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Composição centesimal da farinha do casco de Tartaruga-da-Amazônia

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Anexo 74 Estatísticas dos anexos 68, 69 e 70

4.1 Composição centesimal da farinha do casco de Tartaruga-da-Amazônia

Os resultados médios obtidos nas análises de composição centesimal (%) ou (g/100g), teor de cálcio e ferro (mg/100g) e valor energético total (kcal/100g) na farinha do casco estão descritas na Tabela 2. Estes resultados foram utilizados na formulação da ração contendo farinha do casco.

Tabela 2. Resultados médios e desvio padrão da composição centesimal, teores de cálcio, ferro e fósforo e valor energético total da farinha do casco utilizada na formulação da ração enriquecida com a farinha do casco (RFC).

Parâmetros Teores Umidade (%) Proteínas (%) Lipídios (%) Carboidratos totais (%) Fibras (%) Cinzas (%) 5,52 (± 0,08) 24,76 (± 0,50) 0,64 (± 0,02) ausente ausente 42,45 (± 0,29) Cálcio (mg/100g) 7.700,04 (± 1,30) Ferro (mg/100g) 19,65 (±0,03) Fósforo (mg/100g) 9.732,36 (± 47,95) Valor Energético Total (VET) (kcal/100g) 104,82 (± 1,87)

Os valores entre parênteses representam o desvio padrão. Os resultados representam as médias de três determinações.

Comparando a composição centesimal da farinha do casco expressa na Tabela 2, com a composição centesimal descrita por Scarlato e Gaspar (2007), observamos uma grande redução em seu teor de umidade, graças à diferente metodologia de obtenção desta farinha. A farinha do casco obtida no experimento de Scarlato e Gaspar (2007), foi obtida através da moagem dos cascos em moinho de facas e martelos, sendo posteriormente submetida a peneiras com malha de 2 mm para padronização da amostra, enquanto a farinha obtida neste trabalho foi obtida após processo de autoclavagem dos cascos, seguida de quebra manual após seu amolecimento, trituração com água destilada em liquidificadores industriais até obtenção de uma pasta que foi acondicionada em bandeja de alumínio e seca em estufa ventilada, até obtenção de material seco e duro, que foi quebrado em pequenos fragmentos sofrendo moagem para obtenção de farinha fina e homogênea. Graças ao processo de secagem em estufa, a umidade média reduziu significativamente (5,52%), enquanto a farinha obtida por Scarlato e Gaspar (2007), apresentou teor de umidade superior (53,89%) por ter passado apenas pela etapa de moagem. A redução da umidade da farinha obtida do casco neste experimento apresentou-se ideal para uso nas rações experimentais, sendo facilmente agregada aos demais ingredientes das rações.

Quanto ao teor protéico médio, houve um pequeno aumento (24,76%) em comparação com a farinha obtida por Scarlato e Gaspar (2007) (23,04%), podendo este ter sido ocasionado pela própria perda de umidade da amostra, com consequente concentração do teor de proteínas.

Quanto ao teor lipídico, houve redução de 10% neste experimento (0,64%) (Tabela 2) em comparação ao obtido nesse tipo de farinha por Scarlato e Gaspar (2007) (6,66%), provavelmente devido ao processo de autoclavagem, cujo aquecimento pode ter promovido a fusão das gorduras do casco. Foi possível visualizar a fusão das gorduras junto ao tecido

48 conjuntivo aderido à parte interna do casco e em suas bordas. A gordura extraída do casco pode ter como destino a utilização em preparo de rações, como também encaminhamento à indústria química, assim como é realizado com a gordura extraída da farinha de ossos desengordurada, para fabricação de glicerina, palmitatos, estearatos e oleatos, conforme citado por Tedesco et al. (2008), ou para fabricação de cosméticos, como sabonetes e cremes, que já são fabricados com a gordura da Tartaruga-da-Amazônia (COTOMI, 2010), possibilitando mais uma fonte de renda aos queloniocultores.

Com relação ao teor de cinzas, a farinha obtida neste experimento apresentou teor médio duas vezes superiores (42,45%) ao obtido por Scarlato e Gaspar (2007) (20,69%), provavelmente pela perda de umidade e lipídios, concentrando a composição de minerais na amostra.

Houve redução do teor calórico da farinha obtida do casco neste experimento (104,82 kcal/100g), em comparação à citada por Scarlato e Gaspar (2007) (152,07kcal/100g), graças à redução do teor lipídico da farinha de casco deste experimento.

Ressalta-se que as metodologias analíticas utilizadas neste experimento, para determinação da composição centesimal, foram as mesmas empregadas por Scarlato e Gaspar (2007), exceto o teor lipídico, cujas metodologias foram Soxhlet (AOAC, 2005) e Bligh e Dyer (1959), respectivamente. Quanto à idade de abate, tanto os animais utilizados neste experimento quanto os citados por Scarlato e Gaspar (2007), foram abatidos a partir de 1,5 kg de peso vivo, em concordância com a Portaria n. 142 (BRASIL, 1992), que ocorre num período variável de 2 a 3 anos de vida. Observou-se pequenas variações de tamanho dos cascos, o que pode ter ocasionado variação em suas composições centesimais e nos teores de minerais. A dieta alimentar dos animais, segundo o proprietário dos criatórios era igual, composta principalmente por ração extrusada para peixes, com teor protéico de 24%, além de frutas, verduras e legumes como itens alternativos.

Comparando os teores médios de cálcio e ferro descritos na Tabela 4 com os citados por Scarlato e Gaspar (2007) (7.843,33 mg/100g de cálcio e 20,76 mg/100g de ferro), observamos valores médios bem semelhantes. Embora os resultados tenham sido semelhantes, inclusive superiores aos obtidos neste trabalho, as metodologias empregadas foram diferentes para o cálcio (Complexometria (BRASIL, 1999)) e ferro (Espectrofotometria de Absorção Atômica (AOAC, 2000).

O teor médio de fósforo obtido experimentalmente (Tabela 4), através de Espectrômetria de Emissão Óptica por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-OES), segundo AOAC (2005), foi bastante superior ao citado por Scarlato e Gaspar (2007), utilizando-se técnica colorimétrica de Reação de Misson e leitura através de Espectrofotometria (MARA, 1992) (9.732,36 e 3.000,00 mg/100g de fósforo, respectivamente). Além das diferentes metodologias analíticas utilizadas, a amostra obtida neste experimento pode ter apresentado teor médio de fósforo superior por apresentar-se com menor teor de umidade, estando mais concentradas em cinzas e minerais, respectivamente.

Além das características minerais da farinha do casco, apresentando perfil adequado para ração animal, esta também pode ter seu uso indicado com fertilizante. Considerando a importância do fósforo para o solo e para a agricultura, o uso de resíduos de origem animal, que no passado eram utilizados no arraçoamento animal, e atualmente, devido à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) ou “Doença da Vaca Louca”, tendem a serem empregados na forma de farinhas, na produção de compostos para adubação de lavouras, em decorrência da sua elevada composição em cálcio e fósforo (SILVA, 2008), assim como a farinha elaborada neste trabalho, associada à possibilidade desta apresentar maior facilidade de decomposição no solo, graças ao seu teor lipídico reduzido (TEDESCO et al., 2008), é possível que esta seja bem empregada como adubo nas lavouras do Brasil, após realização de pesquisas comprobatórias nas áreas agronômica e de ciências do solo. Vale ressaltar a importância da

49 adição de compostos ricos em fósforo nos solos brasileiros, que segundo Raij (1991), são carentes neste macronutriente, em decorrência da sua origem e da intensa interação que possuem com este mineral, que é considerado o nutriente mais limitante da produtividade de biomassa em solos tropicais (NOVAIS e SMYTH, 1999).

4.2 Composição centesimal das rações elaboradas para alimentação dos animais em

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