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Capítulo 1 Paisagem urbana, Comércio e Comunicação Visual

1.2 COMUNICAÇÃO VISUAL

Em função da necessidade do ser humano em se comunicar, instituíram-se sistemas de informação. Desde os primórdios, a comunicação visual acompanha o homem. Historicamente sempre estivemos conectados por uma forma de expressão visual, que buscava tornar gráfica a linguagem verbal, e de onde evoluiu todo um sistema de comunicação necessário ao desenvolvimento das atividades humanas.

Foi a partir das primeiras formas de expressão humana, que remetem às marcas deixadas nas paredes pelos homens das cavernas, que houve a evolução de todo um sistema de comunicação. De acordo com Minami (2001):

Seja um rabisco, um desenho, uma cor, uma letra ou uma forma qualquer em destaque, em algum lugar, a comunicação visual tem no seu próprio conceito do termo, um único e fundamental objetivo: informar algo, silenciosamente, expressando um significado, definindo um local, uma situação, dando uma orientação. (MINAMI, 2001)

Independente do tipo de comunicação visual, estas têm, em comum, a intenção de informar alguma coisa. Podem informar com persuasão, ludicamente, para prevenção, educação, ou ainda no sentido de explicar ou comunicar um novo produto (CURY, 2004.).

A comunicação visual pode ter caráter externo, denominada de comunicação exterior, que são as formas de propaganda pela qual os anúncios são vistos fora das casas dos consumidores, e interno, quando vistos dentro da casa dos consumidores (CURY, 2004).

É possível encontrar a comunicação exterior aplicadas na comunicação visual em promoção de vendas, merchandising visual, eventos, publicidade, comunicação de endomarketing3, marketing pessoal etc. Independente da aplicação, quando se fala de comunicação visual, se tem a imagem do todo

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conjunto de estratégias e ações de marketing institucional voltadas para o público interno (empregados, revendedores, acionistas, etc).

e não apenas dos elementos que a constituem: o conteúdo, que é o texto e/ou imagem, sua forma, que é o tratamento dado ao conteúdo e seu suporte. Este último é o elemento que permite a materialização e funciona como apoio à peça. Segundo Cury (2004) é:

Indiscutível é a importância dos suportes na comunicação, ajudando a “vestir” embalagens, transmitir notícias impressas (papel para jornal e revista) e eletrônicas (tela da TV e da internet), recepcionar histórias e informações. Na comunicação exterior os suportes têm um significado muito especial, pela sua versatilidade ou transformismo. Espalham seus tentáculos em todas as direções do cenário da cidade e vão gerando um caótico mosaico de espaços de letras, imagens e símbolos visuais. Ora na função de bases, ora como sustentáculos das peças, ajudam a viabilizar, desde pequenos formatos, como cartazes e placas que identificam lojas, até gigantográficas como as empenas de edifícios. Permitem a produção de formatos em dimensões padronizadas (como o outdoor), e dão sustentação a criações especiais, redondas, com apliques, com partes que se movem, na forma de objetos. (CURY, 2004, p. 08)

Os suportes auxiliam na composição dos limites, indicam os eixos de direção da mensagem - frontalidade, horizontalidade, verticalidade, a natureza de sua forma - bidimensional ou tridimensional, o tipo de material e as suas dimensões.

Foi a partir da década de 1950 que a comunicação visual ganhou destaque, inserindo-se em todas as possibilidades de suportes que lhe fossem oferecidas para fazer com que suas mensagens chegassem ao usuário de forma cotidiana e ininterrupta (MÜLLER-BROCKMANN, 1988). Quaisquer que seja o aparato - prédios, estações de trem, ônibus, estradas, aeroportos, estádios – estes são portadores usuais de mensagens publicitárias que nos rodeiam de produtos, promoções e ideias.

Munari (2006) entende como comunicação visual toda forma de comunicação por meio de mensagens visuais, que fazem parte de uma família de elementos que atuam sobre os nossos sentidos sonoros, térmicos e dinâmicos. Para autor, praticamente tudo que é visto é comunicação

visual, desde uma nuvem a um cartaz. A diferença está na intenção da comunicação, que pode ser casual ou intencional.

Na comunicação visual casual, a nuvem que está no céu, não possui a intenção de nos informar que existe uma possibilidade de chover, mas acaba por advertir a quem a queira ver, podendo ser livremente interpretada por quem a recebe. Já na comunicação visual intencional é produzida com o intuito de transmitir alguma informação. Assim, a comunicação intencional, em tese, deveria ser recebida de forma com que o significado pretendido, fosse completamente absorvido

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Toda esta comunicação visual é repleta de signos, que são, num primeiro momento, percebidos pelos olhos e, depois, enviados para o cérebro, aonde serão analisados e interpretados. É só a partir daí que a imagem captada adquire algum sentido, uma vez que é apenas no cérebro que serão decifrados os signos. Para Minami (2001), a comunicação visual é elaborada no intuito de impressionar, expressar e construir. Segundo o autor, o objeto percebido impressiona a retina, provoca uma emoção e é construtivo, no sentido de ter um signo que possui a capacidade de comunicar uma informação.

Esta forma de transmissão de mensagens por meio dos sentidos tem em seu processo os três elementos básicos da comunicação: o emissor, a mensagem e o receptor.

O emissor codifica a mensagem que deseja transmitir designando um sinal. O receptor recebe o sinal e o decodifica de acordo com os muitos significados que possui em seu próprio repertório. Quando o receptor decodifica o sinal e obtém exatamente a mensagem que o emissor desejou transmitir, a comunicação se realiza. (PANIZZA, 200, p. 24)

De acordo com Munari (2006) presume-se que um emissor emita mensagens e um receptor as receba. Porém, nem sempre isso ocorre, pois ambiente ao qual o receptor está imerso é cheio de perturbações que podem alterar ou anular certas mensagens. Por exemplo:

um sinal vermelho num ambiente em que seja predominante uma luz vermelha ficará quase anulado;

ou então, uma placa de transito em cores banais, fixada junto a outras placas igualmente banais, misturar-se-á com elas, anulando-se uniformidade. O índio que transmite a sua mensagem com nuvens de fumaça, pode ser perturbado por um temporal. (MUNARI, 2001, p.68)

Ainda que a mensagem visual seja projetada adequadamente, de tal modo que evite qualquer deformação durante a emissão, ao chegar ao receptor encontrará outros obstáculos: os filtros individuais. Cada receptor, de modo diferente, possui filtros, através dos quais a mensagem terá de passar para ser recebida. Estes filtros são divididos em: sensorial, voltada a capacidade perceptiva do indivíduo; funcional, baseado em suas experiências; e a cultural, com base nas crenças do receptor.

Superado os filtros individuais, a mensagem chegará enfim a zona emissora do receptor, que nada mais é do que o íntimo do receptor. Esta zona pode emitir dois tipos de resposta à mensagem recebida: uma interior e uma exterior.

Uma mensagem visual pode, por exemplo, indicar que um estabelecimento vende bolos de chocolate. Ao avistar esta mensagem visual, o observador pode ter uma resposta exterior que o mande entrar e saborear o bolo, enquanto a resposta interior o informe “não tenho fome”.

Uma vez a mensagem visual recebida, segundo Munari (2001) é possível dividi-la em duas partes: a informação propriamente dita, veiculada pela mensagem e o suporte visual, definido como o conjunto de elementos que tornam visível a mensagem, como: textura, forma, estrutura, módulo, movimento.

Para Dondis (1991), embora a comunicação visual não possua um conjunto de normas e preceitos, de metodologia e nem critérios definidos, tanto para a expressão quanto para o entendimento dos métodos visual, existe a sintaxe visual, que são as linhas gerais para a criação. Assim sendo, o conteúdo das mensagens da comunicação visual também pode ser influenciado pelos elementos que a constituem: pontos, linhas, formas, tom, cores, texturas, direções, proporções, dimensões e movimentos. Desta forma, talvez não seja possível, estabelecer uma fronteira exata entre as

duas partes que compõem a mensagem visual, pois estas estão, em geral, fortemente interconectadas, mas não é isso que torna os recursos presentes na linguagem visual incapazes de uniformizar a maneira de se comunicar, muito pelo contrário, é possível através da sintaxe visual viabilizar esse tipo de comunicação visual, sem uniformizar a mensagem.