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Alcantil

Dentre esses municípios, Guarabira possui as duas maiores fábricas de confecções da Paraíba, que segundo dados da RAIS (2001), possuem 93% dos empregados formais do município. Com relação a Alcantil, há uma particularidade, o município localiza-se na fronteira entre Pernambuco e Paraíba, além da confecção constituir uma das principais atividades do município, foco de aplicação de políticas, no que concerne a intensa articulação entre os principais agentes institucionais na Paraíba.

Em ambos os municípios, os principais agentes atuantes são o: SEBRAE, SENAI, CINEP e Prefeituras Municipais, sendo esse último bastante presente em Alcantil, principalmente no que se refere ao empenho em transformar o município em uma localidade especializada na costura de bermudas e calções, direcionada para a facção de empresas do APL de Santa Cruz do Capibaribe. Somado a isso, o município de Alcantil se localiza aproximadamente 70 km entre Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, dessa forma há um potencial a ser explorado através da localização espacial de feiras na passagem dos ônibus, que em grande parte, se dirigem para os municípios do APL de confecções do agreste pernambucano.

Há uma controvérsia entre os dados da RAIS (2001) e SEBRAE (2002), no que se refere ao número das empresas formais em João Pessoa. Nessa localidade as principais linhas de produto são o fardamento, a moda masculina e acessórios, caracterizadas pela existência de pequenas empresas, em sua maioria informais que absorvem cerca de 450 pessoas64. Comparando João Pessoa e Campina Grande, ambos os municípios possuem aglomerações de MPES, no entanto, a participação desse último é menor em relação a Capital do Estado, se interpretados segundo dados da RAIS (2001). Segundo esses dados, das 241 empresas que geram em torno de 3196 empregos

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na indústria de confecções, Campina Grande possui a metade da participação, em relação a João pessoa, com apenas 20% do emprego total.

Esse cenário foi constituído ao longo dos anos, com uma trajetória decrescente muito similar ao que ocorreu com a economia brasileira, muito embora, com relação às confecções de João Pessoa houve uma trajetória inversa, no período 1992-1997, em que o município aumentou sua participação de 1% para 44% na atividade de confecções, decaindo no período em seguida para aproximadamente 39%. Essa análise é interessante porque se observamos o caso de Campina Grande veremos que o município no primeiro período analisado caiu sua participação de 98% do total das empresas do Estado, para 59%, caindo ainda mais no período de 1997-2001 para 39% ainda um pouco superior ao volume das empresas de confecções de João Pessoa.

Esse desempenho de Campina Grande foi superado ainda pelo APL de confecções do Agreste de Pernambuco, que no mesmo período expandiu suas atividades, aumentando o volume de transações comerciais, bem como das unidades empresariais decorrentes principalmente da atuação do governo do Estado que direcionou políticas específicas para fortalecimento de uma estrutura empresarial com apoio institucional, muito embora o volume de informais seja muito elevado, constitui principal referencial competitivo do nordeste, além do direcionamento das confecções serem quase que exclusivamente para a chamada sulanca65.

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Gráfico 3- Evolução da Participação Percentual de Empresas de Confecções dos

Municípios de João Pessoa e Campina Grande entre 1992 e 2001

0,396761134 0,590361446 0,986111111 0,388663968 0,439759036 0,013888889 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

FIEP-92 FIEP-97 RAIS-01

Fontes/ano P er cent u ai s CG JP

Fonte: Pesquisa Direta.

Mesmo com uma significativa queda no número de estabelecimentos no APL de Campina Grande para a economia paraibana, o segmento possui certa relevância para o Estado, segundo mostra a pesquisa da REDESIST/UFRJ (2003), em detrimento de alguns motivos básico, são eles:

a) A dimensão relativa no setor de confecções paraibano, em termos de emprego e estabelecimentos, ainda permanece elevada, apesar da retração provocou impactos negativos na economia local, constituindo um interessante ambiente para o desenvolvimento e aplicação de Políticas Públicas;

b) Existência de um amplo conjunto de agentes não-empresarias atuantes no município (sindicatos, federação da indústria, órgãos de apoio e fomento, universidades e centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, grupos políticos de significativa atuação no município e no estado entre outros);

c) Co-existência espacial de outro APL (couro e calçados), de maior dimensão econômica, com similaridades tecnológicas, econômicas, produtivas, comerciais e institucionais, o que permite realizar análises de efeitos sinérgicos na articulação dos agentes de ambos os APLs, bem como verificar a validade de hipóteses sobre vantagens locais, efeitos de políticas e estratégias empresariais;

d) Proximidade espacial com os APLs de confecções instalados em municípios pernambucanos (Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru), bem como do município paraibano de Alcantil onde, como visto anteriormente, localiza-se uma aglomeração de costureiras faccionistas, caracterizando-se uma macroregião interestadual especializada na produção de confecções, e;

e) O mais importante motivo para a seleção de Campina Grande: o APL de confecções é sede do consórcio de MPEs que vem desenvolvendo a estratégia competitiva mais ousada em termos tecnológicos, comerciais e institucionais: a produção e exportação de confecções à base de algodão naturalmente colorido.

4.2 – O APL DE MPES DE CONFECÇÕES DE CAMPINA GRANDE: ANÁLISE