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Os Arranjos Produtivos Locais – APL, segundo conceito desenvolvido pela REDESIST/UFRJ (2002),

“caracterizado por aglomerações de

agentes econômicos, políticos, sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômica com vínculos, mesmo como incipientes, mas que envolvem a participação de empresas produtoras de bens e serviços, comercializadoras, clientes e outros em suas variadas formas de representação e associação, além de instituições públicas e privadas, todas interligadas.”

Esse conceito de APL envolve as vantagens competitivas locais, no que se refere à atração de investimentos, cuja aglomeração de empresas reforça o próprio APL, elevam a renda, atraem pessoas e induzem investimentos públicos em infra-estrutura. E, em conseqüência atraem mais empresas do setor de serviços para atender a demanda produtiva.

Segundo HADDAD (1989), “em termos teóricos as políticas de atração de empresas podem ser associadas, do ponto de vista regional, ao conceito de Pólo de

Desenvolvimento” vinculado ao nome de François Perroux37; o outro tipo de aglomeração de empresas é o Complexo Industrial caracterizado por um conjunto de atividades que ocorrem numa dada localidade e pertencem a um grupo ou subsistem de atividades que estão sujeitas as importantes inter-relações de produção, comercialização e tecnologia, chamados também de Distritos Industriais.

O38 sucesso comercial das empresas instaladas nos Distritos Industriais Italianos e no Vale do Silício na Califórnia39 e sua elevada renda percapita atraíram a atenção de pesquisadores em busca das causas para este desempenho diferenciado. Uma vez que aglomerações produtivas e suas vantagens tradicionais (externalidades) já eram conhecidas pela literatura, o recente desenvolvimento na contra-mão da idéia de que só grandes empresas poderiam ser competitivas no mundo “globalizado” induziu o desenvolvimento de novos conceitos teóricos. Assim, foi se consolidando nas décadas de 1980 e 1990 um outro conceito para denominar determinados tipos de concentração de empresas.

O conceito de APL foi em parte difundido ao fato de ter sido o único nicho de ação de política industrial aceito dentro do meio de políticas liberais, que é crítico à intervenção estatal, que dominou a política econômica no período. A política industrial era aceitável no APL, porque é focada no aproveitamento de externalidades positivas40 difundidas muitas vezes como produzidas por entidades privadas. O mesmo não pode ser afirmado em favor de intervenções de política industrial baseadas em incentivos diretos às exportações, substituição de importações e intervenção estatal de impacto

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No livro “Espaço, Polarização e Desenvolvimento: uma introdução a economia regional”, de 1950, desenvolveu estudos sobre pólos de crescimento e sua planificação, onde mostra a diferença essencial entre espaços econômicos e espaço geográfico.

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SANTOS (2000)

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Segundo pesquisas realizadas pela REDESIST/UFRJ

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Variáveis externas não incluídas no processo produtivo, mas que influencia positivamente nos resultados econômicos de alguns dos elos de uma cadeia produtiva.

fiscal ou financeiro, todas inaceitáveis para os defensores do livre comércio e do estado mínimo.

Independentemente do posicionamento ideológico, os Distritos Industriais Italianos são geralmente barreiras à entrada de relativamente fácil aplicação a regiões ou países menos desenvolvidos e têm como característica principal a cooperação, que gera experiências de enorme importância econômica, competitiva, política e social. A cooperação desenvolvida pelas empresas tem trazido enormes ganhos competitivos, constatados pela elevada taxa de crescimento, sendo considerada muito importante e representa um dos principais fatores que diferenciam esse tipo de aglomeração produtiva dos outros, característica importante na concepção dos APLs. A cooperação multilateral tem como característica necessária a presença de micro, pequenas e/ou médias empresas que, em conjunto, apresentam uma importante participação na cadeia produtiva, com proximidade local, interdependência e senso de comunidade. Pode-se concluir que o conceito de APL, ao ter como paradigma principal os Distritos Industriais Italianos, tem como catalisador mais destacado a importância da cooperação e como característica fundamental, a presença de pequenas e médias empresas, concentradas espacialmente em alguns dos elos de uma cadeia produtiva.

A explicação pode ser que existam importantes vantagens competitivas para as empresas estarem localizadas em tal aglomeração que não são nem os custos de transporte, de mão-de-obra ou fiscais. Pode-se assim dizer que a existência de vantagens competitivas locacionais desse tipo seja uma condição necessária para a formação de um APL. É fundamental entender as vantagens competitivas41 que as empresas obtêm por estarem localizadas nessas aglomerações, assim como as vantagens competitivas que uma região tem para atrair novos investimentos.

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Segundo SANTOS (2004) geralmente são as pequenas e médias empresas que mais dependem da localização porque:

- Têm mais dificuldade de abrir escritórios e filiais em outros lugares; - Possuem dificuldade de ser relocalizar por uma questão de custos de

investimento;

- O dono geralmente precisa estar presente para administrar o negócio; - Dependem das relações que têm no local, por não possuir capital

suficiente para obter suprimento de determinados serviços e externalidades que se encontram no local de forma mais facilitada.

A análise realizada evidenciou que a utilização de um recorte analítico baseado no conceito de arranjos produtivos é relevante para a compreensão dos condicionantes do crescimento de MPEs. As informações levantadas também demonstram que a importância de MPEs na estrutura industrial dos arranjos produtivos varia consideravelmente de um ramo de atividade para outro, podendo-se identificar alguns ramos onde a existência de arranjos “dominados por MPEs” assume maior importância. Adicionalmente, existem evidências de que a inserção em arranjos produtivos influencia os níveis médios de remuneração da mão-de-obra, os quais podem vistos como proxis da produtividade empresarial - tanto para o conjunto das empresas, como no caso específico de PMEs. Quanto a esse aspecto, as evidências também demonstram que o impacto gerado difere bastante entre os diversos ramos de atividade.

No caso específico de confecções, de forma geral, todos os arranjos dispõem de uma infra-estrutura educacional e tecnológica e essa característica combina-se com uma grande diversidade entre os arranjos no que se refere às interações entre as empresas e os órgãos de treinamento e de serviços tecnológicos. Há casos em que, apesar da

existência de instituição de treinamento e serviços tecnológicos, a interação com as empresas está enfraquecida. Em outros, a infra-estrutura existe e as interações ocorrem, com predominância para treinamento e formação de mão-de-obra, em nível técnico na sua maioria, mas também em nível superior, e para prestação de serviços tecnológicos. Nesta infra-estrutura, os esforços e as interações voltadas especificamente para a criação de conhecimento refletida em novos produtos e processos são inexistentes.

2.2 – A APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS E A