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3. Metodologia de investigação

3.3 Instrumentos de recolha de dados

3.3.2 Entrevista exploratória

Vilelas (2017) afirma que não é possível criar novos conhecimentos acerca de um tema ou resolver os pequenos e os grandes enigmas do nosso mundo, sem intuição e imaginação, se não se explorarem, de mente aberta, os diversos caminhos que podem levar a uma resposta. Esta disposição criativa, que é verdadeiramente indispensável, de nada serve se não estudarmos o

Metodologia de investigação

Trata-se de um estudo com uma abordagem metodológica qualitativa, através de pesquisa exploratória para fazer o levantamento de referências e uma aproximação ao objeto de estudo, entrevistando os seus principais responsáveis, com o objetivo de determinar o nível de conhecimento da organização, o nível de avaliação da organização e o nível de planeamento em parcerias, quanto ao histórico, hábitos e predisposição para a partilha das organizações da economia social.

Para Schiavo (1997) com o crescimento das organizações do terceiro setor da economia, as técnicas modernas de gestão foram pouco a pouco incorporadas na área social. A sociedade espera resultados concretos que transformem carência em atendimento, e ausência em participação. Neste contexto são cada vez mais usados os métodos e técnicas de marketing social, que para Kotler (2005) pode ser a criação, implementação e controlo de programas voltados para influenciar a aceitabilidade das ideias sociais e envolvendo planeamento de produto, preço, comunicação, distribuição e pesquisa de marketing. Optou-se por seguir este método e técnica na criação do guião da entrevista em profundidade.

3.3.2.1 Método

No que refere ao procedimento técnico do trabalho de investigação considerou-se uma abordagem de proximidade ao objeto de estudo, através de entrevista em profundidade, que permitisse o desenvolvimento das questões de investigação no questionário do Estudo 1.

Vilelas (2017) refere que o conhecimento reside mais no diálogo transformador que no monólogo individual e, portanto, a comunicação permite a transmissão ou partilha de conhecimentos, o que vai gerar as inovações que as organizações necessitam para fazer melhor o que já faziam bem. O conhecimento adquirido pode ser aplicado em inovações organizacionais, planeamento estratégico, desenvolvimento de liderança, reestruturação do processo de trabalho, desenvolvimento de espírito de equipa, mudanças culturais, melhorias na comunicação e aceleração a aprendizagem organizacionais.

Tendo em conta o que referem os autores citados, e a previsível correlação entre os conceitos de economia circular e de partilha, considerou-se fazer uma folha informativa introdutória, como mote inicial da aproximação ao interlocutor, para contextualizar e sensibilizar para a relação “win-win” no âmbito da temática, da mudança de atitudes e comportamentos. Pode ser observada no Anexo F. Conjuntamente, no desenho e conceção do Estudo 2 considerou-se um esquema que incluísse as variáveis do marketing-mix para serviços: produto/serviço, preço, distribuição/localização, comunicação, pessoas, processos, evidências físicas e produtividade.

O inquérito por entrevista permite consolidar a investigação da pesquisa quantitativa, e foi criado para responder aos objetivos específicos 3 e 4 que constam da Tabela 5. Engloba as sete dimensões para analisar comportamentos dos gestores: nível de conhecimento, e nível de avaliação da entidade, e nível de planeamento em parcerias. A Figura 13 ilustra a estrutura do método deste estudo.

Figura 13: Estrutura do Estudo 2. Fonte: Elaboração própria.

3.3.2.2 Criação do inquérito por entrevista

Foi elaborado o guião para conduzir a entrevista de forma estruturada, em formato de texto. A entrevista compreende sete grupos de perguntas, com um tempo estimado de resposta de 30 minutos. A tabela seguinte resume a definição seguida.

Tabela 11: Criação do guião da entrevista do Estudo 2.

Grupo Formulação de perguntas/respostas

Nível de conhecimento da entidade Grupo 1. Sobre a entidade

Enquadramento da entidade (Lei de bases da economia social), subordinação hierárquica, funções de gestão, competências académicas, experiência profissional e se esteve presente na formação da organização.

Nível de conhecimento da organização, número de colaboradores, e definição de visão, missão e valores.

Avaliação da evolução económico-financeira, situação económico-financeira, resultados, e dependência de financiamento do setor público.

Perceção da organização, análise swot, apreciação sobre questões políticas, conjuntura económica, incorporação da evolução tecnológica, hábitos de partilha que coloquem em causa a missão da entidade.

Nível de avaliação da entidade Grupo 2. Sobre o serviço que presta

Autoavaliação quanto à qualidade dos serviços, reconhecimento da qualidade dos serviços pelos clientes, hábitos de informação quanto mudanças, a reutilização dos serviços e a quem recorre para prolongar a vida do património.

Comportamento face a atitudes de aproveitamento, manutenção e conservação, reparação dos recursos que perdem a sua função inicial (utilizando recursos próprios ou recorrendo a terceiros).

Grupo 3. Sobre a variável preço

Posicionamento das organizações quanto ao seu valor, preço que cobra, critérios usados para a definição dos preços, posição ocupada face ao mercado, e interesse em reduzir custos para baixar o preço.

Grupo 4. Sobre os públicos (beneficiários e

Posicionamento da organização, público-alvo, formas de fidelização, relação com os clientes e averiguar se considera diversificar a atividade.

Conceber e criar uma folha informativa com

referenciais da economia circular Conceber e criar o guião da entrevista/ inquérito apreciativo Identificar e selecionar responsáveis das organizações da economia social Desenvolver a entrevista exploratória Fazer a transcrição e pedir a validação ao inquirido Análise dos resultados e Conclusões

Metodologia de investigação

Tabela 11: Criação do guião da entrevista do Estudo 2 (cont.).

Grupo Formulação de perguntas/respostas

Nível de planeamento em parcerias Grupo 5. Sobre a concorrência/ parceiros

Principais concorrentes, tipologia e onde se localizam.

Relações de confiança, pretensão de estabelecer parcerias em algumas atividades, permitindo identificar concorrentes, atividades e localização geográfica.

Grupo 6. Sobre os fornecedores/ parceiros

Localização geográfica, relações de dependência, importância da parceria, estratégias de reduzir a dependência, e pretensão de estabelecer parcerias, identificando tipologia, e localização geográfica.

Grupo 7. Sobre perspetivas futuras

Intenção de estabelecimento de parcerias na estratégia da organização, avaliar a importância hierárquica do investimento em cada tipologia de recursos.

Aferir a intenção de partilhar recursos com outros parceiros no que refere a conceção e implementação de modelos de gestão por sistema de aluguer e partilha.

Fonte: Elaboração própria.

3.3.2.3 Amostra e processo de amostragem

Para o tratamento deste estudo optou-se, à semelhança do anterior, pela amostragem não probabilística, por conveniência, contactando individualmente os responsáveis das organizações que mais se destacam na região e na atividade que desenvolvem.

Os critérios definidos para a seleção de estruturação da amostra, foram três: serem gestores ativos, de organizações dinâmicas, com impacto regional e fora da região, e com idade adulta inferior a 70 anos (tal como o critério idade no Estudo 1).

3.3.2.4 Procedimentos

Para Fonseca (2012) o marketing social visa não só desenvolver novos comportamentos (partilhar recursos de forma organizada); como modificar um comportamento atual (partilhar recursos informalmente); ou mesmo abandonar comportamentos antigos (ausência de gestão de recursos). Neste sentido, o Estudo 2 foi orientado como uma conversa de reflexão sobre hábitos e práticas do passado e presente, apelando à memória do interlocutor, reconhecendo o valor, força e potencial da organização. Estas características do inquérito apreciativo estimulam a confiança, acreditando que podem melhorar, para que no desenrolar da entrevista exploratória se verifique uma reflexão sobre mudança de paradigma, novos comportamentos e atitudes.

Para cada grupo de organizações da economia social foram contactados individualmente por escrito, por correio eletrónico, de forma personalizada, e depois telefonicamente para agendamento do inquérito apreciativo e entrevista exploratória. Para efeitos de criação, análise e tratamento de dados resultantes da aplicação do questionário recorreu-se ao Office 2013 (Microsoft).

Foi feita a transcrição das respostas, que tinham sido manuscritas. Está disponível a gravação áudio da entrevista do inquérito por entrevista, mas não foi anexa na dissertação para zelar pelo cumprimento do Regulamento Geral de Proteção de Dados pessoais.

Em função da natureza, do âmbito, e da finalidade do tratamento dos dados, foram aplicadas, tanto no momento da definição dos meios de tratamento como no momento do próprio tratamento, as medidas necessárias que respeitam o princípio da minimização dos dados e garantam a proteção dos dados pessoais. Desta forma, as respostas foram numeradas por ordem de realização da entrevista em profundidade, para não ser possível identificar as organizações e respondentes.