜ao formados a partir dos meros que comp˜oem a cadeia principal, ou ainda ramifica¸c˜oes de ramifica¸c˜oes, podendo assumir uma variedade de configura¸c˜oes, dentre as quais est˜ao as aleat´orias, estreladas e pentes [10–12].

• Na configura¸c˜ao aleat´oria as ramifica¸c˜oes podem assumir tamanhos variados sem qualquer tipo de distribui¸c˜ao homogˆenea ao longo da cadeia.

(a) (b)

Figura 2.2 - Cadeia Ramificada Aleat´oria

• Na configura¸c˜ao estrelada, a cadeia polim´erica ´e formada por v´arias ramifica-¸c˜oes, mas diferentemente das ramifica¸c˜oes aleat´orias, as estreladas partem de um mesmo ponto.

• Na configura¸c˜ao pente as ramifica¸c˜oes que se formam ao longo da cadeia poli-m´erica assumem tamanhos semelhantes e s˜ao distribu´ıdos uniformemente por toda a extens˜ao da cadeia.

(21)

2.2 Conforma¸c˜ao de Cadeias Polim´ericas 5

c) Reticuladas - Essas cadeias est˜ao ligadas entre si atrav´es de ramifica¸c˜oes que se conectam por for¸cas covalentes fortes. Dessa forma, as liga¸c˜oes que se cruzam co-nectam uma cadeia `a outra(s), impedindo o livre deslizamento. [10–12].

Figura 2.3 - Vulcaniza¸c˜ao - Cadeia Reticulada

2.2

Conforma¸

ao de Cadeias Polim´

ericas

As conforma¸c˜oes adquiridas por uma mol´ecula s˜ao atribu´ıdas atrav´es das inte-ra¸c˜oes interatˆomicas regidas pela mecˆanica quˆantica, em que o sistema ´e descrito pela equa¸c˜ao de Schr¨odinger para muitos corpos. Toda mol´ecula tende a se organizar assu-mindo o menor estado de energia (estado fundamental). Atrav´es dessas intera¸c˜oes, os ´

atomos de carbono adquirem caracter´ısticas bem definidas em rela¸c˜ao `a distˆancia entre as liga¸c˜oes e o ˆangulo de rota¸c˜ao das mesmas. Tal rota¸c˜ao ´e livre, desde que obede¸ca a geometria tetra´edrica dos ´atomos de carbono que constituem a estrutura tridimensio-nal [11, 13, 14]. Assim, cada ´atomo de carbono possui o grau de liberdade de rota¸c˜ao associado a esses parˆametros, como mostra a figura 2.4:

(22)

6 2.2 Conforma¸c˜ao de Cadeias Polim´ericas

Figura 2.4 - Rota¸c˜ao Livre das liga¸c˜oes Simples de Carbono

A representa¸c˜ao da rota¸c˜ao do ´atomo de carbono ´e um exemplo na qual os ´atomos C1, C2 e C3 definem um plano de liga¸c˜ao em fun¸c˜ao do ˆangulo θ, com liga¸c˜oes L1 e L2. O ´atomo C4 dever´a ser ligado ao C3, podendo este assumir qualquer posi¸c˜ao relativa ao plano formado por C1, C2 e C3, definida pela rota¸c˜ao da liga¸c˜ao L3 e pelo ˆangulo de rota¸c˜ao φ, em que C4’ e C4”representam posi¸c˜oes nas quais C4 pode assumir, com φ = π2 e φ = 3π2 [11–13].

A conforma¸c˜ao assumida pelas cadeias de pol´ımeros no estado cristalino ´e defi-nida por dois princ´ıpios b´asicos; (i) o princ´ıpio da equivalˆencia, onde a conforma¸c˜ao de uma cadeia polim´erica no estado cristalino ´e definida por uma sucess˜ao de unidades es-truturais equivalentes, que ocupam posi¸c˜oes equivalentes geometricamente em rela¸c˜ao ao eixo da cadeia e (ii) o princ´ıpio da energia interna m´ınima conformacional, onde fatores energ´eticos que determinam a conforma¸c˜ao das cadeias polim´ericas s˜ao o efeito de ori-enta¸c˜ao da liga¸c˜ao, as intera¸c˜oes intramoleculares entre grupos laterais vizinhos ou entre grupos laterais da cadeia e efeitos de empacotamento. Dessa forma pode-se identificar alguns tipos de conforma¸c˜oes, sendo que as mesmas s˜ao intr´ınsecas de cada pol´ımero.

2.2.1 Conforma¸c˜ao Zig-Zag Planar

Pol´ımeros sem grupos laterais geralmente adquirem conforma¸c˜ao zig-zag planar. Nesse tipo de conforma¸c˜ao os ´atomos de carbono se distribuem no espa¸co formando um plano bem definido, com ˆangulos e distˆancias constantes para cada tipo de liga¸c˜ao. A conforma¸c˜ao mais simples do Polietileno ´e um exemplo de cadeia zig-zag planar (Figura 2.5) [9, 13–15].

(23)

2.2 Conforma¸c˜ao de Cadeias Polim´ericas 7

Figura 2.5 - Arranjo estrutural dentro da cela ortorrˆombica de polietileno.

Uma das raz˜oes pelas quais um pol´ımero adquire a conforma¸c˜ao zig-zag planar ´e devido `as liga¸c˜oes de hidrogˆenio, como ilustrado na figura 2.6. A m´axima estabilidade (energia m´ınima) destes pol´ımeros ´e alcan¸cada quando todos os grupos CO e N H est˜ao envolvidos em liga¸c˜oes intermoleculares de hidrogˆenio [13].

(24)

8 2.2 Conforma¸c˜ao de Cadeias Polim´ericas

2.2.2 Conforma¸c˜ao Helicoidal

Pol´ımeros que possuem grupos funcionais na cadeia, geralmente adquirem con-forma¸c˜oes helicoidais, pois os grupos funcionais tendem a distorcer de forma gradativa a conforma¸c˜ao zig-zag planar, devido a efeitos est´ericos do mesmo (figura 2.7), ou seja, quando a distribui¸c˜ao do grupo lateral ´e periodicamente regular ao longo da cadeia, a mesma tende a adquirir forma espiralada ou helicoidal. [13, 15].

Figura 2.7 - Tor¸c˜ao das liga¸c˜oes dos ´atomos de carbono ao longo da cadeia.

Os efeitos est´ericos s˜ao mais evidentes em pol´ımeros vin´ılicos, de tal modo que se observam h´elices com intervalos curtos. O n´umero de monˆomeros por volta (geralmente 3, 3.5 e 4) ´e controlado pelo volume do grupo lateral, ou seja, o espa¸co ocupado por esse grupo na cadeia polim´erica, como mostra a figura 2.8 [13, 14, 16].

Figura 2.8 - Conforma¸c˜oes em cadeia helicoidal de pol´ımeros vin´ılicos com 3, 3,5 e 4 monˆomeros por volta.

Assim, as conforma¸c˜oes adquiridas pelas cadeias dependem de v´arios fatores, como as intera¸c˜oes entre os ´atomos que a constituem, bem como a consequˆencia dessas

(25)

2.3 Morfologia de Pol´ımeros Semicristalinos 9

intera¸c˜oes refletidas na distˆancia entre as liga¸c˜oes e o ˆangulo de rota¸c˜ao das mesmas e, consequentemente, na forma¸c˜ao do arranjo estrutural das mol´eculas.

2.3

Morfologia de Pol´ımeros Semicristalinos

O processo de cristaliza¸c˜ao dos pol´ımeros se difere dos s´olidos cristalinos conven-cionais devido `a natureza destes se apresentarem na forma de longas cadeias polim´ericas, de maneira que as regi˜oes cristalinas e n˜ao cristalinas est˜ao interconectadas. A cristaliza-¸c˜ao de pol´ımeros semicristalinos depende da estrutura qu´ımica, presen¸ca de impurezas e condi¸c˜oes de cristaliza¸c˜ao, podendo ser favorecida pela existˆencia de grupos que promovam fortes liga¸c˜oes intermoleculares secund´arias como grupos polares, ou grupos que formem pontes de hidrogˆenio entre as mol´eculas. A estrutura cristalina dos pol´ımeros tamb´em est´a relacionada com a organiza¸c˜ao das longas cadeias polim´ericas em uma escala nano-m´etrica, ou seja, com a disposi¸c˜ao espacial na qual segmentos moleculares preenchem o elemento fundamental da estrutura cristalina: a cela unit´aria [12].

”Sabe-se que os pol´ımeros cristalinos e semi-cristalinos s˜ao forma-dos por duas fases distintas. A fase na qual as cadeias polim´ericas est˜ao organizadas ´e a regi˜ao cristalina, enquanto a fase onde as ca-deias n˜ao est˜ao organizadas e n˜ao possuem alinhamento paralelo, ´e a regi˜ao amorfa. Este arranjo ordenado das cadeias polim´ eri-cas da fase cristalina depende da natureza do pol´ımero e pode ser estudado por DRX.” [17]

2.3.1 Modelo de Micela Franjada

Um dos modelos mais simples, mas muito utilizado para descrever a coexistˆencia entre regi˜oes cristalinas e n˜ao cristalinas dos pol´ımeros, ´e chamado de Modelo da Micela Franjada, que surgiu por volta de 1920. Esse modelo descreve a coexistˆencia de duas fases distintas que constituem um pol´ımero. As regi˜oes ordenadas s˜ao constitu´ıdas por segmentos moleculares de cadeias diferentes, alinhadas de maneira paralela umas com as outras formando o arranjo tridimencional, e as regi˜oes desordenadas s˜ao formadas devido `a m´a cristaliza¸c˜ao Assim, no Modelo da Micela Franjada a cristalinidade ´e atribu´ıda a todas as por¸c˜oes de cadeias ordenadas existentes em meio a aleatoriedades dos seguimentos mal cristalizados [5, 8, 12–14]. A figura 2.9 [8] ilustra o ranjo descrito.

(26)

10 2.3 Morfologia de Pol´ımeros Semicristalinos

Figura 2.9 - Modelo de Micela Franjada

2.3.2 Modelo das Cadeias Dobradas

Esse modelo surgiu na d´ecada de 1950, onde experimentos utilizando resfriamento de solu¸c˜oes dilu´ıdas a partir do estado fundido resultou na forma¸c˜ao de monocristais po-lim´ericos. Com a evolu¸c˜ao da microscopia eletrˆonica, foi poss´ıvel observar que grande parte do monocristal ´e constitu´ıdo de placas denominadas lamelas. As lamelas s˜ao defi-nidas como um grande n´umero de cadeias polim´ericas dobradas sobre si, orientadas na dire¸c˜ao normal a superf´ıcie das lamelas, formando um plano de dobramento. A espessura ou altura das lamelas ´e chamada de per´ıodo de dobramento [8, 12–14, 18].

A figura 2.10 [8] mostra o dobramento regular e irregular das cadeias.

Figura 2.10 - Modelo das Cadeias Dobradas

O dobramento das cadeias polim´ericas n˜ao resulta em cristalinidade perfeita devido a irregularidades e imperfei¸c˜oes que ocorrem durante a cristaliza¸c˜ao como o caso em que a reentrada da cadeia ao ser dobrada ´e irregular (adjacente ou n˜ao adjacente), resultando em uma superf´ıcie lamelar menos lisa na reentrada adjacente e totalmente irregurar com superf´ıcie rugosa na reentrada n˜ao adjacente. [13–15, 18]

(27)

2.3 Morfologia de Pol´ımeros Semicristalinos 11

No estado cristalino, as cadeias polim´ericas tendem a adotar a conforma¸c˜ao de menor energia, possibilitando maior intera¸c˜ao entre elas. Dessa forma pode-se dizer intuitivamente que a conforma¸c˜ao planar levaria a essa condi¸c˜ao para o arranjo espacial da cadeia, onde as mol´eculas estariam paralelas umas `as outras (fato que ocorre no espa¸co curto compreendido pelo plano de dobramento). Por essa raz˜ao, antes da descoberta a respeito do dobramento das cadeias, utilizava-se o modelo de miscela franjada [12, 18]. Por´em, o antigo modelo ainda explica de forma razo´avel a coexistˆencia entre as regi˜oes cristalina e n˜ao cristalina para pol´ımero de baixa cristalinidade.

2.3.3 Modelo Esferul´ıtico

Na sess˜ao anterior foram apresentados modelos nanom´etricos da morfologia poli-m´erica, mas para alguns pol´ımeros ainda ´e observada uma morfologia um tanto diferente: pode-se observar que v´arios seguimentos de cadeias que geram as lamelas descritas no mo-delo das cadeias dobradas se distribuem de forma radial a partir de um n´ucleo, adquirindo estrutura esf´erica, chamadas de esferulitos (Figura 2.11) [13, 14].

(a) Esquematiza¸c˜ao do dobramento das ca-deias na forma¸c˜ao do esferulito

(b) Esquematiza¸c˜ao das lamenas na forma¸c˜ao do esferulito

Figura 2.11 - Forma¸c˜ao do esferulito em 2 e 3 dimen¸c˜oes

Em todas as regi˜oes do material, varias ”por¸c˜oes”de esferulitos se formam, at´e que os mesmos se encontram e se sobrep˜oem, podendo ser vistos atrav´es da microscopia ´optica utilizando luz polarizada. Uma caracter´ıstica interessante adquirida pelos esferulitos, que ´e a forma cruz de malta, ´e observada quando utilizados dois polarizadores cruzados, como mostra a figura 2.12 [12–15].

Dependendo da morfologia (e, consequentemente, da cristalinidade) do pol´ımero, pode-se observar propriedades modificadas, e a compreens˜ao de como o material se

(28)

orga-12 2.4 Fatores que alteram a Cristalinidade

Figura 2.12 - Microscopia ´optica mostrando a cruz de malta adquirida na sobreposi¸c˜ao dos esferulitos.

niza ´e de suma importˆancia na caracteriza¸c˜ao estrutural do mesmo. Dessa forma, pol´ıme-ros que possuem maior organiza¸c˜ao das cadeias, tendem a adquirir maior cristalinidade. O esquema da figura 2.13 mostra a escala de organiza¸c˜ao da estrutura, desde os ´atomos at´e a morfologia microsc´opica.

Figura 2.13 - Esquema - Escala atˆomica `a microsc´opica.

2.4

Fatores que alteram a Cristalinidade

A cristalinidade de pol´ımeros ´e um parˆametro que depende de v´arias vari´aveis, desde o m´etodo de s´ıntese `a pr´opria natureza do pol´ımero. Em meio a isso, ser˜ao citados alguns dos fatores mais relevantes.

i. Tipo de cadeia - as cadeias lineares geralmente tendem a ter uma maior proba-bilidade de se arranjar periodicamente, formando regi˜oes ordenadas. Cadeias que possuem grupos laterais ou ramifica¸c˜oes tendem a ser menos cristalinos devido a dificuldade de conformar os grupos ou bra¸cos (ramifica¸c˜oes) de maneira peri´odica,

(29)

2.4 Fatores que alteram a Cristalinidade 13

formando regi˜oes desordenadas.

ii. M´etodos de s´ıntese - O m´etodo de s´ıntese ´e um fator muito importante na cristalinidade do pol´ımero pois, deve-se levar em considera¸c˜ao se o pol´ımero ser´a dopado ou n˜ao, e caso seja, h´a uma variedade de agentes dopantes como, HCl, H2SO4, H3P O4, HClO4, HP F6, bem como uma variedade de agentes oxidantes,

(N H4)2S2O8, M nO2, Cr2O4, H2O2, K2Cr2O7, KClO3. O tipo de s´ıntese tamb´em

´e outro fator podendo ser convencional, interfacial, eletroqu´ımica e outros.

iii. Tempo de polimeriza¸c˜ao - O tempo no qual o monˆomero ´e submetido ao meio ´

acido e oxidante ´e tamb´em um importante fator pois influenciar´a no quanto o pol´ı-mero vai polimerizar.

iv. Natureza do pol´ımero - A rigidez das cadeias, o tipo de conforma¸c˜ao adquirida, a massa molecular influenciam no empacotamento e periodicidade do pol´ımero, acar-retando grande importˆancia na cristalinidade.

(30)

Cap´ıtulo 3

Pol´ımeros Condutores Intr´ınsecos

Durante muito tempo os materiais polim´ericos tinham sua aplicabilidade voltada exclusivamente para isolantes e diel´etricos, pois as liga¸c˜oes covalentes fortes e direcionais entre os ´atomos de sua estrutura n˜ao permitem a mobilidade necess´aria dos portadores de carga para condu¸c˜ao el´etrica. Por volta dos anos 70 do s´eculo passado, essa vis˜ao foi se tornando cada vez mais escassa com a descoberta dos pol´ımeros intrinsecamente condutores (ICPs) [19], os quais tamb´em s˜ao chamados de metais sint´eticos ou pol´ımeros conjugados, pois as liga¸c˜oes entre os ´atomos de carbono que formam a cadeia polim´erica s˜ao alternadas entre simples e duplas, permitindo assim a cria¸c˜ao de um fluxo de corrente el´etrica. [19–21]

Desde a sua descoberta, os ICPs vˆem recebendo grande aten¸c˜ao devido `a sua ampla aplicabilidade tecnol´ogica, sendo poss´ıvel obter pol´ımeros com propriedades muitos semelhantes `as dos metais e semicondutores inorgˆanicos [22]. As perspectivas de aplica¸c˜ao desses materiais tˆem crescido consideravelmente e um grande impulso foi dado nos ´ultimos anos, sendo utilizados na fabrica¸c˜ao de baterias recarreg´aveis [23, 24], como dispositivos eletrocrˆomicos [25, 26], como sensores [27–29], na prote¸c˜ao contra corros˜ao de materiais [30, 31], em c´elulas solares [20, 32], etc. A Figura 3.1 mostra os pol´ımeros conjugados mais conhecidos e estudados.

(31)

3.1 Transporte em Pol´ımeros Conjugados 15

3.1

Transporte em Pol´ımeros Conjugados

Os fenˆomenos de condu¸c˜ao el´etrica em materiais condutores e semicondutores inorgˆanicos h´a muito tempo apresenta-se bem fundamentados, a teoria do mar de el´etrons e a influˆencia da estrutura de bandas explica de maneira satisfat´oria o porquˆe desses materiais serem ditos condutores, semicondutores ou isolantes. O mecanismo de condu¸c˜ao em pol´ımeros conjugados, por sua vez, acontece de maneira diferente, e com algumas caracter´ısticas pr´oprias, visto que a dopagem em pol´ımeros conjugados leva a defeitos de carga na cadeia polim´erica, os quais s˜ao explicados pela teoria dos s´olitons, p´olarons e bip´olarons [33].

3.1.1 Estrutura Eletrˆonica de Pol´ımeros Conjugados

A estrutura eletrˆonica de materiais orgˆanicos pode ser explicada atrav´es da te-oria do orbital molecular. Em pol´ımeros conjugados, as liga¸c˜oes dos ´atomos de carbono alternam-se em simples e duplas, gerando liga¸c˜oes sigma (σ) e pi (π) formadas atrav´es da hibridiza¸c˜ao dos orbitais atˆomicos na forma sp2+ p

z. Essa hibridiza¸c˜ao ocorre quando

um el´etron do subn´ıvel 2s recebe energia e “salta” para o subn´ıvel 2p, dando origem a 3 orbitais hibridizados a partir da “mistura” dos orbitais atˆomicos puros e 1 orbital puro, como mostra a Figura 3.2.

Figura 3.2 - Hibridiza¸c˜ao sp2 do carbono

A soma e a subtra¸c˜ao das fun¸c˜oes de onda dos orbitais atˆomicos d˜ao origem aos orbitais moleculares ligante e antiligante, e os n´ıveis de energia associados aos orbi-tais moleculares s˜ao chamados de bandas HOMO (Highest Occupied Molecular Orbital) e LUMO (Lowest Unoccupied Molecular Orbital) representando, respectivamente, as ban-das de valˆencia e condu¸c˜ao, semelhantemente aos semicondutores inorgˆanicos. A Figura 3.3 mostra a representa¸c˜ao os orbitais moleculares do eteno no n´ıvel de mais alta energia da banda HOMO e mais baixa energia da banda LUMO. A diferen¸ca de energia entre o

(32)

16 3.1 Transporte em Pol´ımeros Conjugados

orbital de mais alta energia ocupado (HOMO) e o orbital de mais baixa energia desocu-pado (LUMO) caracteriza um gap que, de modo geral, varia de 1,5 a 3,2, fornecendo a esses pol´ımeros propriedades eletrˆonicas de acordo com o gap [33–35].

Figura 3.3 - Orbitais ligante e antiligante da mol´ecula de eteno

3.1.1.1 Defeitos de Carga

Durante o processo de dopagem em pol´ımeros conjugados, defeitos estruturais s˜ao criados ao longo da cadeia, resultando na distor¸c˜ao da mesma e na forma¸c˜ao de radicais. Pol´ımeros que possuem degenerescˆencia no estado fundamental possuem defeitos denominados s´oliton [36, 37]. Um s´oliton ´e um tipo de quase part´ıcula que possui um el´etron desemparelhado mas eletricamente neutro, o qual resulta no surgimento de um estado de energia no centro do gap. No caso do trans-poliacetileno, trˆes tipos de s´olitons podem ser criados: neutro, onde o estado est´a ocupado por um el´etron; positivo, em que o el´etron ´e removido e o estado passa a ficar desocupado; ou negativo, em que o estado ´e ocupado por dois el´etrons [33, 35, 36], como representado na Figura 3.4.

(33)

3.1 Transporte em Pol´ımeros Conjugados 17

Os mecanismos de condu¸c˜ao em pol´ımeros que n˜ao possuem degenerescˆencia no estado fundamental n˜ao podem ser explicados por s´oliton. Nesse caso, a condu¸c˜ao ´e atribu´ıda `a forma¸c˜ao de quase part´ıculas denominadas p´olaron, bip´olaron ou ´exciton.

Um p´olaron ´e uma quase part´ıcula carregada formada pelo conjunto de carga e deforma¸c˜ao da cadeia, dando origem a novos estados de energia bem definidos dentro do gap. Quando uma mol´ecula ´e excitada, um el´etron salta da banda HOMO para a LUMO, deixando uma vacˆancia na banda o qual o el´etron pertencia, e esse estado da mol´ecula ´e chamado de p´olaron. Quando ocorre perda de el´etrons da mol´ecula, a mesma passar´a a ser um p´olaron buraco e quando h´a um ganho de el´etrons, passar´a a ser um p´olaron el´etron. Caso haja a perca de um segundo el´etron na cadeia tem-se a probabilidade do surgimento de outro p´olaron, ou seja, de um bip´olaron, devido `a existˆencia do p´olaron criado com a perca do primeiro el´etron [33, 35, 36], como mostra a Figura 3.5.

Figura 3.5 - Esquema de cria¸c˜ao de estados polarˆonicos.

Uma terceira possibilidade de defeitos decorrente da excita¸c˜ao de um el´etron ´e a forma¸c˜ao de um ´exciton. Um ´exciton ´e uma quase part´ıcula eletricamente neutra resultante da intera¸c˜ao coulombiana entre um p´olaron-el´etron e um p´olaron-buraco, o qual da origem a redistribui¸c˜ao da densidade eletrˆonica, relaxando estruturalmente a mol´ecula.

3.1.2 Condutividade x Cristalinidade

Nas sess˜oes anteriores foram discutidos os conceitos a respeito de como o pro-cesso de condu¸c˜ao dos pol´ımeros conjugados desde as caracter´ısticas eletrˆonicas ou tipo de defeitos que constituem a cadeia polim´erica, gerando o transporte de carga. Contudo, a condutividade atribu´ıda ao material est´a al´em da capacidade de deslocaliza¸c˜ao de de-feitos el´etron-buraco ao longo da conjuga¸c˜ao do pol´ımero (intracadeia), mas tamb´em da capacidade de mobiliza¸c˜ao de cargas entre as cadeias (intercadeias) [38] e entre “ilhas con-dutoras”, uma vez que a conjuga¸c˜ao π ´e interrompida devido ao pol´ımero possuir regi˜oes

(34)

18 3.2 Polianilina

ordenadas e desordenadas [39, 40].

Portanto, os pol´ımeros conjugados podem adquirir mobilidade em trˆes dire¸c˜oes [33]: Transporte intracadeia ou intramolecular (deslocaliza¸c˜ao), transporte intercadeia ou intermolecular (hopping) e transporte interparticular ou ilhas condutoras (percola¸c˜ao), como mostra a Figura 3.6 [33].

Figura 3.6 - Transporte de Cargas

Dessa maneira, os trˆes meios de mobilidade de carga contribuem para a conduti-vidade efetiva do material, levando em considera¸c˜ao o encurvamento das cadeias, liga¸c˜oes cruzadas, conforma¸c˜ao e configura¸c˜ao do pol´ımero, bem como o grau de cristalinidade. Quanto maior o grau de cristalinidade, ou seja, quanto mais presentes ou maiores forem as regi˜oes ordenadas do pol´ımero, maior a probabilidade de mobilidade dos transportadores de carga.

3.2

Polianilina

A Polianilina, um dos principais pol´ımeros pertencentes `a classe dos pol´ımeros condutores, e tem se destacado amplamente em rela¸c˜ao aos outros pol´ımeros devido `a sua facilidade de s´ıntese e dopagem, ampla faixa de condutividade el´etrica e baixo custo de produ¸c˜ao [4, 5, 41–44]. A PANI ´e o produto da polimeriza¸c˜ao oxidativa da anilina em meio ´acido. Sua s´ıntese qu´ımica tem a grande vantagem de produzir um pol´ımero de alta massa molecular e elevada pureza. As polianilinas formam uma nova classe de pol´ımeros

(35)

3.2 Polianilina 19

condutores por serem facilmente dopadas por protona¸c˜ao, ou seja, o n´umero de el´etrons na cadeia polim´erica se mant´em inalterado [45,46]. As polianilinas apresentam a composi¸c˜ao dada por uma f´ormula geral do tipo (Figura 3.7) [22]:

Figura 3.7 - F´ormula Geral da PANI

A estrutura que se observa na Figura 3.7 ´e composta por y e (1 - y) unidades repetitivas das esp´ecies reduzidas e oxidadas, respectivamente. A PANI possui estados de oxida¸c˜ao bem definidos, os quais v˜ao desde a forma completamente reduzida (y = 1) ou Leucoesmeraldina B´asica (LEB), a qual possui somente nitrogˆenios amina, passando pelas formas semi-oxidada (y = 0,50), ou Esmeraldina (B´asica ou Salina), at´e a forma completamente oxidada (y = 0) ou Pernigranilina B´asica (PNB), a qual possui somente nitrogˆenios imina. Os estados de oxida¸c˜ao da PANI envolvem equil´ıbrios redox e ´ acido-base, como pode ser observado na Figura 3.8.

Figura 3.8 - Equil´ıbrio Red´ox e ´Acido Base

Enquanto em muitos outros ICPs a condutividade ´e uma fun¸c˜ao do estado de oxi-da¸c˜ao, isto ´e, do n´umero de el´etrons de car´ater π que podem ser adicionados ou removidos da estrutura do pol´ımero neutro, a polianilina foi o primeiro caso em que a condutividade dependia de duas vari´aveis: o estado de oxida¸c˜ao do pol´ımero e o grau de protona¸c˜ao dos ´

atomos de nitrogˆenio da estrutura. Assim, a polianilina forma uma nova classe de pol´ı-meros dentro da classe de pol´ıpol´ı-meros condutores, porque pode ser dopada por protona¸c˜ao, isto ´e, sem que ocorra altera¸c˜ao no n´umero de el´etrons associados `a cadeia polim´erica [45].

(36)

20 3.2 Polianilina

Durante o processo de dopagem da polianilina, ocorrem rea¸c˜oes de oxida¸c˜ao e/ou redu¸c˜ao e o contra-´ıon (dopante) permanece na matriz polim´erica. A forma Esmeraldina B´asica (PANI-EB), y = 0,5, ´e o primeiro exemplo bem sucedido de dopagem de um po-l´ımero que teve como resultado um regime altamente condutor atrav´es de um processo no qual o n´umero de el´etrons permanece inalterado (protona¸c˜ao), e este processo est´a relacionado com as suas propriedades ´acido-base. A protona¸c˜ao da Esmeraldina B´asica (azul - forma b´asica, baixa condutividade) em 0,1M HCl produz um aumento da conduti-vidade de 10 ordens de grandeza, levando `a forma¸c˜ao da Esmeraldina Salina (PANI-ES) (verde - forma dopada, elevada condutividade). Os nitrogˆenios imina podem estar total ou parcialmente protonados para se obter o pol´ımero na forma de sal, ou seja, na forma dopada. A desprotona¸c˜ao ocorre reversivelmente por tratamento semelhante com solu¸c˜ao aquosa b´asica (0,1 M NH4OH) [45].

Al´em da facilidade de obten¸c˜ao, a PANI tˆem se destacado nos ´ultimos anos devido `a sua estabilidade qu´ımica em condi¸c˜oes ambientais. Sua s´ıntese qu´ımica tem a grande vantagem de produzir um pol´ımero diretamente no estado dopado (Polianilina Sal de Esmeraldina, ou PANI-ES) e em grandes quantidades, o que viabiliza v´arias aplica¸c˜oes tecnol´ogicas, as quais j´a vˆem sendo desenvolvidas industrialmente [5].

Os ICPs foram considerados como sendo essencialmente insol´uveis e improcess´ a-veis durante alguns anos devido a rigidez das cadeias polim´ericas conjugadas. Entretanto, estudos continuam sendo realizados em busca da melhoria de propriedades como pro-cessabilidade, solubilidade e condutividade, por´em, sem comprometer totalmente outras propriedades do material. Da´ı surgem os derivados da PANI, uma vez que a inser¸c˜ao de grupos funcionais laterais no monˆomero de anilina promove melhor solubilidade dos mesmos. No entanto, a estrutura cristalina e a condutividade el´etrica s˜ao modificadas, como ser´a discutido adiante.

3.2.1 Poli(o-metoxianilina)(POMA) e Poli(o-etoxianilina)(POEA)

A Polianilina, por ser um pol´ımero insol´uvel na maioria dos solventes orgˆanicos devido a rigidez da cadeia polim´erica, torna sua produ¸c˜ao industrial comprometida, al´em de impossibilitar alguns tipos de aplica¸c˜oes tecnol´ogicas. Dessa maneira, para aumentar a solubilidade da PANI sem afetar em grandes propor¸c˜oes suas propriedades el´etricas e ele-troqu´ımicas, pol´ımeros derivados da PANI vem sendo produzidos atrav´es da introdu¸c˜ao de grupos funcionais polares e grupos alquila longos e flex´ıveis ligados `a cadeia princi-pal polim´erica, obtendo-se assim um pol´ımero sol´uvel em maior variedade de solventes orgˆanicos, facilitando sua processabilidade [4, 30, 47–49].

(37)

es-3.2 Polianilina 21

trutural est´a na presen¸ca do grupo funcional (−OCH3) na posi¸c˜ao orto dos an´eis de

carbono [50]. Semelhantemente `a Poli(o-etoxianilina) (POEA), tamb´em derivada da PANI, apresenta diferen¸ca na cadeia polim´erica, resultado da inser¸c˜ao do grupo funci-onal (−OC2H5) tamb´em na posi¸c˜ao orto dos an´eis de carbono [51]. Tanto a POMA

quanto a POEA s˜ao sol´uveis em solventes orgˆanicos, resultado proveniente da presen¸ca dos grupos metoxi e etoxi. As formas neutras e Salinas s˜ao mostradas nas Figuras 3.9 e 3.10.

(a) B´asica

(b) Salina

Figura 3.9 - Tetrˆamero da POMA nas formas B´asica e Salina

(a) B´asica

(b) Salina

Figura 3.10 - Tetrˆamero da POEA nas formas B´asica e Salina

Grupos substituintes inseridos nas posi¸c˜oes 2 e 5 do an´el arom´atico provocam distor¸c˜oes na cadeia principal, como discutido na se¸c˜ao 2.2.2, reduzindo sua conjuga¸c˜ao e tornando-a mais flex´ıvel [5, 13, 15].

(38)

Cap´ıtulo 4

etodos Te´

oricos de Estimativa do

Percentual de Cristalinidade a partir

de Dados de DRX

4.1

Deconvolu¸

ao de Picos

Muitos m´etodos est˜ao sendo utilizados para estimar o percentual de cristalinidade de materiais semicristalinos, como ´e o caso dos pol´ımeros. Um dos m´etodos mais utilizados ´e o M´etodo da Deconvolu¸c˜ao ou ajuste de picos a partir de um padr˜ao de difra¸c˜ao de Raios X [52]. Este m´etodo prevˆe algumas considera¸c˜oes durante a realiza¸c˜ao do ajuste, tais como a forma e o n´umero de picos presentes no difratograma. O m´etodo ´e realizado por meio de programas computacionais que utilizam fun¸c˜oes de perfil como a Gaussiana, Lorentziana e Voigt, com o intuito de ajustar as curvas provenientes das contribui¸c˜oes cristalinas de cada pico e da contribui¸c˜ao n˜ao cristalina da amostra [53].

Esses s˜ao alguns exemplos de fun¸c˜oes utilizadas no m´etodo de Deconvolu¸c˜ao [54]:

Fun¸c˜ao Gaussiana y = A w r 4 ln(2) π exp  −4 ln(2)(x − xc) 2 w2  (4.1) onde, xc = centro; A = ´area do pico;

(39)

4.1 Deconvolu¸c˜ao de Picos 23 Fun¸c˜ao Lorentziana y = 2A π w 4(x − xc)2+ w2 (4.2) onde, xc = centro; A = ´area do pico;

w = largura a meia altura.

Fun¸c˜ao Voigt y = A2 ln(2) π32 wL w2 G Z ∞ −∞ e−t2  pln(2)wL wG 2 +p4 ln(2)xw−xc G − t 2dt (4.3) onde, A = ´area do pico; xc = centro;

wG = largura Gaussiana completa `a meia altura; wL = largura Lorentziana completa `a meia altura;

pln(2)wL

wG = ´e a chamada constante de amortecimento.

Fun¸c˜ao pseudo-Voigt tipo 1 (p-V)

Fun¸c˜ao pseudo-Voigt, tipo 1:

y = A " mu2 π w 4(x − xc)2+ w2 + (1 − mu) p4 ln(2) √ πw exp  −4 ln(2) w2 (x − xc) 2 # (4.4)

(40)

24 4.1 Deconvolu¸c˜ao de Picos

onde,

A: Amplitude; xc: Centro;

w: largura `a meia altura; mu: fator de forma do perfil;

Gaussiana e Lorentziana tem a mesma largura.

Fun¸c˜ao pseudo-Voigt tipo 2 (p-V)

Fun¸c˜ao pseudo-Voigt, tipo 2.

y = A " mu2 π wL 4(x − xc)2+ w2 L + (1 − mu)p4 ln(2)√ πwG exp −4 ln(2) w2 G (x − xc)2 # (4.5) onde, A: Amplitude; xc: Centro;

wG: largura Gaussiana completa `a meia altura;

wL: Full Lorentziana largura `a meia altura;

mu: fator de forma do perfil;

Gaussiana e Lorentziana pode ter diferentes larguras.

A figura 4.1 representa o ajuste dos picos cristalinos e do halo referente `a con-tribui¸c˜ao amorfa de uma amostra de semicristalina [55]. A curva em cor verde representa o perfil n˜ao cristalino da amostra, enquanto que as curvas em cinza representam os perfis dos picos deconvolu´ıdos a partir do padr˜ao de DRX.

(41)

4.2 Separa¸c˜ao Simples de ´Area 25

Figura 4.1 - Deconvolu¸c˜ao de Picos

Finalizado o ajuste, calcula-se a ´area abaixo da curva de cada um dos picos deconvolu´ıdos, assim como a ´area do pico referente `a contribui¸c˜ao n˜ao cristalina. O c´alculo do percentual de cristalinidade da amostra ´e obtido atrav´es da seguinte rela¸c˜ao de ´ areas [56]: C = 100 P iApico cri P iApico cri + Apico n˜ao cr [%] (4.6) onde P

iApico cri ´e soma da contribui¸c˜oes cristalinas de cada pico e Apico n˜ao cr ´e a

contri-bui¸c˜ao n˜ao cristalina.

4.2

Separa¸

ao Simples de ´

Area

O M´etodo de Separa¸c˜ao Simples de ´Area prevˆe a subtra¸c˜ao da ´area do halo refe-rente `a contribui¸c˜ao n˜ao cristalina, da ´area total do difratograma. O perfil n˜ao cristalino ´e gerado atrav´es de um programa computacional utilizando-se uma fun¸c˜ao selecionada. Neste m´etodo, o procedimento geral para a estimativa do percentual de cristalinidade ´e baseado na lei da conserva¸c˜ao da intensidade, que afirma que a intensidade ´e determinada pela integral do quadrado da densidade de el´etrons em um volume, dado por [57]:

Z

I(s)dVs =

Z

(42)

26 4.3 Padr˜ao Interno

A densidade de el´etrons significativa ´e aproximadamente a mesma tanto para a fase n˜ao cristalina quanto para a fase cristalina de um dado pol´ımero, e ´e poss´ıvel fazer a distin¸c˜ao entre eles no pressuposto de que a intensidade da dispers˜ao cristalina est´a concentrada nas reflex˜oes formando picos mais estreitos e para a dispers˜ao n˜ao cristalina, no halo difuso e background [57].

O m´etodo consiste em separar as intensidades integradas cristalinas e n˜ao crista-lina em um intervalo de difra¸c˜ao medido em 2θ. Ap´os a separa¸c˜ao das ´areas, o percentual de cristalinidade estimado [15], ´e dada por:

Cr = 100 Ac Ac+ Aa

(4.8)

onde Ac e Aa representam as ´areas cristalina e n˜ao cristalina, respectivamente.

A figura 4.2 [57] representa a separa¸c˜ao das ´areas.

Figura 4.2 - Separa¸c˜ao das ´areas cristalina e n˜ao cristalina

4.3

Padr˜

ao Interno

Uma outra forma de separar as contribui¸c˜oes cristalinas e n˜ao cristalinas a partir de dados de DRX e estimar o percentual de cristalinidade foi descrito por W. Ruland (1961) e posteriormente por C. G. Vonk (1973), e ´e conhecido como M´etodo do Padr˜ao Interno.

(43)

4.3 Padr˜ao Interno 27

Neste m´etodo a fra¸c˜ao n˜ao-cristalina de uma amostra ´e obtida atrav´es do espalha-mento da mesma amostra em sua forma n˜ao cristalina, seja ela amorfizada por tratamento t´ermico ou por qualquer outro tratamento feito na amostra original [52]. Depois de obtido o perfil n˜ao-cristalino da amostra, superp˜oem-se ambos os perfis (original e n˜ao-cristalino), como mostra a Figura 4.3, e subtrai-se a ´area da regi˜ao n˜ao cristalina da ´area total do difratograma, resultando na fra¸c˜ao cristalina do material. A diferen¸ca entre este m´etodo e o M´etodo de Separa¸c˜ao Simples de ´Area ´e que neste o perfil de DRX do halo amorfo n˜ao ´e simulado computacionalmente, mas ´e obtido a partir da amostra original amorfizada, preservando as caracter´ısticas qu´ımicas da mesma. Na figura 4.3 [58], os picos de uma amostra hipot´etica localizados em 2θ ≈ 16◦ e 2θ ≈ 23◦, (representados por Icr)

represen-tam as por¸c˜oes cristalinas desse material, enquanto a curva Inon−cr representa o perfil de

DRX da amostra original obtido a partir de algum processo de amorfiza¸c˜ao.

Figura 4.3 - Perfis de Difra¸c˜ao da amostra original e no estado n˜ao cristalino.

Para a aplica¸c˜ao do m´etodo propriamente dito, deve-se levar em considera¸c˜ao que a amostra apresenta uma perda de intensidade dos picos difratados decorrentes de vibra-¸c˜oes t´ermicas dos ´atomos e imperfei¸c˜oes da rede [59–63]. A intensidade do espalhamento coerente de raios X sobre todo espa¸co por uma amostra ´e dado por:

Z ∞ 0 I(s)dvs = 4π Z ∞ 0 s2I(s)ds = 4π Z ∞ 0 s2f¯2ds (4.9)

A parte da intensidade que est´a concentrada nos picos cristalinos ´e:

Z ∞ 0 Icr(s)dvs = 4π Z ∞ 0 s2Icr(s)ds = χcr4π Z ∞ 0 s2f¯2Dds (4.10)

(44)

28 4.3 Padr˜ao Interno

onde χcr ´e o grau de cristalinidade da amostra.

Das equa¸c˜oes 4.9 e 4.10 temos que:

χcr = R∞ 0 s 2I crds R∞ 0 s2Ids R∞ 0 s 2f¯2ds R∞ 0 s2f¯2Dds (4.11) onde, s = 2 sin θ λ ;

Icr → intensidade dos picos da fra¸c˜ao cristalina;

I → intensidade dos picos da amostra real;

¯ f2 = P inif 2 i(s) P ini

, fi2 → fator de espalhamento atˆomico para cada elemento i, com ni

´

atomos;

D(s) = exp(−ks2) → Fun¸c˜ao desordem: considera a perda de intensidade dos picos

difratados.

e ainda, podemos escrever a equa¸c˜ao 4.11 como:

χcr = χ 0 .K (4.12) onde χ0 = Rs2 s1 s 2I crds Rs2 s1 s 2Ids e K = Rs2 s1 s 2f¯2ds Rs2 s1 s 2f¯2Dds.

(45)

Cap´ıtulo 5

etodos Experimentais

5.1

S´ıntese e Prepara¸

ao das Amostras

Neste cap´ıtulo ser˜ao descritas as t´ecnicas experimentais utilizadas para a obten-¸c˜ao e caracteriza¸c˜ao das amostras de PANI, POMA e POEA.

5.1.1 S´ıntese da PANI

A s´ıntese da PANI-ES foi realizada baseando-se em s´ınteses previamente publica-das em literatura com algumas modifica¸c˜oes [4]. Foram preparadas duas solu¸c˜oes. Solu¸c˜ao I: 200 mL de anilina (ANI) foram dissolvidos em 500 mL de ´acido clor´ıdrico (HCL)1,0 M. Solu¸c˜ao II: 11,5 g de peroxidissufato de amˆonio (APS) foi adicionado a 200 mL de ´

acido clor´ıdrico (HCl) 1,0 M. A Solu¸c˜ao II foi ent˜ao adicionada gota a gota `a solu¸c˜ao I, sob agita¸c˜ao, para a polimeriza¸c˜ao. O sistema permaneceu sob agita¸c˜ao por 3h. Ent˜ao, a dispers˜ao de colora¸c˜ao verde foi filtrada a v´acuo e lavada com acetona para a obten¸c˜ao do pol´ımero na forma de p´o.

Figura 5.1 - S´ıntese da PANI-ES

5.1.2 S´ıntese da POEA e POMA

A s´ıntese da POEA-ES e POMA-ES foi realizada baseando-se em s´ınteses pre-viamente publicadas em literatura [3] com algumas modifica¸c˜oes [4]. Foram preparadas duas solu¸c˜oes. Solu¸c˜ao I: 28 mL de o-anisidina ou fenitidina foram dissolvidos em 300 mL de ´acido clor´ıdrico (HCL)1,0 M. Solu¸c˜ao II: 11,4g de peroxidissufato de amˆonio (APS) foi adicionado a 200 mL de ´acido clor´ıdrico (HCL)1,0 M. A Solu¸c˜ao II foi ent˜ao adicionada

(46)

30 5.2 Difra¸c˜ao de Raios X (DRX)

gota a gota `a solu¸c˜ao I, sob agita¸c˜ao, para a polimeriza¸c˜ao. O sistema permaneceu sob agita¸c˜ao por 3h. Ent˜ao, a dispers˜ao de colora¸c˜ao verde foi filtrada a v´acuo e lavada com acetona para a obten¸c˜ao do pol´ımero na forma de p´o.

Figura 5.2 - S´ıntese da POEA-ES ou POMA-ES

5.2

Difra¸

ao de Raios X (DRX)

As medidas de DRX foram realizadas no Laborat´orio de Materiais (LABMAT), Departamento de F´ısica da UFAM, utilizando-se um difratˆometro Panalytical, modelo Empyrean, KαCu, operando em 50 kV e 100 mA. As medidas foram realizadas no modo stepscanning, com incremento angular de 0.02◦ em 2θ e 5 segundos/passo.

5.3

Microscopia Eletrˆ

onica de Varredura (MEV)

A morfologia das amostras em estado s´olido foi determinada utilizando o micros-c´opio eletrˆonico de varredura da marca Carl Zeiss, modelo Sigma equipado com canh˜ao de el´etrons por emiss˜ao de campo. As imagens foram obtidas no Laborat´orio de Microscopia Eletrˆonica e An´alise (LMEA) do Instituto de F´ısica de S˜ao Carlos (IFSC), Universidade de S˜ao Paulo. As amostras em p´o foram depositadas em fita de carbono e recobertas por ouro. As an´alise da morfologia superficial foi realizada em temperatura ambiente.

5.4

TG e DSC

As amostras foram submetidas `a an´alise termogravim´etrica (TG/DSC) utilizando equipamento SDT Q600 da TA Instrument, localizado no Laborat´orio de Ensaios F´ısico-Qu´ımicos-/FT/UFAM. As amostras foram realizadas com taxa de aquecimento de 10

C/min at´e a temperatura final de 400C, com fluxo de g´as N

2 de 30 mL/min. O cadinho

(47)

5.5 Refinamento Estrutural 31

5.5

Refinamento Estrutural

O m´etodo de LeBail, LeBail Method ou Profile Fitting, ´e um m´etodo de refi-namento estrutural que consiste em ajustar um padr˜ao te´orico de DRX aos picos de um difratograma experimental, minimizando a diferen¸ca entre o padr˜ao de pontos experimen-tais e o padr˜ao de pontos calculados, pelo m´etodo dos m´ınimos quadrados (SANCHES, 2011 e KINAST, 2000). O m´etodo LeBail ajusta as posi¸c˜oes dos picos difratados, chama-dos de indexa¸c˜ao das reflex˜oes de Bragg (IRB), de modo que, para tal ajuste, precisamos apenas de parˆametros razo´aveis de cela unit´aria e de um grupo espacial.

Para o refinamento estrutural das amostras, foi utilizada no programa FULL-PROF a fun¸c˜ao de perfil pseudo-Voigt modificada Thompson-Cox-Hastings (pV-TCHZ), uma combina¸c˜ao linear das fun¸c˜oes Galssiana e Lorentziana, para o tratamento dos efei-tos microestruturais das mesmas. As fun¸c˜oes de perfil s˜ao utilizadas para ajustar a forma dos picos ao padr˜ao de difra¸c˜ao durante o refinamento (THOMPSON, COX, HASTINGS, 1987).

O refinamento estrutural de todas as amostras foi realizado atrav´es do programa computacional FULLPROF.

5.6

Tratamento T´

ermico

As amostras foram tratadas termicamente utilizado o Forno tubular FT1200/1Z e software FLYCON para a programa¸c˜ao de temperatura e taxa de aquecimento do Labo-rat´orio de Materiais (LABMAT), Departamento de F´ısica da UFAM, com temperaturas pr´e-determinadas atrav´es dos termogramas das amostras.

5.7

Condutividade El´

etrica

As medidas de condutividade el´etrica foram realizadas no Laborat´orio de Po-l´ımeros Nanoestruturados (NANOPOL/UFAM). As amostras foram transformadas em pastilhas com 2,80 mm de espessura e 19,40 mm de diˆametro, sob prensa hidr´aulica Shi-madzu a 100 t. As pastilhas foram revestidas, em ambos os lados, com uma cola condutora formada a partir do p´o de carbono grafite e resina. Nas faces foram feitas conex˜oes el´ etri-cas com fios met´alicos e as medidas foram realizadas no intervalo de 0.06 a 0.18 V, com passo de 0.1 V.

(48)

Cap´ıtulo 6

Resultados e Discuss˜

oes

6.1

Difra¸

ao de Raios X

Atrav´es das medidas de DRX foi poss´ıvel obter o padr˜ao de difra¸c˜ao da Polianilina e seus derivados, os quais est˜ao ilustrados na figura 6.1.

Figura 6.1 - Difratograma da PANI, POMA e POEA.

Diferen¸cas significativas s˜ao observadas nos difratogramas em rela¸c˜ao `as inten-sidades e posi¸c˜oes dos picos em 2θ. Os difratogramas referentes `as amostras POMA e POEA foram comparados com o padr˜ao de difra¸c˜ao da PANI. Nota-se que dois padr˜oes de difra¸c˜ao da PANI s˜ao evidenciados na Figura 6.1. A diferen¸ca entre eles est´a na pre-sen¸ca do pico localizado em aproximadamente 2θ = 6.2◦ no padr˜ao da PANI polimerizada atrav´es da adi¸c˜ao lenta de reagentes. Sanches et al. (2013) propˆos que a PANI pode apresentar diferentes estruturas (e, portanto, diferentes padr˜oes de DRX) (i) quando a velocidade de adi¸c˜ao dos reagentes ´e modificada (e este pico n˜ao aparece na adi¸c˜ao r´apida de reagentes) ou (ii) quando a concentra¸c˜ao dos contra´ıons ´e aumentada.

(49)

6.1 Difra¸c˜ao de Raios X 33

r´apida de reagentes, n˜ao evidenciando, portanto, a presen¸ca do pico localizado em 2θ = 6.2◦ [6, 64, 65].

´

E poss´ıvel observar tamb´em um deslocamento de picos (localizados abaixo de 2θ = 30◦) para a esquerda nos padr˜oes de DRX da POMA e POEA, quando estes s˜ao comparados com o padr˜ao de DRX da PANI. A Tabela 6.1 evidencia as posi¸c˜oes dos picos para as trˆes amostras. Tais deslocamentos est˜ao relacionados com diferen¸cas em parˆametros de cela para os trˆes materiais. No caso da POMA e POEA, o deslocamento dos picos de difra¸c˜ao para valores menores de 2θ sugere a presen¸ca de uma cela unit´aria de volume maior. Esse fato est´a em concordˆancia com a estrutura molecular da POMA e POEA, uma vez que os grupos laterais inseridos no monˆomero anilina confere a esses po-l´ımeros a necessidade de uma cela unit´aria maior afim de acomodar essas novas estruturas relacionadas `a adi¸c˜ao dos grupos o-metoxi e o-etoxi [3, 4].

Tabela 6.1 - Posi¸c˜oes dos picos da PANI, POMA e POEA

Posi¸c˜oes (2θ) PANI POMA POEA

6.27 - -8.93 8.00 7.54 14.69 12.60 11.68 20.56 17.57 16.19 25.17 24.83 24.24 26.79 26.44 25.86 29.89 - -36.23 36.46 36.48 42.80 43.38 43.32 52.33 52.34 52.37

Observa-se tamb´em que os picos originalmente da PANI presentes em 14.8◦ e 21.5◦ em 2θ tiveram suas intensidades diminu´ıdas quando comparados com os respectivos picos da POMA e POEA. De modo contr´ario, os picos da POMA e POEA, respectiva-mente, presentes em 7.2◦e 7.9◦em 2θ apresentam-se com maiores intensidades. A varia¸c˜ao de intensidades mencionadas pode estar relacionada a conforma¸c˜ao das cadeias durante a polimeriza¸c˜ao, uma vez que por consequˆencia dos grupos funcionais, a quantidade de pla-nos na qual ocorre a difra¸c˜ao na PANI pode ter diminu´ıdo quando tratando-se da POMA e da POEA, aumentando por sua vez a quantidade de planos que difratam nas posi¸c˜oes 7.2◦ e 7.9◦ em 2θ.

Padr˜oes de DRX dos derivados da Polianilina s˜ao pouco reportados em literatura. Sanches 2013 [4] sintetizou a POMA utilizando HCl e APS encontrou picos localizados em

(50)

34 6.2 Estimativa do Percentual de Cristalinidade

2θ = 7.9◦, 12.5◦, 17.5◦ e 24.8◦, enquanto que Mattoso 1992 [47] observou picos localizados em 2θ = 8.0◦, 12.6◦, 24.7◦ e 26.3◦, sintetizando o pol´ımeros de maneira an´aloga a Sanches. Em rela¸c˜ao a POEA, Silva 2014 [3] e colaboradores sintetizando quimicamente a POEA com HCl e APS observaram picos nas posi¸c˜oes em 2θ = 8◦, 12◦, 16◦, 24◦, 26◦, 28◦ e 44◦, enquanto Leite 2008 [51] sintetizando a POEA da mesma forma, localizou picos nas posi¸c˜oes em 2θ = 8◦, 12◦, 16◦, 24◦, 26◦, 36◦, 44◦ e 52◦, resultados estes que est˜ao bem pr´oximos dos obtidos neste trabalho.

Desse forma, a t´ecnica de DRX permitiu a avalia¸c˜ao das mudan¸cas estruturais ocasionadas a n´ıvel molecular das amostras quando os grupos laterais s˜ao inseridos no monˆomero da anilina para a forma¸c˜ao de seus derivados. Essas modifica¸c˜oes, as quais ter˜ao influˆencias diretas nos parˆametros de cela e volume da cela unit´aria, bem como no tamanho dos cristalitos de cada derivado, ser˜ao discutidas nas se¸c˜oes seguintes.

6.2

Estimativa do Percentual de Cristalinidade

Os m´etodos aplicados para a estimativa do percentual de cristalinidade utilizando padr˜oes de DRX e descritos no capitulo 5 foram aplicados para a PANI e seus derivados, como descrito adiante.

6.2.1 M´etodo de Deconvolu¸c˜ao de Picos

Atrav´es do m´etodo de deconvolu¸c˜ao de picos foram estimados os percentuais de cristalinidade da PANI, POMA e POEA. Para a estimativa da cristalinidade da PANI pelo m´etodo de deconvolu¸c˜ao de picos, foram utilizando 11 perfis de fun¸c˜oes Gaussianas para descrever os picos cristalinos e 1 perfil para representar a fra¸c˜ao n˜ao cristalina. Os perfis da PANI e derivados apresentam os mesmos n´umeros de picos, com exce¸c˜ao do perfil da PANI obtida por adi¸c˜ao lenta de reagentes, com um pico adicional localizado em 2θ = 6.2◦.

Para o caso da PANI polimerizada por adi¸c˜ao lenta, o somat´orio das ´areas das contribui¸c˜oes de cada pico de difra¸c˜ao deconvolu´ıdo resultou em um percentual cristalino de 52%. Para a PANI obtida por adi¸c˜ao r´apida de reagentes, este m´etodo de estimativa de percentual de cristalinidade mostrou que, apesar da ausˆencia deste pico no padr˜ao de DRX, n˜ao h´a contribui¸c˜ao significativa para a diminui¸c˜ao do percentual de cristalinidade. Dessa forma, sugere-se que este pico est´a apenas relacionado com mudan¸cas estruturais a n´ıvel molecular, mas sem afetar a cristalinidade. As Figuras 6.2 e 6.3 mostram o ajuste de cada uma das amostras.

(51)

6.2 Estimativa do Percentual de Cristalinidade 35

Figura 6.2 - Deconvolu¸c˜ao de picos da Polianilina (adi¸c˜ao lenta).

Figura 6.3 - Deconvolu¸c˜ao de picos da Polianilina (adi¸c˜ao r´apida).

Podemos fazer uma analogia com as rea¸c˜oes de crosslinking [6] que s˜ao comu-mente reportadas em materiais polim´ericos que s˜ao submetidos a algum tipo de trata-mento. Nem sempre essas mudan¸cas estruturais a n´ıvel molecular (crosslinking entre duas cadeias polim´ericas, por exemplo), resultam em aumento de cristalinidade. Tro-vati (2010) [66] reportou liga¸c˜oes qu´ımicas a n´ıvel molecular do tipo crosslinking em poliuretano que, apesar de terem modificado as propriedades mecˆanicas do pol´ımero, n˜ao

Referências

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