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No estudo de competitividade sempre houve uma discordância acerca do seu conceito, nunca havendo um definido, contudo, percebe-se a convivência de duas famílias de conceitos de competitividade. A primeira família, a competitividade é vista como um desempenho, isto é, a competitividade revelada. A competitividade é representada principalmente pela participação do mercado ou “market share” alcançada pela empresa em certo momento do tempo. A demanda está intimamente ligada com este conceito ao arbitrar quais os produtos de quais empresas serão adquiridos e definindo a posição competitiva da empresa no mercado. A eficiência na utilização de recursos até poderia definir eventuais

Padrão de

concorrência Commodities Duráveis Tradicionais Difusores Fontes de vantagem

competitivas

Custo Diferenciação Qualidade Tecnologia relação

capital/produto

projeto de produto e componentes

gestão P&D + design atualização dos

processos

organização da produção

controle de qualidade capacitação em P&D flexibilidade produtividade qualificação dos

recuros humanos Estruturais

padronização diferenciação segmentação por níveis de renda e tipo

de produto

segmentação por necessidades técnicas preço, conformidade preço, marca,

conteúdo tecnológico, assistência técnica

preço, marca, rapidez de entrega, adequação ao uso atendimento a especificações dos clientes comércio internacional

regional/global local/internacional global/local economias de escala na planta economia de escala e de escopo economias de aglomeração economias de especialização controle matéria prima e logística de movimentação articulação montador- fornecedor formação de redes horizontais e verticais

interação com usuários serviços técnicos especializados metrologia e normalização tecnologia industria básica, informação tecnológica e serviços de treinamento de pessoal sistema de ciências e tecnologia exposição ao comércio internacional crédito ao consumo defesa do consumidor

defesa da concorrência apoio ao risco tecnológico anti-dumping incentivos fiscais defesa do consumidor propriedade intelectual proteção ambiental tributação proteção seletiva

custo de capital anti-dumping poder de compra do Estado câmbio crédito aos usuários e

financiamento às exportações infra-estrutura viária e portos Internos à empresa Mercado Configuração da Indústria Regimes de Incentivos e Regulação

fontes de competitividades, mas nunca como um todo. Observa Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1995, p.2) neste caso:

A competitividade é uma variável ex-post que sintetiza os fatores preço e não-preço – estes últimos incluem qualidade de produtos e de fabricação e outros similares, a habilidade de servir ao mercado e de fabricação e outros similares, a habilidade de servir ao mercado e a capacidade de diferenciação de produtos, fatores esses parcial ou totalmente subjetivos.

A segunda família, a competitividade é vista como eficiência, isto é a competitividade potencial. Neste caso é a relação insumo-produto de uma firma que traduz o modo de competir, ou seja, a capacidade da firma empresa de transformar insumos com o máximo de rendimento. Assim, é o produtor através de suas habilidades que definirá o quão competitivo a empresa será. Segundo Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1995, p.2):

A competitividade é um fenômeno ex-ante, isto é, reflete a capacitação detido pelas firmas, que se traduz nas técnicas por elas praticadas. O desempenho obtido no mercado seria uma conseqüência inexorável dessa capacitação. Considera-se, assim, que é o domínio de técnicas produtivas que, em última instância, habilita uma empresa a competir com sucesso, ou seja, representa a causa efetiva da competitividade.

Vale ressaltar que ambos os grupos teóricos apresentam insuficiências para enfatizar o fenômeno em si, já que tanto desempenho quanto eficiência são enfoques limitados por serem estáticos, ao analisar apenas o comportamento passado dos indicadores, sem elucidar as relações causais que manem o processo competitivo. Deste modo, o estudo de Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1995) define competitividade como: “a capacidade da empresa formular e implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”. O enfoque dessa definição está na avaliação do processo de concorrência como referencial para a análise da competitividade, isto é, a competitividade surge como uma característica extrínseca, relacionada ao padrão de concorrência, que representa um conjunto de fatores críticos de sucesso em um mercado determinado. Assim, seriam competitivas as empresas que a cada instante adotassem estratégias competitivas mais adequadas ao padrão de concorrência setorial

é fundamental identificar os fatores relevantes para o sucesso competitivo, que variam de setor a setor, de acordo com o padrão de concorrência vigente. Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1995) dividem estes fatores relevantes, em três grupos principais: os fatores empresariais, estruturais e sistêmicos.

Os fatores empresariais são aqueles que podem ser manipulados, através de condutas ativas assumidas, correspondendo às variáveis no processo decisório que a empresa detém poder de decisão. Engloba os fatores empresariais: a eficácia da gestão em termos do posicionamento estratégico da empresa; a capacitação tecnológica em termos de processos e produtos, ou seja, a capacidade de inovação; a capacitação produtiva através da atualização de equipamentos, aprimoramento de técnicas organizacionais e controle de qualidade; e por fim, o aumento da produtividade dos recursos humanos.

Os fatores estruturais são aqueles sobre os quais a empresa tem a capacidade de intervenção limitada pelo processo de concorrência. Estes fatores estão intimamente ligados ao padrão de concorrência de cada indústria e diferentemente dos fatores empresariais apresentam especificidades setoriais mais nítidas de acordo com aumento de sua importância relacionada ao padrão de concorrência dominante em cada setor. Os fatores estruturais estão representados em um triângulo de competitividade, integrado: pelas características do mercado (tamanho e dinamismo, grau de sofisticação e acesso a mercados internacionais); a configuração da indústria (desempenho e capacitação, estrutura patrimonial e produtiva e articulações na cadeia); e regime de incentivos e regulação da concorrência (amparo legal, política fiscal e financeira, política comercial e papel do Estado).

Os fatores sistêmicos são aqueles sobre os quais a empresa detém escassa ou nenhuma possibilidade de intervir. Constitui em variáveis macroeconômicas, político-institucional, legais regulatórios, de infra-estrutura, sociais e internacionais. Portanto, ao analisar a competitividade, deve se avaliar a criação e renovação das vantagens competitivas partes das empresas em consonância com os padrões de concorrência vigentes, específicos a cada setor da estrutura produtiva.

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