• Nenhum resultado encontrado

Competências de Mestre

No documento Relatório de trabalho de projeto a Grazina (páginas 97-102)

4. Análise da Aquisição e Desenvolvimento de Competências

4.3. Competências de Mestre

O DL 74/2006 de 25 de Março, preconiza que no ensino politécnico, o ciclo de estudos conducente ao grau de mestre deve assegurar, predominantemente, a aquisição pelo estudante de uma especialização de natureza profissional (Artigo 18º, nº 4). Neste sentido, o Departamento de Enfermagem da ESS-IPS (2014), prevê que cada mestrando: demonstre competências clínicas específicas na conceção, gestão e supervisão clínica dos cuidados de enfermagem; realize desenvolvimento autónomo de conhecimentos e competências ao longo da vida e em complemento às adquiridas; integre equipas de desenvolvimento multidisciplinar de forma proativa; aja no desenvolvimento da tomada de decisão e raciocínio conducentes à construção e aplicação de argumentos rigorosos; inicie, contribua para e/ou sustenta investigação para promover a prática de enfermagem baseada na evidência; realize análise diagnóstica, planeamento, intervenção e avaliação na formação dos pares e de colaboradores, integrando formação, a investigação, as políticas de saúde e a administração em saúde em geral e em enfermagem em particular.

Na análise das competências de Mestre, e já analisadas as competências específicas do enfermeiro Especialista em EMC, assim como as competências comuns do

98 enfermeiro Especialista, compreendemos que todo o nosso percurso e trabalho desenvolvido, em articulação com a nossa individualidade, convergem num todo.

Na demonstração de competências clínicas específicas na conceção, gestão e

supervisão clínica dos cuidados de enfermagem, uma vez que estas se encontram

refletidas na aplicação do processo de enfermagem, foram demonstradas na prática clínica. Tendo a prestação de cuidados sido centrada tanto na pessoa em estado crítico como na pessoa em situação crónica ou paliativa, a nossa atuação direcionou-se aos problemas da pessoa, após avaliação, diagnóstico e planeamento de cuidados específicos, atuando com a destreza necessária, por um lado, sempre com segurança, e proporcionando o máximo bem-estar possível à pessoa, por outro, atendendo à sua idiossincrasia. Os cuidados foram também prestados no sentido da promoção do auto-cuidado da pessoa, sendo este o pressuposto em que se centra a teoria de enfermagem de Dorothea Orem (OREM, 1980).

Relativamente ao PIS, por tudo o que já foi referido acerca do mesmo, este permitiu-nos também demonstrar competências específicas na conceção (através da criação do projeto, diagnóstico da situação, formulação de objetivos), gestão (através da elaboração do planeamento, onde foram também considerados recursos materiais, humanos, gestão de tempo para implementação do projeto) e supervisão clínica (subjacente na fase de identificação do problema e no objetivo do projeto, que visa acima de tudo a melhoria de qualidade) dos cuidados de enfermagem.

De referir que o trabalho académico desenvolvido no âmbito do Módulo Supervisão de Cuidadas, integrado na UC EMC II, já referido anteriormente, veio possibilitar o desenvolvimento de competências ao nível da supervisão clínica, possibilitando a articulação das dimensões do saber (conhecimentos), saber-fazer (capacidades), saber-ser (atitudes e comportamentos), e saber-aprender (evolução das situações e permanente atualização e adaptação que estas exigem). Este processo revelou- se uma preciosa ferramenta de gestão de cuidados, que permite a reflexão sobre as práticas profissionais, bem como a monitorização das mesmas, com vista à segurança dos cuidados e à promoção da qualidade. Também a componente ético-deontológica que regula a ação, e que confere a fundamentação à resolução de casos, permite uma tomada de consciência, tanto individual como coletiva, em relação às situações vividas e à prestação de cuidados.

99 O desenvolvimento autónomo de conhecimentos e competências ao longo da

vida e em complemento às adquiridas tem sido, como já referimos, constante, pois só

com amplos conhecimentos em determinada área, se pode ser perito nessa área.

DIAS (2004, p.17), diz-nos que “a enfermagem como profissão exige a

mobilização de conhecimentos adquiridos durante a formação de base e/ou especializada, que devem ser continuamente renovados através de formação permanente”. O mesmo

autor refere também que a auto-formação diz respeito não só à pessoa, como ao seu contexto de trabalho e meio envolvente, onde desenvolve a sua atividade profissional.

Neste sentido, a pesquisa bibliográfica pertinente e organizada, o perfil pessoal de persistência e dedicação, a frequência deste curso de Mestrado, o estudo dos aportes teóricos lecionados no mesmo, a frequência de formações em serviço e formações ministradas pela instituição em que trabalhamos, a participação em conferências e encontros de enfermagem, a procura incessante de prestar cuidados de qualidade, seguros, e dotados da componente relacional tão própria da profissão de enfermagem, são evidências neste desenvolvimento. Na formulação do PAC, este encontra-se também explícito, pela procura de desenvolvimento de competências demonstrada.

A integração em equipas de desenvolvimento multidisciplinar de forma

proativa tem sido também demonstrada. Apesar de a equipa onde nos inserimos em

contexto de estágio ser a mesma a que pertencemos enquanto profissionais, a nossa mudança de postura neste novo contexto foi evidente, pelo que assumimos o papel de estudante mestranda. Foi neste contexto que incluímos desde início a equipa no desenvolvimento do PIS, como já referimos, assim como também articulámos com a Direção de enfermagem (para pedido de autorizações), com o elemento responsável pela formação na instituição, com o elemento responsável da CCI, com o Sr. Diretor do serviço, Sr.ª Enf.ª Chefe e, como é evidente, com a Sr.ª Enf.ª orientadora e Sr.ª Prof.ª orientadora.

Na prestação de cuidados, a multidisciplinaridade foi sempre integrada. De referir os contributos de assistir à mesa “A multidisciplinaridade e a continuidade dos cuidados”, nas 2as Jornadas de Enfermagem da instituição, promovendo a reflexão neste sentido.

Também agimos no desenvolvimento da tomada de decisão e raciocínio

conducentes à construção e aplicação de argumentos rigorosos, não só em contexto de

prática clínica, assumindo uma prestação de cuidados fundamentados em bases científicas de evidência, regidos pela ética e deontologia profissional, mas também na elaboração do

100 PIS. Neste, o desenvolvimento referido foi evidente, tendo sido necessário decidir, argumentar e tomar decisões, bem como utilizar instrumentos que conferiram rigor e demonstraram a pertinência do projeto e a resolução fundamentada dos problemas. A concretização do projeto foi também fundamentada com base em indicadores de resultado formulados no planeamento do mesmo, o que permitiu analisar os seus resultados e consequentemente os ganhos em saúde.

Relativamente ao PAC, também na formulação foram demonstradas as competências de tomada de decisão, raciocínio e argumentação.

A referir ainda os contributos do trabalho académico no âmbito do Módulo de Supervisão de Cuidados, já mencionado, relativamente à tomada de decisão fundamentada e apoiada em documentos do quadro ético e jurídico.

Também os trabalhos académicos no âmbito das UC’s Investigação (onde desenvolvemos um poster científico com o tema “Práticas de enfermagem no tratamento de feridas cirúrgicas”) e Gestão de Processos e Recursos (com o desenvolvimento de um projeto de intervenção organizacional assente num diagnóstico de situação real) contribuíram para o desenvolvimento das competências supracitadas.

No que concerne a iniciar, contribuir para e/ou sustentar investigação para

promover a prática de enfermagem baseada na evidência, esta competência foi

desenvolvida através da elaboração do PIS, no qual utilizámos metodologia de projeto, e para o qual nos fundamentámos não só em bases científicas, mas também numa análise cerrada da situação, antes e depois da implementação do projeto, onde recolhemos e analisámos estatisticamente dados, que sustentam o projeto e a sua pertinência. Assim, analisámos e materializámos resultados de investigação para dar resposta a um problema na nossa área de intervenção.

Também a elaboração do poster “Hipodermoclise – uma opção segura nos cuidados à pessoa em fim de vida”, já mencionado neste documento, veio contribuir para promover a prática baseada na evidência no SCG a nível da técnica de hipodermoclise, uma vez que foi efetuada revisão da literatura para elaboração fundamentada do poster.

De referir ainda a realização do artigo científico reflexivo da metodologia de trabalho de projeto por nós realizada, no âmbito da avaliação funcional das pessoas internadas no SCG: aplicação da EB, e o qual visa a posterior publicação, possibilitando enriquecer a comunidade profissional e académica com contributos nesta área.

101 Por fim, quanto à realização de análise diagnóstica, planeamento, intervenção

e avaliação na formação dos pares e de colaboradores, integrando formação, a investigação, as políticas de saúde e a administração em saúde em geral e em enfermagem em particular, podemos afirmar que o nosso percurso profissional e

académico nos tem permitido desenvolver esta competência, e importa referir os contributos da frequência do curso de Formação Inicial de Formadores, que nos dotou de aportes pedagógicos de grande importância para a realização de formação.

Esta competência foi desenvolvida através da metodologia de trabalho de projeto, utilizada no PIS, nas suas diferentes fases de realização. No âmbito foi efetuada formação dos pares, cuja fase diagnóstica se encontra associada ao projeto em si. Foi efetuado um planeamento da formação, contemplando a formulação de objetivos e resultados esperados. Foram ainda planeados os conteúdos a abordar, de acordo com as necessidades identificadas na fase diagnóstica do PIS, bem como a metodologia a utilizar e a projeção de recursos materiais necessários. A formação foi fundamentada com base em evidência pesquisada e produzida, ao nível das auditorias aos processos de enfermagem.

Também no que respeita à atividade de sensibilização das visitas das pessoas internadas no SCG relativamente à importância da higienização das mãos, foi efetuado um projeto desta sessão, bem como um relatório, desenvolvendo competências de diagnóstico, planeamento, execução e avaliação da formação, com base na investigação previamente realizada e nas políticas de saúde vigentes.

Explicitado assim o desenvolvimento de competências especializadas ao longo do nosso percurso, terminamos o nosso relatório com a apresentação de uma nota conclusiva.

102

No documento Relatório de trabalho de projeto a Grazina (páginas 97-102)