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2.5 COMPONENTES DA ESTRUTURA DE MERCADO

2.5.4 Inovação

O estudo das inovações começou a ter papel econômico relevante a partir dos estudos de Joseph Schumpeter em seu livro Teoria do Desenvolvimento Econômico, publicado pela primeira vez em 1912. Segundo o autor, a inovação cria uma ruptura no sistema econômico, principalmente no interior das indústrias, que assim, permite uma

revolução na estrutura produtiva e a criação de novas fontes de diferenciação para as empresas.

O processo de inovação está intimamente ligado com o conceito de mudança tecnológica, que representa sob um aspecto empresarial, num esforço das empresas em investir em atividades de pesquisa e desenvolvimento e na incorporação posterior de seus resultados em novos produtos, processos e formas organizacionais. Segundo, Hasenclever e Ferreira (2002), quando uma empresa produz um bem ou serviço ou usa um método ou insumo que é novo para ela, esta realizando uma mudança tecnológica, sua ação é denominada inovação. Quando introduzida pioneiramente por uma única empresa, seus impactos econômicos são limitados ao âmbito do inovador e, eventualmente, de seus clientes. Uma inovação só produz impactos econômicos abrangentes quando se difunde amplamente entre empresas, setores e regiões, desencadeando novos empreendimentos e criando novos mercados.

Tigre (2006) destaca quatro tipos de inovações a partir de estágios nas mudanças tecnológicas e da extensão das mudanças causadas em relação ao que havia antes. Primeiramente, existem as inovações incrementais, que representam melhoramentos e modificações cotidianas, ocorrendo de maneira contínua em qualquer indústria. O segundo tipo de inovação é a radical, quando rompe as trajetórias existentes, inaugurando uma nova rota tecnológica. A inovação radical é resultado de saltos descontínuos na tecnologia de produtos e processos. O terceiro tipo é a inovação que resulta em um novo sistema tecnológico, no qual um setor ou grupo de setores é transformado pela emergência de um novo campo tecnológico. O quarto e ultimo de tipo de inovação, refere-se a mudanças no paradigma técnico-econômico, que envolvem transformações que afetam toda a economia: envolvendo mudanças técnicas e organizacionais, alterações de produtos e processos, a criação de novas indústrias e o estabelecimento de trajetórias de inovações por várias décadas.

As inovações são induzidas pelas necessidades explicitas pelos usuários e consumidores ou pelas oportunidades geradas pelos avanços da ciência tecnologia. O desenvolvimento tecnológico, no entanto, costuma ser essencialmente autônomo, pois reflete opções e objetivos de políticas públicas e opções sociais. A literatura de Organização Industrial aponta duas forças indutivas básicas de mudança tecnológicas: nas necessidades explicitadas pelos usuários e consumidores (demand-pull) ou nas oportunidades geradas pelos avanços da ciência e tecnologia (technology push). Da mesma maneira, as inovações

também podem ser induzidas por mudanças relativas nos preços dos fatores de produção, sob o argumento que as mudanças tecnológicas são naturalmente orientadas para a economia de fatores, sendo que a disponibilidade de capital tende a crescer mais do que a oferta de trabalho. Assim, salários reais elevados estimulam inovações com intuito de poupar trabalho, enquanto o aumento de custos de uma determinada matéria prima estimula o desenvolvimento de materiais alternativos.

O processo de difusão tecnológico pode ser entendido como a trajetória de adoção de uma tecnologia no mercado, com foco nas características da tecnologia e nos demais elementos que condicionam seu ritmo e direção. Pode ser examinado a partir de quatro dimensões distintas: direção ou trajetória tecnológica, ritmo ou velocidade de difusão, fatores condicionantes e impactos econômicos, sociais e ambientais.

A direção assumida por uma determinada tecnologia se refere às opções técnicas adotadas ao longo de uma trajetória evolutiva. Podendo em certos casos, ter uma grande influência sobre a trajetória futura, em função do processo de dependência da trajetória anterior.

O ritmo de difusão de uma tecnologia se refere à velocidade de sua adoção, medida pela evolução do número de adotantes ao longo do tempo dentro do espaço potencial de usuários. Geralmente esta estilizada em curvas com o formato de um S, no modelo conhecido como a “Lei de Perl”. A hipótese básica do modelo é que o ritmo de crescimento na quantidade de empresas que adotam uma nova tecnologia depende do número de empresas que já assimilaram a tecnologia e da quantidade de empresas com potencial de utilizarem, mas que ainda não o fizeram. O processo abrange quatro fases: a introdução do novo produto, serviços ou processo, na qual um número pequeno de empresas adota a tecnologia; a fase de crescimento, quando o inovador pioneiro tem sucesso e ocorre uma melhoria progressiva do desempenho da tecnologia; a maturação, quando as vendas se estabilizam, as inovações incrementais se tornam menos freqüentes e os processo produtivos se tornam mais padronizados; e por fim a fase de declínio, quando alguns usuários deixam de usar a tecnologia em função do surgimento de outras tecnologias.

A difusão de novas tecnologias depende de fatores condicionantes que atuam tanto de forma positiva, no sentido de estimular a adoção, quanto negativa, restringindo seu uso. Tais fatores podem ser de natureza técnica, econômica ou de caráter institucional. Sob o ponto de vista técnico, a difusão é condicionada pelo grau em que uma inovação é percebida como difícil de entendida e usada. No sentido econômico, a velocidade de difusão depende

dos custos de aquisição e implantação da nova tecnologia, assim como das expectativas de retorno do investimento, os custos de manutenção, a possibilidade de aproveitamento de investimentos e os riscos de o usuário se tornar dependente ou aprisionado a um determinado fornecedor, fato que aumentará significativamente os custos de transação. Sob caráter institucional, os fatores que condicionam o processo de difusão são: a disponibilidade de financiamento e incentivos fiscais à inovação, clima favorável de investimento, acordos internacionais de comércio e investimento, sistema de propriedade intelectual e existência de capital humano e instituições de apoio.

Os impactos da difusão podem ser analisados sob diferentes enfoques, os de natureza econômica, social e ambiental. Do ponto de vista econômico, as difusões de novas tecnologias podem afetar a estrutura industrial, destruir e criar empresas e setores, afetar o ritmo de crescimento econômico e a competitividade de empresas e países. Socialmente, pode afetar principalmente o emprego e as qualificações dos trabalhadores. Por fim, o ponto de vista ambiental influencia a difusão de novas tecnologias diante das preocupações da sociedade com a preservação dos recursos naturais.

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