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Competências dos Profissionais de Saúde valorizadas em Cuidados

1. EVOLUÇÃO DOS CUIDADOS PALIATIVOS ATRAVÉS DA HISTÓRIA

1.3. Competências dos Profissionais de Saúde valorizadas em Cuidados

Qualquer profissional de saúde que cuide de um doente com doença avançada progressiva, incurável ou grave, necessita possuir capacidades e competências técnico-

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científicas e humanas (interesse, dedicação, solidariedade, humanismo, compaixão, entre outras) que lhe permitam prever, identificar, antecipar e tratar os problemas, e situações complexas (Pimentel, 1993 Cit. por Fernandes, 2012). Para tal deverá ser detentora de competências adequadas para dar resposta às diversas necessidades do doente e família no âmbito dos quatro pilares dos CP: controlo de sintomas, comunicação adequada, trabalho em equipa e apoio à família.

A formação é um vetor fundamental do sucesso dos CP, pois é “um dos pilares básicos e desenvolvimento de Cuidados Paliativos, inscrevendo‐se esta nos diferentes níveis de prestação de cuidados dos diferentes profissionais, mas também na criação de “padrões” formativos e certificação de competências para implementação curricular de futuros profissionais” (Direção Geral de Saúde, 2010, p.40).

A European Association for Palliative Care (EAPC) (2013, p.90), define competência como: “(…) um agregado de conhecimentos relacionados, habilidades e atitudes, que afeta uma parte importante de um posto de trabalho (papel ou responsabilidade), que se correlaciona com o desempenho no trabalho, que pode ser medido perante padrões bem aceites, e que pode ser melhorado via formação e desenvolvimento”

As dez competências centrais para a prática clínica em CP fulcrais para todos os profissionais independentemente da sua disciplina específica, definido pela EAPC são:

1. Aplicar os constituintes centrais dos cuidados paliativos, no ambiente próprio e mais seguro para os doentes e famílias;

2. Aumentar o conforto físico durante as trajetórias de doença dos doentes; 3. Atender às necessidades psicológicas dos doentes;

4. Atender às necessidades sociais dos doentes; 5. Atender às necessidades espirituais dos doentes;

6. Responder às necessidades dos cuidadores familiares em relação aos objetivos do cuidar a curto, médio e longo prazo;

7. Responder aos desafios da tomada de decisão clínica e ética em cuidados paliativos;

8. Implementar uma coordenação integral do cuidar e um trabalho de equipa interdisciplinar em todos os contextos onde os cuidados paliativos são oferecidos;

9. Desenvolver competências interpessoais e comunicacionais adequadas aos cuidados paliativos;

10. Promover o autoconhecimento e o contínuo desenvolvimento profissional” (EAPC, 2013).

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Espera-se assim, dos profissionais de saúde que trabalham em CP, independentemente da sua área profissional e o seu papel, a aquisição deste conjunto de competências centrais, de modo a prestar cuidados de excelência ao doente e sua família.

O profissional de saúde com formação avançada em CP, é detentor de competências através de formação, de treino, conhecimento científico, análise e reflexão. É também necessário ter em atenção os princípios éticos fundamentais que regem o exercício da prática clínica em CP. Para isso, é necessário que os profissionais de saúde desenvolvam competências que lhes permitam lidar com os dilemas éticos que surgem nesta última etapa da vida. Existem dilemas éticos muito próprios desta fase, tais como: questões em torno da adequação da hidratação e nutrição; sedação; pedidos de suicídio medicamente assistido e/ou eutanásia. Sendo da responsabilidade de cada profissional, assegurar que possui a competência necessária para lidar com os desafios éticos, de acordo com o código deontológico que rege cada profissão relacionado com a prestação de CP. (Neto [et al.], 2014; EAPC, 2013).

Também foi publicado, em Diário da Republica, ao abrigo do regulamento nº 188/2015 o Regulamento das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Pessoa em Situação Crónica e Paliativa. As competências específicas do enfermeiro especialista em Enfermagem em Pessoa em Situação Crónica e Paliativa são:

 Cuidar de pessoas com doença crónica, incapacitante e terminal, dos seus cuidadores e familiares, em todos os contextos de prática clínica, diminuindo o seu sofrimento, maximizando o seu bem-estar, conforto e qualidade de vida.  No domínio da prática clínica o enfermeiro:

 Identifica as necessidades das pessoas com doença crónica incapacitante e terminal, seus cuidadores e familiares;

 Promove intervenções junto de pessoas com doença crónica incapacitante e terminal, cuidadores e seus familiares;

 Envolve cuidadores da pessoa em situação crónica, incapacitante ou terminal, para otimizar resultados na satisfação das necessidades;

 Reconhece os efeitos da natureza do cuidar em indivíduos crónica incapacitante e terminal, nos seus cuidadores e familiares, sobre si e outros membros da equipa, e responde de uma forma eficaz;

 Colabora com outros membros da equipa de saúde e/ou serviços de apoio.

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 Estabelece relação terapêutica com pessoas com doença crónica incapacitante e terminal, com os seus cuidadores e familiares, de modo a facilitar o processo de adaptação às perdas sucessivas e à morte.

 No domínio da prática clínica o enfermeiro:

 Promove parcerias terapêuticas com o indivíduo portador de doença crónica incapacitante, cuidadores e família;

 Respeita a singularidade e autonomia individual, quando responde a vivências individuais específicas, a processos de morrer e de luto;

 Negoceia objetivos/metas de cuidados, mutuamente acordadas dentro do ambiente terapêutico;

 Reconhece os efeitos da natureza do cuidar em indivíduos com doença crónica incapacitante e terminal, nos seus cuidadores e familiares, sobre si e outros membros da equipa, e responde de forma eficaz.

Em suma, os CP implicam que os profissionais de saúde tenham conhecimento científico, capacidades, competências técnicas e sobretudo competências humanas. Há necessidade de ter presente que, todas as guidelines de formação em CP apontam para a necessidade de se dotar os profissionais com competências avançadas em comunicação/relação interpessoal, pois em CP estas assumem-se muitas das vezes como o próprio cuidado.

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