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1. Enquadramento teórico

1.4 Conceito desenvolvimento sustentável

Embora o conceito de sustentabilidade seja uma ideia relativamente nova, o movimento como um todo tem raízes na justiça social, conservadorismo, internacionalismo e outros movimentos do passado com histórias ricas. No final do século XX, muitas dessas ideias tinham-se reunido no apelo ao "desenvolvimento sustentável" (University of Alberta, 2019).

Em 1983, as Nações Unidas elegerem a primeira ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland, líder internacional em desenvolvimento sustentável e saúde pública para dirigir a nova Comissão Mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento. Décadas de esforço para melhorar os padrões de vida através da industrialização, muitos países não foram capazes de lidar com pobreza extrema. Parecia que o desenvolvimento económico feito à custa da saúde ecológica e da equidade social não conduzia a uma prosperidade duradoura. Ficou claro que o mundo precisava encontrar uma maneira de harmonizar a ecologia com a prosperidade. Após quatro anos, em 1987, a “Comissão Brundtland” divulgou seu relatório final, Nosso Futuro Comum, onde concluía que o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.

Mais tarde, Afonso (2006) destaca a necessidade de se adotar uma postura crítica em relação às dinâmicas económica, política e institucional vigentes. A autora considera que na prática não se adotaram as medidas indispensáveis para transformar as instituições económicas, sociais e políticas que sustentam o modo de vida atual. Efetivamente identificou transformações superficiais e um acréscimo de restrições legais que, longe de modificar os modos de regulação da sociedade, da economia e do uso dos recursos naturais, tendem apenas a incorporar o discurso da sustentabilidade ao estilo de vida vigente para garantir que nada mude.

Entretanto Al Gore, Vice-Presidente da administração de Bill Clinton, colocou na agenda política internacional questões como mudanças climáticas e aquecimento global, que o vieram a qualificar como merecedor do Nobel da Paz, em 2007.

A noção de desenvolvimento passa a ser enriquecida por outros componentes que a relacionam com capital humano e capital social, passando a ser medido com indicadores mais amplos, como educação, longevidade e saúde, resultando em índices mais complexos como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), desenvolvido pela ONU.

De facto, como refere o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (2019), o desenvolvimento sustentável está cada vez mais relacionado com qualidade de vida e bem-estar das populações, e envolve não só a componente económica, ambiental e social, mas também os aspetos espaciais, territoriais, culturais e políticos. Considera-se por isso que este conceito está fortemente relacionado com os restantes conceitos de economia circular e economia inteligente, e deve estar presente no presente estudo, que enquadra também a economia social num território que se pretende smart.

A Figura 4 representa o desenho da estratégia para o período 2016-2030, onde se verificam os

educação e pensamentos futuros, como fundamentais no estabelecimento de parcerias e na participação das políticas públicas. Todos são considerados essenciais para desenvolver produtos e serviços sustentáveis, produtos financeiros, ferramentas e metodologias, projetos piloto, inovações no enquadramento legislativo e no conhecimento. Ainda são apresentados como recomendação, mas no futuro adivinha-se que alguns sejam incorporados como normativos nas políticas europeias. A Figura 4 representa a reflexão que se pretende para o objetivo deste estudo.

Figura 4: Estratégia 2016-2030 do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. Fonte: BCSD Portugal (2019).

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas é constituída por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e foi aprovada em setembro de 2015 por 193 membros. Os ODS representados na Figura 5 resultam do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo para criar um modelo global para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas.

Enquadramento teórico

Figura 5: Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Fonte: BCSD Portugal (2019).

Na figura, anterior, podem ser verificados os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. A saber: 1. Erradicar a pobreza em todas as suas formas e lugares;

2. Erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição, e promover a agricultura sustentável;

3. Garantir o acesso à saúde de qualidade, promover o bem-estar para todos, em todas as idades;

4. Garantir o acesso à educação inclusiva de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida;

5. Alcançar a igualdade de género, e empoderar todas as mulheres e raparigas;

6. Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos;

7. Garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis, e modernas para todos; 8. Promover o crescimento económico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo,

e o trabalho digno para todos;

9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação;

10. Reduzir as desigualdades sociais entre os países e dentro dos países;

11. Tornar as cidades e comunidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis; 12. Garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis;

13. Adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos; 14. Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos;

15. Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação;

16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos, e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis;

17. Reforçar os meios de implementação, e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Tendo em conta que as entidades da economia social são cruciais para avocar a maioria dos objetivos de desenvolvimento sustentável que constam da Agenda 2030; que a reflexão sobre os objetivos da investigação pode ser determinante para mudanças nos comportamentos das organizações; estima-se que a economia social adote medidas para incorporar a economia circular, de partilha e inteligente, antes que as medidas se tornem numa imposição normativa ou legislativa.

Enquadramento territorial, social e económico