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Conceções dos professores face à inclusão de alunos com multideficiência no sistema regular de ensino

Capitulo IV – Apresentação e Discussão dos Resultados

2. Conceções dos professores face à inclusão de alunos com multideficiência no sistema regular de ensino

Neste quadro, apresentamos os resultados relativos às conceções dos professores face à inclusão de alunos com multideficiência no sistema regular de ensino

Quadro 4 - Resultados da análise de conteúdo sobre Conceções dos professores face à inclusão de alunos com multideficiência no sistema regular de ensino

Categorias Subcategorias Indicadores Fr/UR

Conceção do professor sobre a inclusão alunos com multideficiência Igualdade de oportunidades e equidade

Dar a todos a mesma oportunidade

10 Inclusão como equidade

A inclusão de alunos MD como vantagem para o reconhecimento da diferença Desenvolvimento de competências sociais Limitações à

inclusão

A sua problemática limita a sua participação com os pares

3

A escola como barreira à inclusão Condições para a

inclusão

Inclusão mas com a condição de proporcionar recursos e formação

1

A análise dos dados sobre as conceções dos professores face à inclusão dos alunos com multideficiência no sistema regular de ensino, permite considerar que os participantes do estudo continuam a não colocar qualquer tipo de entrave à presença dos alunos com multideficiência na escola. Constata-se da análise dos dados que a inclusão permite igualdade de oportunidades e equidade nas respostas a estes alunos. Os entrevistados consideram ainda, que a inclusão de alunos com multideficiência permite o reconhecimento do outro como diferente e o desenvolvimento de

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competências sociais. Na escola onde se realizou o estudo a presença de alunos com MD é vista como uma vantagem, por desencadear valores e atitudes na comunidade educativa relacionados com a formação cívica e o respeito pelo outro.

Estes valores são encontrados ao longo da premissa básica de uma “escola para todos” sendo os alunos com necessidades educativas especiais severas ou não, tem os mesmos direitos enquanto indivíduos de uma comunidade. Amaral (1999), refere que o direito de estar na escola aplica-se a qualquer criança, incluindo as que tem multideficiência, estes alunos devem ter a oportunidade de frequentar a escola do regular, de agir como elementos chave do desenvolvimento de métodos de ensino e de participar nas decisões relacionadas com os assuntos e conteúdos a ensinar. Indo de encontro ao que refere esta autora, na entrevista E2 é mencionado desta forma:

“Concordo … todos ganham pela questão da socialização ... a interação com os pares ditos normais permite ganhar competências sociais, e permite que os alunos tenham comportamentos adequados relacionados com o respeito pelo outro e ainda relacionadas com ser cidadão. Sendo este o aspeto o mais importante para mim na inclusão”.

Como Correia (2005) explicita, a inclusão procura levar o aluno com NEE às escolas regulares e, sempre que possível, às classes regulares, onde, por direito, deve receber todos os serviços adequados às suas características e necessidades. E com isto pretende encontrar formas de aumentar a participação de todos os alunos com NEE, incluindo aqueles com multideficiência, nas classes regulares, independentemente dos seus níveis académicos e sociais.

2.1. Constrangimentos colocados à inclusão de alunos com multideficiência no sistema regular de ensino

Com base na análise dos dados do estudo, constatámos que apesar dos professores estarem de acordo com a inclusão de alunos com MD, estes consideram existir algumas limitações por parte desta população com características tão específicas, em que a escola não está preparada para as receber. É referido como limitação à inclusão, a própria problemática dos alunos com MD. A sua participação nas atividades, por vezes fica condicionada, sobretudo devido à sua forma de comunicar, a

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forma como estabelece a interação com pares, e aos problemas de saúde ou problemas motores que os condicionam na sua deslocação. Como é mencionado na entrevista P1

“…pela minha experiencia o facto de estes alunos apresentarem limitações significativas tanto ao nível da comunicação e socialização limita a sua participação com os pares…”

Um outro dado do estudo, considerado como constrangimento à inclusão de alunos com MD, é a própria escola. Esta é considerada uma barreira à inclusão. O facto de a escola não estar adequada para receber estes alunos, acaba por ser um espaço de exclusão. A não existência de recursos adequados, as próprias atitudes dos professores e da restante comunidade educativa, revelam precisamente esse constrangimento. Este aspeto é destacado por E4 da seguinte forma:

“…E estes espaços acabam por ser um espaço mais de exclusão do que inclusão. Isto porque a escola não consegue dar essa resposta adequada e os professores do regular na sua maioria não estão disponíveis para este tipo de população.”

As crianças com MD apresentam necessidades educativas motivadas pelas especificidades da sua condição. A sua inclusão na escola faz com que esta tenha necessidade de se organizar para a diferença e apetrechar-se de recursos. As unidades de apoio a alunos com multideficiência são estruturas integradas nos estabelecimentos de ensino, constituem uma resposta educativa e diferenciada que visam apoiar a educação dos alunos com multideficiência, fornecendo-lhes meios e recursos diversificados.

2.2.

Condições

necessárias

à

inclusão

de

alunos

com

multideficiência no sistema regular de ensino

Com base na análise dos dados é possível considerar igualmente a necessidade de algumas condições para que esta integração se realize com sucesso. Assim sendo, é necessário proporcionar recursos à escola e promover formação juntos dos professores para os apetrechar de ferramenta no sentido de promover a inclusão de alunos com multideficiência. Dos oito participantes no estudo, apenas um demonstrou

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esta preocupação. Em relação à primeira condição foram analisados os aspetos relacionados com as condições da escola, nomeadamente a existência de recursos humanos e materiais, e essencialmente a necessidade de existirem assistentes operacionais colocadas nas UAAM de forma a organizar o trabalho com os alunos no sentido de promover a inclusão dos alunos com MD, no contexto escolar. Outra condição considerada importante pelos participantes do estudo, foi a necessidade de dotar os professores e assistentes operacionais de formação, de forma a proporcionar uma intervenção com respostas adequadas e que todos percebam como estes alunos aprendem.

“…devemos acima de tudo (…) promover formação e a existência de recursos humanos…”

Neste sentido, parece-nos possível concluir da análise dos dados que só é possível inclusão dos alunos com multideficiência com qualidade quando estejam reunidas algumas condições, designadamente, a existência na escola de recursos humanos suficientes para intervir com estes alunos e quando os professores e assistentes operacionais tiverem formação específica para o efeito.

3. Politicas educativas promotoras de inclusão de alunos com