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6 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

6.2 Competências e obrigações do município com relação aos transportes

De acordo com o parágrafo IV do artigo 8º da Lei Orgânica de Santa Maria do Cambucá, elaborada pela Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria do Cambucá (CMVSMC), é competência privativa do município entre outros: organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, dando caráter essencial ao transporte coletivo (CMVSMC, 2009).

O artigo 10 da referida Lei, destaca entre outros serviços públicos, mais especificamente que cabe ao município as seguintes atribuições com relação aos transportes e suas infraestruturas (CMVSMC, 2009, p. 3):

VII - regulamentar a utilização dos logradouros públicos e, no perímetro urbano, determinar o itinerário e os pontos de parada dos transportes coletivos;

VIII - fixar os locais de estabelecimento de táxis e demais veículos;

IX - conceder, permitir e autorizar os serviços de transportes coletivos e de táxis, fixando as respectivas tarifas;

XI - disciplinar os serviços de carga e descarga e fixar a tonelagem máxima permitida, a veículos que circulem em vias públicas municipais;

XII - tornar obrigatória a utilização da estação rodoviária e de pontos de passageiros pelos veículos de transportes coletivos;

XIII - sinalizar as vias urbanas e as estradas municipais, bem como regulamentar e fiscalizar sua utilização;

XIX - organizar e manter os serviços de fiscalização necessários ao exercício de seu poder de polícia administrativa;

XXI - estabelecer e impor penalidades por infração de suas leis e regulamentos;

a) construção e conservação de estradas e caminhos municipais; b) transportes coletivos estritamente municipais;

c) iluminação pública.

O artigo 61 estabelece que a concessão dos serviços públicos somente seja efetivada após aprovação da Câmara Municipal e precedida de licitação. O inciso 2º deste artigo estabelece que os serviços concedidos devam sempre estar sujeitos à regulamentação e fiscalização da administração municipal, com competência do Prefeito para estabelecer tarifas (CMVSMC, 2009).

Por sua vez, o artigo 62 assegura a participação popular nas decisões relativas a (ibid, p. 19):

I - planos e programas de expansão de serviços; II - revisão de base de cálculo dos custos operacionais; III - política tarifária;

IV - nível de atendimento da população em termos de qualidade e quantidade;

V - mecanismos para a atenção de pedidos e reclamações dos usuários, inclusive para a apuração de danos causados a terceiros.

Parágrafo Único - Em se tratando de empresas concessionárias ou permissionárias de serviços públicos, a obrigatoriedade mencionada neste artigo deverá constar do contrato de concessão ou permissão.

O artigo 63 destaca que as entidades prestadoras de serviços públicos são obrigadas, pelo menos uma vez por ano, a dar ampla divulgação de suas atividades, informando, em especial, sobre planos de expansão, de aplicação de recursos financeiros e de realização de programas de trabalho (CMVSMC, 2009).

Por sua vez, o artigo 64 se refere a contratos de concessão de serviços públicos e estabelece, entre outros (CMVSMC, 2009, p. 19):

I - os direitos dos usuários, inclusive as hipotecas de gratuidade;

II - as regras para a remuneração do capital e para garantir o equilíbrio econômico e financeiro do contrato;

III - as normas que possam comprovar eficácia no atendimento do interesse público, bem como permitir a fiscalização pelo Município, de modo a manter o serviço contínuo, adequado e acessível;

IV - as regras para orientar a revisão periódica das bases de cálculos dos custos operacionais e da remuneração de capital ainda não estipulada em contrato anterior;

V - a remuneração dos serviços prestados aos usuários de direito, assim como a possibilidade de cobertura dos custos por cobrança e outros agentes beneficiados pela inexistência dos serviços;

VI - as condições de prorrogação, caducidade, rescisão e revisão da concessão ou permissão.

Parágrafo Único - Na concessão ou na permissão de serviços públicos, o Município reprimirá qualquer forma de abuso do poder econômico, principalmente as que visam à dominação de mercado, à exploração monopolística e ao aumento abusivo de lucros.

Com relação às tarifas e aos custos dos serviços públicos delegados, a Lei Orgânica estabelece no artigo 67 que (ibid, p. 19):

As tarifas dos serviços públicos prestados diretamente pelo Município ou por órgãos da sua administração descentralizada serão fixadas pelo Prefeito, cabendo a Câmara Municipal definir os serviços que serão remunerados pelo custo, acima do custo ou abaixo do custo, tendo em vista seu interesse econômico e social.

Parágrafo Único - Na formação do custo de serviços de natureza industrial, computar-se-ão, além das despesas operacionais administrativas, as reservas para depreciação e reposição dos equipamentos e instalações, bem como previsão para expansão dos serviços.

O artigo 68, por sua vez, admite que o Município possa consorciar-se com outros Municípios para a realização de obras ou prestação de serviços públicos de interesse comum, assim como, o artigo 69 faculta ao município conveniar com a União ou com o Estado a prestação de serviços públicos de sua competência privativa. Condiciona a isso, “ [...] quando lhe faltarem recursos técnicos ou financeiros para a execução dos serviços em padrões adequados, ou quando houver interesse mútuo para a celebração de convênio” (CMVSMC, 2009, p. 20).

A partir da análise da Lei Orgânica percebe-se a amplitude das obrigações públicas legais com a organização e fiscalização dos transportes públicos e com a segurança e manutenção do sistema viário municipal. Percebe-se que os problemas eventualmente existentes não decorrem da falta de regulamentação, mas do cumprimento do que dispõe a legislação já disponível. Cabe logicamente a esta pesquisa verificar sob a ótica dos residentes e dos produtores locais se o município está cumprindo adequadamente suas atribuições (CMVSMC, 2009).