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1. INDICAÇÕES GERAIS SOBRE A HISTÓRIA DAS TEORIAS

2.4. CONCEITO DE SANÇÃO

Para Tércio Sampaio Ferraz Júnior, resumidamente, sanção designa um fato empírico, socialmente desagradável, que pode ser imputado ao comportamento de um sujeito192.

Porém, na sua visão completa, o problema da sanção tem três aspectos:

a) determinação do seu sentido – que é sanção? –, ao que responde que sanção designa um fato empírico, socialmente desagradável, que pode ser imputado ao comportamento de um sujeito. A determinação do que é este fato empírico não é de natureza nem lingüística nem jurídica, mas psicossociológica. Trata2se de uma reação negativa contra um determinado comportamento, portanto, avaliada como um mal para quem a recebe. Além de psicossociológica, sua determinação é, pois, também axiológica. Sob o ponto de vista lingüístico, o fato empírico2social da sanção interessa menos. Isto porque as sanções não entram nas normas, do ângulo discursivo, como parte de um “ato locucionário”, isto é, como uma constatação de um estado de coisas;

191

Machado Neto. 4 5 %& Z 5 . São Paulo: Saraiva. 1969, p. 256. Montoro, André Franco. Obra e página citadas.

192

Ferraz Jr., Tércio Sampaio. Teoria da norma jurídica: ensaio de pragmática da comunicação normativa. 4a. ed. – 5.ª tiragem. Rio de Janeiro: Forense, 2006, pp. 69275. A íntegra do texto do autor sobre o problema da sanção pode ser consultada em sua obra às pp. 69275.

b) relação entre sanção e norma – toda norma tem de prever uma sanção? –. Na lição de Ferraz Jr.: em primeiro lugar, é preciso reconhecer, invertendo2se a questão, que o caráter jurídico da ameaça de sanção está em que ela é regulada normativamente. Isto é, é possível executar a ameaça de sanção, sem que haja discurso normativo no sentido exposto anteriormente, sem que haja, pois, qualificação de comportamentos e estabelecimento de relação de autoridade;

c) fundamento da norma na sanção – o direito é uma forma de violência? 2. Respondendo a este aspecto, pontua Ferraz Jr. reconhecendo que uma das características da norma jurídica está em que nelas a sanção é sempre prevista ou por ela mesma ou por outra norma, sem que isto nos obrigue a afirmar que na sanção esteja a causalidade genética do direito. Prosseguindo, diz2nos ser esta a terceira das questões: indagando a si próprio, como explicar isto na perspectiva pragmática? Deste modo exemplificou: a ameaça de sanção aparece na norma ao nível do relato. Assim, uma norma prescreve: “é obrigatório cumprir o contrato”, o conteúdo do relato é cumprir o contrato que seria condição de aplicação de uma prescrição de sanção, “ . " ” é o conteúdo do relato do relato da norma sancionadora. Assim, tanto a norma que manda cumprir o contrato, como a que manda pagar a multa, definem relações meta2complementares de autoridade e sujeito, o que se determina através dos operadores ou funtores, mas não pelo conteúdo do relato. Em outras palavras, a relação meta2complementar não é constituída pela sanção, mesmo numa norma que se esgote em prescrevê2la. Na realidade, a ameaça de sanção faz parte da norma no seu aspecto dialógico e não no seu aspecto monológico.193

Para Franco Montoro, sanção pode ser definida como a “conseqüência” jurídica que atinge o sujeito passivo pelo não cumprimento da sua prestação. A sanção é uma “conseqüência”. Pressupõe um “dever” que não foi cumprido194.

Colhe2se, ainda, de seus ensinamentos nesta mesma obra, que a proteção jurídica tem muito a ver com a sanção, eis que o direito subjetivo ou a relação jurídica são tutelados pelo Estado, através de uma proteção especial representada, de forma geral, pelo ordenamento

193

Cf. Assinalado em Nota Precedente, estes excertos foram extraídos da obra de Ferraz Jr., Tércio Sampaio. Teoria da norma jurídica: ensaio de pragmática da comunicação normativa. 4a. ed. – 5.ª tiragem. Rio de Janeiro: Forense, 2006, pp. 69275.

194

Montoro, André Franco. %& Z 5 / 3 1 – 11a. ed. 2 2.ª tiragem, Volume II. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1987, pp. 2592269.

jurídico, e, particularmente, pela “sanção”. Essa proteção jurídica pode ser conceituada numa perspectiva objetiva ou subjetiva. Objetivamente, proteção é a garantia assegurada ao direito pela possível ou efetiva intervenção da força de que dispõe a sociedade. Subjetivamente, a proteção jurídica se traduz pelo poder conferido ao titular de exigir de outrem o respeito ao seu direito.

Na formulação de Garcia Maynez, sanção é a conseqüência jurídica que o não cumprimento de um dever produz em relação ao obrigado.195

2.4.1

TIPOS E CLASSIFICAÇÕES

As diversas classificações de sanções não constituem uma novidade no nosso tema, já existindo há muito tempo, e, invariavelmente, foram feitas de acordo com critérios diferentes.

Muitos foram os grupamentos de sanções, em sua longa trajetória de existência, como os citados por Jean2Marie Guyau196, que aqui anotamos para fins de registro, porém deles não cuidaremos, por fugir do escopo deste trabalho. Assim, tínhamos:

I. Sanção natural

II. Sanção moral e justiça distributiva III. Sanção social

IV. Sanção interior V. Sanção religiosa

VI. Sanção de amor e de fraternidade

Nas doutrinas mais atuais, de modo geral, as sanções foram agrupadas quanto ao ramo do direito a que correspondem. Em sintonia com essa linha de pensar, entendemos que as sanções hodiernamente podem ser:

i) Sanções civis ii)Sanções penais

iii) Sanções processuais 195

Garcia Maynes. " " , n.º 154, p. 97; Montoro, André Franco., obra e pp.,citadas.

196

Cf. Schöpke, Regina. ) : + " + !, p. 10211. In 4 # %& / Jean2Marie Guyau; trad. Regina Schöpke e Mauro Baladi. – São Paulo: Martins, 2007. – (Coleção Tópicos Martins).

iv) Sanções administrativas v) Sanções tributárias

vi) Sanções políticas vii) Sanções internacionais