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Dentro do objetivo específico dessa pesquisa, pretende-se entender o que são pequenas e médias empresas de petróleo. Nesse sentido, observa-se um registro inicial dessa definição no primeiro

9 A Lei 9.478/97, § 1, estabelece que é possível a cobrança de royalties com uma variação entre 5% e 10% da

edital de licitação de bacias de exploração. Em 1999, o ente regulador exigia uma qualificação técnica e patrimônio líquido menos restritivos em relação às bacias terrestres (PASSEGGI, 2010).

Segundo Zamith (2005), campos produtores pertencentes a grandes empresas e em fase declinante possuem forte tendência a serem gradualmente transferidos a empresas pequenas e médias, visto que as grandes empresas dão preferência a projetos com maiores potenciais econômicos. Os volumes declinantes da produção, em geral, se tornam inviáveis para a estrutura das grandes empresas petroleiras, surgindo oportunidades de criação de empresas locais, que poderão empregar na própria região, gerando um polo de dinamismo econômico.

Estas empresas de pequeno e médio porte não têm todo o ciclo do petróleo integrado, ou seja, não estão presentes em toda a cadeia da indústria, operam a custos mais baixos, têm perfil de risco diferenciado e são dotadas de maior flexibilidade (NETO, 2005).

Zamith e Santos (2007) entendem que pequenas e médias empresas possuem capacidade limitada de investimentos, e são impossibilitadas de assumirem os grandes riscos inerentes à atividade de maior rentabilidade característica da exploração em novas fronteiras exploratórias. Tais empresas de portes pequeno e médio possuem característica de alocar seus recursos onde há menores riscos exploratórios e onde necessitam investimentos mais modestos. Os contrapontos de se correr menores riscos são justamente as menores rentabilidades. E é justamente pela baixa atratividade de produção que as pequenas e médias empresas são atraídas pelos campos maduros.

Analisando as rodadas de leilões de campos marginais da ANP, em cada edital de rodada de licitação, foram estabelecidos limites e classificações não muito claros que definissem explicitamente o que é uma pequena e média empresa de petróleo, não havendo conceitos sólidos capazes de serem aplicados numa definição.

Não obstante essa ausência de uma definição clara, a fim de aumentar a participação de Empresas de Pequeno e Médio Porte nas atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural no país, a ANP editou a Resolução 32/2014, na qual estabeleceu as seguintes definições10:

10 Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - Resolução ANP nº 32, de 5.6.2014 - DOU

[...]

II - Empresa de Pequeno Porte: é uma empresa independente ou uma empresa pertencente a Grupo Societário, que tenha qualificação de Operador C11 ou D pela

ANP, segundo as normas vigentes, que opere pelo menos um Contrato de Concessão e que, ao mesmo tempo, na qualidade de empresa independente ou Grupo Societário, tenha produção média anualizada inferior a 1.000 boe/d (mil barris de óleo equivalente por dia) de petróleo ou gás natural, no País e no Exterior;

III - Empresa de Médio Porte: é uma empresa independente ou uma empresa pertencente a Grupo Societário, que tenha qualificação de Operador B12 ou C pela

ANP, segundo as normas vigentes, que opere pelo menos um Contrato de Concessão e que, ao mesmo tempo, na qualidade de empresa independente ou Grupo Societário, tenha produção média anualizada inferior a 10.000boe/d (dez mil barris de óleo equivalente por dia) de petróleo ou gás natural, no País e no Exterior.

IV - Média Anualizada: é a produção acumulada de barris de óleo equivalente no ano dividida pelo número de dias deste mesmo ano.

Parágrafo único. Será necessariamente considerada como Empresa de Pequeno Porte a empresa que tiver qualificação como operador C e produção inferior a 1.000 boe/d de petróleo ou gás natural, no País e no Exterior.

[...]

A definição de empresas de pequeno e médio porte da ANP é clara e será adotada neste estudo. Tendo em vista os campos terrestres brasileiros, como já foi citado e exibido na Figura 1, a maioria destes tem uma produção diária menor que 1000 barris. Considerar como empresa de pequeno porte e restringir as concorrências àquelas interessadas em produzir nestes campos com menos de 1.000 boe/d é incentivar a participação destas pequenas empresas nestes campos. Também é bastante plausível a definição de empresa média estabelecida pela ANP. São aquelas que produzem menos de 10.000 boe/d. Tal número representa uma empresa que possa se aventurar na produção de diversos campos pequenos, de baixa produção e, assim, chegar ao patamar de produzir os 10.000 boe/d.

A Tabela 2 resume a definição proposta pela ANP:

11 Segundo o edital de licitações da ANP da 12ª rodada, operador C é qualificado para operar somente nos blocos

situados em Terra, exceto nos blocos da Bacia de Acre-Madre de Dios.

12 Também segundo o edital de licitações da ANP da 12ª rodada, operador B é aquele qualificado para operar nos

Tabela 2 - Definição de pequena e média empresa

Tipo de empresa Produção média anualizada Classificação de operador

Pequeno Porte Menor que 1.000 bep/d C ou D

Médio Porte Menor que 10.000 bep/d B ou C

Fonte: ANP

Ainda de acordo com a ANP, a relação das Empresas de pequeno e médio porte (EPMs), que se enquadram na Resolução nº 132/2014, são as seguintes:

Tabela 3 - Empresas de pequeno porte

Empresa de pequeno porte

Alvopetro S.A Extração de Petróleo e Gás Natural Cowan Petróleo e Gás S.A.

Egesa Engenharia S.A. EPG Brasil Ltda.

Espigão Petróleo e Gás Ltda. G3 Óleo e Gás Ltda.

Genesis 2000 Exploração e Produção de Hidrocarbonetos Ltda. Imetame Energia Ltda.

IPI Oil Exploração de Petróleo Ltda. Nord Oil & Gas S.A.

Nova Petróleo S.A. Exploração e Produção Oeste de Canoas Petróleo e Gás Ltda. Panergy Petróleo e Gás Ltda.

Santana Exploração e Produção de Óleo e Gás Ltda. Trayectoria Petróleo e Gás do Brasil Ltda.

UTC Exploração e Produção S.A. Vipetro Petróleo S.A.

Tabela 4 - Empresas de médio porte

Empresa de médio porte

Brasoil Manati Exploração Petrolífera S.A. Chariot Brasil Petróleo e Gás Ltda.

HRT O&G Exploração e Produção de Petróleo Ltda. OP Pescada Óleo e Gás Ltda.

Petra Energia S.A. Recôncavo E&P S.A.

Severo Villares Projetos e Construções S.A.

Fonte: ANP

No Brasil, o que se percebe é que os campos de baixa produtividade (menores que 1.000 boe/d) são, em sua maioria, campos antigos, já atingiram seu ápice de produtividade e, atualmente, a produção vem caindo. Tais campos ainda podem apresentar boa rentabilidade e retorno financeiro aos seus operadores, desde que seus produtores tenham foco em otimizar a produção e reduzir custos. O retorno financeiro pode ser garantido ao longo dos contratos de concessão que podem durar até 35 anos. Estes campos são chamados de campos maduros e marginais, e são detalhados a seguir.