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3 ESTADO DA ARTE

4 EXPERIÊNCIAS AMBIENTAIS NOS PORTOS E COMPLEXOS INDUSTRIAIS DA REGIÃO NORDESTE BRASILEIRA

4.3 COMPLEXO INDUSTRIAL E PORTUÁRIO DO PECÉM/CE

O Estado do Ceará possui um litoral composto por cordões dunares que se estendem por cerca de 573 km desde o municípi o de Icapuí até o município de Barroquinha (total de 18 municípios litorâneos). As correntes marítimas no litoral do Porto do Pecém são no sentido leste para oeste. Caso em um cenário futuro ocorram contaminações, estas serão no mesmo sentido e direção do Porto do Pecém, que trata-se de um porto com 161,08 Km², com percentual de área de unidade de conservação de 22,49%. É um porto off- shore na América do Sul, com águas profundas em torno de 20m, exporta 45% de frutas do Brasil, trata-se de Hubport, portanto se apresenta como sendo estratégico para as Regiões Norte e Nordeste.

O Plano Diretor Industrial (PDI) do CIPP, concebeu sua implantação originalmente em dois empreendimentos âncoras, a Refinaria da Petrobras – Premium, e a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), mas a luz dos dias atuais, sabe-se que a implantação da Refinaria está suspensa, e a Siderúrgica do Pecém, voltada para a industrialização de barras de aços com fins de exportação, se encontra na Zona de Processamento de Exportação, e iniciará a produção até dezembro de 2016.

Especialistas afirmam que com a descoberta da reserva de petróleo na camada do pré-sal, o Brasil se tornará em 2035 o sexto maior produtor de petróleo do mundo. O Complexo do Pecém terá papel fundamental no escoamento da produção estimada em mais de 120 bilhões de barris de Petróleo (AGÊNCIA BRASIL, 2014).

4.3.1 Caracterização ambiental do CIPP

Os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante apresentam três paisagens naturais distintas divididas, praticamente pela BR -222 e pela CE- 085. Na faixa litorânea entre o mar e a CE-085, estão os cordões de dunas, e as planícies.

Próximo ao mar encontra-se uma ocupação do solo mais intensiva por edificações de veraneio e o Porto do Pecém e industrial do CIPP (Figura 1). No setor entre a BR-222 e a CE-085, nas áreas não ocupadas por atividades urbanas, encontram-se chácaras, pequenos sítios e algumas grandes propriedades que desenvolvem a agropecuária intensiva.

FIGURA 1 – Pátio de contêiner de minério de Ferro, no porto do Pecém/CE.

Fonte: Acervo do pesquisador.

4.3.2 Aspectos hidrogeológicos

O diagnóstico ambiental realizado na área afetada pelo Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), onde os efeitos produzidos pela instalação e operação do Complexo serão, em sua grande parte, de ordem direta, conduz às seguintes conclusões:

- A área comporta uma variedade de solos, conferida por oito classes principais, distribuídos por segmentos distintos da paisagem que os insere.

- A área do projeto está inserida nas Bacias Hidrográficas dos rios São Gonçalo e Cauípe, além do Sistema Hidrográfico do Gereraú, todos pertencentes às Bacias Metropolitanas de Fortaleza.

- No tocante à fauna, o inventário aponta a identificação de 210 espécies, sendo 162 de aves, 23 de répteis, 13 de anfíbios e 12 de mamíferos.

Da análise dos dados e informações coletadas no decorrer da pesquisa, além do conhecimento hidrogeológico de campo, podem -se distinguir nas áreas de influência, compreendendo duas bacias hidrográficas (rio Cauípe e da microbacia do Gereraú), quatro domínios hidrogeológicos principais (Apêndice VI): Meio Fissural (composto por granitoides diversos e rochas metamórficas representadas pelas Unidades Independência e Canindé); Barreiras (composto por Unidades clásticas variadas, com predomínio de lentes silto-argilo-arenosas); Dunas (sedimentos arenosos); e Aluviões (sedimentos clásticos variáveis). No Domínio Sedimentar identificam-se Sistemas Hidrogeológicos formados pelos Aquíferos Dunas, Aluviões e Barreiras, com comportamento de aquíferos livres.

O Aquífero Dunas é livre e recebe recarga pluviométrica e dos recursos hídricos superficiais, tais como a Lagoa do Gereraú, e as lagoas do Tucum e do Bolso, que são os principais acumuladores de água superficial. O Aqu ífero Barreiras é composto por sedimentos arenoargilosos a argiloarenosos, inconsolidados ou pouco consolidados, sua espessura é variável em função do paleo-relevo do substrato cristalino, comumente inferior a 60 metros. A porção superior é arenosa e, portanto, sua explotação é intensa com vazões geralmente oscilando abaixo de 10cm³/h.

4.3.3 Unidades de conservação 4.3.3.1 Estação Ecológica do Pecém

Foi criada pelo Decreto Estadual nº 25.708, de 17 de dezembro de 1999. Localiza-se a 57 km de Fortaleza, na Zona Costeira Oeste, e apresenta área total de 956,04 hectares, com o principal acesso pela a Rodovia CE - 085.

A Unidade é uma área de interfase do desenvolvimento do CIPP e de corredor ecológico para as Unidades de Conservação de Área de Proteção Ambiental (APA) do Lagamar do Cauípe e APA do Pecém, considerando sua situação geográfica entre essas duas APAs. A Estação Ecológica do Pecém ocupa uma área de grande riqueza biológica, com diversidade faunística e florística.

Embora não seja permitida a visitação em massa, pois se trata de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, onde a visitação só é permitida para fins educativos e científicos, a criação da Estação Ecológica do Pecém garante a manutenção da paisagem natural da área, uma vez que a Estação Ecológica representa um suporte essencial ao turismo, sendo, por este motivo, preservada.

4.3.3.2 Área de Proteção Ambiental do Pecém

A Área de Proteção Ambiental (APA) do Pecém foi criada através do Decreto Estadual n.º 24.957, de 05 de junho de 1998, e está localizada no município de São Gonçalo do Amarante. A Unidade de Conservação apresenta como principal acesso à Rodovia CE-085. Com 122,79 hectares, a APA do Pecém é caracterizada como uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, dela fazendo parte comunidades pesqueiras e casas de veranistas. A cobertura vegetal básica é composta por espécies típicas de áreas de dunas e tabuleiros pré-litorâneos.