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3 ESTADO DA ARTE

3.1 NA ÁREA DO CIPP E NO ESTADO DO CEARÁ

Marinho e Vasconcelos (2000) realizaram estudo hidrogeológico e geofísico na Bacia Hidrográfica do rio Cauípe, leste da área do CIPP, onde foram identificadas espessuras saturadas entre 20 e 30 metros dos aquíferos formados da planície litorânea (sedimentares). O trabalho também classificou como própria para consumo humano as águas dos aquíferos sedimentares da região (Dunas e Barreiras).

Nogueira e Augusto (2004); Nogueira et al. (2005) apresentaram uma caracterização geoambiental e hidrogeológica da área do Pecém a fim de reconhecer as áreas mais suscetíveis à contaminação de hidrocarbonetos e concluíram que a instalação do CIPP pode representar um risco às águas subterrâneas em detrimento da sensibilidade ambiental da região, principalmente nas zonas de depósitos eólicos, que apresentaram valores de condutividade hidráulica e capacidade de infiltração bastante elevadas.

Puerari (2005) desenvolveu, na área do CIPP destinada à refinaria, um estudo de vulnerabilidade de aquíferos a contaminação por derivados de petróleo por meio da aplicação do método DRASTIC/PETRO e enfocou a confecção de mapas de vulnerabilidade de aquíferos a contaminação por derivados de petróleo, mais adequados para a áre a estudada. Como resultado foram gerados mapas de vulnerabilidade onde foi possível identificar em todas as situações, as áreas de maior vulnerabilidade associadas aos terrenos sedimentares (Dunas) com lençol freático e áreas de menor vulnerabilidade em terrenos cristalinos e em porções do Barreiras que apresentam níveis de água mais profundos.

Cavalcante (2006) realizou a caracterização do aquífero costeiro em área a leste do Porto de Pecém, por meio de monitoramento eletromagnético e monitoramento de piezômetros, a fim de determinar o avanço da cunha salina em direção ao continente. Dentre os resultados do seu trabalho identificou-se a cunha salina entre 10 e 50 metros de profundidade, espessura de 20 metros para o Aquífero Dunas e de 77 metros para o Aquífero Barreiras, além do aumento das concentrações de condutividade elétrica medida nos piezômetros no período chuvoso.

Cunha (2009) determinou a vulnerabilidade intrínseca à poluição e contaminação dos aquíferos na área do CIPP. Trata da avaliação da sensibilidade dos métodos semiquantitativos de determinação da vulnerabilidade do aquífero à poluição em zonas costeiras.

Morais (2011), em estudo hidrogeológico do Sistema Aquífero Dunas da Região Metropolitana de Fortaleza, que incluiu o Aquífero Dunas da reg ião do Pecém (entre o riacho Cauípe e o rio São Gonçalo), caracterizou este sistema como de extrema vulnerabilidade à poluição das águas subterrâneas freáticas, devido à ocorrência de nível freático e uso e ocupação do solo de maneira desordenada. Este trabalho também apresentou valores de vazão entre 1,6 e 4,3 m³/h para os poços da região e reservas hídricas totais da ordem de 105x106 m³.

Lousada (2011), através da “Avaliação Hidrogeológica Quali- quantitativa dos Campos de Dunas de Pecém / Paracuru, no Est ado do Ceará”, desenvolvida para a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH), destacando a lagoa do Pecém, que possui contribuição do Aquífero Dunas e abastece o distrito do Pecém em épocas em que o volume hídrico armazenado permitia, sendo explorada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE).

Moura (2014) por sua vez avaliou a vulnerabilidade dos aquíferos à caracterização do perigo de contaminação, através dos métodos DRASTIC e GOD na porção norte da área do CIPP, que aborda a área industrial do CIPP com grande possibilidade de contaminação.

Decorrente da implantação do CIPP, a literatura técnica da área é constituída, em sua maioria, por Estudos de Impacto Ambiental (EIAs), e seus respectivos Relatórios de Impacto no Meio Ambiente (RIMAs) , com destaque para o Plano de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, desenvolvido pela Agência de Cooperação Internacional Japonesa (JICA) para o Governo do Estado em 2006; EIA/RIMA do Complexo Industrial do Pecém (CIP), desenvolvido pela Secretaria de Infraestrutura do Estado do Ceará / Instituto Centro de Ensino Tecnológico (SEINFRA/CENTEC) em 2009, EIA/RIMA da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) (2009), EIA/RIMA da Usina Termoelétrica MPX (2006), EIA/RIMA da Refinaria Premium e DutoVia, desenvolvido pela Universidade Federal do Ceará (2002).

Em relação aos trabalhos científicos desenvolvidos no Estado do Ceará, não inseridos na região do CIPP, pode-se destacar:

Cavalcante (1998) estudou as águas subterrâneas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e definiu a vulnerabilidade dos sistemas aquíferos.

Leite e Möbus (1998) aplicaram o método DRASTIC adaptado para a avaliação da vulnerabilidade dos aquíferos porosos na Bacia Hidrográfica do rio Mundaú, com a subtração dos parâmetros recarga, solo e condutividade hidráulica e adição de um parâmetro para avaliação da cobertura vegetal. Como resultado, o trabalho indicou áreas de alta vulnerabilidade associadas ao Aquífero Barreiras e áreas de extrema vulnerabilidade no Sistema Dunas.

Braga (2006) abordou a aplicação do método GOD nos sistemas hidrogeológicos da Área de Proteção Ambiental (APA) de Ponta Grossa, no município de Icapuí/CE. O autor dividiu a área de estudo em três setores: o primeiro, de alta vulnerabilidade, associado aos te rrenos de sedimentos porosos (Aluviões) e nível freático raso (menor do que 5 metros); o segundo, de vulnerabilidade média a alta, onde o terreno ainda é formado de sedimentos porosos (Dunas), mas o nível d’água é mais profundo (acima de 5 metros); e o terceiro setor, de vulnerabilidade baixa, ocorrendo em terrenos da Formação Barreiras.

Abreu et al. (2006) realizaram estudos de cartografia digital para a avaliação da vulnerabilidade dos sistemas aquíferos de Fortaleza por meio do método DRASTIC, onde os resultados indicaram alta vulnerabilidade para o Sistema Dunas, média para o Sistema Barreiras e alta para o Meio Cristalino. O mapeamento obtido foi comparado com as áreas atendidas pelo Programa de Infraestrutura Básica de Saneamento de Fortaleza, realizad o entre os anos de 1993 e 2000, a fim de verificar se as áreas mais suscetíveis à contaminação foram atendidas pela nova rede de saneamento.

Viana (2007) desenvolveu estudo de vulnerabilidade e risco à poluição no Sistema Aquífero Médio na Bacia do Araripe, que abastece os municípios de Crato, Barbalha, Juazeiro do Norte e Missão Velha no Estado do Ceará. A aplicação do método GOD indicou índices de vulnerabilidade insignificantes, associados às camadas argilosas confinantes e índices altos, em regiões onde o nível estático é sub-aflorante, sendo que 30% da área apresentaram índices de baixa vulnerabilidade, com maior risco de contaminação no município de Juazeiro do Norte/CE.

O Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia Legislativa do Ceará (CAECE, 2014) desenvolveu na área do CIPP, o Pacto pelo Pecém, que elaborou a Agenda Estratégica para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

Sousa (2016) teve como principal objetivo realizar um estudo comparativo entre os métodos de avaliação da vulnerabilidade natural de aquífero DRASTIC, AVI, GOD e GODS para o Aquífero Serra Grande no município de Tianguá, Ceará.