• Nenhum resultado encontrado

5 – COMPETÊNCIAS DESENVOLVIDAS

É fundamental a reflexão sobre a nossa prática, no sentido de melhorarmos o nosso agir, redobrando o olhar singular nos cuidados prestados na enfermagem transcultural para a construção de realidades, que dêem respostas cada vez mais adequadas às necessidades das pessoas. Continuo a acreditar que os enfermeiros possuem a responsabilidade de contribuírem de forma construtiva para essa mudança. Foi nesta óptica que as minhas competências foram desenvolvidas.

A prestação directa de cuidados e a observação foram dinâmicas, que permitiram a análise do trabalho desenvolvido e, por conseguinte a aquisição de competências técnicas e relacionais, sobretudo na comunicação com a família de outra referência cultural como é citado no Regulamento das Competências Especificas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem (RCEEESCJ,2011). Adquiri competências comunicacionais ao utilizar as várias estratégias de comunicação, (quer verbal e a não-verbal), realçando a importância da negociação, o respeito pelos silêncios, a escuta, o respeito pelo sofrimento do outro, para o estabelecimento de uma comunicação assertiva na transculturalidade.

Importa mencionar a pesquisa bibliográfica relacionada com o cuidar em neonatologia, no sentido de autoformação e na determinação em transmitir os cuidados antecipatórios aos pais, sustentados na evidência científica, o que permitiram a aquisição de competências técnicas. Desenvolvi competências humanas do cuidar da criança, do jovem e família, nas situações de maior complexidade, sobretudo em situações em que a família é confrontada com a doença crónica, a morte de um filho, no sentido de uma adaptação mais ajustada às mudanças na saúde e dinâmica familiar (RCEEESCJ, 2011).

No Gabinete da Saúde no CNAI desenvolvi competências práticas através da resolução de situações, como por exemplo: o encaminhamento de uma criança para o serviço de urgência por problema dermatológico exacerbado; a informação sobre os recursos existentes na comunidade de uma grávida (de 36 semanas de gestação) a residir de forma ilegal no nosso país, os seus os direitos e deveres e o seu encaminhamento para o Serviço de Urgência Obstétrica. Também competências relacionais com a família imigrante, com défice de informação e o modo como aceder aos cuidados de saúde. Ainda competências comunicacionais, concretamente no direccionar a informação

pretendida pela família, utilizando estratégias tais como a escuta activa e sua especificidade.

No Centro de Saúde tive a oportunidade de desenvolver competências técnicas na prestação directa de cuidados à criança, ao jovem e família ao participar activamente na consulta de enfermagem (a educação para a saúde, avaliação do desenvolvimento estato-ponderal). O desenvolvimento de competências inerentes à prática profissional e ética, ao elaborar o folheto para os enfermeiros sobre os recursos existentes na comunidade, ao participar nas reuniões do núcleo de apoio à criança, do jovem e família em risco e, ainda o validar da importância do EESCJ integrar estes grupos de trabalho. Esta competência permitiu a promoção de uma prática de cuidados, que respeitem os direitos humanos e as responsabilidades profissionais, como o veiculado no Regulamento das Competências Comuns do Enfermeiro Especialista (RCCEE, 2011).

A interacção com as diferentes famílias na Unidade Móvel facilitou o desenvolvimento de competências humanas e relacionais inerentes à prática profissional e ética, promovendo a sensibilidade, consciência e respeito pela identidade cultural do cliente e família (RCCEE,2011).

De acordo com o Regulamento das Competências Especificas de Enfermeiro Especialista em Enfermagem da Saúde da Criança e do Jovem (2011), também desenvolvi competências comunicacionais, particularmente no aperfeiçoamento de habilidades de comunicação (verbal e não verbal) adaptadas ao estádio de desenvolvimento da criança, do jovem e família inserido numa matriz cultural.

A formação de pares permitiu a capacitação dos enfermeiros e ao desenvolvimento de competências no âmbito da educação, colaborando na formação dos enfermeiros e melhoria contínua da qualidade, como é veiculado no Regulamento da Competências Comuns do Enfermeiro Especialista (2011).

Ainda o desenvolvimento de competências no domínio da gestão dos cuidados, no sentido de dar a conhecer e aplicar a legislação e procedimentos. De forma a optimizar o trabalho da equipa de enfermagem, ao adequar os recursos às necessidades de cuidados, incorporando o que menciona o Código Deontológico do Enfermeiro (OE,2005) o no seu artigo 88º alínea b) em que o enfermeiro procura no seu exercício profissional “adequar as

normas de qualidade dos cuidados às necessidades concretas…” de cada da pessoa, a

Face às experiências mais marcantes saliento: as competências relacionais e as comunicacionais. Não descurando também a criação de um ambiente terapêutico (o brincar) e seguro para a criança e família, através do respeito, pelos seus valores, as suas crenças espirituais e religiosas, e práticas significativas para a mesma, como por exemplo permitir a presença de um pastor e providenciar um espaço de privacidade na realização do ritual religioso da família.

O desenvolvimento das competências atrás descritas permitiram “um novo olhar” sobre o cuidar em enfermagem. Como observa Watson (2002, p. 23), “a enfermagem pode ser

descoberta de novo com mais fundamento filosófico significativo, baseada no humano em vez de ser em valores não humanos – retornando às nossas raízes no sentido de encontrar e estabelecer os nossos próprios alicerces para o futuro.” É nesta contextualização que

enquadro toda a minha experiência nos estágios. Realço o estágio realizado na UCIN, que me permitiu ter um olhar diferente para o processo de transição e a promoção da parentalidade, com maior enfase no cliente de outra referência cultural (como este processo é vivenciada nas diferentes culturas). Pois como estudante, com a orientação dos enfermeiros orientadores e os contributos adquiridos ao longo deste percurso académico, pude observar, o que enquanto profissional, na rotina diária não observava. Como também fiquei sensibilizada para determinadas realidades que desconhecia.

É de destacar outra das competências que ao longo deste percurso desenvolvi - a competência cultural. Esta contribui para a mudança de comportamentos ultrapassando o etnocentrismo e a adequação dos cuidados, tendo em conta o contexto cultural da criança, do jovem e família e, por conseguinte a melhoria na qualidade dos cuidados. Outra das finalidades desta competência é o contribuir para a gestão de cuidados eficaz ao nível dos recursos humanos e de saúde cooperando deste modo para um acesso facilitado aos cuidados de saúde e a sua adesão aos diferentes níveis de prevenção (primário, secundário e terciário) e, consequentemente obter ganhos em saúde.

As competências técnico-instrumentais não constituíram o meu foco de atenção, comparativamente às restantes competências atrás mencionadas. Estas são largamente exercidas no meu local de trabalho e foram-no ao longo da minha experiência profissional (como prestadora de cuidados gerais na área da pediatria durante vinte anos), pelo que não tive necessidade de nelas investir, apenas manter-me actualizada e quando necessário realizar pesquisa bibliográfica/discussão com os pares.

Ao finalizar reforço o entendimento de que o ser competente não é, nem será, uma condição ou um dado adquirido, não se limita a um “saber “ ou um “ saber fazer”, o enfermeiro competente deverá saber mobilizar o que aprendeu ajustado a cada situação concreta.