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COMPETÊNCIAS E PEDAGOGIA POR PROJETOS

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Segundo Hernández (1998), se o professor não assume que deve mudar de postura e, conseqüentemente, sua visão profissional para um enfoque globalizador da educação, dificilmente ele poderá vivenciar uma experiência de conhecimento. Trata-se aqui de ampliar os saberes dos profissionais através de uma prática pedagógica eficaz.

Segundo os PCN (BRASIL, 1999), a pedagogia de projetos é uma prática que pode dar respostas às expectativas do professor e do aluno. Ela surge exatamente da necessidade de valorizar a atuação de ambos no sentido de melhorar o processo de ensino-aprendizagem. Os projetos contribuem para dar significado ao processo educativo, valorizando o aluno como sujeito reflexivo, atuante e participativo na construção do seu aprendizado. Diante dessa nova tendência, torna-se evidente que o educador deve desenvolver competências para seu novo papel.

Segundo Perrenoud (2000), uma das competências a serem desenvolvidas pelos professores é a capacidade de suscitar o desejo de aprender. Nesse sentido, cabe aos educadores despertar no educando o interesse e a decisão de aprender. Surge aqui uma nova dimensão para o educador. Esse não pode mais ser um mero profissional que domina conteúdos específicos. “A condição básica para ser um professor

competente é conhecer os processos mentais pelos quais passa o aprendiz”

(ALMEIDA, 2000, p. 96). Diante da complexidade da tarefa de ser professor nessa nova realidade, é fundamental a atualização diante das novas metodologias.

De acordo com os PCN (BRASIL, 1999), os projetos constituem-se em uma possibilidade de mudança na prática educativa. Trata-se de uma proposta diferenciada de organizar o trabalho didático na escola. Os projetos surgem como necessidade de repensar e refazer o processo educativo, até então baseado na fragmentação disciplinar e na transmissão de conteúdos, sendo o aluno, um mero receptor e o professor o detentor incontestável do saber. Por meio dessa pedagogia, a aprendizagem se dá de forma participativa. Os alunos podem vivenciar situações- problema, refletir e tomar atitudes diante delas. Inclusive, Macedo (2005) argumenta que as situações-problema têm presença significativa em um contexto de projetos.

Quanto ao professor cabe o papel de facilitador e aprendiz. Assim sendo, pode conduzir o aluno a concretizar seu aprendizado em ações.

Trabalhar com projetos implica:

...autonomia, envolvimento e cooperação que são competências que possibilitam a uma escola, a um professor praticar algo na direção dessa pedagogia diferenciada, que trabalha múltiplos encaixes e posições em favor da inclusão das crianças com suas diferenças e singularidades (MACEDO, 2005, p. 75).

Uma particularidade dos projetos é a intencionalidade. Embora voltados para a concretização das ações planejadas, é aberto e flexível. Pode ter sua ação inicial revista e ser desenvolvido considerando-se as necessidades e interesses dos educandos. Cabe ao professor estar atento aos objetivos anteriormente previstos e se há necessidade de revê-los e replanejá-los. Noutra abordagem, é preciso que o professor saiba o quê e como fazer. Marise Ramos (2001, apud, GARRILHO 2002, p. 27) afirma que: “a competência associa-se à conjugação dos diversos saberes

mobilizados pelo indivíduo (saber, sabe-fazer e saber-ser) na realização de uma atividade”.

Trabalhar com projetos é dar sentido aos conteúdos habitualmente trabalhados de forma descontextualizada e que não implicam em um sentido imediato para o aluno. Os projetos constituem-se assim em uma evolução da aprendizagem, pois trabalham os conteúdos programados de forma integrada e atendem à necessidade e ao interesse

dos alunos.

Machado (2002, p. 150) argumenta que a contextualização, que se constitui em um dos aspectos que atribui significado à prática de projetos, deve refletir a real necessidade de convívio entre os temas escolares e a realidade além da escola. A contextualização também favorece a construção do conhecimento de forma significativa e desperta o interesse do aluno para temas que fazem sentido em sua vida.

O aluno constrói seu conhecimento quando passa de receptor passivo a sujeito do processo, mas cabe ao educador estabelecer objetivos e traçar metas que sejam cumpridas. Sendo assim, os projetos se dispõem a despertar no aluno a curiosidade por novos conhecimentos.

Trabalhar com projetos é uma forma de facilitar a atividade, a ação, a participação do aluno no seu processo de produzir fatos sociais, de trocar informações, enfim, de construir conhecimento (ALMEIDA, 2000, p. 22).

É importante entender que não há um método para se trabalhar com projetos, mas uma série de condições a respeitar. Segundo Hernández (1998), o ensino-aprendizagem por meio de projetos possui algumas características que servem como referencial para o educador:

• O projeto não é uma prática aleatória, mas uma prática intencional que deverá dar respostas significativas ao aluno.

• O projeto é flexível no que concerne ao seu desenvolvimento.

• Os projetos apresentados pelos grupos são diferentes em sua essência, porque incorporam experiências e expectativas distintas.

• Cada grupo procura vivenciar suas próprias realidades. Daí a necessidade de orientação específica para o percurso.

• Cada grupo desenvolve o projeto no seu próprio tempo e ritmo.

• Cada grupo deve ter suas experiências valorizadas na formulação e no desenvolvimento do projeto.

Segundo Hernández (1998), apesar da adoção de referenciais para a prática de projetos, é necessário perceber que os projetos não se constituem em planos de trabalho ou em atividades bem organizadas. Os projetos envolvem muito mais em sua essência. O planejamento, por exemplo, é um momento para considerar-se a quantidade de pessoas, os recursos envolvidos e a elaboração do cronograma.

Uma questão de fundamental importância é a escolha do tema(s) do(s) projeto(s). Esse poderá ser sugerido pelo educador ou pelos educandos. O importante é que desperte o interesse de ambos. Pode se trabalhar com um tema ou com vários. Tudo dependerá dos interesses e características do grupo.

Uma vez que os educandos são sujeitos ativos no processo de ensino-aprendizagem, é importante considerar suas experiências e histórias de vida e promover assim o respeito à coletividade e à individualidade. Nesse sentido, as intervenções do educador servirão para confrontar, comprovar e testar idéias ou crenças, já que essas contribuem para o aprendizado. O educador também pode colaborar propondo diferentes fontes de informação. Considerando esses pressupostos, o momento das discussões favorecerá a autonomia e a responsabilidade dos educandos.

Um ponto crucial quando se trabalha com projetos é o momento da avaliação. Essa deverá ser contínua e não deve favorecer a exclusão ou a seleção. Deve-se considerar a capacidade do educando apropriar-se do conhecimento durante o processo. A avaliação pode estender-se ao educador que deve realizar sua auto-avaliação. E o próprio educando pode considerar sua atuação e desenvolvimento no processo educativo (HERNÁNDEZ, 1998).

É importante considerar as várias etapas pelas quais passa o projeto e segundo os PCN (BRASIL,1999), o planejamento dessas etapas devem ser feitas de forma antecipada para comportar o tempo e o espaço para o seu desenvolvimento. Considerando ainda os PCN, os projetos podem estar inclusos no desenvolvimento curricular e podem envolver mais de um professor, mais de uma turma, várias áreas ou apenas uma área. Os professores podem então trabalhar de forma individual ou em cooperação. Segundo Perrenoud (2000) saber cooperar é uma competência e ultrapassa o trabalho em equipe.

6. Competências docentes necessárias para o desenvolvimento de projetos

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