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1 APOSENTADORIA RURAL POR IDADE NO REGIME GERAL DA

2.1 Computando períodos urbanos e rurais para fins de carência

O cômputo do período urbano e rural inclui para fins de aposentadoria por idade, todos aqueles segurados que não contam nem com o tempo rural, nem com o tempo urbano suficiente para suprir a carência exigida para a concessão do benefício.

Para que seja possível computar ambos os períodos, urbano e rural, e consequentemente configurar a aposentadoria híbrida, vê-se necessário o preenchimento de alguns requisitos fundamentais, entre os quais se deve observar o requisito da idade, ou seja,

[...] a idade para a aposentadoria híbrida é a de 60 anos para a mulher e 65 anos para o homem, ou seja, não há a redução de idade em cinco anos, prevista para os trabalhadores rurais, tendo em vista que a totalidade do período de atividade não foi na agricultura. (BERWANGER, 2012, p. [?]).

Destaca-se assim, essa importante exigência que deve o segurado comprovar a idade exigida para o benefício urbano, ou seja, a segurada mulher deverá comprovar 60 anos de idade, já o segurado homem deverá comprovar ter completado 65 anos na data do requerimento do benefício previdenciário.

A aposentadoria híbrida, somente será concedida para aquele segurado que comprovar a carência exigida para o benefício, ou seja, 180 meses de contribuição e que preencha o requisito etário.

Nesse sentido a Lei 11.718/08 trouxe nova redação ao art.48 da Lei 8.213/91, que passou a disciplinar, com destaque aos termos do parágrafo terceiro, que trata da possibilidade da aposentadoria híbrida, vejamos:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida

a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.

§ 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.

§ 2o Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição

correspondente à carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta Lei.

3o Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o deste artigo que não atendam ao disposto no § 2o deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher.

§ 4o Para efeito do § 3o deste artigo, o cálculo da renda mensal do benefício será apurado de acordo com o disposto no inciso II do caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como salário-de-contribuição mensal do período como segurado especial o limite mínimo de salário-de-contribuição da Previdência Social. (BERWANGER, 2010, p. 132, grifo nosso).

Nota-se pelo texto legal, que a aposentadoria por idade híbrida deverá ser concedida apenas ao trabalhador rural que não tiver como comprovar o efetivo exercício da atividade campesina por todo o período de carência exigida, mesmo que de forma descontínua no período imediatamente anterior ao cumprimento da idade mínima ou ao requerimento da aposentadoria. É, assim, uma opção justa e adequada para que aqueles trabalhadores rurais que em algum momento e por algum tempo tiveram alternância de atividade urbana e rural alcancem o benefício previdenciário.

Observa-se, ainda, que o cômputo do tempo de atividade urbana para fins de carência, de qualquer forma, exige a comprovação pelo segurado da realização de contribuições previdenciárias no respectivo período de exercício da atividade urbana.

Nos casos em que os segurados preencham os requisitos para tal modalidade e venham a ser beneficiados com a aposentadoria híbrida, aos seus dependentes também são resguardados direitos, conforme Berwanger (2010, p. 132), “os dependentes dos segurados têm direito à: a) auxílio-reclusão, em caso de prisão do segurado e; b) pensão por morte, em caso de falecimento. [...]”.

Há alguns entendimentos doutrinários que excluem a possibilidade do benefício da aposentadoria híbrida ao beneficiário que já não labora mais na atividade campesina, ou seja, aquele que ao completar o requisito etário estiver exercendo atividade urbana não poderá gozar desse benefício.

No entanto, o entendimento doutrinário prevalecente, considera que para o benefício da aposentadoria híbrida independe de qual foi a última atividade laboral exercida no

momento do requerimento, por ora basta preencher o requisito etário e a carência exigida. É o entendimento,

Esta exclusão imposta ao trabalhador urbano que outrora foi rurícola, não coaduna com o caráter social que tem a Lei de Benefícios e não pode ser interpretada desta forma. Isto porque, a própria Constituição Federal exige, em seu art. 194, II, a “uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais”, vale dizer, a impossibilidade de tratamento ilegitimamente desigual entre o trabalhador rural e urbano. Sem dúvida que deve sempre haver tratamento diferenciado quando diferenciada é a situação entre as pessoas, significando, no dizer de Rui Barbosa, tratar os desiguais de forma desigual. No entanto, no caso, a igualdade é manifestamente clara, pois não se vê razoabilidade em se conceder o benefício para aquela pessoa que trabalhou, por exemplo, 10 anos como urbano e os últimos anos 05 como rural – e, ao mesmo tempo, negá-lo para aquele que trabalhou os primeiros 10 anos como rural e os últimos 05 como urbano. (TAVARES, 2013, p. [?]).

Por outrora, segundo BERWANGER (2012, p. [?]), o INSS vem reconhecendo administrativamente que é possível o cômputo do período urbano e rural, desde que a última atividade realizada seja a atividade rural. Tal posicionamento nas palavras da autora “trata-se de uma interpretação restritiva e que não condiz com a realidade”. A possibilidade aberta pela hipótese híbrida de aposentadoria é, assim, um importante avanço legislativo, porém, há de se reconhecer que nada justifica a exigência de que o último tempo de atividade seja rural, pois tal imposição é resultado de flagrante discriminação.

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