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“A comunicação situa-se no próprio coração da ciência. É para ela tão vital quanto a própria pesquisa [...]”. É com essa frase que Meadows (1999, p.vii) introduz a obra A comunicação científica e expressa que a comunicação científica foi e é primordial para o desenvolvimento da Ciência. Bomfá (2003) completa essa afirmação e assegura que a comunicação é o principal elemento da atividade científica sem a qual seria impossível a disseminação da ciência e a continuidade da pesquisa individual.

A disseminação do conhecimento científico edificado se deu por diversas modalidades e suportes, mas, principalmente, pela comunicação científica oral, escrita e, atualmente, eletrônica.

Segundo Barbalho (2005, p.125):

A comunicação científica é entendida como a promoção de intercâmbio de informações de determinada comunidade, a qual divulga os resultados de pesquisas efetivadas de acordo com regras definidas e controladas pelo contexto onde está inserida.

Bomfá (2003) lembra que as publicações, por serem as formas mais eficientes e adequadas para a disseminação do conhecimento científico, são os principais canais de divulgação da comunicação científica, devido ao seu papel primordial na abrangência e no registro de resultados de pesquisas, além de servirem como espaço para manifestação

de ideias, seja por aceitação ou contraposição das reflexões defendidas. Ziman (1979, p.116), em seu capítulo sobre “Comunidade e comunicação”, destaca que:

A forma pela qual a investigação é apresentada à comunidade científica, o trabalho em que são comunicados pela primeira vez os resultados, as críticas subsequentes, as citações de outros autores, o lugar que o trabalho irá afinal ocupar na mente das gerações futuras – tudo isso constitui uma parte tão importante de sua vida quanto o germe da ideia que deu origem a tudo ou a aparelhagem altamente especializada na qual foi testada e aprovada a hipótese.

A constante necessidade de disseminação da produção científica é o que impulsiona o desenvolvimento dos periódicos científicos dentre os inúmeros meios formais pelos quais se processa a comunicação científica (como por exemplo, teses, dissertações, livros, relatórios, anais, atas de congresso entre outros). Ressaltando a participação do periódico na comunicação científica, Miranda (1996, p.2 apud BARBALHO, 2005, p.127), destaca que “[como] veículo de comunicação do conhecimento cumpre funções de registro oficial público da informação, mediante a reconstrução de um sistema editor-avaliador e de um arquivo público – fonte para o saber científico.” Célia Barbalho (2005, p.127), complementando essa reflexão, aponta que o periódico registra o conhecimento de um autor e o torna público:

Este passa a ser público por meio do periódico, com a ressalva de que o conhecimento sempre é avaliado previamente por um sistema definido por quem o edita. E é evidente que, nos dias atuais, as publicações periódicas científicas continuam como o principal meio de divulgação, haja vista que consistem em espaço para anunciar resultados, submeter a produção ao julgamento da comunidade e receber contribuições que possibilitam a evolução da ciência e tecnologia (C&T).

Fachin e Hillesheim (2006) reforçam essas afirmações quando pontuam que os periódicos científicos são fundamentais para a disseminação e a evolução da ciência e tecnologia em um país e constituem os suportes mais utilizados para a atualização e recuperação desse tipo de informação. Sua característica periódica e ágil é imprescindível para representar o também dinâmico avanço das pesquisas, fornecendo informações selecionadas e atualizadas sobre os mais diversos temas, registrando, assim, o progresso dos campos científicos.

Na obra Periódico científico: padronização e organização, as autoras Fachin e Hillesheim (2006) colocam que, na literatura brasileira e no cotidiano das pessoas, as expressões revistas, periódicos, publicações periódicas, publicações seriadas são usadas, muitas vezes, como sinônimos. Segundo as autoras, essas expressões acompanharam o

desenvolvimento dos periódicos e têm incorporado, até os dias atuais, novos termos, como periódicos on-line, eletrônicos, virtuais, digitais. O termo “periódico” é de origem latina − periodus − e significa espaço de tempo. Já o termo “publicação”, também proveniente do latim – publicatione −, indica o ato ou o efeito de publicar. Desse modo, as publicações periódicas são aquelas que divulgam informações de tempo em tempo, apresentado uma frequência regular de números ou fascículos sob um mesmo título, representando determinadas áreas do conhecimento e/ou sendo multidisciplinares, devendo ainda atender padrões e normas internacionais, visando ao reconhecimento e à visibilidade. Sendo assim, a publicação científica periódica pode ser definida como “[...] o canal de disseminação da ciência, publicado em períodos de tempo pré-definidos, reunindo artigos de diversos autores, que apresentam rigor científico e metodológico, e dentro de uma política editorial definida.” (MORENO, 2006, p.3).

Fachin e Hillesheim (2006), com a intenção de encontrar um conceito para publicação periódica, realizaram um levantamento e sintetizaram as informações localizadas em um quadro, o qual reproduzimos no anexo A deste trabalho. Após essa revisão de literatura, as autoras apresentam a seguinte conceituação:

Neste contexto, conclui-se, então, que os periódicos científicos são todas ou quaisquer tipos de publicações editadas em números ou fascículos independentes, não importando a sua forma de edição, ou seja, seu suporte físico (papel, CD-ROM, bits, eletrônico, on-line), mas que tenham um encadeamento sequencial e cronológico, sendo editadas, preferencialmente, em intervalos regulares, por tempo indeterminado, atendendo as normalizações básicas de controle bibliográfico. Trazem, ainda, a contribuição de vários autores, sob a direção de uma pessoa ou mais (editor) e de preferência de uma entidade responsável (maior credibilidade). Poderão, igualmente, tratar de assuntos diversos (âmbito geral) ou de ordem mais específica, cobrindo uma determinada área do conhecimento [...]. (FACHIN; HILLESHEIM, 2006, p.28).

Essa mesma definição pode ser assimilada para o caso dos periódicos científicos eletrônicos, já que a mudança de formato não interfere no objetivo-fim da categoria. Mas abordaremos sobre esse tema, com mais detalhes, mais à frente.