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Aposentadoria híbrida no regime geral da prividência social: a possibilidade de cômputo do período urbano e rural para a concessão de aposentadoria por idade

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PRISCILA THAIS CARÉ

APOSENTADORIA HÍBRIDA NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: A POSSIBILIDADE DE CÔMPUTO DO PERÍODO URBANO E RURAL PARA A

CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE

Ijuí (RS) 2013

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PRISCILA THAIS CARÉ

APOSENTADORIA HÍBRIDA NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: A POSSIBILIDADE DE CÔMPUTO DO PERÍODO URBANO E RURAL PARA A

CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DECJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientadora: MSc. Lizelia Tissiane Ramos

Ijuí (RS) 2013

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Dedico este trabalho ao meu esposo e a minha família que me deram força e amparo durante estes anos da minha caminhada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS A Deus, acima de tudo, pela vida, força e coragem.

A minha orientadora MSc Lizelia Tissiane Ramos, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com seus ensinamentos, dedicação e disponibilidade.

Ao meu esposo Vinicius Riciele Tessaro por todo incentivo, força e ajuda incondicional durante toda a minha trajetória acadêmica,

A todos que colaboraram de uma maneira ou outra durante a trajetória de construção deste trabalho, meu muito obrigada!

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“Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade.”

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa monográfica faz uma análise histórica da aposentadoria por idade concedida ao trabalhador rural enquadrado como segurado especial no Regime Geral da Previdência Social e a sua modalidade de aposentadoria híbrida. Apresenta o entendimento doutrinário predominante, bem como o entendimento jurisprudencial que prevalece nos Tribunais, demonstrando quais os critérios para se beneficiar com a aposentadoria híbrida. Analisa os requisitos e as condicionalidades exigidas para a concessão do benefício. Nessa perspectiva, considera esta nova modalidade de aposentadoria, uma garantia fundamental capaz de mudar a realidade daqueles trabalhadores rurais que, em função das mais diversas razões, tenham exercido atividade urbana, com a realização de contribuição previdenciária, durante o período de carência para o benefício de aposentadoria por idade, ou seja, nos 180 meses que antecedem o cumprimento dos requisitos para requerer o benefício de aposentadoria por idade.

Palavras-Chave: Previdência Social. Aposentadoria Rural. Aposentadoria por Idade. Trabalhador rural. Híbrida. Carência. Tempo de contribuição.

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ABSTRACT

The present research monograph is a historical analysis of old-age pension awarded to the employee rural framed as special insured in the General Regime of Social Security and its mode hybrid retirement . Displays the predominant doctrinal understanding , as well as the legal understanding that prevails in the courts , demonstrating the criteria to benefit from hybrid retirement . Analyzes requirements and conditionalities required for the grant of the benefit . In this perspective , consider this new type of retirement, a fundamental guarantee able to change the reality of those rural workers who , due to a variety of reasons , have pursued urban activity , with the realization of social security contributions during the qualifying period for the benefit retirement age , ie , the 180 months preceding the compliance with the requirements to apply for retirement benefits by age .

Keywords : Social Security . Retirement Rural . Retirement by Age . Rural workers . Hybrid . Grace . Time of contribution .

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 09

1 APOSENTADORIA RURAL POR IDADE NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E AS PECULIARIDADES DO SEGURADO TRABALHADOR RURAL ... 11

1.1 Da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho ... 11

1.2 Dos princípios da previdência social que fundamentam a proteção do trabalhador rural no cômputo do período de carência ... 13

1.2.1 Princípio da Contributividade ... 13

1.2.2 Princípio da Obrigatoriedade da Filiação ... 15

1.2.3 Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento ... 15 1.2.4 Princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais ... 17

1.3 Desenvolvimento histórico da aposentadoria por idade concedida aos segurados urbanos e rurais ... 18

1.4 Disposições legais aplicáveis à aposentadoria por idade: Lei 8.213/91 e Decreto 3.048/99 ... 22

2 APOSENTADORIA POR IDADE COM CONTAGEM DE TEMPO DE ATIVIDADE URBANA E RURAL: APOSENTADORIA HÍBRIDA ... 27

2.1 Computando períodos urbanos e rurais para fins de carência... 30

2.2 Entendimento administrativo do INSS ... 32

2.3 Entendimento jurisprudencial sobre a aposentadoria híbrida ... 35

CONCLUSÃO ... 39

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INTRODUÇÃO

A origem da Previdência Social está relacionada à preocupação do homem com o seu futuro, pois como retira sua subsistência do exercício de uma atividade laboral, é incontestável a sua preocupação com os riscos de um dia tornar-se incapaz para o trabalho, seja decorrente dos riscos inerentes a sua condição de saúde ou decorrente da idade avançada. A possibilidade de ter sua capacidade de trabalho abalada e, consequentemente, o risco de tornar-se incapaz de arcar com os custos necessários para viver dignamente é que determinou a criação de um sistema de proteção social, qual seja a Previdência Social.

A Previdência Social garante ao trabalhador contribuinte e sua família um rendimento seguro, com o intuito de dirimir as necessidades fundamentais, caso ocorra algum imprevisto em sua vida laboral ou também nos casos de cumprimento de requisito etário, conforme disciplinado na legislação. No Brasil, um dos grandes traços da Previdência Social é o caráter contributivo, pois, somente estarão aptos à cobertura previdenciária, aqueles trabalhadores segurados que tiverem criteriosamente com as contribuições mensais adimplidas ao regime previdenciário ao qual esteja filiado.

O presente trabalho de pesquisa aborda a temática da aposentadoria por idade concedida ao trabalhador rural enquadrado como segurado especial no Regime Geral da Previdência Social, objetivando, especialmente, demonstrar o desenvolvimento do benefício da aposentadoria por idade aos trabalhadores rurais, seus fundamentos, a legislação correlata e os requisitos exigidos pela legislação.

O tema objeto do estudo, aposentadoria hibrida no Regime Geral da Previdência Social, demonstra uma das mais importantes inovações disciplinadas pela legislação previdenciária no que diz respeito ao trabalhador rural enquadrado como segurado especial e a

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possibilidade de obtenção do benefício de aposentadoria por idade. Trata-se, assim, de tema de suma importância, pois traz à tona a realidade de muitas pessoas que viveram e trabalharam no campo em algum momento de suas vidas ou que atualmente exercem atividade rural, porém que também tiveram outras experiências laborais, diversa da atividade campesina.

Para a realização do presente trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas, doutrinárias e jurisprudenciais, com o intuito de melhor desenvolver e aprofundar o estudo, permitindo uma análise mais aperfeiçoada sobre o referido tema.

No primeiro capítulo é feita uma análise do desenvolvimento histórico da aposentadoria por idade urbana e rural, apresentando os princípios norteadores da seguridade social e pertinentes ao benefício da aposentadoria por idade do trabalhador rural previstos na Constituição Federal. Também, a análise dos princípios aplicáveis ao Regime Geral da Previdência Social, positivados na Lei 8.213/91, bem como na Lei 8.212/91 e as disposições legais aplicáveis ao benefício em estudo.

O segundo capítulo apresenta o estudo sobre a aposentadoria híbrida, buscando esclarecer quem são os beneficiários desta modalidade de aposentadoria, os requisitos exigidos e as peculiaridades dessa hipótese de aposentação. Também apresenta o entendimento prevalecente do INSS – Instituto Nacional de Previdência Social e o entendimento jurisprudencial predominante com relação à aposentadoria na modalidade híbrida.

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1 APOSENTADORIA RURAL POR IDADE NO REGIME GERAL DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL E AS PECULIARIDADES DO SEGURADO

TRABALHADOR RURAL

O benefício de aposentadoria por idade tem previsão constitucional de cobertura previdenciária ilustrada pelo art. 201, inciso I da Constituição Federal de 1988, sendo que o requisito etário foi fixado em sessenta e cinco anos de idade para homens e sessenta anos de idade para mulheres.

Visando garantir dignidade ao trabalhador rural e considerando as particularidades do trabalho no campo, o legislador estabeleceu critérios diferenciados para a concessão do benefício de aposentadoria por idade ao trabalhador rural, “[...] Os trabalhadores rurais podem pedir aposentadoria por idade com cinco anos a menos: a partir dos 60 anos, homens, e a partir dos 55 anos, mulheres.” (Art. 43 da Lei 8213/91). (VADE MECUM, 2012, p. 1330).

A pesquisa do tema em questão requer, contudo, a compreensão sobre fundamentos que amparam o Direito Previdenciário e, nesse sentido, o estudo acerca de alguns dos princípios norteadores da seguridade social faz-se imprescindível.

1.1 Da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho

O princípio da dignidade da pessoa humana é um dos princípios norteadores do Estado Democrático de Direitos, assim “[...] é tido como fio condutor que ilumina todo o ordenamento jurídico brasileiro, e, na hipótese da não existência do mesmo, o sistema, como um todo, poderia ser interpretado em desfavor ao próprio ser humano”. (SANTOS, 2013, [?]).

Todas as pessoas, sem qualquer distinção, fazem jus às garantias decorrentes deste princípio fundamental e irrenunciável que é a dignidade da pessoa humana, devendo este estar presente no dia-a-dia, ser reconhecido e respeitado.

Pode-se dizer que é mediante o trabalho que o homem garante a efetividade de importante parcela de sua dignidade, uma vez que é, também, por meio do trabalho que o ser humano conduz a sua história,

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O trabalho é, conforme a experiência, um valor moral aceito pelas sociedades contemporâneas e possui em si a dupla função: primeiro, é uma das formas de se revelar e se atingir o ideal da dignidade humana, além de promover a inserção social; segundo, é elemento econômico indispensável, direta ou indiretamente, para que haja crescimento. Trata-se de percepções que somente a evolução cultural e científica da humanidade permitiu ao cidadão moderno ter, isto é, demandaram um complexo processo histórico a fim de que o trabalho fosse admitido e aceito como fator de progresso social. (BOCORNY apud PINHO, 2011, [?]).

O trabalho é uma das grandes riquezas do homem, pois o exercício de uma atividade laboral garante ao ser humano inúmeras realizações, interações sociais e desenvolvimento, tornando-se agente decisivo, inclusive, no desenvolvimento da economia.

Vivemos em uma sociedade que tem o trabalho como valor social – dentro da noção em que ele insere o indivíduo na comunidade como ser útil; como forma de desenvolvimento das riquezas materiais e espirituais – pois é pelo labor que se tem a produção de bens; e, ainda, como meio de satisfação das necessidades primordiais do ser humano – uma vez que é a contraprestação pelo trabalho que fornece ao indivíduo as condições para sua sobrevivência. (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 29).

A oportunidade do exercício de uma atividade laboral de forma digna e com a devida proteção legal é de fundamental importância para todos os cidadãos, é condição imprescindível para alcançar o ideal prometido pelo princípio constitucional da dignidade do ser humano.

É MEDIANTE O TRABALHO que o homem deve procurar seu pão cotidiano e contribuir para o progresso das ciências e da técnica, e, sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os próprios irmãos. E com a palavra trabalho é indicada toda a atividade realizada pelo homem, tanto manual como intelectual, independente de suas características e das suas circunstâncias, quer dizer, toda a atividade que se pode e deve reconhecer como trabalho, no meio de toda aquela riqueza de atividades para as quais o homem tem e está predisposto pela própria riqueza, em virtude de sua humanidade. (JOÃO PAULO II apud LADENTHIN, 2009, p. 61).

Visando garantir a dignidade do trabalhador justamente nos períodos de maior fragilidade, entre os quais é possível incluir os períodos de incapacidade laboral e idade avançada, surge a previdência social e consequentemente seus princípios norteadores, fundamentais para garantir proteção ao trabalhador.

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1.2 Dos princípios da previdência social que fundamentam a proteção do trabalhador rural no cômputo do período de carência

A Previdência Social brasileira organiza-se em diferentes regimes, que abrangem as diversas categorias de trabalhadores, conforme previsão constitucional. Nessa perspectiva, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é o maior plano previdenciário brasileiro, ao qual estão vinculados todos os trabalhadores vinculados à iniciativa privada, ou seja, a maioria dos trabalhadores brasileiros, incluindo todos os trabalhadores rurais. Já os servidores públicos efetivos e os militares estão vinculados a Regime Próprio de Previdência Social. (AMADO, 2013, p. 185).

Neste subtítulo, serão analisados dentre os princípios aplicáveis ao Regime Geral da Previdência Social aqueles que mais se relacionam com a temática da pesquisa, ou seja, aqueles que fundamentam o cômputo de tempo urbano e rural, de forma alternada, para fins de cumprimento de carência para a concessão de aposentadoria por idade na modalidade hibrida. Estes princípios estão positivados no art. 2º, da Lei 8.213/91, bem como no art. 3º, da Lei 8.212/91, outros estão presentes em nossa constituição ou decorrem implicitamente da legislação previdenciária. (VADE MECUM, 2012, p. 1323).

1.2.1 Princípio da Contributividade

Conforme determina o princípio da contributividade, a previdência social somente concederá benefícios aos trabalhadores e dependentes filiados ao regime previdenciário mediante a realização de contribuições previdenciárias mensais.

Conforme elenca o caput do art. 201 e art. 40 da Constituição Federal, “A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial [...]” (VADE MECUM, 2012, p. 73).

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não há regime previdenciário na ordem jurídica brasileira que admita a percepção de benefícios sem a contribuição especifica para o regime, salvo quando a responsabilidade pelo recolhimento de tal contribuição tenha sido transmitida, por força da legislação, a outrem que não o próprio segurado. (CASTRO; LAZZARI, 2012, p.120).

A previdência Social brasileira, em qualquer de seus regimes, possui caráter contributivo, pois se trata de modelo de proteção social que exige a realização de contribuições sociais por seus filiados. Nesse sentido, o trabalhador rural realiza contribuição previdenciária, sempre observando a espécie de segurado, seja ele empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual ou segurado especial, e a forma de contribuição exigida na legislação correlata.

Nesse sentido, cumpre destacar que o trabalhador rural enquadrado como segurado especial realiza contribuição previdenciária sobre a comercialização da produção. Sobre a caracterização do segurado especial o art. 11, VI da Lei 8.213/91, (VADE MECUM, 2012) define:

Art. 11 [...]

VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)

a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 1o Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008).

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Assim, o pequeno produtor rural, legalmente caracterizado como segurado especial, cumpre o fundamento do princípio em questão, uma vez que realiza contribuição previdenciária quando da comercialização da produção. Da mesma forma, ao exercer outra atividade com enquadramento obrigatório, em período intercalado com a atividade rural, deve realizar contribuição sobre essa nova atividade. O fato de ter realizado contribuição em atividade de natureza distinta – rural e urbana, por exemplo – não deverá impedir o cômputo de ambos os períodos contributivos, inclusive para fins de carência, como se demonstrado no segundo capítulo, reservado para a abordagem da modalidade híbrida de aposentadoria por idade.

1.2.2 Princípio da Obrigatoriedade da Filiação

Descrito no art. 201, da Constituição Federal, este princípio visa à proteção do cidadão, determinando a obrigatoriedade da filiação, independentemente da vontade do indivíduo. Assim, todos aqueles que exercem atividade remunerada junto à iniciativa privada são, obrigatoriamente, filiados ao RGPS, assim, garante-se proteção social para os trabalhadores em situações de fragilidade, os quais são beneficiados pelo período de contribuição realizado. A obrigatoriedade da filiação, por sua vez, é fundamental, [...] de modo que, se a filiação fosse facultativa, certamente poucas pessoas se filiariam”. (AMADO, 2013, p. 209).

Neste mesmo sentido, “O esforço do Estado em garantir o indivíduo em face dos eventos protegidos pela Previdência não surtiria o efeito desejado caso a filiação fosse meramente facultativa”. (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 120). Consequentemente, aquele que nunca contribuiu para a previdência não poderá beneficiar-se das contraprestações previdenciárias nos momentos de risco, essa ideia visa despertar nos indivíduos o interesse pela filiação.

O trabalhador rural, inclusive aquele enquadrado como segurado especial, são obrigatoriamente filiados ao RGPS, uma vez que exercem atividade remunerada ligada ao manejo rural e comercializam produção.

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1.2.3 Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento

Elencado no art. 194, I da Constituição Federal, o nomeado princípio da universalidade da cobertura e do atendimento, explicita que a Seguridade Social deve contemplar eventuais riscos sociais que possam surgir e gerar a necessidade de proteção social das pessoas. (VADE MECUM, 2012, p. 72).

Conforme Castro e Lazzari, (2012, p. 114), “Por universalidade da cobertura entende-se que a proteção social deve alcançar todos os eventos cuja reparação entende-seja premente, a fim de manter a subsistência de quem dela consiste”. Universalidade da cobertura do atendimento diz respeito, conforme o autor, na “entrega de ações, prestações e serviços de seguridade social a todos os que necessitem tanto em termos de previdência social – obedecido o princípio contributivo – como no caso da saúde e da assistência social”. (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 114).

O princípio da universalidade, o qual também inspira organização da seguridade social, irá adquirir algumas tonalidades específicas na previdência, na assistência e na saúde. Quando se cogita a previdência social, não se prescinde da necessária participação econômica do segurado, sem a qual o sistema não seria viável, razão pela qual estamos frente de uma universalidade mitigada. [...] a universalidade da previdência social, quanto ao acesso, não significa, obrigatoriamente, a concessão de um direito igual, para todos os trabalhadores, [...] embora as prestações, via de regra, sejam estabelecidas para o atendimento, sejam estabelecidas para o mesmo grupo de ações sociais, o valor dos benefícios dependerá - em conformidade com o tipo de financiamento e do método de cálculo estabelecido – em maior ou menor grau, dos aportes vertidos pelos segurados. (ROCHA; BALTAZAR JR apud CARLI, 2012, [?]).

Neste mesmo sentido, é entendimento do autor que:

A universalidade da cobertura deve ser entendida como a necessidade daquelas pessoas que forem atingidas por uma contingência humana, como a impossibilidade de retornar ao trabalho, a idade avançada, a morte, etc. Já a universalidade no atendimento, refere-se às contingências que serão cobertas, não às pessoas envolvidas, ou seja, às adversidades ou aos acontecimentos em que a pessoa não tenha condições próprias de renda ou de subsistência. (BERWANGER, 2010, p. 154-155).

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Pode-se afirmar que a universalidade da cobertura e do atendimento, em nosso sistema visa abranger o maior número possível de riscos sociais e também de pessoas que possam vir a ser protegidas.

1.2.4 Princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais

Previsto na Constituição Federal em seu art. 194, II, é o princípio mais importante em relação ao tema em discussão, qual seja a aposentadoria por idade, especialmente quando considerada a hipótese de concessão mediante a consideração de tempo de atividade urbana e rural. Com relação a valorização e o reconhecimento da atividade laboral rural, Ladenthin (2009, p. 63), destaca que:

Apesar de os trabalhadores rurais terem sidos os primeiros trabalhadores da história de que se tem notícia, no momento de se implementar o seguro social, seja no Brasil ou em outros países do mundo, eles foram deixados de fora, sendo integrados no sistema muito tempo depois. A proteção tinha como alcance apenas os trabalhadores urbanos. (LADENTHIN, 2009, p. 63).

Logo, com os programas de inclusão social, não é mais possível a discriminação em relação aos trabalhadores rurais, visto que devem ser mantidos em consonância e em paridade os serviços e benefícios previdenciários concedidos às populações urbanas e rurais. Conforme o autor, “Tal, princípio não significa, contudo, que haverá idêntico valor para os benefícios, já que a equivalência não significa igualdade”. (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 115).

Nesta mesma linha Simone Barbisan Fortes (apud BERWANGER, 2010, p. 48-49) coloca que:

[...] na prática, ainda há diferença em ambos os aspectos, ou seja, nem todas as contingências cobertas na área urbana, são também acessíveis aos camponeses e o valor dos benefícios não tem obedecido o mesmo parâmetro. Já observamos, ao analisar a legislação, que o segurado especial não tem direito à aposentadoria por tempo de contribuição, a não ser que verta contribuições diretas, ou seja facultativamente. Além disso, o valor do benefício está limitado ao salário mínimo, não sendo proporcional à contribuição.

Este princípio dá início à conformidade de serviços e benefícios oferecidos aos trabalhadores urbanos e rurais. Faz com que ambos recebam os mesmos direitos, porém, com

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tratamentos diferenciados levando em conta a natureza e situação em que se encontram. Assim, a proteção previdenciária estende-se para todos os trabalhadores, sejam eles urbanos ou rurais, os quais, da mesma forma, ficam sujeitos ao cumprimento dos requisitos legais para a obtenção de benefícios e serviços previdenciários.

1.3 Desenvolvimento histórico da aposentadoria por idade concedida aos segurados urbanos e rurais

Nas palavras de Ladenthin (2009, p. 75) “a aposentadoria por idade do trabalhador urbano teve como marco o ordenamento pátrio, a Lei Orgânica da Previdência social, chamada LOPS (Lei 3.807/60)”. A denominação do benefício de aposentadoria naquela época era aposentadoria por velhice, sendo esta recentemente modificada para aposentadoria por idade pela Lei 8.213/91. Em relação à expressão aposentadoria por idade, Castro e Lazzari (2012, p. 601), assim colocam: “a denominação utilizada atualmente é mais correta, pois o fato de a pessoa ter 60 ou 65 anos não quer dizer que seja velha”.

A Lei Orgânica da Previdência Social de 1960 (LOPS/60) tratava sobre a aposentadoria por velhice apenas no art. 30 que era assim mencionado:

A aposentadoria por velhice será concedida ao segurado que, após haver realizado 60 (sessenta) contribuições mensais, completar 65 (sessenta e cinco) ou mais anos de idade, quando do sexo masculino, e 60 (sessenta) anos de idade, quando do feminino, e consistirá numa renda mensal calculada na forma do § 4º do art. 27. (LADENTHIN, 2009, p. 75).

Na época a LOPS estabelecia um plano de benefício amplo e avançado, unificando a legislação e afastando a desigualdade de tratamento legislativo até então existente entre segurados filiados a diferentes entidades previdenciárias, contudo, os trabalhadores rurais e os domésticos permaneciam excluídos da previdência. (CASTRO e LAZZARI, 2012, p. 69).

Em relação à inclusão dos trabalhadores rurais na Previdência Social, pode-se dizer que:

A primeira tentativa de inclusão [...], foi o Estatuto do Trabalhador Rural, criado pela Lei 4.214, de 02.03.1963. E não passou de tentativa, porque o Estatuto, criado a partir do projeto de lei que teve como um dos autores Fernando Ferrari, não chegou nem a ser reformulado. E, mais uma vez, os

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camponeses estavam desprotegidos, embora com lei, “protegendo-os”. (BERWANGER, 2010, p. 75).

Nas palavras de Berwanger, (2010, p. 75-76), “O marco inicial da implantação da Previdência no meio rural, ainda que mínima, foi com a Lei Complementar 11, de 25.05.1971, que criou o Plano de Assistência ao Trabalhador Rural – Prorural, regulamentado pelo Decreto 69.919, de 11.01.1972”.

Tratava-se de um regime de caráter nitidamente assistencial (não contributivo), à medida em que os segurados não recolhiam contribuições, sendo o benefício financiado por uma contribuição de 2% sobre o valor dos produtos rurais e de outra contribuição estipulada em 2,6% sobre a folha de salários das empresas urbanas, sendo 2,4% destinadas ao Funrural. (ROCHA apud BERWANGER, 2010, p. 77, grifo do autor).

A implantação da Previdência no meio rural trouxe alguns benefícios ao trabalhador do campo, contudo, apenas um membro da família tinha direito de acessar o Prorural, assim, somente o “chefe de família” é quem poderia aposentar-se, já em relação “às mulheres era proporcionada apenas pensão em caso de falecimento do esposo” (BERWANGER; DILLENBURG; BREZOLIN, 2010, p. 221).

Mesmo após a inclusão desta classe no regime da Previdência Social, os trabalhadores rurais permaneceram recebendo tratamento inferior em relação aos trabalhadores urbanos, tanto que “recebiam apenas 50% do valor do salário mínimo” de renda mensal de benefício previdenciário (BERWANGER; DILLENBURG; BREZOLIN, 2010, p. 221).

Somente mais tarde, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, os trabalhadores urbanos e rurais passaram a ter direitos iguais. “Dois grandes avanços podem ser destacados: o direito das mulheres e o valor do salário, que passou a ser de um salário mínimo integral, corrigindo-se assim uma profunda discriminação”. (BERWANGER, DILLENBURG; BREZOLIN, 2010, p. 221).

Os trabalhadores rurais passaram a participar, então, de forma mais ampla do sistema previdenciário, principalmente, através de dois tipos de benefício: o de contribuição obrigatória e o de contribuição facultativa. No primeiro deles, os trabalhadores rurais trabalham com carteira assinada, contribuem para a previdência social durante suas vidas laborais e gozam da aposentadoria na inatividade, recebendo até 100% do salário-de-benefício, que pode ser de um (1) salário mínimo ou acima desse valor. A segunda categoria abrange, principalmente, os trabalhadores rurais classificados

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como segurados especiais7. Na segunda categoria estão sendo considerados os trabalhadores rurais sem carteira assinada, os que participam da agricultura familiar ou da agricultura de subsistência. Estes trabalhadores, apesar de não contribuírem compulsoriamente para a previdência social, têm o direito de receber a aposentadoria por idade ou por invalidez no valor de um salário mínimo, mediante comprovação de exercício na atividade rural, desde que tenham, no mínimo, 60 anos (se homem) ou 55 anos (se mulher). (KRETER; BACHA, 2006, p. [?]).

Segundo dados do Regime Geral da Previdência Social e noticiado na Agência Brasil- Empresa Brasil de Comunicações, mais da metade das aposentadorias do Brasil concedidas no ano de 2012 de janeiro a setembro, foram por idade. Dos 831.000 (Oitocentos e trinta e um mil) aposentados, 55,8% foram concedidos considerando a idade do trabalhador, conforme ilustra o quadro:

Também, considerando as espécies dos benefícios concedidos pela previdência social no mês de julho de 2013 e sua modalidade, qual seja, a aposentadoria por idade, verifica-se que o número de segurados rurais foi muito superior ao número de segurados urbanos, conforme ilustra o quadro abaixo.

O total das aposentadorias concedidas em julho de 2013 foi de 59.426 (cinquenta e nove mil quatrocentos e vinte e seis), sendo 33.972 (trinta e três mil novecentos e setenta e dois reais) concedidos aos trabalhadores rurais e 25.454 (vinte e cinco mil quatrocentos e cinquenta e quatro reais) concedidos aos trabalhadores urbanos.

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Fonte elaboração própria a partir do Boletim Estatístico da Previdência Social, jul/2013.

Atualmente a aposentadoria por idade inicialmente prevista na LOPS (Lei nº 3.807/60) é mantida pela Lei 8.213/91, que trata do plano de benefícios da Previdência Social e pelo Decreto 3.048/99, que regulamenta a matéria. Nota-se que nada mudou em relação ao requisito etário para a concessão da aposentadoria por idade, pois, hodiernamente,

Têm direito ao benefício os trabalhadores urbanos do sexo masculino a partir dos 65 anos e do sexo feminino a partir dos 60 anos de idade. Os trabalhadores rurais podem pedir aposentadoria por idade com cinco anos a menos: a partir dos 60 anos, homens, e a partir dos 55 anos, mulheres. (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2013, [?]).

Em decorrência dos princípios elencados no art. 201 da Constituição Federal de 1988, surge o Regime Geral da Previdência Social, cujas disposições estão elencadas na Lei 8.213/91 a qual, foi a porta de chegada do trabalhador rural na Previdência Social. “A partir daí, o trabalhador rural passa a ter inserção concreta na Previdência como segurado obrigatório”. (BERWANGER; DILLENBURG; BREZOLIN, 2010, p. 221-222).

Dentre os segurados contemplados pelo novo regime se encontravam os trabalhadores rurais empregados, os autônomos, os avulsos e também aqueles que exercem a atividade rural individualmente ou em regime de economia familiar, denominados pela Lei 8.213/91 de segurados especiais. (VIANNA, 2010, p. 264).

A partir de então é possível afirmar que o princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais começa a assumir caráter de efetividade.

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1.4 Disposições legais aplicáveis à aposentadoria por idade: Lei 8.213/91 e Decreto 3.048/99

O benefício previdenciário de aposentadoria por idade visa garantir a inatividade remunerada para aquelas pessoas que já alcançaram determinada idade e também cumpriram o requisito de carência junto ao regime previdenciário ao qual pertençam. É um benefício que oportuniza ao trabalhador a sua aposentação e, consequentemente, se assim o indivíduo entender conveniente, a sua retirada do mercado de trabalho, depois de longos anos de atividade, justamente a partir do momento em que a idade pode passar a comprometer a sua capacidade laboral, sob vários aspectos. Ainda que a legislação pátria não exija que o segurado se afaste do mercado de trabalho para obter a aposentadoria por idade, sabe-se que a aposentação é também um importante fator de abertura de novos postos de trabalho no mercado.

Sobre os requisitos legais que deverão se cumpridos para a obtenção da aposentadoria por idade, seja para trabalhadores urbanos ou rurais, a Lei 8.213/91 estabelece a necessidade de comprovar a idade exigida e o cumprimento da carência.

De acordo com o art. 51 do Decreto 3.048/99, (2013, [?]),

A aposentadoria por idade uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao segurado que completar sessenta e cinco anos de idade, se homem, ou sessenta, se mulher, reduzidos esses limites para sessenta e cinquenta anos de idade para os trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, [...] bem como para os segurados garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime de economia familiar, [...].

Desta forma, o trabalhador rural que cumpre com a carência de 180 meses exigida pela lei, ou seja, 15 anos, e comprova 55 anos de idade, se mulher, ou 60 anos de idade, para os homens, faz jus a aposentadoria por idade.

Considera-se a carência, o número mínimo de contribuições mensais necessário para que o benefício seja deferido ao requerente. Outrossim, a carência exigida especificamente para a modalidade de aposentadoria por idade, prevista no artigo 25 da Lei 8.213/91, é a de 180 contribuições mensais.

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Assim os segurados da previdência social devem cumprir com a exigência do cumprimento da carência de 180 meses de contribuição, conforme art. 25, II da Lei 8.213/91, para a concessão do benefício de aposentadoria por idade. “Contudo, para aqueles que já se encontravam filiados à Previdência Social anteriormente à edição da Lei 8.213/91, foi criada tabela mais benéfica, disposta no art. 142, em consideração à expectativa de direito daqueles que já eram contribuintes do antigo regime, [...]”. (VIANNA, 2010, p. 265).

Tabela de carência elencada no art. 142 da Lei 8.213/91, a titulo ilustrativo:

ANO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS

CONDIÇÕES

MESES DE CONTRIBUIÇÃO EXIGIDOS

1991 60 meses 1992 60 meses 1993 66 meses 1994 72 meses 1995 78 meses 1996 90 meses 1997 96 meses 1998 102 meses 1999 108 meses 2000 114 meses 2001 120 meses 2002 126 meses 2003 132 meses 2004 138 meses 2005 144 meses 2006 150 meses 2007 156 meses 2008 162 meses 2009 168 meses 2010 174 meses 2011 180 meses

A referida tabela tratava de regra de transição para fins de carência, beneficiou apenas trabalhadores que cumpriram a idade para fins de aposentadoria até 2010, pois aqueles

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segurados que completaram a idade para aposentadoria a partir de 2011, mesmo considerando a tabela acima representada, devem cumprir a carência da regra geral, ou seja, 180 meses de contribuição.

Com relação ao cumprimento, ou a comprovação da carência os trabalhadores rurais receberam tratamento diferenciado em função da singularidade da atividade por eles desempenhada, bem como, pela sistemática contributiva a eles imposta pela legislação previdenciária. Assim, no que tange a aposentadoria por idade concedida aos trabalhadores rurais e a carência exigida para a concessão do benefício da Lei 8.213/91, em seu art. 39, I, disciplina que:

Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão:

I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que

comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido; ou

[...] (VADE MECUM, 2012, p. 1329, grifo nosso).

Cumpre destacar importante lição doutrinária que explica que:

O trabalhador rural obteve tratamento diferenciado daquele concedido aos trabalhadores urbanos, de modo que sua carência poderia ser comprovada não em contribuições mensais, mas sim em tempo de serviço rural, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, mesmo que de forma descontínua, sendo possível comprová-lo por meio de qualquer documento contemporâneo aos fatos como, por exemplo, o contrato de trabalho, a CTPS, o contrato de arrendamento, parceria ou comodato, a declaração de sindicato rural, o comprovante de cadastramento do Incra, o bloco de notas do produtor rural, dentre outros (art. 106). (VIANNA, 2010, p. 265).

Nos termos do artigo 106, da Lei 8.213/91, a comprovação do exercício da atividade rural será feita, alternativamente, por meio de:

Art. 106. A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social;

II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;

III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS;

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IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar;

V – bloco de notas do produtor rural;

VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7o do art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado como vendedor;

VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante;

VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da comercialização da produção;

IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da comercialização de produção rural; ou

X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.(VADE MECUM, 2012, p. 1334).

Assim, o segurado deverá comprovar a atividade campesina no período equivalente à carência do benefício postulado. Em sendo necessário, será realizada uma entrevista com o requerente, o que é comum nos benefícios requeridos aos segurados especiais, também sempre que houver necessidade,

O INSS se valerá de pesquisa externa, quando enviará agentes para avaliar a veracidade de informações apresentadas pelo requerente ou coletar outras, a exemplo de visita perpetrada em imóvel rural do segurado, a fim de verificar se há ou não exploração agropecuária para fins de subsistência. (AMADO, 2013, p. 805).

Em caso de serem insuficientes os documentos apresentados, o servidor irá emitir carta de exigência que deverá ser cumprida no prazo de 30 dias, após deve a autoridade administrativa proferir a decisão com a juntada ou não dos documentos.

A renda mensal do benefício concedido ao trabalhador rural caracterizado como segurado especial, ou seja, o pequeno produtor rural é de um salário mínimo. Ademais, a Lei 8.213/91, esclarece quais são as garantias concedidas ao trabalhador rural:

Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão:

I - de aposentadoria por idade, [...] no valor de 1 (um) salário mínimo, [...], desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido; ou

II - dos benefícios especificados nesta Lei, observados os critérios e a forma de cálculo estabelecidos, desde que contribuam facultativamente para a

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Previdência Social, na forma estipulada no Plano de Custeio da Seguridade Social.

Parágrafo único. Para a segurada especial fica garantida a concessão do salário-maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do início do benefício. (VADE MECUM, 2012, p. 1329).

Para os demais segurados, a renda mensal da aposentadoria por idade será calculada conforme art. 50 da mesma lei e consistirá numa renda mensal de 70% (setenta por cento) do salário de benefício, mais 1% (um por cento) por grupo de 12 contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário de benefício.

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2 APOSENTADORIA POR IDADE COM CONTAGEM DE TEMPO DE ATIVIDADE URBANA E RURAL: APOSENTADORIA HÍBRIDA

A possibilidade de cômputo de tempo de atividade urbana e rural para fins de carência para a concessão do benefício previdenciário dá lugar à nova modalidade de aposentadoria por idade, qual seja a aposentadoria híbrida. Trata-se de uma nova hipótese de cômputo de carência, a qual permite ao segurado unir tempo de atividade rural e urbano, exercido de forma intercalada, nos 180 meses que antecedem a data em que o segurado tenha completado a idade exigida para a concessão do benefício.

Dessa forma esta modalidade, tem como propósito,

[...] resguardar milhares de trabalhadores do campo que na busca de condições mínimas existências, deixaram suas famílias e buscaram nos grandes centros urbanos um novo meio de subsistência. A maioria foi empregada pela construção civil, empregadas domésticas, entre outros, que no geral ao final de sua vida profissional, frente a ausência de instrução e qualificação profissional fez com que esses mesmos segurados, alguns anos depois, retornassem ao campo. (VASCONCELOS, 2013, p. [?]).

Da mesma forma entende Denilsa Rodrigues Tavares (2013, p. [?]), “Esta Lei veio justamente para dar guarida às situações de alternância entre trabalho rural e urbano, em especial aos trabalhadores que dedicaram significativo tempo de sua vida nas lides do campo e que, pela mudança de ofício, não poderiam aproveitar tal período para fins de carência”. Com efeito, a classe trabalhadora, especialmente o trabalhador rural, muitas vezes é obrigado a procurar outras frentes de trabalho para manter a própria subsistência e de sua família com um mínimo de dignidade. Referidos trabalhadores, contudo, merecem a proteção da legislação previdenciária, inclusive quanto ao cômputo do tempo de atividade para fins de carência, como propõe a hipótese de aposentadoria híbrida.

Sobre o movimento da classe trabalhadora brasileira, institutos de pesquisa demonstram que as dificuldades no meio rural provocaram importantes alterações na dinâmica dos trabalhadores rurais, os quais passaram a enfrentar nova realidade e novos desafios, conforme demonstram os resultados de pesquisas nacionais realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Segundo dados do Censo 2010, a população total do Rio Grande do Sul é de 10.695.532 (dez milhões seiscentos e noventa e cinco mil quinhentos e trinta e dois), sendo que 9.102.241 (nove milhões cento e dois mil duzentos e quarenta e um) está inserida na área urbana e 1.593.291(um milhão quinhentos e noventa e três mil duzentos e noventa e um) estão inseridos na área rural, conforme ilustra o quadro:

Fonte elaboração própria a partir dados IBGE, Censo Demográfico 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

O percentual da população residente na área urbana é de 85,10% e na área rural é de 14,90%.

Fonte elaboração própria a partir de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) 2010.

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Considerando a população nacional, segundo dados do IBGE, em 1990, 20% da população brasileira residia na área rural. Atualmente, não passa de 13% e a perspectiva para 2030 é que apenas 9% das pessoas morem no campo. Nota-se que o número da população rural vem diminuindo ao longo dos tempos, essa realidade pode, inclusive, ser reflexo da falta de políticas públicas para a manutenção do trabalhador no campo. De qualquer forma trata-se de uma importante leitura do cenário atual e, assim, surge a necessidade de se pensar soluções previdenciárias para esses trabalhadores e suas famílias, os quais não podem ficar a mercê de cobertura previdenciária. (G1, 2012, [?]).

É de fundamental importância que haja políticas de proteção para esta população que já dedicou muito de sua vida ao exercício da atividade rural e que hoje, já com idade avançada visa desfrutar da proteção previdenciária. Assim, visando dar maior segurança a esses trabalhadores rurais que por alguma necessidade intercalaram exercício de atividade rural e atividade urbana, a Lei 11.718/2008 traz importantes inovações no setor.

Em suma, as modificações introduzidas na legislação previdenciária que regula as relações de custeio e de benefícios pela Lei nº 11.718/2008, tiveram o claro propósito de reduzir incertezas e eliminar subjetivismos, adequando a figura do segurado especial ao que já vinha sendo definido na jurisprudência e à nova realidade da agricultura familiar no Brasil. Ao mesmo tempo, as alterações foram todas no sentido de reforçar o aspecto contributivo da relação de custeio da qual fazem parte os trabalhadores rurais, especialmente quanto aos segurados especiais, e à Previdência Social, sem excluir da proteção previdenciária aquele segurado especial que continua a exercer sua atividade apenas para a subsistência própria ou do grupo familiar, o qual continuará sem contribuir, direta ou indiretamente ao Regime Geral de Previdência Social, situação que somente irá se modificar ao longo do tempo, com a efetivação das políticas públicas existentes e que são voltadas ao desenvolvimento socioeconômico dos pequenos agricultores. (PICARELLI, [?], p. 67).

Nas palavras de BERWANGER (2012, p. [?]), a mesma lei reconhecendo o êxodo rural que se dá em busca de novas oportunidades, permitiu que o segurado somasse para fins de aposentadoria por idade, o tempo da atividade rural e urbana, caracterizando assim, a aposentadoria híbrida.

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2.1 Computando períodos urbanos e rurais para fins de carência

O cômputo do período urbano e rural inclui para fins de aposentadoria por idade, todos aqueles segurados que não contam nem com o tempo rural, nem com o tempo urbano suficiente para suprir a carência exigida para a concessão do benefício.

Para que seja possível computar ambos os períodos, urbano e rural, e consequentemente configurar a aposentadoria híbrida, vê-se necessário o preenchimento de alguns requisitos fundamentais, entre os quais se deve observar o requisito da idade, ou seja,

[...] a idade para a aposentadoria híbrida é a de 60 anos para a mulher e 65 anos para o homem, ou seja, não há a redução de idade em cinco anos, prevista para os trabalhadores rurais, tendo em vista que a totalidade do período de atividade não foi na agricultura. (BERWANGER, 2012, p. [?]).

Destaca-se assim, essa importante exigência que deve o segurado comprovar a idade exigida para o benefício urbano, ou seja, a segurada mulher deverá comprovar 60 anos de idade, já o segurado homem deverá comprovar ter completado 65 anos na data do requerimento do benefício previdenciário.

A aposentadoria híbrida, somente será concedida para aquele segurado que comprovar a carência exigida para o benefício, ou seja, 180 meses de contribuição e que preencha o requisito etário.

Nesse sentido a Lei 11.718/08 trouxe nova redação ao art.48 da Lei 8.213/91, que passou a disciplinar, com destaque aos termos do parágrafo terceiro, que trata da possibilidade da aposentadoria híbrida, vejamos:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida

a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.

§ 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.

§ 2o Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição

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correspondente à carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta Lei.

3o Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o deste artigo que não atendam ao disposto no § 2o deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher.

§ 4o Para efeito do § 3o deste artigo, o cálculo da renda mensal do benefício será apurado de acordo com o disposto no inciso II do caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como salário-de-contribuição mensal do período como segurado especial o limite mínimo de salário-de-contribuição da Previdência Social. (BERWANGER, 2010, p. 132, grifo nosso).

Nota-se pelo texto legal, que a aposentadoria por idade híbrida deverá ser concedida apenas ao trabalhador rural que não tiver como comprovar o efetivo exercício da atividade campesina por todo o período de carência exigida, mesmo que de forma descontínua no período imediatamente anterior ao cumprimento da idade mínima ou ao requerimento da aposentadoria. É, assim, uma opção justa e adequada para que aqueles trabalhadores rurais que em algum momento e por algum tempo tiveram alternância de atividade urbana e rural alcancem o benefício previdenciário.

Observa-se, ainda, que o cômputo do tempo de atividade urbana para fins de carência, de qualquer forma, exige a comprovação pelo segurado da realização de contribuições previdenciárias no respectivo período de exercício da atividade urbana.

Nos casos em que os segurados preencham os requisitos para tal modalidade e venham a ser beneficiados com a aposentadoria híbrida, aos seus dependentes também são resguardados direitos, conforme Berwanger (2010, p. 132), “os dependentes dos segurados têm direito à: a) auxílio-reclusão, em caso de prisão do segurado e; b) pensão por morte, em caso de falecimento. [...]”.

Há alguns entendimentos doutrinários que excluem a possibilidade do benefício da aposentadoria híbrida ao beneficiário que já não labora mais na atividade campesina, ou seja, aquele que ao completar o requisito etário estiver exercendo atividade urbana não poderá gozar desse benefício.

No entanto, o entendimento doutrinário prevalecente, considera que para o benefício da aposentadoria híbrida independe de qual foi a última atividade laboral exercida no

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momento do requerimento, por ora basta preencher o requisito etário e a carência exigida. É o entendimento,

Esta exclusão imposta ao trabalhador urbano que outrora foi rurícola, não coaduna com o caráter social que tem a Lei de Benefícios e não pode ser interpretada desta forma. Isto porque, a própria Constituição Federal exige, em seu art. 194, II, a “uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais”, vale dizer, a impossibilidade de tratamento ilegitimamente desigual entre o trabalhador rural e urbano. Sem dúvida que deve sempre haver tratamento diferenciado quando diferenciada é a situação entre as pessoas, significando, no dizer de Rui Barbosa, tratar os desiguais de forma desigual. No entanto, no caso, a igualdade é manifestamente clara, pois não se vê razoabilidade em se conceder o benefício para aquela pessoa que trabalhou, por exemplo, 10 anos como urbano e os últimos anos 05 como rural – e, ao mesmo tempo, negá-lo para aquele que trabalhou os primeiros 10 anos como rural e os últimos 05 como urbano. (TAVARES, 2013, p. [?]).

Por outrora, segundo BERWANGER (2012, p. [?]), o INSS vem reconhecendo administrativamente que é possível o cômputo do período urbano e rural, desde que a última atividade realizada seja a atividade rural. Tal posicionamento nas palavras da autora “trata-se de uma interpretação restritiva e que não condiz com a realidade”. A possibilidade aberta pela hipótese híbrida de aposentadoria é, assim, um importante avanço legislativo, porém, há de se reconhecer que nada justifica a exigência de que o último tempo de atividade seja rural, pois tal imposição é resultado de flagrante discriminação.

2.2 Entendimento administrativo do INSS

O INSS reconhece administrativamente, que é possível somar períodos urbanos e rurais, para fins de cômputo da carência para a aposentadoria por idade rural, apenas quando a atividade agrícola for à última atividade desempenhada pelo segurado, o que significa dizer, que somente quem está exercendo atividade rural na data do requerimento do benefício previdenciário, pode somar períodos urbanos, não admitindo, porém, que a última atividade a ser considerada seja urbana.

Visando dar maior visibilidade a esse entendimento, a Diretoria de Benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social – DIRBEN/INSS encaminhou através do parecer nº19, consulta a respeito de divergências de interpretações entre a Autarquia Previdenciária e o Concelho de Recursos da Previdência Social - CRPS.

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Conforme a Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Previdência Social - CONJUR – parecer nº19/2013, o entendimento do Concelho de Recursos da Previdência Social, vem ampliando esta interpretação, pois estende aos trabalhadores urbanos, a permissão da soma de ambos os períodos para fins de carência da aposentadoria por idade urbana.

Assim, o CRPS tem admitido a aposentadoria com base no art. 48, § 3 2, de trabalhadores urbanos, dado que o preenchimento dos requisitos pelo segurado se deu nessa qualidade, o que é diferente, conforme a DIRBEN/INSS, de simplesmente admitir que o requerente seja trabalhador urbano quando do requerimento, com direito adquirido ao benefício do art. 48, § 3Q, porquanto preenchidos os requisitos quando ainda rural. (CONJUR nº19, 2013 p.3).

Desta forma, é entendimento da DIRBEN/INSS,

[...] que o § 3º do art. 48 da Lei 8.213/91 em questão foi incluido pela Lei 11.718/2008 e, segundo o entendimento adotado no âmbito do INSS, cuida-se de “nova modalidade de apocuida-sentadoria por idade”, aplicável exclusivamente aos trabalhadores rurais, com carência híbrida, para as situações nas quais que não restar comprovado o efetivo exercício de atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício ou, conforme o caso, ao mês em que completado o requisito etário, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido. (CONJUR nº19, 2013, p.2, grifo nosso).

Assim, com relação ao art. 51, parágrafo 4º, do Decreto 3.048/99, onde estabelece que desde que cumprida à carência exigida, a aposentadoria por idade será devida ainda que na oportunidade do requerimento, o segurado não se enquadre como trabalhador rural. É o entendimento da Diretoria de Benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social – DIRBEN/INSS, que esta interpretação somente resguarda o direito adquirido daquele trabalhador rural que cumpriu com todas as exigências antes de mudar-se para a zona urbana.

Portanto, segundo a DIRBEN/INSS,

[...] tal entendimento [...] viola o art. 55, § 2Q, da Lei nº 8.213/91 ("Art. 55. (...) § 2 O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data

de início de vigência desta Lei, será computado independentemente do

recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de

carência, conforme dispuser o Regulamento."), bem como o art. 26, § 32, do

RPS ("Art. 26. (...) § 3 2 Não é computado para efeito de carência o tempo de atividade do trabalhador rural anterior à competência novembro de 1991."). (CONJUR nº 19, 2013, p.3, grifo do autor).

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Também seguindo esse entendimento da DIRBEN,

A Procuradoria Federal Especializada junto ao Instituto Nacional do Seguro

Social — PFE/INSS manifestou-se na NOTA N2

826/DIVCONS/CGMBEN/PFEINSS/PGF/AGU, de 24.10.2012 (fls. 26-34), tendo basicamente concordado com as considerações tecidas pela DIRBEN/INSS. No item 19, consignou o seguinte: "Destarte inconcebível tomarmos a aposentadoria por idade com carência híbrida como se tratasse de beneficio urbano de carência privilegiada, pois, nesse caso, isso significaria negar vigência, de forma explícita, à vedação expressa constante do art. 55, § 2 2. Em outras palavras, não seria um tertium genus voltado às pessoas que não implementassem os requisitos nem de uma nem de outra aposentadoria por idade urbana, considerando o tempo de serviço rural para fins de carência, independentemente de qualquer indenização e, consequentemente, por mera isenção das contribuições respectivas.". (CONJUR nº 19, 2013, p. 3, grifo do autor).

A manifestação da Secretaria de Políticas de Previdência Social – SPPS/MPS também segue o entendimento da DIRBEN/INSS:

[...] a Secretaria de Políticas de Previdência Social — SPPS/MPS, por intermédio da NOTA CGLEN Nº 263/2012, de 26.12.2013 (fl. 38-39), igualmente concordou com as considerações tecidas pela DIRBEN/INSS e pela PFE/INSS. Sintetizou o debate da seguinte forma: "A divergência de entendimentos entre o INSS e o CRPS se revela porque a Autarquia entende que o § 3 9 do art. 48 da Lei e 8.213, de 1991 permite apenas que o trabalhador rural, assim entendido aquele que em algum momento se afastou da atividade rural, mas retornou a essa atividade, possa utilizar-se da carência híbrida para requerer a aposentadoria por idade, com o incremento da idade, ou seja, 65 anos para o homem e 60 anos para a mulher. Para o INSS, o referido parágrafo trata, em sua redação especificamente desse trabalhador e não daquele que deixou a atividade rural e ingressou definitivamente na atividade urbana”. (CONJUR nº 19, 2013, p. 4, grifo do autor).

Portanto, é entendimento do INSS que o art. 48 da Lei 8.213/91, somente deve ser aplicado ao trabalhador rural, devendo este, comprovar exercício de atividade rural, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício.

A Turma Nacional de Uniformização TNU, expressa o mesmo entendimento do INSS. Nesse sentido, a Súmula 54 da TNU - Turma Nacional de Uniformização, a qual dispõe sobre a data imediatamente anterior ao requerimento e também a súmula 24 da TNU, que posiciona-se em relação ao cumprimento da carência e o cômputo de atividade rural exercida antes de 1991, como segue:

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Súmula 54 da TNU. Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima.

Súmula 24 da TNU. O tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior ao advento da Lei nº 8.213/91, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para a concessão de benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), exceto para efeito de carência, conforme a regra do art. 55, §22, da Lei n 8.213/91. (CONJUR nº 19, 2013, p.8).

Administrativamente a autarquia previdenciária entende que cabe aposentadoria híbrida somente para os trabalhadores rurais que mantinham na data do requerimento a qualidade de segurado especial.

2.3 Entendimento jurisprudencial sobre a aposentadoria híbrida

O entendimento jurisprudencial, da mesma forma que o entendimento doutrinário, apresenta divergência com relação a que espécie de atividade que o trabalhador deve estar exercendo no momento do requerimento do benefício da aposentadoria por idade híbrida. Há posições que entendem ser cabível este benefício a todos os trabalhadores que preencherem os requisitos exigidos, quais sejam a idade e a carência, independentemente do local onde foi exercida a sua última atividade laboral. Outros entendimentos, porém, defendem que somente poderá ser concedido o benefício da aposentadoria por idade híbrida, aos trabalhadores que exerceram sua última atividade laboral no campo.

A Turma Regional de Uniformização da 4ª Região considera que o benefício da aposentadoria híbrida só cabe aos trabalhadores rurais que comprovem exercício de atividade rural quando do implento da idade ou do requerimento do benefício. Referida Turma Recursal entende que a concessão da aposentadoria por idade na modalidade híbrida está condicionada a comprovação de que o último período de atividade desenvolvido pelo segurado seja de natureza rural, senão vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO

JURISPRUDÊNCIA. APOSENTADORIA POR IDADE "MISTA". LEI 11.718/08. REAFIRMAÇÃO DO ENTENDIMENTO DA TRU/4ª REGIÃO 1. Cabe reafirmar o entendimento desta Turma Regional no seguinte sentido: "O benefício de que trata o art. 48, §3º, da Lei 8.213/91 é devido aos trabalhadores rurais que implementam o requisito etário enquanto vinculados

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ao campo. Não se enquadra às novas normas de aposentadoria por idade aquele que, por determinado tempo em remoto passado, desempenhou atividade de natureza rural e se desvinculou definitivamente do trabalho campesino (aposentadoria por idade rural atípica). (...) A Lei 11.718/2008 não revogou o disposto no artigo 55, §2º, da Lei 8.213/1991, de maneira que continua sendo vedado o cômputo de tempo rural para fins de carência sem que tenha havido contribuições previdenciárias" (IUJEF 0000336-78.2010.404.7251, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Ana Beatriz Vieira da Luz Palumbo, D.E. 15/12/2011). 2. Incidente desprovido. (RIO GRANDE DO SUL, 2012, grifo nosso).

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por sua vez, oscila na interpretação das hipóteses de concessão de aposentadoria hibrida, ora exigindo que o último período de atividade seja desenvolvido no meio rural, ora admitindo sua concessão mesmo quando o segurado esteja em pleno exercício de atividade urbana na data do requerimento do benefício, conforme decisões a seguir colacionadas:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.

REQUISITOS LEGAIS. COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL, COMPLEMENTADA POR PROVA TESTEMUNHAL. DESCONTINUIDADE DO TRABALHO RURAL. POSSIBILIDADE. 1. Procede o pedido de aposentadoria rural por idade quando atendidos os requisitos previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº 8.213/91. 2. Comprovado o implemento da idade mínima (sessenta anos para o homem e de cinquenta e cinco anos para a mulher), e o exercício de atividade rural ainda que de forma descontínua por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência, é devido o benefício de aposentadoria rural por idade à parte autora.

3. Existindo prova de desempenho de atividade rural no período imediatamente anterior à carência, deve ser admitido o direito ao benefício com o cômputo de períodos anteriores descontínuos, mesmo que tenha havido a perda da condição de segurado, para fins de implemento de tempo equivalente à carência exigido pela legislação de regência.

4. A adoção de entendimento muito restritivo quanto ao conceito de descontinuidade acaba por deixar ao desamparo segurados que desempenharam longos períodos de atividade rural, mas, por terem intercalado períodos significativos de atividade urbana ou mesmo de inatividade, restam excluídos da proteção previdenciária.

5. Choca-se com a Constituição Federal interpretação conducente a desvalorizar o trabalho, que é um de seus valores fundantes (art. 1º, IV, da CF). Ademais, a previdência é um direito social previsto no artigo 6º da Constituição Federal, e o artigo 7º, XIV, do mesmo Diploma assegura, sem restrições, direito à aposentadoria ao trabalhador rural, atentando ainda contra o princípio da universalidade (art. 194, I, da CF), recusar o direito à aposentadoria ao trabalhador rural que exerceu sua atividade por longo período, a partir de um conceito restritivo de descontinuidade.

6. Nessa linha, no caso da aposentadoria com utilização exclusiva de tempo rural, ainda que não se possa afastar a necessidade de comprovação de desempenho de atividade rural no período imediatamente anterior ao implemento do requisito etário ou ao requerimento administrativo, pois isso

Referências

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