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COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM MATÉRIA AMBIENTAL

No documento CADERNO DE DIREITO AMBIENTAL (páginas 37-40)

6.1. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA (ART. 23, III, IV, VI E VII CF/88): É UMA COMPETÊNCIA COMUM.

Art. 23 CF/88 - É competência COMUM da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

VI - proteger o meio ambiente (todas as modalidades) e combater a poluição em qualquer de suas formas; É o mais importante!

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora.

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.

Parágrafo único - Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

Trata da competência comum (entre todos os entes federados) para a proteção do meio ambiente.

Esta competência administrativa está associada ao poder de polícia (art. 70 CTN) e ao licenciamento ambiental. O § Ú do art. 23 da CF/88 foi regulado pela Lei Complementar 140/11.

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6.2. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA PARA LICENCIAMENTO AMBIENTAL: A INCIDÊNCIA DA LC 140/11

Esta lei traz basicamente o seguinte: 1) Objetivos, finalidades e conceitos; Destaque para o art.3º da referida LC.

Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:

I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente; II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;

III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente;

IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.

2) Instrumentos de cooperação; É um rol exemplificativo.

Art. 4o Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de cooperação institucional:

I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;

II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal;

III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal;

IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;

V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar;

VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar.

§ 1o Os instrumentos mencionados no inciso II do caputpodem ser firmados com prazo indeterminado.

§ 2o A Comissão Tripartite Nacional será formada, paritariamente, por representantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.

§ 3o As Comissões Tripartites Estaduais serão formadas, paritariamente, por representantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.

§ 4o A Comissão Bipartite do Distrito Federal será formada, paritariamente, por representantes dos Poderes Executivos da União e do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre esses entes federativos.

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§ 5o As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite do Distrito Federal terão sua organização e funcionamento regidos pelos respectivos regimentos internos.

Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.

Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas.

3) Ações de Cooperação;

4) Disposições finais e transitórias.

Esta lei, basicamente, distribuiu a competência entre os entes federados.

6.3. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA (ART. 24, VI. VI E VIII CF/88): É A COMPETÊNCIA CONCORRENTE.

Caberá à União estabelecer normas gerais, cujo objetivo é coordenar e uniformizar a legislação no país. Entretanto, no Direito Ambiental estas normas não precisam ser editadas através de lei, pois se permite a edição por meio de Resoluções do CONAMA. Exemplo: Resolução 237/97 (que versa sobre o licenciamento ambiental - LA) e Resolução 01/86 (que versa sobre o estudo prévio de impacto ambiental - EPIA). Deste modo, o CONAMA possui poder regulamentar (poder infrarregulamentar).

Art. 24 CF/88 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre:

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar- se-á a estabelecer normas gerais.

Os Estados e o Distrito Federal possuem competência SUPLEMENTAR (art. 24, §2º CF/88) que pode ser:

- Competência Suplementar SUPLETIVA = cabe preencher as lacunas da norma geral; - Competência Suplementar COMPLEMENTAR = visa pormenorizar/detalhar a norma geral.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

CS - DIREITO AMBIENTAL 2018.1 39 Vale dizer que inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário (art. 24, §§ 3º e 4º CF/88).

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Em relação à competência dos Municípios, a jurisprudência entende que podem legislar, desde que façam de forma fundamentada, bem como tratem de matérias de interesse local.

Info 857 STF - o Município é competente para legislar sobre o meio ambiente, juntamente com a União e o Estado-membro/DF, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c o art. 30, I e II, da CF/88). Se o Município legisla sobre Direito Ambiental, fazendo de forma fundamentada segundo seus interesses locais, não há, em princípio, violação às regras de competência.

No documento CADERNO DE DIREITO AMBIENTAL (páginas 37-40)