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Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho apontam que

“a palavra “responsabilidade” tem sua origem no verbo latino

respondere, significando a obrigação que alguém tem de assumir com

as consequências jurídicas de sua atividade, contendo, ainda, a raiz latina de spondeo, fórmula através da qual se vinculava, no Direito Romano, o devedor nos contratos verbais”232.

A obrigação surge graças a atividade humana produz consequências. Contudo não são todas que estão aptas a provocar violações e que, por isso, merecem ser amparadas pelo Direito. Na maior parte das vezes, apenas as condutas provenientes de violações são as que são suscetíveis de algum tipo de responsabilização e consequente reparação, tendo em vista que “o Direito se destina aos atos lícitos, cuida dos ilícitos pela necessidade de reprimí-los e corrigir os seus efeitos nocivos”233.

A partir deste entendimento, compreende-se que a responsabilidade surge quando atos ilícitos são cometidos, ou melhor, quando há a violação de uma obrigação jurídica, seja ela positiva ou negativa. Sendo assim, a responsabilidade é o meio eficiente e necessário para reestabelecer o equilíbrio e a harmonia que foram violados com a prática dos atos ilícitos.

Salienta-se, porém, que em alguns casos os atos lícitos podem dar ensejo à responsabilização, como é o caso de prejuízos causados por pessoas que praticaram atos em estado de necessidade.

232 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil:

Responsabilidade civil. v.3, 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 51-52.

233 CARVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2015,

A sociedade se mantem equilibrada e em harmonia graças aos deveres jurídicos que são impostos pelo Direito às pessoas, esses entendidos como condutas que estão estabelecidas em lei e devem ser prestadas pelos indivíduos234.

Há que ser mencionado que há uma distinção entre obrigação e responsabilidade, tendo em vista que esta última surge em razão da violação a algo que foi imposto pela primeira235-236. A partir do descumprimento de uma obrigação, aqui entendida como um dever jurídico originário, é que se origina a responsabilização, ou seja, é através dela que dever jurídico sucessivo aparece.

Concorda-se com a distinção acima, haja vista que a responsabilidade surge em um contexto de violação a algum dever jurídico originário, isto é, o indivíduo inadimple uma obrigação por ele assumida ou imposta por lei, fato que provoca, na maioria das vezes, um dano. Surge, neste ambiente, a responsabilidade, pois o prejuízo causado pelo inadimplemento precisa ser de algum modo reparado.

O Código Civil de 2002 estabelece em seu artigo 1º que: “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”237. Baseando-se nisto, é plenamente possível afirmar que o homem tem um dever jurídico primário, entendido como uma obrigação originária, de não causar prejuízos a outrem, de modo que, caso o faça, surgirá o dever jurídico secundário, ou seja, o indivíduo será responsabilizado e arcará com o exercício dos seus atos.

Neste sentido, acredita-se que existindo uma imposição legal que obrigue um filho a cuidar do seu pai quando este for idoso, uma possível violação a esta disposição acarretaria, em princípio, uma responsabilização.

Orlando Gomes compreende que não é todo prejuízo que precisa ser ressarcido e que nem todos os indivíduos que o provocam precisam indenizá-lo. Ele aponta que é importante analisar em quais situações as obrigações de reparação

234 SANTOS, Romualdo Baptista dos. Teoria Geral da Responsabildiade Civil. In: Responsabilidade

civil: Direito Civil. v.6. Vaneska Donato de Araújo (coord.). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 30.

235 CARVALIERI FILHO, Sergio. Op. cit., p.16.

236 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Op. cit., p. 53

237 BRASIL. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:

nascem e em quais os prejuízos são indenizáveis. Indica ainda que o dever de restaurar surge “a) do inadimplemento e obrigação negocial ou ex lege; b) da lesão a subjetivo, sem que entre o ofensor e a vítima preexista qualquer relação jurídica”238.

A responsabilidade civil é a responsável por guiar as relações que surgem em função de prejuízos que foram provocados entre os cidadãos, de modo que tenta como solução proporcionar a reparação do sofrimento causado para que haja a manutenção do equilíbrio, da harmonia e da segurança jurídica. Posto isto, o inadimplemento de uma obrigação, aqui compreendido como a falta de cumprimento de um imperativo legal ou de uma obrigação assumida, faz surgir a responsabilidade civil.

A responsabilidade civil, diferente da responsabilidade penal, baseia-se em aspectos patrimoniais, ou melhor, o indivíduo, salvo se devedor de alimentos, não pode ser privado da sua liberdade por ter descumprido com uma obrigação. Aquele que não adimple com uma obrigação civil deve responder com seu patrimônio.

Útil mencionar o conceito trazido por Maria Helena Diniz:

“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou se simples imposição legal”239.

Concorda-se com esta conceituação, já que a responsabilidade desponta quando o agente pratica voluntariamente uma conduta e esta viola algo imposto pela lei. Ou melhor, a responsabilidade civil se fundamenta quando ocorre a infração a um dever jurídico, fato que faz surgir a obrigação de indenizar240.

238 GOMES, Orlando. Responsabilidade Civil. texto revisado, atualizado e ampliado por Edvaldo Brito.

Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 82-83.

239 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade civil. v.7, 28 ed. São Paulo:

Saraiva, 2014, p. 50.

240 SANTOS, Romualdo Baptista dos. Teoria Geral da Responsabilidade Civil. In: Responsabilidade

civil: Direito Civil. v.6. Vaneska Donato de Araújo (coord.). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 28.

Inicialmente, torna-se necessária uma análise acerca da possibilidade de responsabilização do agente que pratica condutas consideradas imorais, mas que não possuem previsão em lei, sendo em seguida analisada as chamadas responsabilidade civil subjetiva e responsabilidade civil objetiva.