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Definições gerais para gestão e edição do periódico científico

5.2 Apresentação das respostas do representante PROPe

6.1.1 Definições gerais para gestão e edição do periódico científico

Independente do formato do periódico científico, o planejamento, o projeto e a avaliação constante do mesmo são primordiais para que atinja seus objetivos. Portanto é fundamental:

• definir a equipe: indicar como essa será composta, lembrando-se de que a interdisciplinaridade é essencial para a qualidade do trabalho com o periódico e de que a escolha de profissionais comprometidos e com conhecimento pode aperfeiçoar a composição da revista;

• estabelecer o nível de abrangência que se pretende atingir, ressaltando as características, os critérios e as políticas da área;

• instituir a missão e o objetivo geral do periódico em função dos tipos de informações de que a área escolhida necessita;

• determinar o público-alvo, os idiomas de aceitação, o título e as políticas editoriais;

• constituir a estrutura do periódico, especificando as seções e as políticas, o formato, o sistema de editoração e a exposição do periódico;

• definir as autoridades – comissão e/ou conselho editorial, editores, colaboradores, etc. – e estruturar os seus papéis no dia a dia do periódico;

• elaborar um croqui do periódico, um modelo de como será estruturado, indicando suas conexões e partes. Para um periódico eletrônico, utilizar-se dos expedientes de Arquitetura da Informação, pensando nos recursos necessários para se atingir o maior número de leitores e também em como ser uma opção agradável ao mesmo;

• observar modos de se obter recursos para manutenção e editoração do periódico por meio de projetos conjuntos com agências de fomentos, cursos, instituições públicas ou privadas.

Como a maioria dos outros itens já foram abordados no decorrer do trabalho, veremos, com mais detalhes, o item que trata de definições de funções como resultado das indicações apresentadas pelos editores durante a entrevista. Observa-se, em suas declarações, que falta definição do papel claro desempenhado pelos editores que se caracterizam como docentes que desempenham uma função a mais em meio a inúmeras outras atividades. É exatamente este ponto de vista que nos chama atenção. Qual o papel do editor e dos outros colaboradores? Qual é a sua importância para a qualidade do periódico científico? Ferreira (2005) lembra que o processo de avaliação de um periódico científico tem consequências e aplicações práticas para editores, pesquisadores, bibliotecários e responsáveis pela política científica. Sua explanação nos ajuda a esclarecer a questão:

• para editores − conscientização da necessidade de cumprir uma série de requisitos mínimos de qualidade que incidem de forma direta na difusão das revistas e na consolidação como editores de prestígio;

• para pesquisadores – conhecimento sobre quais são as revistas de melhor qualidade, de modo que possam selecionar onde publicar os seus trabalhos, conseguir maior reconhecimento e ser melhor avaliados pelos responsáveis pela política científica;

• para bibliotecários – auxílio ao processo de tomada de decisão em termos de novas assinaturas ou renovação de revistas científicas;

• para os responsáveis pela política científica – conhecimento acerca das publicações que merecem ser subvencionadas, identificando as que podem ser consideradas fonte de informação, onde buscar dados que sustentem e auxiliem na definição de incentivos a pesquisadores (GIMENEZ TOLEDO; GOMÉZ CARIDAD; VALERO TOLEDO, 2001 apud FERREIRA, 2005, p.270).

Mais especificamente sobre o papel do editor, Barraviera (2009a) faz algumas reflexões interessantes. O autor, que também é presidente da Associação Brasileira de Periódicos Científicos (ABEC), declara que os editores devem ter autoridade total para determinar o conteúdo editorial das revistas nas quais trabalham. Devem basear suas decisões na validade, na qualidade do trabalho e na importância do periódico para os seus leitores e não no sucesso comercial do periódico. Outro ponto que destaca é a preparação do editor, que deve estar devidamente preparado e disponível para assumir esse posto, devendo conhecer o mínimo necessário de como fazer uma publicação científica, tanto impressa quanto eletrônica. Declara ainda que “[...] editor chefe precisa ‘saber fazer’ para poder ‘saber mandar fazer’” (BARRAVIERA, 2009, p.11). O editor é o responsável por “abrir e fechar” todas as edições do periódico, conhecendo todos os detalhes para poder manter uma “identidade visual e de conteúdo” dentro dos padrões estabelecidos pela revista. “Tudo isso está na dependência de um editor chefe experiente, compromissado, combativo e pró-ativo. Portanto, esta escolha

deve ser muito bem avaliada antes de se atribuir este cargo a um indivíduo.” (BARRAVIERA, 2009, p.14). Resume ainda esse papel com as seguintes considerações:

Editor chefe deve: Ser ético, crítico e discreto Saber guardar segredo

Ser responsável e ter poder de decisão Ter competência administrativa

Ser pesquisador e saber elaborar um projeto Ser pró-ativo e organizado

Ter tempo para se dedicar ao periódico Trabalhar em equipe

Participar de eventos relacionados com Editoração Fazer cursos de educação continuada em Editoração Publicar os seus trabalhos?

Deve dormir e acordar pensando nela (revista) e...

Saber aonde quer chegar! (BARRAVIERA, 2009, p.21).

Em suma, o editor é a pessoa que publica a revista, é quem decide, administra, coordena, decide, seleciona, reproduz e distribui a revista. Ele desempenha um papel fundamental para garantir que a revista tenha presença e credibilidade. O nome do editor, assim como a própria revista, torna-se uma garantia de qualidade, passível de reconhecimento por parte do leitor. Podemos sintetizar as funções e responsabilidades do editor nos seguintes pontos: gestão do processo de publicação, organização dos sistemas de avaliação dos originais, correção dos manuscritos (impressos ou eletrônicos) e direção do processo editorial (AGUIRRE CABRERA, 2006).

Além do papel do editor, é importante retratarmos o do conselho editorial, porque o trabalho em sintonia entre esse grupo e o editor pode facilitar o desempenho deste e otimizar a organização da revista. São funções do conselho editorial: apoiar e orientar a atividade acadêmica da revista, promovê-la, desempenhar ações de revisão, determinar a sua política editorial em conjunto com o editor, planejar, avaliar e aprovar o conteúdo e a estrutura geral de cada número, aprovar a criação de números especiais, apoiar e assessorar o controle de qualidade, as normas, a lista de pareceristas e o planejamento geral da revista (AGUIRRE CABRERA, 2006). Em suma, conselhos têm que funcionar, caso contrário apenas complicam as atividades do editor.