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COMPETÊNCIAS CRÍTICAS COMPETÊNCIAS OPERACIONAIS

A BNCC E SUA PEDAGOGIA DAS COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIAS CRÍTICAS COMPETÊNCIAS OPERACIONAIS

“A concepção de ensino orientado pela problematização ou solução de problema no processo da ‘ação-reflexão-ação’ do ato pedagógico. A estruturação dos problemas e a busca de soluções dos mesmos deve obedecer a critérios que possibilitem estabelecer sentidos e interesses comuns a todos os participantes para oportunizar as reflexões necessárias, que vão estimular a práxis, aquisição da autonomia e da emancipação”. (KUNZ, 2012, p. 192)

Surge com forte apelo produtivo e tende a ordenar as relações de trabalho, de conhecimento, de educação e de comportamento social do trabalhador nas empresas, amparada no modelo de gestão da produção que começa ser implantado e difundido a partir de 1953 com a experiência da Toyota, no Japão.

“Aborda o processo de conscientização de professores e educandos sobre a realidade, sendo através de uma Ação Comunicativa tratada de maneira crítica e problematizadora, possível de se reconstruir o conhecimento a todo o momento. É pelo diálogo que se consegue desenvolver a consciência a partir do Mundo Vivido, pois, com este os conteúdos a serem ensinados são expostos com a intenção de tomar atitudes com relação à realidade concreta, desta forma é mais fácil entender, explicar e transformar esta realidade”. (KUNZ, 2012, p. 151)

A abordagem por competências considera os conhecimentos como ferramentas a serem mobilizadas conforme as necessidades, a fim de que se possa resolver determinadas situações-problema apresentadas na escola, no trabalho e fora dele. (PERRENOUD, 2000)

COMPETÊNCIAS CRÍTICAS COMPETÊNCIAS OPERACIONAIS

As competências se voltam para a garantia de acesso ao conhecimento universal produzido pela humanidade.

As competências representam o saber-fazer do professor em detrimento do conhecimento universal produzido pela humanidade. Cumpre a função educacional pela via dos

conhecimentos pedagógicos e da transposição didática dos conhecimentos científicos pertinentes ao ensino básico e, ao mesmo tempo, pela

problematização da cotidianidade do ambiente social, político, cultural e econômico vigente.

O professor age, supostamente, como um operário alheio às transformações sociais e políticas que impactam a escola, restringindo sua competência a simples transposição didática de conteúdos disciplinares, prescritos pelos

setores sociais que detém o domínio sobre o capital simbólico, cultural, científico e econômico produzido pelos indivíduos na sociedade. As competências críticas privilegiam a facticidade e

as contingências mediadoras das relações de causa

e efeito, ou seja, o mundo e tudo aquilo que interage com ele como: as vivências, os sujeitos, as crises, o poder, a opressão, o trabalho e as condições objetivas que implicam em dificuldades quase intransponíveis as classes excluídas dos processos social e produtivo.

As competências operacionais são competências baseadas na ideia de causa e efeito, a chamada causalidade, isto é, se

trabalho uma competência (A) então, posso alcançar a habilidade (B). Trata-se de um procedimento lógico-dedutivo que dá primazia à racionalidade técnica.

Fonte: Santos, Ferreira e González (2020, p. 14).

Os autores destacam que a criticidade aparece como um elemento secundário dissolvido no conjunto do texto da BNCC, não é uma com- petência a ser desenvolvida, o que, logicamente, contraria a natureza e especificidade. Portanto, espera-se que sejam implementadas com- petências críticas em detrimento das competências operacionais pelos professores, com destaque para a interlocução de conhecimentos peda- gógicos e da transposição didática dos conhecimentos científicos perti- nentes ao ensino básico, por meio da problematização e atualização dos conteúdos do ambiente social, político, cultural e econômico vigente.

Tomamos como exemplo um relato de experiências apresenta- do pela supervisora pedagógica do município de Camamu (BA), no ano de 2020, desenvolvido com alunos do campo, Colégio Municipal Paulo Magalhães, que fica no distrito de Travessão, em Camamu (BA). De acordo com a supervisora pedagógica, os alunos do 6º ao 9º ano do campo estudavam na área urbana do município, e ficaram sem aulas durante um período, devido à falta de transporte escolar. Para mitigar as consequências da falta de aulas,

[...] a secretaria municipal implementou o projeto interdisciplinar intitulado ‘Projeto Comunidade Muito Prazer’, que teve como objetivo

valorizar a realidade local dos alunos, respeitando a diversidade, porém, de uma forma crítica, no intuito de promover ações articu- ladas entre as áreas do conhecimento, para a reposição das aulas e compensação dos dias letivos de alunos oriundos da zona rural, que deixaram de frequentar a escola por causa de um acidente com o transporte escolar que eles utilizavam. (Supervisora Pedagógica, 2020)

As sequências didáticas planejadas para a realização do referido pro- jeto foram elaboradas a partir de dois filmes: O diário de Anne Franck e Narradores de Javé. As discussões partiram de temas geradores que fazem uma intertextualidade com músicas, apólogos, notícias de jor- nais, poemas e outros gêneros textuais. Sem pretender trazer receitas, mas apenas ilustrando, apresentamos no Quadro 4, uma das formas de organização desse planejamento que foi desenvolvido na referida escola, trabalhando com as competências e habilidades presentes na BNCC, porém, de forma crítica e interdisciplinar.

Mas antes disso, cumpre salientar que existe uma orientação para a leitura dos códigos da BNCC que indicam as habilidades, da forma como estão dispostas no Quadro 4. A Figura 1, por sua vez, esclarece a utilização do código.

Assim, no primeiro código do Quadro 4, que está em negrito, te- mos EF69LP13. As duas primeiras letras representam o nível de ensino.

Portanto, “EF” é igual a ensino fundamental; os dois números seguintes equivalem aos anos que as habilidades se referem, por exemplo: 6 e 9 indicam que aquela habilidade poderá ser utilizada do 6º ao 9º ano; as duas letras seguintes indicam os componentes curriculares. Então, quando temos “LP”, significa que a habilidade mencionada é de Língua Portuguesa; e por fim, os dois últimos números equivalem à habilida- de indicada pelo componente curricular na BNCC, de modo que o 13 deste código mencionado (EF69LP13) nos informa que corresponde habilidade de número 13 que se encontra no componente curricular de Língua Portuguesa da BNCC, para os alunos do 6º ao 9º ano.

Quadro 4 – Formação das equipes interdisciplinares de trabalho e suas atribuições

Equipe 1 -