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1. Enquadramento teórico

1.3 Conceito smart – regiões inteligentes

Na pesquisa verificou-se que Komninos (2002) afirma que o conceito quando surgiu não distinguia cidades de regiões inteligentes. Segundo este autor, as cidades e regiões inteligentes combinam o ambiente digital e comunidades reais com elevado nível de conhecimento; circunscrevem-se a uma

Enquadramento teórico

Mas não se devem limitar ao ambiente digital e tão-pouco a plataformas web que disponibilizem serviços ou informações. Devem aproveitar-se da interação dos cidadãos e das vantagens que essa interação proporciona, através de toda a tecnologia que facilite a interação (por exemplo por telemetria, biometria, tecnologias móveis, sistemas de informação geográfica). Por isso agregam três áreas de atuação fundamentais em que o objetivo maior é criar condições de sustentabilidade, melhoria das condições de vida das populações e fomentar a criação de uma economia inteligente e criativa através da gestão baseada em análise de dados, como exemplifica a figura seguinte.

Figura 3: As três principais áreas do conceito smart nas regiões.

Fonte: Elaboração própria com base na informação disponível em Fórum das cidades (2018).

Estão a emergir em todo o mundo programas e projetos de smart cities como novo paradigma urbano e como resposta aos problemas que atualmente enfrentam os espaços urbanos, como as alterações climáticas, a crise económica e a exclusão social (Selada & Silva, 2013).

O relatório centrado no desenvolvimento de um ranking de cidades inteligentes de média dimensão, considera a existência de seis pilares essenciais numa smart city: economia inteligente, pessoas inteligentes, governação inteligente, mobilidade inteligente, ambiente inteligente e modo de vida inteligente (Ranking of European Medium-sized Smart Cities - Final Report, 2007).

O mesmo estudo, citado pelas autoras Selada e Silva (2013) menciona que a economia inteligente se refere à competitividade económica das cidades, integrando questões associadas à inovação e ao empreendedorismo. O pilar das pessoas inteligentes diz respeito ao grau de qualificação dos recursos humanos, à abertura e ao nível de interações sociais. Por sua vez, a governação inteligente abarca aspetos relacionados com a participação pública, serviços aos cidadãos e funcionamento da administração pública. A acessibilidade local e internacional das cidades e a rede de tecnologias de informação e comunicação são as principais componentes da mobilidade inteligente. O ambiente inteligente é definido pela atratividade das condições naturais, proteção ambiental e gestão de recursos. Por fim, o pilar modo de vida inteligente integra diversas questões ligadas à qualidade de vida, como cultura, saúde, segurança, turismo e habitação.

Há exemplos de cidades em todo o mundo ansiosas por usar a menção de cidade inteligente enfatizando essa etiqueta para fins de autopromoção. Para além de se assumir que existe um impacto positivo das tecnologias de informação na forma urbana, a marca de cidade inteligente também avoca um futuro de alta tecnologia harmonioso. Portanto pode-se afirmar que, sob a enfâse

Internet das Coisas (Internet of things)

ex. objetos com capacidades inforcomunicacionais avançados

Processamento e análise de grandes quantidades de informação

Gestão e planeamento baseado em ações construídas por algoritmos aplicados à vida urbana IoT

Big Data

Governança Algorítmica

no capital humano, aprendizagem social e criação de comunidades, se institui uma agenda política do “empreendedorismo urbano de alta tecnologia” (Hollands, 2008).

As autoras Selada e Silva (2013) explicam que o índice de cidades inteligentes foi aplicado, numa fase piloto, às cidades que constituem a Rede RENER – Living Labs para a Inovação Urbana, liderada pela INTELI e membro da Rede Europeia de Living Labs. A origem do Living Labs está associada ao Programa Nacional de mobilidade urbana, tendo as cidades participantes funcionado como test-bed para a introdução do veículo elétrico em Portugal, com o envolvimento de grandes empresas multinacionais como a Renault, Mitsubishi, Nissan e Peugeot. Trata-se de um laboratório vivo que integra 25 cidades portuguesas, e Bragança integra essa rede, funcionando como espaço de teste e experimentação de soluções urbanas inteligentes em contexto real.

Exemplos da materialização de soluções de inteligência na região transmontana verificam-se de forma mais ou menos integrada, promovidos por entidades empresariais privadas ou por entidades públicas, por vias de projetos ou atividades, em áreas da mobilidade urbana, infraestruturas de carregamento para veículos elétricos, promoção de modos alternativos de transporte, sistemas de controlo de tráfego em tempo real, gestão da água e de resíduos, e governação.

Leitão (2015) afirma que uma excelente ideia de pouco vale se não for posta em ação. E numa conjuntura empresarial cada vez mais feroz e competitiva, nenhuma organização se pode dar ao luxo de dispensar as boas ideias, muito menos de não as implementar.

Por outro lado, a possibilidade da desumanização perante um processo tecnológico é um receio evidente, pelo que é preciso encontrar formas de contrariar essa tendência e de reforçar as ligações pessoais entre os cidadãos. Vivienne Ming (2019) considera que as cidades inteligentes podem ser utilizadas para maximizar o potencial humano através da criação de fluxos dinâmicos de pessoas que criem e encorajem interações únicas. É necessário construir comunidades nas quais todos participem e as cidades inteligentes têm a capacidade de ligar pessoas, vizinhanças e comunidades que, caso contrário, poderão nunca interagir.

Para Drucker (2001) o desafio em termos de gestão para o século XXI, está relacionado com o modo de como as organizações lidam com as mudanças. De acordo com o autor, não é possível gerir as mudanças, mas sim, unicamente estar à sua frente. A organização precisa ser um “líder de mudança” e, para isso, os líderes devem tratá-las como oportunidades. A mudança para uma economia circular constitui uma oportunidade para as organizações.

Na secção 3 explica-se a metodologia de investigação conducente à confirmação, ou não, da existência de predisposição das entidades da economia social para implementar soluções inteligentes, que permitam fazer a gestão dos seus ativos de forma partilhada, mas sobretudo com uma gestão regulada através de uma metodologia de abordagem bottom-up.

Enquadramento teórico